Léon Denis (Espírita Francês)
Léon Denis foi o discípulo fiel
de Allan Kardec, que deu continuidade à doutrina sem aproximá-la a qualquer
orientalismo ou pensamento místico. Em 1900 ele foi presidente do Congresso
Espírita e Espiritualista da França, trazendo pessoas de diferentes pontos do
mundo.
Desse congresso escolho dois
eventos para recordarmos. O primeiro vem da crítica de alguns participantes
famosos que desejavam reduzir o espiritismo às estreitas contribuições da
ciência empírica, baseada pelos fenômenos. Denis assim se posicionou:
“O
que caracteriza hoje o Espiritismo é a manutenção dos princípios codificados
por Allan Kardec e seu constante desenvolvimento pelos métodos experimentais. Entretanto,
para nós o Espiritismo não está todo em Kardec; o Espiritismo é uma doutrina
universal e eterna, que foi proclamada por todas as grandes vozes do passado,
em todos os pontos da Terra e que o será por todas as grandes vozes do porvir.
” (Gaston Luce)
Angel Aguarod
O segundo evento curioso, é que
neste ano ele recebeu Angel Aguarod e Esteva Marata, ansiosos por conhecer a
pátria de Kardec. Eles foram ao cemitério do Père Lachaise e a um centro de
reunião dos espíritas em Paris, mas como ele mesmo disse “Os espíritas parisienses
eram pobres”. Depois de muita pesquisa eles encontraram uma construção de
tábuas que talvez houvesse sido uma estrebaria, o que foi para estes delegados
uma grande decepção.
Camille Flammarion
Passado um quarto de século,
Denis estava cego e doente. Foi convidado para ser presidente do congresso, mas
inicialmente declinou. Um espírito o questionou em uma reunião mediúnica, por
que ele não aceitou o convite, ao que, após queixar-se do “fardo de suas
enfermidades”, explicou
- Flammarion me substituirá muito
bem!
O espírito lhe respondeu
diretamente:
- Flammarion não estará lá.
E, de fato, Flammarion
desencarnou em junho de 1925, três meses antes do congresso.
No discurso de encerramento do
congresso de 1925, ele contou a memória da visita de Aguarod e de Marata, para
dizer que o espiritismo parisiense e mundial, passados 25 anos, agora contava
com a Casa dos Espíritos e o Instituto Metapsíquico Internacional, cujos
imóveis foram comprados por Jean Meyer e as organizações pensadas pelo mesmo
mecenas.
Luz y Union - Revista dirigida por Jacinto Esteva Marata
Passou-se quase um século, e o
espiritismo espalhou-se pelo mundo, com um grande movimento no Brasil. As casas
em Belo Horizonte se contam às centenas, os livros obtidos pela mediunidade aos
milhares, como previu o autor de “No invisível”. Contudo, ao nos reunirmos, é
fundamental perguntarmo-nos como Denis: qual é a nossa “construção de tábuas”
contemporânea que precisa ser transformada em imóvel? Que trabalho nos cabe
fazer nos próximos 25 anos, para que o movimento da capital mineira tenha um
ganho de qualidade?
Com certeza, se estiver no plano
espiritual, o discípulo fiel de Kardec estará nos acompanhando, pronto a
observar nossas decisões e desejoso de ter mais uma história de sucesso para
contar no futuro, nos encontros de espíritas que transpuseram os umbrais da
morte do corpo.
(Texto publicado no periódico Ame Mais no. 61, pág. 5)
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