1.12.08
Que estamos fazendo?
29.11.08
Como Evangelizar Crianças de Comunidades Carentes?
É possível evangelizar crianças que perderam a infância?
Esta foi a pergunta central que motivou Soraya a enriquecer o trabalho de evangelização no Grupo Espírita Irmão Frederico, situado próximo à Vila São José, vizinho a uma comunidade próxima ao anel rodoviário de Belo Horizonte.
Após 15 anos de trabalho com reuniões de pais, ela aceitou o encargo de trabalhar com as crianças, trabalho para o qual ela tinha formação porém sem experiência.
Muitas das crianças haviam perdido sua infância. “Adultos miniaturizados”, porque ainda na segunda infância tinham que traballhar em casa e cuidar de irmãos menores sem a presença física dos pais.
Soraya contou muitas histórias de violência de diversas ordens, o que predispôs ao desenvolvimento de crianças sem vivência de afetos, resistentes ao contato físico, agressivas e ameaçadoras. Elas chegavam à sala de evangelização sem conseguir prestar atenção nas aulas, com emoções em desalinho.
O trabalho foi mudado. Passes oferecidos após a chegada das crianças, uma atividade anterior à evangelização identificada como “integração”, as aulas de evangelização propriamente ditas e, para terminar, uma suculenta sopa distribuída a todos.
A estratégia mostrou-se cheia de resultados, mas, como é feita a integração?
Integração
Uma das finalidades da integração é reconstituir a experiência lúdica, perdida nas histórias dos pequenos adultos.
Soraya trabalha com músicas, entre músicas infantis espíritas, cantigas e músicas utilizadas nas escolas, que ela integra com gestos e pequenas coreografias. “Algumas crianças mal conseguem pegar o lápis, têm dificuldades com a motricidade fina”, explica. Além de permitir a expressão de sentimentos e criar um ambiente descontraído, a música incentiva os pequenos a fazer gestos e movimentos de liberdade e graça, em conjunto.
Depois das músicas, ainda em conjunto (o número de crianças evangelizadas não é tão grande, devendo chegar a cerca de quarenta), no salão, iniciam-se jogos realizados em conjunto. “Antes dessa atividade ser implantada, elas chegavam na sala cheias de energia, e chamavam-lhes a atenção o tempo todo, inutilmente”. Os jogos foram escolhidos em diversas fontes, inclusive uma apostila da Federação Espírita Brasileira.
Soraya projetou as imagens de alguns dos jogos. São jogos com um componente corporal (conter bolas de tênis em um círculo de crianças, andar vendado em um labirinto de pinos de boliche orientado por duas equipes concorrentes, andar em conjunto com um colega, amarrados pelos pés com barbantes, etc.) após os quais se faz uma reflexão. As crianças identificam valores antigos, como a colaboração, a amizade, a parceria, a liberdade de escolha entre o bem e o mal...
Fotografias Psicológicas
A coordenadora apresentou muitas fotografias de seu trabalho. Nelas se vê faces ora sofridas, ora cheias de graça. Algumas crianças continuam resistentes ao contato físico (um semi-abraço, um toque de mão nos ombros, etc.), outras já se permitem interagir com a psicóloga e com os colegas.
Outro detalhe salta aos olhos: com o passar do tempo as crianças passam a se arrumar para participar do grupo. Não é mais necessário ser maltrapilho e se deseja apresentar bem frente ao outro. As adolescentes passam batom, as crianças chegam com os cabelos cuidados, os meninos passam gel... O centro espírita não é mais o lugar de cuidar dos pobres, é um local de encontro de pessoas dignas.
Prontos para a aula
O espaço lúdico-pedagógico torna-se valioso para os evangelizandos. Talvez seja uma das poucas oportunidades de brincar que têm, em sua vida sofrida. Eles passam a exigir dos pais a presença na casa espírita.
Após o passe e as brincadeiras, em vez de ficar excitados, eles “esgotam suas energias”, sendo mais capazes de assistir aulas preparadas pelos evangelizadores do grupo. Tornaram-se crianças, e como tais não se transformam em argila dócil, mas confiam mais na equipe, aceitam mais o contato humano e estão mais dispostos a ouvir histórias, discutir seu mundo à luz do Espiritismo e fazer atividades mais tranqüilas, como desenhar.
Alguns resultados
Com nomes fantasia, que protegem a identidade, Soraya apresentou-nos alguns dos resultados, que vieram com o tempo. A menina que brincava e liderava meninos na rua, que a havia ameaçado com um pedaço tosco de pau na mão foi se tornando feminina, dócil e integrando-se ao grupo. Hoje ela ajuda a evangelizar crianças pequenas, é uma jovem que se tornou membro do grupo que antes parecia ameaçá-la.
O menino que verbalizava não gostar de ninguém, fechado, sofrido, após um tempo de trabalho, deixou um coração vermelho desenhado e cortado na cartolina, dizendo aos evangelizadores, “eu amo vocês”, para a emoção de todos.
Desenhos coloridos com cores escuras, expressando cenas de dor e violência, dão lugar a traçados coloridos, azuis, verdes, amarelos e vermelhos, que para nós, psicólogos, são um indício de manifestação de “bons” sentimentos, tão ausentes na vivência anterior dessas crianças.
Os casos se multiplicaram, mas o tempo da palestra e o espaço dessas linhas não os comportam a todos.
Saímos todos meditativos. Há muito que pensar, que fazer e que mudar.
23.11.08
Joanna de Ângelis na Ediouro?
Os convites tratam de virtudes cristãs, como a fé, a esperança, a caridade, a resignação, a fraternidade, a humildade, entre muitas outras (são 60 convites!).
Figura 2: Capa da terceira edição da LEAE, feita por Jô.
Figura 3: Autógrado de Divaldo para o meu exemplar da terceira edição
Projeto Evangelizar - Jogos
22.11.08
Dicas para Ler Livros Espíritas
5.11.08
Saúde e Espiritualidade
Espiritismo Científico
"É com desgosto que observamos a tendência de certos adeptos no sentido de menosprezar a feição elevada do Espiritismo (...) para restringir ao campo da experimentação terra-a-terra, a investigação exclusiva do fenômeno físico". (página 10)
Os adeptos do Espiritismo francês discutiam se o trabalho de Kardec deveria ser abandonado ou posto em suspensão de juízo para que os fenônomenos fossem livremente estudados e as teorias construídas com base na observação de fatos, e não com o diálogo com os espíritos e o emprego do método da universalidade e concordância dos ensinos.
O discípulo de Kardec escreveu "No Invisível" para defender a prática da mediunidade como a conhecemos e o diálogo com os espíritos como método válido para a construção do conhecimento espírita. Ele se opunha ao renascimento dos que Kardec denominou "espíritas experimentadores", os que só se interessavam pelos fenômenos, sem considerarem a filosofia espírita e suas conseqüências morais e religiosas.
Lendo o trecho completo de Denis ver-se-á que ele quis criticar o experimentalismo e defender a prática mediúnica dialógica:
"De sobra se tem repetido: o Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!” (Léon Denis, No Invisível, página 21)
3.11.08
Ainda as Creches e o Poder Público
2.11.08
4o. ENLIHPE (continuação)
Foto 2: Profa. Miriam Hermeto de Sá Motta
No segundo trabalho a Profa. e Doutoranda Míriam Hermeto propõe como preservar a memória espírita através de fontes documentais.
Doutoranda em História pela UFMG, ela inicia seu trabalho distinguindo memória e História e definindo sua disciplina como o "estudo do homem no tempo", alinhada às idéias de Marc Bloch.
Ela discute o papel das fotos, dos documentos primários e de outras fontes que estão nos centros espíritas e não são identificadas como tal por seus membros.
Exemplificando, ela mostra uma foto da fundação do Cenáculo Espírita Thiago Maior, em Belo Horizonte. Ela mostra que a maioria dos fundadores eram homens e brancos (tipo europeu), havia apenas uma mulher e um pardo. Era, portanto, um movimento de elites mineiras, até mesmo pela localização e presença de autoridades no centro nascedouro.
Ela analisa o folheto do lançamento, para o qual foi trazido Chico Xavier. Na capa, encontra-se escrito "Comemoração do Dia dos Mortos" e dentro dele, uma mensagem de Emmanuel convidando os espíritas a evitar este tipo de comemoração, muito comum à época na capital mineira, em decorrência da coerência com os princípios espíritas.
Míriam convidou os membros dos centros espíritas a terem atenção com os documentos que descartam e propôs metodologias de catalogação e identificação de peças que auxiliarão na preservação da memória espírita.
Almoço Beneficente do Irmão Frederico
Grupo da Fraternidade Irmã Ló
Foto 1: Ló
Foto 3: Receptáculo de chumbo feito pelos membros do grupo para receber o elemento radioativo
Raul Teixeira Visita Minas Gerais
Foto 1: Raul Teixeira no Lar Espírita Esperança
Nas comemorações de seus 40 anos, com o apoio da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte, a mocidade da Associação Espírita Célia Xavier promoveu palestra do expositor fluminense Raul Teixeira.
Encontro de Gerações
O evento possibilitou o reencontro e a confraternização de diversas gerações da mocidade. Desde fundadores a atuais membros dos quatro ciclos, alguns ainda na casa de Célia, outros na Sociedade Espírita Joanna de Ângelis e até mesmo “jovens” que se afastaram do movimento espírita estiveram presentes e “mataram a saudade”.
Apresentação de Luiz Fernando e Virgílio Almeida
Luiz Fernando recordou alguns dos pioneiros da casa de Célia Xavier ligados à criação da Mocidade: Virgílio Pedro de Almeida e “Seu” Aphrodísio. Em sua fala de abertura, outros espíritas já desencarnados da casa foram lembrados.
Virgílio Almeida do SEJA abriu o evento, recordando as experiências que compartilhou com os amigos na década de 80. Ele reafirmou as diretrizes da mocidade AECX que se baseiam no tripé amizade, estudo e trabalho.
Mais Recordações
Raul, emocionado, recordou-se de sua primeira palestra na Mocidade da AECX, a convite de Wanderley Coutinho, há 36 anos. Referiu-se a pessoas e acontecimentos que marcaram sua trajetória durante todo este tempo, como a visita à casa da “Vovó Adelaide”, a desencarnação de Evaristo e outras histórias, algumas hilárias, outras tocantes.
Um Personagem do Evangelho
Ele tornou contemporânea a história evangélica do “mancebo rico”, dando um novo sentido à distribuição das riquezas. “A capacidade de ler é uma riqueza ante a pessoa analfabeta. Ensiná-la a ler é distribuir riquezas”.
Religião e Religiosidade.
O conferencista reafirmou que a ação do homem no mundo pode ser uma forma de atender ao chamado do Cristo. Não se deveria cindir a vivência da mensagem cristã, enclausurando-a no Centro Espírita e nas práticas dos grupos espíritas. O expositor referiu-se ao trabalho e às conquistas que o homem realiza em outras instâncias sociais, mostrando verdadeiros testemunhos no trabalho cotidiano dos enfermeiros, dos médicos, dos professores, dos lixeiros e de todas as profissões que possibilitam um serviço à pessoa humana e uma vivência cotidiana dos preceitos cristãos.
As Trajetórias
Raul se referiu às muitas trajetórias dos jovens da mocidade que conheceu há muitos anos. Suas conquistas e dissabores, suas esperanças e frustrações, sua condição, enfim, de homens encarnados no mundo, às vezes equivocados, às vezes enfrentando as agruras próprias do homem no mundo, como as dores, as doenças, os conflitos.
Um comentário psicológico
O autor fluminense inseriu em sua fala um convite ao autoconhecimento, com um toque psicanalítico. Ele mostrou cenas do cotidiano espírita em que a exterioridade do compromisso com valores entendidos como cristãos e espíritas predispõem ao desenvolvimento de reações e comportamentos neuróticos. A pessoa que não trabalhou sua sexualidade pode passar a ver nos demais intenções sexuais em gestos de cordialidade, que não existem, exemplificou. Ele distinguiu este tipo de personalidade do que dirigiu sua carga erótica em função de um projeto humano e cultural.
A reafirmação de valores cristãos
Recordando “O Livro dos Espíritos”, Raul Teixeira conduziu o público a uma reflexão sobre o conhecimento que antecede a reforma moral. Ilustrou com inúmeras histórias de confrades que, conscientes das implicações de seus atos, passam a não adotar práticas sociais, consideradas lícitas no mundo, mas inconvenientes às pessoas, diante de uma visão ampliada da vida, das relações entre os homens e da conservação do corpo humano.
Pains
No dia 01 de novembro o expositor visitou Pains, levado pela família de Walter e Marlene Assis. O Centro Espírita Messe de Luz tornou-se pequeno e a palestra foi levada a um auditório ao lado da Prefeitura Municipal.
Foto 2: Público de Pains
Foto 3: Mesa formada em Pains - Da esquerda para a direita Marlene Assis, Raul Teixeira, Ângela e seu "braço direito"
26.10.08
Lideranças na Casa Espírita
Foto 1: Melody Lewwellen recebe o prêmio de voluntária do mês por cuidar de crianças enquanto as mães se qualificavam profissionalmente, nos Estados Unidos
Caiu em minhas mãos um artigo no qual Michael Brown tenta ensinar executivos a liderar com base na experiência do "setor voluntário". Ao contrário do que diz a literatura, em vez de copiar a experiência das empresas nas associações voluntárias (como um centro espírita), ele faz o contrário.
O texto é muito rico, mas queria focalizar apenas algumas sugestões que ele aprendeu com os coordenadores de atividades:
1. O coordenador melhora as habilidades dos voluntários que trabalham com ele.
2. Ele pensa nas forças e fraquezas dos companheiros.
3. Ele se interessa pelas pessoas que estão na sua equipe ou grupo (em nosso caso, os frequentadores de reuniões públicas)
4. Ele conversa pessoalmente com os possíveis voluntários, para conhecer qual é o seu interesse pessoal, o que o motiva, com o que se importa, de onde veio e quais são seus valores familiares.
5. O coordenador não manipula as pessoas, sua intenção é desenvolvê-las e facilitar sua integração com as equipes de trabalho.
6. Inicialmente ele convida a pessoa a fazer algo dentro de suas possibilidades, algo pontual.
7. As colaborações pensadas ajudam a pessoa a se inserir no grupo e a interagir com outras pessoas;
8. Depois o líder auxilia as pessoas a avaliarem seu desempenho, perguntando: como eles sentiram a situação, porque disseram o que disseram, foram surpreendidos pela reação, foram surpreendidos por sua própria reação, o que poderiam ter feito diferente ou melhor e o que aprenderam da experiência.
9. Com a avaliação as pessoas entendem como colaboraram, o que foi importante para elas e aos poucos podem se disponibilizar a assumir mais responsabilidades se se sentirem bem trabalhando em equipe.
Valorizando as pessoas e auxiliando-as a se autodesenvolverem as sociedades espíritas terão menos conflitos, menos frequentadores e mais trabalhadores, porque partilharão com os que a procuram seu mais precioso bem.
Liderar não é dar ordens, é envolver as pessoas em um projeto comum.
Notícias do 4o. ENLIHPE
Eduardo Carvalho Monteiro foi o idealizador da LIHPE, que é uma rede de intercâmbio entre pesquisadores espíritas no Brasil. Funciona continuamente em um espaço virtual eventualmente promove encontros, concursos, publica livros, coletâneas, etc. Ele também foi o idealizador do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo, que funciona em São Paulo (veja uma publicação no EC que mostra uma visita no CCDPE).
O Centro se reformou para receber o ENLIHPE. Tendo à frente a advogada e trabalhadora incansável, Júlia Nezu (à mesa, à minha direita), que agregou uma equipe operosa, o CCDPE ofereceu condições mais que ideais para o evento.
O evento teve o apoio de duas federativas: a União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, que se fez presente na abertura com o Sr. Paulo Ribeiro (vice-presidente) e a União Espírita Mineira, que enviou a SAMPA o Prof. Marcelo Gardini, membro da diretoria e responsável pelo acervo histórico da federativa mineira. Marcelo apresentou um slide-show que emocionou os presentes, mostrando o passado e o presente da federativa, o que incluiu todos os seus presidentes e o recente Congresso Espírita Mineiro.
Nas extremidade dirreita da mesa de abertura temos o Oceano Vieira de Melo, amigo do Eduardo que fez um video documentário sobre a obra do trabalhador paulistano, de cerca de 20 minutos. O vídeo foi apresentado no evento e logo a seguir homenageou-se a família do empreendedor espírita (foto 2).
Representando a família na mesa de abertura está Leonardo Carvalho Monteiro, irmão do Eduardo.
Foto 2: Homenagem á família do Eduardo
Neyde Schneider, diretora de eventos do CCPDE e presidenta do Centro Espírita 12 de Outubro entrega flores à família do Eduardo na pessoa da Márcia (irmã e voluntária do CCDPE).
Nas próximas publicações apresentaremos uma síntese breve das exposições do ENLIHPE.
16.10.08
Alcoolismo e Drogas
12.10.08
Espiritismo e Religião
Figura 1: Daniel Dunglas Home
Kardec publicou na Revista Espírita de março de 1858 a seguinte consideração, após analisar a mediunidade de Daniel Dunglas Home.
"A religião nos ensina a existência da alma e a sua imortalidade; o Espiritismo disso nos dá prova palpável e viva, não mais pelo raciocínio, mas pelos fatos. O materialismo é um dos vícios da sociedade atual, porque engendra o egoísmo. O que há, com efeito, fora do eu para quem tudo relaciona com a matéria e a vida presente? A Doutrina Espírita, intimamente ligada às idéias religiosas, esclarecendo-nos sobre a nossa natureza, nos mostra a felicidade na prática das virtudes evangélicas; lembra o homem quanto aos seus deveres para com Deus, a sociedade e a si mesmo; ajudar a sua propagação é dar um golpe mortal na praga do ceticismo, que nos invade como um mal contagioso; honra, pois, àqueles que empregam, nessa obra, os bens com que Deus os favoreceu na Terra!"
Observe o leitor, que mesmo no início dos trabalhos da codificação, quando Kardec pensava ser possível desenvolver uma metafísica baseada no ensino dos espíritos que servisse de fundamento às religiões em geral, porque demonstrava a existência da alma, ele não negava o papel do cristianismo e de sua ética, na proposta social espírita, assim como combatia as idéias céticas e materialistas às que reputava a ilusão de perceber a vida com base exclusiva na vida presente.