Sábado pela manhã, 7:30 horas e o grupo que trabalha no
Centro Espírita Nova Luz, em Rosaneves – Ribeirão das Neves, está chegando. Vão
dando bom-dia ao Rommel, que já chegou à secretaria da sede da Associação
Espírita Célia Xavier, cedinho, para receber a todos.
Voluntários jovens e adultos vão chegando e se
cumprimentando. É uma equipe curiosa, composta de diferentes segmentos da casa
de Célia Xavier. Cabelos que nunca viram tinta na vida ladeiam cabelos
coloridos e fios naturalmente prateados, tingidos pelo tempo.
Nessa manhã vão evangelizar ou dar educação espírita para a
vulnerável comunidade de uma das cidades mais pobres da grande Belo Horizonte.
Estávamos próximos da páscoa, e ainda que nós, espíritas, não a comemoremos
seguindo a tradição de outros cultos cristãos, uma alma boa deu mais de duas
dezenas de ovos de chocolate para as crianças de lá. Não é páscoa, mas é
caridade.
A menina de três anos, quando viu os ovos, comemorou.
- “Eu pedi ao coelhinho da páscoa um ovo com brinquedo dentro!”
Falou em voz alta.
- “Acho que esse ovo não tem brinquedo, só chocolate!” Preveniu
precavidamente a jovem da mocidade, para evitar desilusões pascoais...
- “Tem sim!” A garotinha de trancinhas reafirmou, confiante. “O coelhinho me prometeu.” Justificou, segura, sua crença na entidade criada pelos pagãos há bem mais de um milênio.
Foi dia de arte espírita, com uma convidada de fora, a Sarah. A coordenação dividiu as crianças em grupos heterogêneos, para quebrar um pouco a “cumplicidade para a desordem”. Placas de madeira, tampas de garrafas e outros materiais coloridos foram ganhando posição, cola e forma. O trabalho uniu, ganhou estética, afeto e orgulho. Orgulho coletivo, de equipe.
Depois de aula, chocolate e arte, o grupo volta meio cansado para Belo Horizonte. Quarenta minutos de van, dirigida pelo Seu João. Como teve arte, chegaram bem depois do usual, perto de uma hora da tarde.
Vale a pena o trabalho? Acho que os voluntários, olhando para sua quota, reafirmarão que vale sim, mas só saberemos daqui a muitos anos, quando as crianças que passaram pelos cuidados espirituais do grupo não forem mais crianças e essas experiências de pouco mais de uma hora semanal forem apenas memórias. Então saberemos se estas sementes de luz influenciarão ou não a vida dos nossos pequeninos e de suas famílias.
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