Foto 1: Luiz Eduardo Girão, produtor do filme, ladeado por Eliana Haddad e Izabel Vitusso do Jornal Correio Fraterno
As Mães em Sampa
As Mães de Chico Xavier fizeram sua pré-estréia em São Paulo no dia 30 de março, no Shopping Center Eldorado. Estimou-se um público de 1500 pessoas.
A comunidade espírita prestigiou o evento e participou ativamente.
As Mães no Brasil
O filme teve uma boa estréia, perdendo apenas para o hollywoodiano Rio. As Mães não investiram milhões em mídia, como os longas estrangeiros, nem teve o apoio da poderosa Rede Globo, com suas propagandas e merchandizing. A produção optou pelo marketing de rede, que foi oferecer as pré-estréias com pipoca e refrigerante a um grande público formador de opinião. Uma lógica muito coerente com a de Chico Xavier, para a tristeza das agências de publicidade e a alegria do público, razão de ser do filme.
Os efeitos são surpreendentes. Até 11 de abril, quase 350 mil pessoas já haviam assistido o filme. Se ele continuar nas salas de cinema pode chegar a um milhão de espectadores ou mais. Ele perdeu apenas para o longa Rio, cujo poderio do marketing reservou salas e salas de exibição nas grandes redes de salas de cinema.
Foto 2: Pedro Nakano, expositor espírita, "tietando" a atriz Vanessa Gerbelli
As Mães e a Crítica
Os críticos estão fazendo uma série de comentários ao filme. Francisco Russo, do site Adoro Cinema, focalizou em alguns pontos a sua avaliação:
1. O filme aproveita a "onda espírita" na mídia brasileira.
2. O filme é simplório e óbvio, por isso, cansativo
3. A questão do aborto foi tratada sob a ótica espírita, não permitindo ao espectador pensar sobre o tema complexo
Como a crítica é um exercício de diálogo, penso que a primeira afirmação é descabida ou pelo menos parcial. Não sei se o Francisco esteve no lançamento do filme, mas a Estação da Luz é uma produtora que quer dar imagem e som ao pensamento espiritualista. O filme estava sendo produzido antes do lançamento de Nosso Lar, como documentamos neste blog. Na verdade, ele é uma consequência do sucesso de bilheteria de Bezerra de Menezes: Diário de um Espírito, e irá gerar outros filmes, como O Livro dos Espíritos. Este filme não quer "fazer alguns trocados", como ele diz, mas quer atingir um grande público, penso.
Quanto ao filme ser cansativo, talvez haja um fundo de verdade. O roteiro poderia ser melhorado, mas já teve um imenso avanço com relação a Bezerra de Menezes. Não posso deixar de falar que a Estação da Luz é uma produtora em nascimento, uma iniciante do cinema em terras cearenses. Contudo, com certeza, o filme está longe de ser cansativo como o polêmico "Je vouz salue Marie", de Goddard, celebrado pela crítica e intragável, não por motivos religiosos, mas por seu roteiro nada óbvio e imensamente entediante e inextricável. O festejado "Deus e o Diabo na Terra do Sol" do ícone Glauber Rocha, é igualmente chato embora politicamente engajado e corajoso. "Fanny e Alexander" de Ingmar Bergman, é a chatura encarnada em filme. E ai de quem, pobre moral, ousar falar o que escrevi. Será visto como ignorante, inculto, e banido do círculo seleto dos intelectuais. Se o considera chato é porque não o entendeu, dirão os pedantes intelectuais do cinema, nada diferentes dos meus colegas de Universidade. Como na universidade, há uma grande vaidade em se sentir uma elite intelectual, diferenciada. Não digo que este é o caso do nosso comentarista, que me parece sensato e dialógico, mas infelizmente é uma herança cultural brasileira, que já foi ironizada pela Carla Camuratti em seu Carlota Joaquina - Imperatriz do Brasil.
Quanto à abordagem do aborto, considero que o crítico infantiliza o público. O roteiro sairia de seu rumo se se fizesse um grande debate entre os personagens sobre o aborto. O filme mostra a visão espírita, e especialmente do Chico, sobre o aborto. Como é uma visão de grupo minoritário, considerada por muitos como metafísica e indigna de participar de um debate racional, com certeza gera polêmica e debate, e já gerou, no próprio texto do comentarista. O público brasileiro está mais escolarizado que há décadas, mais politizado pelo próprio exercício da escolha de representantes e dirigente e é bem capaz de pensar nos argumentos que tem sido veiculados pelos quatro ventos.
Concordo com Francisco Russo que há muito o que avançar tecnicamente, mas como sou torcedor do América de Minas Gerais, sei bem o que é competir com gigantes financeiros do esporte brasileiro. Acho que As Mães está fazendo uma ótima campanha....
As Mães em Cannes
13 de maio é a data de exibição do filme brasileiro no internacionalmente famoso e badalado "Festival de Cannes". As mães vão vestir longo e passear no sul da França.
Creio que o público de Cannes tem tudo para não considerar óbvio o filme. A mediunidade e o Espiritismo ainda são ilustres desconhecidos na terra de Allan Kardec, e chegam a ser vistos como algo exótico e curioso. Curioso estou eu, aguardando as reações da crítica e do público internacionais ante a nossa produção verde-amarela.