2.11.08

4o. ENLIHPE (continuação)


Foto 1: Jáder Sampaio
O primeiro trabalho do ENLIHPE foi intitulado "As Muitas Faces da Intolerância contra o Espiritismo". Sampaio iniciou seu trabalho com a história do Cemitério Espírita de Inhambupe, BA, que foi construído antes do centro espírita da localidade, porque o vigário proibía se enterrassem espíritas no cemitério municipal.

Ele relata as perseguições na França, detalhando o conhecido Processo dos Espíritas, que culminou na prisão de Leymarie, com base na confissão forçada de Buguet sobre fraudes nas fotografias espíritas.
O trabalho vai à Inglaterra e apresenta o processo contra Slade e a criação de um fundo dos espiritualistas ingleses para a defesa de médiuns.
Jáder apresenta os relatos de prisões, perseguições e confiscos nas ditaduras Salazarista e Franquista, em Portugal e Espanha, respectivamente.
O totalitarismo na Europa gerou perseguições a instituições espíritas e espiritualistas, e as teses são documentadas, suas razões especuladas.
No Brasil foram diversas as frentes contra o estabelecimento do Espiritismo. Ainda no Brasil império, Machado de Assis ataca as instituições espíritas através de sua pena. Legisladores tentam proibir o funcionamento dos centros espíritas, depois, no Brasil-República, tenta-se enquadrar os médiuns curadores na categoria de charlatães, proíbe-se o funcionamento de centros espíritas, ficham-se espíritas na ditadura vargas, proíbe-se a prática de receituário mediúnico.
O trabalho mostra a resistência que as federativas espíritas ofereceram ao estado, seja na imprensa, seja respondendo os ataques com livros, seja orientando os centros espíritas, seja cobrando uma posição legal das autoridades, seja no judiciário, fazendo a defesa de médiuns e perseguidos pelas autoridades policiais.
O trabalho aponta que a legitimação do Espiritismo no Brasil não foi pacífica, que a desconstrução do movimento espírita na Europa não foi um fenômeno meramente cultural, mas político, que os órgãos federativos tiveram uma posição fundamental para a sobrevivência do Espiritismo brasileiro e discute duas teses antropológicas: à luz da História, o Espiritismo não é uma doutrina itinerante (Aubrée e Laplantine) e Chico Xavier não teria catolicizado o Espiritismo (Lewgoy), mas o contrário, se considerarmos as fontes espíritas brasileiras anteriores ao médium de Pedro Leopoldo.

Foto 2: Profa. Miriam Hermeto de Sá Motta

No segundo trabalho a Profa. e Doutoranda Míriam Hermeto propõe como preservar a memória espírita através de fontes documentais.

Doutoranda em História pela UFMG, ela inicia seu trabalho distinguindo memória e História e definindo sua disciplina como o "estudo do homem no tempo", alinhada às idéias de Marc Bloch.

Ela discute o papel das fotos, dos documentos primários e de outras fontes que estão nos centros espíritas e não são identificadas como tal por seus membros.

Exemplificando, ela mostra uma foto da fundação do Cenáculo Espírita Thiago Maior, em Belo Horizonte. Ela mostra que a maioria dos fundadores eram homens e brancos (tipo europeu), havia apenas uma mulher e um pardo. Era, portanto, um movimento de elites mineiras, até mesmo pela localização e presença de autoridades no centro nascedouro.

Ela analisa o folheto do lançamento, para o qual foi trazido Chico Xavier. Na capa, encontra-se escrito "Comemoração do Dia dos Mortos" e dentro dele, uma mensagem de Emmanuel convidando os espíritas a evitar este tipo de comemoração, muito comum à época na capital mineira, em decorrência da coerência com os princípios espíritas.

Míriam convidou os membros dos centros espíritas a terem atenção com os documentos que descartam e propôs metodologias de catalogação e identificação de peças que auxiliarão na preservação da memória espírita.

2 comentários:

  1. Jader, saudações. Tenho acompanhado seus comentários sobre o 4º ENLIHPE e estou impressionado, que evento maravilhoso. A "Revista Internacional de Espiritismo" de Novembro, trouxe uma entrevista maravilhosa, com uma das expositoras do encontro e que está desenvolvendo uma tese de doutorado sobre o Hospital do Fogo Selvagem. A minha pergunta é: como posso ter acesso a esses trabalhos maravilhosos? Começando pela sua apresentação. Foram feitos painéis? Existem "slides" "apresentações" "textos" que podem ser divulgados? espero que SIM, pois isso só engrandeceria noso movimento. Quero participar do próximo encontro.

    Abraços.

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  2. Amigo (a)

    Desculpe responder nos comentários. Quando você publica um comentário, não temos acesso ao seu e-mail. Estamos organizando um livro do tipo anais com os trabalhos do evento, que estão sendo ampliados pelos autores. Ainda não conversamos com editoras, mas já temos o apoio do CCDPE, que facilita tudo e sempre age responsavelmente. Assim que tivermos o livro no prelo, irei divulgar no EC, no futuro site da LIHPE e no site do CCDPE. Sei que teremos a ajuda da imprensa espírita para a divulgação.
    Grato, e um abraço

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