Almir Sater está sendo entrevistado e canta sua famosa canção, Tocando em Frente. Depois ele explica como a música foi feita e os nexos de coincidências. Assista até o final!
16.11.17
10.11.17
UM CASO ENVOLVENDO MEDIUNIDADE E TRANSTORNO DELIRANTE
O jornal brasileiro de
psiquiatria (v. 6, n. 4, p. 311-314, 2015) publicou um caso apresentado por
autores da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade de Pernambuco,
de transtorno delirante induzido.
Também conhecido como “folie a
deux” (loucura a dois) trata-se de um tipo de psicose não esquizofrênica nem
bipolar na qual um delírio (uma crença falsa, que pode ser inclusive factível) é
compartilhado por duas pessoas que convivem ou tem um relacionamento próximo.
Há diversos subtipos descritos na
literatura psiquiátrica atual: o erotomaníaco
(o paciente acha que alguém o ama, geralmente alguém famoso), o grandioso (o paciente acredita que tem
um grande talento, que ninguém reconhece, ou que fez uma descoberta importante),
o ciumento (que acredita que o
cônjuge é infiel, sem qualquer evidência), o persecutório (que crê que há uma conspiração ou que alguém o
persegue, engana, difama, droga ocultamente, ou impede o desenvolvimento de sua
carreira profissional) e o somático
(que acha que existem insetos ou parasitas internos, ou que exala um odor, sem
qualquer base na realidade).
Não se trata de uma crença
momentânea (que todos podemos ter), que se corrige com evidências em contrário e com o tempo, mas uma crença falsa e persistente que
ninguém dissuade, mantida por um tempo dilatado, como meses, e que afeta o
comportamento e o relacionamento do portador de transtorno delirante.
Por que estou falando de uma
doença mental em um blog sobre espiritismo?
Por que no caso apresentado pelos
psiquiatras, a paciente M. de 51 anos, compartilhou com sua mãe de 81 anos, que
se considerava médium, mas que aparentemente não frequentava nenhuma
instituição espírita, diversas crenças, pelo menos questionáveis.
A primeira é que lhe tinha sido revelado que se ela viajasse com o marido para a Europa, ela morreria. M. cancelou a viagem.
Dezesseis anos antes da revelação, M. teve uma psicose puerperal (pós parto) e foi tratada de forma medicamentosa, e a mãe, naquela época, falou que havia maus presságios com relação ao bebê. M. passou a crer que se tratava de um espírito ruim e chegou a tentar matá-lo.
A primeira é que lhe tinha sido revelado que se ela viajasse com o marido para a Europa, ela morreria. M. cancelou a viagem.
Dezesseis anos antes da revelação, M. teve uma psicose puerperal (pós parto) e foi tratada de forma medicamentosa, e a mãe, naquela época, falou que havia maus presságios com relação ao bebê. M. passou a crer que se tratava de um espírito ruim e chegou a tentar matá-lo.
M. foi tratada pelos psiquiatras
com um medicamento antipsicótico e foi orientada a se afastar da mãe durante o
tratamento. Passados 14 dias os sintomas desapareceram, e seis meses depois o
medicamento foi retirado gradualmente.
Dois anos depois, o marido
informou que a paciente continuou sem sintomas e passou a se relacionar com a
mãe de forma menos frequente.
Este caso traz a discussão da
questão da mediunidade e doença mental e o cuidado que se deve ter com
informações consideradas obtidas pela via mediúnica.
Os psiquiatras não avaliaram a mãe, mas supõe-na psicótica, se considerarmos o diagnóstico que fizeram a partir do relato da filha, e talvez tenha influenciado o seu não envolvimento com nenhuma instituição religiosa.
Os psiquiatras não avaliaram a mãe, mas supõe-na psicótica, se considerarmos o diagnóstico que fizeram a partir do relato da filha, e talvez tenha influenciado o seu não envolvimento com nenhuma instituição religiosa.
Supondo que a mãe fosse realmente
médium, que não fosse psicótica e que ela soubesse do quadro de psicose puerperal que a filha
apresentou, ela deveria ter tido cuidado com o relato de suas percepções. Uma
criança com experiências ruins no passado, vem para ser amada, cuidada e
educada, segundo o pensamento espírita. O cuidado e dedicação dos pais é, com
certeza, uma fonte importante de experiências para que ela reavalie os impulsos
que traz do passado.
Este caso mostra que mediunidade, para ser praticada para o bem-estar das pessoas, demanda estudo e reflexão ética, sensatez e humildade.
Este caso também ilustra a
importância de quem orienta pessoas, em um centro espírita, ter pelo menos
noções de psicopatologia.
Supondo que a mãe de M. fosse realmente psicótica (independente de ser ou não médium), não se deveria incentivar o desenvolvimento da mediunidade, mas ela chegaria à casa espírita com uma série de relatos de percepções espirituais, que na verdade seriam delírios. Conhecê-la, por exemplo, em um curso sobre mediunidade, evitaria que ela viesse a gerar falas delirantes em uma reunião mediúnica, prejudicando os objetivos do grupo. É importante saber que existem delírios e alucinações e que estes não podem ser reduzidos a percepções espirituais, e que as pessoas que os têm necessitam de tratamento psiquiátrico.
Supondo que a mãe de M. fosse realmente psicótica (independente de ser ou não médium), não se deveria incentivar o desenvolvimento da mediunidade, mas ela chegaria à casa espírita com uma série de relatos de percepções espirituais, que na verdade seriam delírios. Conhecê-la, por exemplo, em um curso sobre mediunidade, evitaria que ela viesse a gerar falas delirantes em uma reunião mediúnica, prejudicando os objetivos do grupo. É importante saber que existem delírios e alucinações e que estes não podem ser reduzidos a percepções espirituais, e que as pessoas que os têm necessitam de tratamento psiquiátrico.
2.11.17
COMO KARDEC COMEMORAVA O DIA DOS MORTOS?
Comemorado com alegria no México
Hoje se comemora o “Dia dos Mortos” (finados) e nossas televisões irão
enviar suas equipes aos cemitérios para cobrir a movimentação incomum de
visitação aos túmulos, compra de flores e a emoção dos que irão recordar seus
entes queridos.
No passado tratava-se de uma festa pagã, seja a Lemurália,
em Roma, na qual se faziam ritos de exorcismo nas casas, seja nas sociedades
pré-colombianas, na região do atual México, onde se acreditava que os mortos
visitariam seus parentes, então se preparavam as comidas que eles gostavam e se
decorava as casas com velas, flores e incenso.
Para o espiritismo, o túmulo que guarda o corpo não é o
lugar mais adequado para se encontrar a pessoa que um dia deu vida aos restos
que lá se encontram. Uma vez livres das amarras que a prendiam, tendo
consciência de si e liberdade interior, ela prossegue seu caminho, dando
continuidade à vida que se interrompera com a última encarnação.
A morte do corpo, contudo, não lhe apaga as memórias. As
pessoas a quem ela desenvolveu afetos e estabeleceu ligação espiritual
continuam sendo caras. Os parentes a quem devotara parte de sua vida continuam
presentes em seu pensamento e, se distantes, provocando saudades.
Basta, portanto, lembrarmo-nos dos nossos para lhes enviar
uma mensagem de carinho, um sinal de que continuamos unidos por laços mais
profundos. Uma prece lhes soa como um abraço apertado, um beijo na face, uma
sensação de imensa satisfação.
Allan Kardec, após estudar algumas comunicações de espíritos
que lhe descreveram o ambiente espiritual no dia dos mortos, instituiu uma “sessão
anual comemorativa dos mortos”, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Alguns de seus colegas da SPEE, que já haviam realizado a
grande viagem, comunicavam-se nesse dia, e seus espíritos orientadores davam
comunicações instrutivas. A prática continuou após a desencarnação de Allan
Kardec, e não sabemos quando se extinguiu.
Nada mais justo que recordar daqueles que nos possibilitaram
o conhecimento da doutrina espírita no dia dos aparentemente mortos, em
conjunto com os que nos dedicaram sua amizade e amor.
(Um texto mais detalhado sobre o tema foi publicado na
Revista Cultura Espírita no. 80, em novembro de 2015, pelo Instituto de Cultura
Espírita do Brasil)
27.10.17
COLETÂNEA DE ESTUDOS ESPÍRITAS FEZ VINTE ANOS!
Débora Vitorino e eu, versão 1997... no túnel do tempo.
No período de 1993 a 2000
mantivemos na Associação Espírita Célia Xavier um grupo de estudos com a
finalidade de aprofundar temas espíritas de interesse geral. Uma das
finalidades do grupo era a redação dos melhores trabalhos e sua posterior
publicação.
Neste período
"publicamos" três títulos: "Doutrina Espírita, Cristianismo e
História" (1996), "Coletânea de Estudos Espíritas" (1997) e
"O Transe Mediúnico e Outros Estudos" (1999).
O "Coletânea" foi
impresso em off set e foram feitos 1000 exemplares.
Na segunda parte, trata-se de
mediunidade e passes. Há um estudo histórico da prática de passes, um trabalho
sintético explicando o que são e como se fazem passes, um estudo que também
ficou bastante divulgado pelo GEAE (Grupo de Estudos Avançados Espírita) que
faz uma revisão dos trabalhos mediúnicos e de autores encarnados sobre a
Psicografia e um artigo comunicado no IV Encontro Nacional Espírita de Saúde
Mental, rediscutindo o famoso caso SW, no qual Jung estuda a mediunidade de sua
prima (oculta sob o nome SW) e a diagnostica como histérica.
A terceira parte do livro contém
um trabalho polêmico, no qual se discute a interpretação dos evangelhos no meio
espírita, estabelecendo um diálogo que vai de Kardec a Emmanuel e que se
focaliza em reflexões sobre uma hermenêutica espírita. Outro texto interessante
é um olhar médico-espírita sobre a questão da homossexualidade, que apresenta
uma brevíssima revisão histórica, a apresentação das posições de diferentes
ramos da medicina e faz uma revisão dos comentários dos espíritos acerca do
tema.
Ainda na terceira parte há um
trabalho originalíssimo. Rodrigo José escreveu sobre os Contos de Fadas na
Evangelização Infantil. Na verdade, o autor se deteve sobre o mito e as
estórias e seu impacto sobre a psique. Ele dá algumas dicas importantes para os
evangelizadores sobre o uso de estórias nas aulas de evangelização.
Finalizando, há um estudo
curiosíssimo, uma metáfora física, no qual se compara a evolução do espírito à
vida das estrelas.
A primeira edição do livro está
no final. Ainda há alguns exemplares para serem vendidos na Livraria Ysnard
Machado Ennes e com certeza ele pode ser emprestado pela Biblioteca Aurélio
Valente, para leitura. Para os leitores de fora de Belo Horizonte, é possível adquirir o livro na livraria do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo. http://www.ccdpe.org.br/
Ficha:
Coletânea de Estudos Espíritas
Autores: Débora Z. Vitorino,
Deyler S. Paiva, Jáder Sampaio, Rodrigo José e Tatiana Jacomini.
Formato: 15 x 21 cm
120 páginas
Ano de Publicação: 1997
Jovens que nos ajudaram no lançamento do livro: hoje: pediatra e professora universitária, veterinária, oficial de alta patente da aeronáutica e empresária... se não estiver errado
22.10.17
CONVERSANDO SOBRE PESQUISAS DE MEDIUNIDADE NO PROGRAMA NOVA ERA
O programa Nova Era trata do espiritismo na região do oeste mineiro, especialmente a cidade de Divinópolis. Tem sido uma empreitada voluntária com a participação de diversos espíritas, inclusive do Vicente, nosso companheiro do Centro de Estudos e Pesquisas Espíritas, que montou um estúdio para o projeto.
É uma conversa de uns vinte minutos, que dá um panorama dos estudos desde a época de Kardec, fala de concepções de ciência e de trabalhos muito recentes.
Eu não tenho nenhum preparo para responder a entrevistas, então as críticas para aperfeiçoamento e as impressões são bem-vindas.
17.10.17
HOSPITAL ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ EM BELO HORIZONTE-MG: 50 ANOS
Recebi da Assessoria de Imprensa do Hospital Espírita André Luiz o texto abaixo. 50 anos de sua fundação. Confiram!
Hospital Espírita André Luiz comemora 50 anos de inauguração
Instituição é referência em tratamento de pessoas com sofrimento mental e drogadição
Flávia Amaral
Localizado no bairro Salgado Filho, em Belo Horizonte, em uma área de quase 30.000 m², o Hospital Espírita André Luiz (HEAL)
comemora, neste mês de outubro, 50 anos de inauguração. O HEAL, sigla
que em inglês significa curar, começou a ser constituído em 1949, há 68
anos, e foram necessários 17 anos para a construção das instalações. A inauguração foi realizada dia 15 de outubro de 1967.
“Várias pessoas de boa vontade se uniram para a construção do Hospital –
maçons, católicos, espíritas e judeus. Todas interessadas em arrecadar
verba para o espaço que daria assistência aos portadores de transtorno
mental”, conta Eleusa Polakiewicz, presidente do HEAL e filha de um dos
fundadores, Dr. Alberto Mizrahy. Conforme registros, alguns dos
fundadores saíram às ruas de Belo Horizonte para vender flores a fim de
arrecadar recursos para a construção do hospital que hoje é referência
em tratamento de pessoas com sofrimento mental e drogadição.
Nesses
50 anos de história, foram atendidos mais de 100 mil pacientes e mais
de 500 mil diárias filantrópicas. Em uma extensa área verde, com
jardins, horta, estufa, coreto, quadra poliesportiva, refeitório,
auditório, lanchonete e um amplo estacionamento, atuam mais de 300
funcionários, mais de 70 profissionais experientes da área da saúde e
mais de 400 voluntários nas oito unidades de internação.
“O
hospital tem como objetivo atender o portador de doença mental, para
além dos aspectos do acolhimento espiritual, com toda a tecnologia e
conhecimento da área da psiquiatria e profissões correlatas, que possam
ajudar na melhoria do paciente e de seus familiares. Nossa finalidade é
colaborar com a sociedade local favorecendo para uma compreensão maior
desta área da saúde e diminuição do preconceito a ela associada, bem
como participar de seu desenvolvimento e aprendizado”, complementa
Eleusa, que atua há 50 anos na área da Psicologia.
O
HEAL conta com o Ambulatório (psicologia e psiquiatria),
Eletroconvulsoterapia (ECT) – que está entre os três principais no
Brasil, com o Pronto Atendimento (24 horas, para emergência em
psiquiatria), e com o Centro de Terapias e Assistência Social (CETAS).
O
setor de Psiquiatria conta com 160 leitos divididos entre pacientes
conveniados, particulares e carentes, e uma equipe composta por
psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores físicos. “O paciente
tem uma grade terapêutica bem intensa e tudo isso contribui para seu
refazimento, além de poder circular por um local muito agradável,
arborizado, com horta, onde são produzidos alimentos sem agrotóxicos.
Isso também contribui para a saúde de nossos pacientes”, afirma Dr.
Roberto Lúcio Vieira de Souza, psiquiatra e diretor técnico do HEAL.
O
Centro de Terapias e de Serviço Social (CETAS) oferece tratamento a
dependentes químicos, no regime de permanência dia, e conta com uma
equipe multidisciplinar com médico psiquiatra, assistente social,
psicólogos, pedagogo, educador físico, terapeuta ocupacional, arte
terapeuta, artesão e fisioterapeutas. “Pensamos em um trabalho
diversificado considerando todos os momentos de nossos pacientes, na
mudança de vida necessária deles. Temos uma preocupação de trabalhar não
só com o paciente, mas também com seus familiares”, afirma Kelly
Bonanno, gerente do CETAS. Em 2017, o setor completa 10 anos.
Áreas
como a psicologia, assistência social, farmácia, enfermagem, serviço de
nutrição e dietética e o departamento espiritual garantem suporte e
humanização no atendimento do hospital.
O
HEAL não recebe auxílio direto de nenhum órgão governamental, não
distribui lucros, nem remunera os diretores. “A renda vem dos serviços
prestados aos pacientes particulares e filiados aos planos de saúde,
além das doações que o hospital recebe”, afirma Edward Loures, diretor
de Promoção Social e voluntário há 15 anos.
HEAL em números
Em 50 anos:
+ de 100 mil pacientes atendidos
+ de 500 mil diárias filantrópicas
+ de 300 funcionários
+ de 70 profissionais experientes da área da saúde
+ de 400 voluntários
+ de 100 mil pacientes atendidos
+ de 500 mil diárias filantrópicas
+ de 300 funcionários
+ de 70 profissionais experientes da área da saúde
+ de 400 voluntários
Serviços/Estrutura:
8 unidades de internação
160 leitos internação
Ambulatório (psicologia e psiquiatria)
Eletroconvulsoterapia (ECT)
Pronto Atendimento (urgência) 24 horas
Centro de Terapias e Assistência Social (CETAS) - Tratamento de longa duração para dependentes químicos
Moradia Assistida.
Refeitórios, auditório, pátios, quadras, horta, estufa, coreto, estacionamento amplo
Área de quase 30.000 m²
8 unidades de internação
160 leitos internação
Ambulatório (psicologia e psiquiatria)
Eletroconvulsoterapia (ECT)
Pronto Atendimento (urgência) 24 horas
Centro de Terapias e Assistência Social (CETAS) - Tratamento de longa duração para dependentes químicos
Moradia Assistida.
Refeitórios, auditório, pátios, quadras, horta, estufa, coreto, estacionamento amplo
Área de quase 30.000 m²
Conteúdo Multimídia:
Link Vídeo Institucional: https://www.youtube.com/watch?v=8xNUxQ9FocA&feature=youtu.be
Site HEAL: http://heal.org.br/
Página no Facebook: https://www.facebook.com/HEALBR/
13.10.17
CONVERSANDO SOBRE EDUARDO C. MONTEIRO, A LIHPE E O ESPIRITISMO COMENTADO
A jornalista Clícia Ribeiro do Vale, do Centro Espírita Bezerra de Menezes, em Arcos fez uma entrevista conosco sobre a Liga de Pesquisadores do Espiritismo e o Espiritismo Comentado. Como surgiram e para que vieram? Confiram os vinte minutos de conversa bem mineira no link abaixo.
Ouça também a palestra sobre Francisco Cândido Xavier feita por nós na mesma data no link abaixo:
9.10.17
PLANTADORA DE SEMENTES EM TERRAS NOVAS: ELAINE ALVES
Acabo de chegar de Arcos, cidade do
oeste mineiro, onde há 56 anos funciona o Centro Espírita Bezerra de Menezes. Encontrei
com Clícia Ribeiro do Vale, amiga espírita de décadas, e fiquei muito contente
de poder rever Elaine Alves, sua mãe.
Elaine sempre foi uma
trabalhadora inquieta e corajosa, capaz de realizações inovadoras, que a
maioria das pessoas não faria. Ela foi fundadora do Centro Espírita Messe de Luz,
em Pains, após ter sido auxiliada por Virgílio P. Almeida e outros companheiros
de nossa casa, o Célia Xavier.
A relação se estendeu, e quando Marlene Assis agendava as viagens de Raul Teixeira pelo interior mineiro, sempre havia algum evento na região, em parceria com a Elaine. Ela recebia em sua fazenda ou em sua casa em Pains, para um lanchinho, regado a quitandas, café e sucos naturais, grupos de quinze, vinte jovens, que iam assistir aos trabalhos do orador lá. Era uma experiência deliciosa, que nossos filhos, hoje na mocidade espírita, não mais conhecem.
Mesmo tendo o apoio de poucos
companheiros, em uma região tradicionalmente católica, Elaine sempre foi
empreendedora. Ela me contou que ao assumir o órgão federativo da região, uma
das atividades que ela fazia era identificar Centros Espíritas. Entrava em
contato, em nome do conselho regional e convidava as pessoas a participarem de
eventos, ou fazer Feiras de Livros Espíritas.
Se uma cidade não tinha Centro
espírita cadastrado, ela escrevia à prefeitura, perguntando se havia Centro
Espírita na municipalidade. Ante uma resposta negativa, ela obtinha um alvará
para fazer Feira de Livro Espírita em algum espaço público. A feira, em uma
cidade sem centro, atraía os simpatizantes locais, e ela incentivava a criarem
uma casa ou um núcleo espírita na localidade.
Depois, ao mudar-se para o Pará,
ela faria o mesmo nas cidades “esquecidas por Deus”, cujo acesso só se dava por
barco, às vezes com muitas horas de navegação. Ela se recordou da feira feita
em Serra Pelada-PA, uma região que à época tornou-se lugar de garimpo, lugar
sem dono, que atraía pessoas de todos os lugares do Brasil, e cuja exploração
se dava sem os cuidados devidos, gerando muitas mortes em função de acidentes
como a queda de terra sobre os garimpeiros.
Na Semana Espírita de 2017, uma
emoção. Os companheiros convidaram o expositor “Gilmar Cândido” de São Gotardo.
Hoje, ele realiza anualmente a MECESG (Micro Encontro e Confraternização
Espírita de São Gotardo), que teve sua 23ª. edição, com os companheiros do Centro
Espírita Emmanuel de São Gotardo. Ele ficou feliz em encontrar-se com Elaine,
cujo papel na revitalização do espiritismo em São Gotardo foi, segundo ele,
marcante.
Pequenos e grandes atos na divulgação do espiritismo em
terra estranha, fazem lembrar o trabalho quase insano de Paulo de Tarso,
buscando sinagogas e espaços públicos onde nunca se houvera falado a mensagem
cristã, criando núcleos que se tornaram muitos anos depois referência do
cristianismo e celeiro de estudiosos e trabalhadores notáveis. Isso nos põe a
pensar.
6.10.17
A PEDRO LEOPOLDO DE CHICO XAVIER
Imagem de Maria João de Deus com Chico ainda criança, do filme "Chico Xavier, o filme"
Já apresentamos no EC a Casa de Chico Xavier em Pedro Leopoldo e as impressões que tivemos durante sua visita.
A Fundação Cultural Chico Xavier mantém um site que apresenta um roteiro turístico para quem desejar visitar a cidade natal do médium, que dista 46 km da capital mineira.
Foram escolhidos nove pontos turísticos para os interessados:
1. A fábrica de tecidos Cachoeira Grande que o empregou aos 9 anos de idade (que hoje seria considerado trabalho infantil, portanto, proibido)
2. O memorial do Centro Espírita Luiz Gonzaga, com trinta quadros de óleo sobre tela referentes à vida do médium
3. O açude do Capão, onde Chico teria identificado Emmanuel pela primeira vez
4. A praça Chico Xavier, que contém uma estátua de bronze de tamanho natural do médium
5. A fazenda modelo, de posse da UFMG e administrada pela União Espírita Mineira, onde Francisco trabalhou durante 21 anos
6. A mostra permanente Chico Xavier, organizada por Geraldo Leão, contendo cartas, documentos e fotos, no prédio da UNIMED
7. A Escola Estadual São José, onde ele fez o curso primário de 1919 a 1923.
8. O Grupo Meimei, fundado por Chico em 1952
9. A Casa de Chico Xavier, transformada em museu e centro espírita
Fotos dos lugares podem ser acessadas em http://www.casadechicoxavier.com/caminhos-de-luz/
O site contém também a produção da editora Vinha de Luz, que vem trazendo à luz, entre outros livros, muitas psicografias inéditas de Chico.
Os títulos podem ser acessados em: http://www.casadechicoxavier.com/editora-vinha-de-luz/
27.9.17
TRÊS DIFERENTES TIPOS DE PESQUISAS SOBRE A MEDIUNIDADE
Há alguns dias publicamos esta palestra que havia sido retirada do YouTube pelos seus administradores. Ela voltou com um errinho: meu nome é Jáder Sampaio.
Nos primeiros 14 minutos explico o que é a Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, e quais foram suas principais publicações: a Série Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo e a Coleção Espiritismo na Universidade.
Depois trato dos tipos de conhecimento que podem ser considerados ciência, o que retiro de Jean Ladrière e de seu livro "A Articulação do Sentido", publicado pela EDUSP. È uma visão ampliada de ciências, que comporta os métodos e técnicas das chamadas ciências formais (matemática e lógica), ciências empírico-formais (física, química, biologia e associados) e, por fim, das chamadas ciências hermenêuticas (letras, direito, filosofia, e muitas outras áreas de conhecimento).
Apresento alguns dos resultados das pesquisas sobre mediunidade que iniciaram-se na Universidade do Arizona, e encontram-se divulgadas nos livros do Instituto Windbridge.
Depois trato de uma pesquisa de prevalência de transtornos mentais em uma amostra de mais de uma centena de médiuns, realizada pelo Núcleo de Pesquisas de Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Por fim, apresento um trabalho que compõe uma tese de doutorado de Alexandre Caroli Rocha, na qual ele mostra que Humberto de Campos se serve de citações, na mediunidade de Chico Xavier, para mostrar sua identidade.
Espero que seja útil.
19.9.17
"REVIVAL" DE ESTUDOS SOBRE MEDIUNIDADE
Foto encontrada na internet. Na cabeceira da mesa, Chico Xavier. Identifiquei também Clóvis Tavares (?), André Luiz e Emmanuel.
Estava preparando uma das apresentações que fiz no IV SETESP, no último final de semana, e encontrei um artigo muito interessante.
Delorme, A., Beischel, J., Michel, L., Bocuzzi, M., Radin, D., Mills, P. publicaram na revista "Frontiers in psychology", em novembro de 2013, um trabalho intitulado "Atividade eletrocortical associada a comunicação subjetiva com os mortos.
Ainda na revisão bibliográfica, os autores afirmam que houve um "revival" (um renascimento) das pesquisas sobre mediunidade na década anterior à publicação, ou seja, após o ano 2000.
Eles fizeram uma síntese rápida das linhas de estudo publicadas, acompanhadas das respectivas referências. São as seguintes:
- Precisão das afirmações dadas pelos médiuns
- Fenomenologia dos médiuns
- Psicologia dos médiuns
- Neurobiologia dos médiuns
- Potencial das mensagens mediúnicas para as pessoas em luto
Dois resultados também foram citados:
1) A mediunidade não está associada a processos dissociativos convencionais (esquecimento ou amnésia de conhecimentos geralmente associados a eventos traumáticos, como forma de defesa psicológica), patologia, disfunção, psicose ou imaginação super-ativa.
2) Um grande número de médiuns leva uma vida normal e são pessoas aceitas em suas comunidades.
Esse artigo comunica e analisa os resultados de dois experimentos sobre o funcionamento eletrocortical (do córtex, área externa do cérebro) que comparam quatro atividades mentais diferentes de seis médiuns: percepção, lembrança, "fabrication" (pensar em uma pessoa imaginada pelo médium) e comunicação, mas para não estender muito, apresentarei os principais resultados no futuro.
Aproveitei para publicar como ilustração o desenho de uma reunião mediúnica com Chico Xavier. Quem conhece os espíritos e as pessoas representados nele?
12.9.17
ESPÍRITAS REZAM?
Chegou até este comentarista uma questão que surgiu em um grupo de estudos do sul da Bahia: os espíritas usam os verbos rezar e orar, com o significado de fazer prece, ou eles são interditos por alguma razão?
Para a língua portuguesa, oração,
reza e prece são sinônimos, como se pode ler no Houaiss, por exemplo. Suas
origens etimológicas, como nos mostra o dicionarista, no entanto, são
diferentes.
A palavra prece vem do latim “prex,
precis”, com o significado de “pedido, súplica”.
A palavra oração vem do latim “oratio,
orationis”, com o sentido mais amplo, que pode significar “discurso, linguagem,
palavra ou prece”.
A palavra rezar vem do latim “recito,
recitas”, etc. e significa “ler em voz alta, recitar”
O Houaiss também explica que a
palavra reza pode ser usada para significar o gestual da oração católica, de
joelhos e mãos postas, e também tem o significado de usar palavras na
benzedura (derivação de significado por metonímia).
Todos sabemos que Allan Kardec,
seguindo Jesus, enfatizou bastante que a prece, oração ou reza é um ato
interior. Talvez por esta razão, e para se evitar confusões e sincretismo, a
palavra rezar seja menos utilizada pelos espíritas, já que pode ser mal entendida,
mas não há qualquer restrição. Encontrei um texto da Revista Espírita no qual
Kardec transcreve o verbo rezar de uma questão feita pelo Padre Félix, no qual
ela é usada como sinônimo e evita repetição:
“Com efeito, nada transforma e transfigura o amor que ora
sobre um túmulo ou chora nos funerais, como essa devoção à lembrança e ao
sofrimento dos mortos. Essa mistura da religião e da dor, da prece e do amor,
tem simultaneamente não sei quê de delicado e de enternecedor. A tristeza que
chora se torna um auxiliar da piedade que reza. Por sua vez, a piedade se
torna, para a tristeza, o mais delicioso aroma. A fé, a esperança e a caridade
jamais se conjugam melhor para honrar a Deus consolando os homens e para fazer do alívio aos
mortos a consolação dos vivos!” (Allan Kardec, Efeitos da Prece, Revista
Espírita, Dez. 1859)
Uma vez esclarecida a questão do
significado, fica a questão do uso, que é regional. Pelas Minas Gerais as pessoas
geralmente preferem a palavra prece, mas usam também oração e raramente usam rezar, mas já ouvi sendo usada. E em seu centro
espírita, qual delas é mais usada?
6.9.17
PASSEANDO NA FRANÇA EM BUSCA DE RIVAIL E KARDEC
Neste documentário, Ricardo Carvalho mostra as ruas de Lyon e Paris que marcaram a vida de Rivail e os eventos mais marcantes da trajetória de Allan Kardec. O túmulo, as casas dos médiuns, a residência, a sede da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e uma interessante entrevista com uma espírita radicada na Holanda, falando do movimento espírita europeu.
O vídeo é amador, mas o texto vem do coração. 44 minutos.
4.9.17
ANTONINA NO DIA DAS MÃES
O dia das mães é uma
data-calendário que foi usada por Antonina para falar da família. Após sua
exposição, ela perguntou a seus alunos:
- Qual seria a família ideal de
vocês?
Ela entregou papéis para que eles
pudessem escrever sobre esta família.
Talvez pela primeira vez para
muitos dos alunos, eles puderam falar e escrever sobre um tema que se tornou
tabu em suas casas.
Antonina surpreendeu-se com as
respostas:
- “Eu gostaria que meu pai
parasse de fumar, de beber e tivesse saúde. ”
- “Eu gostaria que minha família
ficasse rica e que minha mãe e meu pai não fossem separados. Gostaria de ter
conhecido meu avozinho. Gostaria de ser cantor sertanejo ou evangélico. Queria
mudar muitos pecados na minha vida. Desejo um feliz dia das mães”
- “Queria que minha família fosse
boazinha”
- “Eu queria ter conhecido meu
“vô” materno, por que nem minha mãe o conheceu. Também queria que minha família
fosse rica e o resto “queria que continuasse o resto”.
- “Quem devia estar na minha
casa? Meu pai. O que devia mudar na minha casa? Minha mãe voltar com meu pai e
minha mãe terminar com (o nome do companheiro, possivelmente). “
De repente, o dia das mães
transformou-se no dia da falta dos pais para a maioria das crianças presentes.
Famílias dissolvidas, talvez sem a devida preparação das crianças, sem a
conversa importante que diz que a dissolução do casamento não é o fim da
relação de paternidade e maternidade (ou será para alguns?). O pai, na mente
dos pequeninos, é o herói ausente ou doente.
Os avós foram lembrados, e sua
morte lamentada. O que significam estes avós que foram levados pela “grande
viagem”? Mais um suporte para as famílias, uma pessoa carinhosa, ou apenas
alguém cuja lembrança é evocada pela mãe com lágrimas?
O medo de perder o pai também
está no discurso de uma das crianças, talvez reproduzindo a reclamação da mãe,
que ressoa em vão: - Pare de fumar e de beber! Não apenas como uma implicância,
mas como um temor da saúde que se vai, um temor da morte.
Por fim, veio o desejo de riqueza,
que falta nas casas. E o anseio de ser cantor, de ser reconhecido, de ser
alguém importante em seu meio. Nem sei dizer se é um anseio de uma carreira bem
remunerada, apesar do mito do cantor pobre que sai na estrada até tornar-se
bem-sucedido e rico.
O mais curioso de tudo, é que na
tentativa de evitar uma abordagem que estereotipe a “família ideal”, eis que
ela surge no desejo das crianças, articulada às aspirações mais profundas, como
falta. Há muito ainda o que conversar com eles, para que não se sintam menores,
furtados em seus sonhos pelos acontecimentos da vida.
30.8.17
OS TRABALHOS APRESENTADOS NO 13o. ENLIHPE ESTÃO DISPONÍVEIS
0:02:20 - Introdução e momento musical - Lirálcio
0:27:40 - Mesa de abertura e prece: Marco Milani (coordenador ENLIHPE), Julia Nezu (Presidente União das Sociedades Espíritas de São Paulo), Pedro Nakano (Presidente - Centro de Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro) Marival Veloso e Jáder Cabral (representantes União Espírita Mineira), Raphael Vivacqua Carneiro (representante Federação Espírita do Espírito Santo)
0:54:05 - Como trabalham os pesquisadores? Jáder Sampaio
2:07:00 - Terapia Fluídica: Apresentação de um instrumento de avaliação da Raphael V. Carneiro
2:48:45 - Efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais - Élida Mara Carneiro
5:31:30 - Roda de conversa: teorias científicas e o espiritismo: Alexandre Fontes da Fonseca
6:19:00 - Uma exploração inicial em análise semântica latente de cartas psicografadas - Ademir Xavier
7:11:48 - Lançamento do livro: Espiritualidade e Espiritismo: reflexões para além da religiosidade - André Ricardo de Souza, Flávio Rey de Carvalho, Antônio César Perri Ribeiro
7:26:50 - Momento musical - Lirálcio
7:37:45 - Análise de pesquisas relacionadas a "prece e curas espirituais" - Gilmar Trivelato e Jáder Sampaio
8:31:28 - Encerramento do dia: Marco Milani
Início: Momento musical com Thiago Ariel (SP)
08:15 - Marco Milani faz a abertura dos trabalhos e comunica que o 14o. Enlihpe será em Belo Horizonte - MG
14:28 - Trabalho de Adolpho "Entre evocações, magnetismo e espiritismo: um estudo sobre mediunidade curadora" que usa o método de história oral para a recuperação da memória de médiuns de cura na região de Franca - SP
1:28:36 - Pedro Nakano convida interessados para a formação de um grupo de trabalho para os trabalhos em curso no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro.
1:30:00 - Sandro Fontana apresenta o trabalho - "Identificação de água fluidificada, magnetizada, por médium vidente", de autoria dele com Janaína Dantas.
2:17:50 - Alexandre Fontes da Fonseca apresenta o trabalho - "Magnetismo ou espiritismo?"
3:08:40 - Raphael Vivacqua Carneiro - "Quem foi Lamartine Palhano Júnior? - Homenagem"
3:24:00 - Encerramento - Marco Milani
3:34:15 - Prece de encerramento - Ney Prieto Peres
Ou então, clique nos links abaixo para assistir a cada um dos trabalhos apresentados:
Como trabalham os pesquisadores? (Jáder Sampaio)
Terapia Fluídica: apresentação de um instrumento de avaliação (Raphael Vivacqua Carneiro)
Efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais (Élida Mara Carneiro)
Teorias científicas e o Espiritismo (Alexandre Fontes da Fonseca)
Uma exploração inicial em análise semântica latente de cartas psicografadas (Ademir Xavier Jr.)
Análise de uma investigação científica sobre efeitos do tratamento espiritual (Gilmar Trivelato)
Alguns resultados de estudos sobre técnicas de Biocampo (Jáder Sampaio)
Entre evocações, Magnetismo e Espiritismo: um estudo sobre mediunidade curadora (Adolfo de Mendonça Jr.)
Identificação de água fluidificada/magnetizada por médium vidente: um experimento piloto (Sandro Fontana)
Magnetismo ou Espiritismo? (Alexandre Fontes da Fonseca)
Homenagem a Lamartine Palhano Jr. (Raphael Vivacqua Carneiro)
https://www.youtube.com/watch? v=Z_QLJQqxn54&t=3h08m13s
Prezado Leitor,
Prezado Leitor,
A Liga dos Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, é uma organização em forma de rede. Isso significa que seus participantes podem apresentar posições pessoais, que não são corroboradas pelos demais. No ENLIHPE, a maioria dos trabalhos são verificados por pareceristas, que observam uma série de características necessárias a um trabalho de pesquisa, mas, ainda assim, cada trabalho apresentado é da responsabilidade de seu autor. Caso sejam necessários outros esclarecimentos, peço que entrem em contato pela internet com os respectivos autores-expositores.
Jáder Sampaio
28.8.17
PRECE DIMINUI ENXAQUECA?
Haleh Tajadini, Phd e colaboradores publicaram um artigo no Journal of Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine um artigo sobre o efeito da prece na intensidade da dor em pessoas com enxaqueca, em 2017.
Trata-se de um ensaio clínico controlado, prospectivo, duplo cego e randomizado. 92 pacientes foram divididos em dois grupos, aleatoriamente, cuja única diferença é que um deles (GE - Grupo Experimental) seria beneficiado com preces e o outro (GC - Grupo Controle) não seria.
Todos os pacientes foram tratados com 40 mg de propanolol de 12 em 12 horas. Foram feitos 45 minutos de prece, semanal, por oito semanas para os membros do grupo experimental.
A doença, comum a todos os participantes do estudo, foi a enxaqueca com e sem aura (uma percepção que alguns pacientes têm que as dores se iniciarão) com os critérios da International Headache Society. Os pacientes foram aleatoriamente lotados nos grupos e não sabiam se receberiam preces ou não.
As dores foram avaliadas por uma enfermeira especialista que não sabia se o paciente avaliado pertencia a GE ou ao GC. Este procedimento evita que as crenças da enfermeira interferissem nos resultados de sua avaliação.
A distribuição da amostra foi considerada normal (teste Kolmogorov-Smirnof).
Foram estudados 92 pacientes, 82 dos quais eram mulheres com idade média de 32 anos e 75% deles eram casados. Os dois grupos tinham indicadores demográficos semelhantes.
No início do estudo, mediu-se a dor, e compararam-se os grupos pelo teste t. Os dados são semelhantes entre os grupos, não podendo ser considerados diferentes.
Três meses depois a dor foi novamente medida. Os dois grupos tiveram redução de dor, mas a dor do grupo experimental (que recebeu preces) foi significativamente menor. A probabilidade de erro nesta afirmação é menor que 0,001 (um por mil).
Na figura acima se vê que o grupo que recebeu preces teve suas dores de cabeça reduzidas de uma média de 6,5 na escala para 4,2. Observe-se que mesmo considerando os intervalos de confiança, as dores reduziram. O grupo que não recebeu preces teve suas dores de cabeça reduzidas em média de 5,7 para 5,4. Embora o segundo número seja menor, os intervalos de confiança são muito próximos, não se podendo nem afirmar que esta redução é significativa. Chamo a atenção também para a diferença dos intervalos de confiança entre os grupos experimental e controle 3 meses após o início do experimento. Os que receberam preces apresentam média inferior, mesmo considerando os intervalos de confiança.
Apenas como curiosidade, segundo os autores, o Corão Sagrado se baseia na prece (pray), que significa "pedir por alguma coisa", "fazer uma solicitação para uma necessidade" e "procurar ajuda". Os autores também classificam a prece em "prece de conversação, prece meditativa, prece ritual e prece intercessora".
Na discussão do estudo, os autores lembram que Wachholtz e Pargament (2008) mostraram que a meditação tem um grande efeito no decréscimo da frequência de dores de cabeça em pacientes com enxaqueca, na diminuição da ansiedade, no aumento da tolerância à dor e no bem-estar existencial, entre outros resultados.
TAJADINI, H., ZANGIABADI, N., DIVSALAR, K., SAFIZADEH, H. ESMAILI, Z., RAFIEI, H. Effect of prayer on intensity of migraine headache: a randomized clinical trial. Journal of evidence-based complementary and alternative medicine, v. 22, n,. 1, p. 37-40, 2017.
Assista às palestras do 13o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - ENLIHPE no Youtube, Canal Dubem. São dois vídeos, um contendo as atividades de sábado e outro do domingo pela manhã. https://www.youtube.com/results?search_query=13+enlihpe
25.8.17
UMA ANÁLISE DE 91 ESTUDOS DE DIFERENTES FORMAS DE TRATAMENTOS ESPIRITUAIS
Therapeutic touching
Roe, Sonnex e Roxburgh (2015)
fizeram uma análise de 34 estudos em não humanos e 57 estudos em humanos de diversas
técnicas de tratamento espiritual (healing), como cura espiritual, cura à
distância, cura noética, prece intercessória, imposição de mãos, toque
terapêutico, Johrei e Reiki.
Por estudos em não humanos,
entende-se células in vitro, amostras de sangue, sementes, animais e plantas.
Estes estudos foram feitos tentando entender mecanismos possíveis de atuação do
tratamento espiritual e para evitar o efeito placebo, que seria um mecanismo psicológico
de modificação do organismo, desencadeado pelo tratamento espiritual, mas que
não é uma consequência direta dele. O efeito placebo é conhecido nos estudos de
medicamentos, nos quais se dá aos sujeitos falsos medicamentos sem princípio
ativo, sem que eles o saibam, para que se possa comparar efetivamente os
resultados do medicamento em análise.
Nos estudos em humanos se
identificaram os “ensaios clínicos aleatórios, duplo-cegos controlados”, ou
seja, os estudos que compararam os efeitos do tratamento espiritual em dois ou
três grupos semelhantes de pacientes, sendo um deles submetido ao tratamento
espiritual e os outros a uma simulação de tratamento espiritual e à ausência de
tratamento espiritual.
Eles concluem que os sujeitos sob
tratamento “exibem uma melhora significante no bem-estar com relação aos
sujeitos-controle” independente do placebo e dos chamados “efeitos de
expectativa”.
Também mostram que há uma queda
dos resultados quando os melhores estudos são selecionados por juízes que
analisam a metodologia, mas ainda se mantém a superioridade dos grupos de
tratamento espiritual.
Os estudos com plantas tiveram
resultados significativamente menores que os estudos com animais e amostras in
vitro.
Nos estudos com pessoas humanas,
os resultados obtidos com Johrei e Reiki foram superiores aos do toque
terapêutico. Os estudos de oração intercessora apresentaram resultados menores
(mas não significativamente menores) que os demais. Outros estudos já haviam
apontado este resultado (Astin, 2003) e reflete também alguns resultados de
estudos atuais de larga escala que não obtiveram resultados com prece à
distância. (Benson et al., 2006)
Os autores fizeram 11 sugestões
para melhorar próximos estudos, porque conseguiram distinguir estudos de melhor
e pior qualidade, além de dados heterogêneos. Aos interessados em realizar
pesquisas, recomendo que considerem o que os autores estão propondo.
Trazendo este trabalho para o
contexto espírita, os resultados apontam para uma diferença entre a oração e
técnicas semelhantes aos passes (os passes trazem melhores resultados). Isto
traz à memória a explicação de Allan Kardec, que distingue fluidos apenas espirituais
de fluidos magnéticos (humanos) e mistos. A conclusão destes estudos é
favorável a que os centros espíritas mantenham seus serviços de passes e de
orações, mas não nos permitem fazer qualquer inferência sobre a técnica dos
passes.
Outra questão que os autores
levantam, quando estão discutindo metodologia, é sobre a mudança de valores e
comportamentos das pessoas que procuram tratamentos espirituais, que envolvem
hábitos como “meditação” (ou oração, no nosso contexto), “evitar abuso de
álcool e remédios”, e “não realizar sexo promíscuo e arriscado”. Este comentário é consistente com a
recomendação que se faz nos centros espíritas para os que procuram passes ou
orientações espirituais para solução de problemas imediatos. Além destas intervenções imediatas, é necessário repensar como se está vivendo.
Roe, C.; Sonnex, C.; Roxburgh, E. C. Two
meta-analyses of noncontact healing studies, Explore, v. 11, n. 1, jan./feb. 2015, p. 11-23.
"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/
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