7.1.18

VOCÊ TEM UM TRABALHO DE PESQUISA QUE TRATA DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA?

Logomarca provisória do 14o ENLIHPE


Foi publicada ontem a chamada de trabalhos para o 14o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que será em Belo Horizonte - MG, na sede federativa da União Espírita Mineira, nos dias 25 e 26 de agosto.

O tema central deste ano será "Sobrevivência da alma".

O evento escolhe trabalhos submetidos até o dia 30 de abril para apresentação. Os trabalhos deverão ser escritos em formato acadêmico, que está descrito no edital de chamada de trabalhos, publicado em http://www.lihpe.net/wordpress/?p=1732.

Esses trabalhos serão avaliados por pareceristas com formação acadêmica e conhecimento do espiritismo, não terão acesso aos nomes dos autores e escreverão considerações e sugestões de aperfeiçoamento dos trabalhos, além de aprová-los ou não para apresentação no evento. Os trabalhos sobre o tema central (Sobrevivência da alma) têm preferência aos que não tratam dele.

Os trabalhos poderão ser publicados futuramente em forma de capítulo de livro ou artigo de periódico indexado, mediante permissão do autor.

As inscrições para o evento ainda não estão abertas, iremos divulgá-las futuramente.

A comissão organizadora está formada por:

- Alexandre Ramos (RJ)
- Gilmar Trivelato (SP)
- Jáder Sampaio (MG)
- Marcelo Gulão (RJ)
- Marco Milani (SP)
- Raphael Carneiro (ES)

Se você deseja ter informações sobre a Liga de pesquisadores do espiritismo - LIHPE ou sobre a submissão de trabalhos escreva um e-mail para contato@lihpe.net.

Esse evento está sendo apoiado pela União Espírita Mineira e pelo Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo.

21.12.17

LIVRO ELETRÔNICO (E-BOOK) ESPÍRITA: VALE A PENA?




Tenho lido e-books espíritas há alguns anos, e gostaria de aproveitar o período em que as pessoas repensam a vida para conversar sobre minha experiência.

Um artigo recente sobre o assunto, avaliando os e-books no Brasil, explicava que os aparelhos de leitura, estilo Kindle (Amazon) ou LEV (Saraiva) são adquiridos e efetivamente utilizados por pessoas que leem muito. As que leem pouco, geralmente consideram caro o investimento em um desses aparelhos.

O que não tem sido muito dito é que quando se adquire um e-book, você pode lê-lo em um tablet (como o IPAD), notebook, computador e talvez até no smartphone (celular com tela). Basta instalar o aplicativo neles.

Os livros que você compra se tornam uma biblioteca disponível pela internet, e você pode acessá-los de onde quiser. Seus livros ficam em uma “nuvem” (um espaço de memória acessível via internet) e você pode “baixá-los” onde deseja ler. A compra, se você tem um cartão de crédito, é extremamente fácil. Você pode ler “amostras de livros” (geralmente os primeiros capítulos) para ver se vale a pena, e o livro está disponível em um minuto para você, se for encontrado.

Quanto ao dispositivo de leitura, que no meu caso é um Kindle, ele tem uma série de recursos que não se encontra em um livro editado em papel. Você pode aumentar ou diminuir as letras do dispositivo, deixando-as da forma mais confortável. A tela dele é iluminada, ou seja, a luz é voltada para a tela em vez dela emitir luz para seus olhos, e você pode ler no escuro. Quando você abre o livro, ele automaticamente localiza onde você parou no texto, na última vez que leu. Há índices diversos, e você pode pedir para procurar o texto lido por palavras, por exemplo, caso esteja preparando uma palestra e não se lembre ao certo onde leu aquela frase.

O recurso que mais me agradou são os dicionários. O Kindle vem com acesso gratuito a dicionários de diversos idiomas, que você pode “baixar” no seu aparelho. Uma vez feito, sempre que se esbarra em uma palavra desconhecida ou com sentido aparentemente diferente do que conhecemos, basta pressioná-la para que o dispositivo acesse o dicionário e, se estiver ligado à internet, pesquise também na Wikipédia. Ainda são apenas dicionários de sinônimos (ou seja, não há dicionários de inglês-português, por exemplo), mas facilitam imensamente a leitura e economizam tempo.



O que ainda me aborrece no Kindle, talvez por não conseguir usar direito seus recursos, é identificar a página original do livro em papel para citações em artigos e textos.

Outro problema são os livros que vêm mal revistos, com erros de ortografia e a suspeita que algumas páginas foram suprimidas. Não é um problema do Kindle, mas da abertura do mercado para autores independentes e qualquer tipo de editora,. A reputação da editora continua sendo importante no momento de aquisição dos livros eletrônicos.

Há uma grande reclamação dos artigos que li sobre o preço do livro eletrônico, quando comparado ao mercado norte-americano, mas é possível economizar um bom dinheiro comprando o livro eletrônico. Acessei agora o site da Amazon. O Livro dos Espíritos da FEB, com a tradução do Evandro Noleto Bezerra, custa R$ 2,93, enquanto o livro em capa comum custa R$18,75 (que é um preço igualmente promocional). O mesmo livro na livraria da FEB, também em valor promocional, custa R$21,25. O romance Renúncia, de Emmanuel, custa R$8,85 na versão eletrônica da Amazon, R$20,61 na versão impressa, em capa comum e R$ 30,60 na livraria da FEB, em promoção.

Penso que as editoras espíritas estão investindo cautelosamente na publicação dos seus livros em versão eletrônica, mas já existem muitos títulos sob esse formato, de diversas editoras. 

Outra boa notícia são os livros espíritas em língua estrangeira. Além de baixá-los diretamente das bibliotecas (Flammarion, por exemplo, pode ser encontrado em francês na Gallica), os e-books costumam ter um bom preço. O livro History of Spiritualism, de Arthur Conan Doyle, por exemplo, custa cerca de 45 dólares em capa dura (Amazon) e apenas 62 cents (cerca de dois reais) em formato eletrônico, também na Amazon.

10.12.17

COM O CHICO NO CINEMA



Passei o final de semana com Chico Xavier. Não o Chico, espírito desencarnado, mas o Chico da mente de um autor espírita e mineiro.

Fiquei encarregado de falar sobre a vida de Chico Xavier no sábado, na reunião de encontro das mediúnicas, e me incumbi de concluir a leitura dos dois livros escritos por John Harley, espírita de Pedro Leopoldo que teve convivência direta e familiar com o médium.

“O voo da garça” e “Nas trilhas da garça”, publicados há pouco, são dois livros muito diferentes dos que já li sobre o Chico, porque John optou por uma narrativa culta, com palavras de fácil entendimento, que entremeiam a vivência dele, com a vivência de outros “amigos de Chico” e com a literatura disponível sobre a vida do orientando de Emmanuel. John nos deixa saber que ele tem uma trajetória pela psicologia, o que nos faz compreender por que ele busca o mesmo que nós: desconstruir a imagem de santo popular e entender a humanidade do Chico, coisa que o médium sempre prezou, até mesmo na escolha do seu pseudônimo.

As perguntas que ele se faz sobre o médium nunca têm respostas simples ou monocausais. Perguntas como: por que ele se mudou para Uberaba? São respondidas à luz de diversos eventos e opiniões de outros autores, que culminam em uma resposta sempre elaborada e complexa.

John não consegue ocultar a admiração que tem do médium, e nem precisa, já que sabemos bem “de onde vem” o texto, e para quem foi escrito. Admiração que não se confunde com ilusão porque ele percebe e deixa perceber o sofrimento do Chico com a sua idealização pelo público, o preço da fama (no caso, o sacrifício da intimidade), a invasão não desejada pelos seus admiradores, a luta com (ou contra) seus impulsos, as difíceis escolhas que ele fez pelo compromisso com a doutrina. Creio que ninguém vai querer ser Chico Xavier após ler os livros de Harley.



Hoje fui ao cinema com a minha filha que está de gesso no pé, mas se recuperando bem. Conseguimos uma cadeira de rodas no shopping, para que ela não tivesse que se deslocar de muletas e fomos assistir um cinema em família. A jovem na cadeira de rodas chamava a atenção das pessoas, que a olhavam com diversos estados de espírito, entre a dúvida e a piedade. As crianças não escondiam algum comentário com as mães, sempre generosos ou engraçados.

Ao fim do filme, uma das funcionárias do cinema nos atendeu com muita gentileza, facilitando a saída, informando sobre os espaços para cadeira de rodas e consolando minha filha, dizendo-lhe que em breve estaria andando novamente. Acolhemos com simpatia a generosidade dessa funcionária, que se sentiu respeitada e segura conosco. A conversa com minha filha foi até o ponto em que ela recomendou que aproveitasse o convívio com a mãe, que compunha o nosso trio, quando ela se emocionou. Ela nos disse que sua mãe havia ido há três meses, e que ela sentia muita saudade. Sabia que a mãe estava bem , mas nunca mais receberia um abraço dela.

Eu reagi como de costume, disse-lhe que ainda iria rever a mãe, mas ela não escutou.

Imediatamente, recordei a narrativa do John. Ele dizia que muitas pessoas levavam sua dor para o Chico e que uma vez ele ouviu uma mãe narrar a dor de perder a filha. O ímpeto dele foi de falar alguma coisa que normalmente dizemos, como “o tempo vai diminuir a sua dor”, ou “não fique triste”, ou ainda alguma frase daquelas que visam diminuir a manifestação de sofrimento, mas que expressam apenas a nossa incapacidade de entendê-lo ou nosso desejo oculto de afastá-lo de nós.

O Chico apenas abraçou e chorou. Chorou com a mãe. E o ato de perfeito entendimento, de empatia na dor, parece que tinha seu efeito mágico. O choro aliviava. Ela não estava mais sozinha em sua dor.

Quando me lembrei, quis abraçar também a funcionária, mas não seria conveniente. Entendi que o Chico não apenas fazia a coisa certa, mas criou o lugar certo e um momento socialmente aceito para que as dores pudessem ser repartidas. Eu entendi como era singelo e, ao mesmo tempo, grandioso, o trabalho que esse homem fez. Alguém com óculos diferentes dos meus, geralmente critica o que o Chico fazia, como assistencialismo ou sensacionalismo baratos. Geralmente são pessoas que enxergam o homem apenas com suas necessidades fisiológicas, de segurança e de conhecimento, visto como arte e cultura. Eles não estão errados, apenas são incapazes de compreender o que fazia o médium das Minas Gerais.

Agradeço ao John Harley ter compartilhado seu mundo íntimo. Nos dias de hoje, foi um ato de coragem.

5.12.17

MEU FILHO DEVE IR PARA A MOCIDADE ANTES DO TEMPO?


Esta história aconteceu há muito tempo, mas tem histórias que se repetem, nem sempre com o mesmo fim. Eu era um dos evangelizadores da turma com 11 e 12 anos, na Associação Espírita Célia Xavier. Era novo, não devia ter feito 18 anos ainda.

Um dia, uma mãe me procurou. Ela desejava que sua filha fosse para a mocidade (grupo de jovens, que começava com 13 anos), que ela era muito madura e inteligente e que aproveitaria melhor o outro grupo.

Quando se dividem turmas por idade, em um período tão marcante como a pré-adolescência e a adolescência, não se tem em vista a capacidade intelectual, especialmente em um centro espírita. Um ano de diferença parece uma eternidade para um adolescente. Fico vendo as filhas dos amigos dizendo que dois anos de diferença fazem com que se sintam deslocadas nas festas.

Outro problema, muito encontrado nas escolas, é quando chega um novo membro em uma turma já formada. Ele terá uma dificuldade a mais para se “enturmar”, porque os demais já se conhecem, já têm suas preferências e amizades estabelecidas, e pode ficar meio à parte, até que consiga amizades. Uma adolescente que conheço mudou de escola no 6º. ano. Tímida, levou dois anos para construir uma turma de amigos, daquelas que se relacionam além das salas de aula e dos trabalhos em grupo.

Na pré-adolescência as mudanças corporais são acentuadas. Minha esposa comentou que seus alunos entram ainda com corpo de menino/menina e saem com corpo de rapaz e moça, com algumas variações. Não são apenas mudanças físicas, mas também psicológicas, que se tornam um fator a mais no difícil processo de integração dos jovens.

Certa vez fui falar para um grupo de mocidades em um centro espírita de Belo Horizonte que tinha apenas 4 jovens no dia marcado. Dois tinham entre 13 e 14 anos e os outros dois na faixa dos 18 anos. Foi um dia difícil, porque os interesses eram imensamente divergentes.

Há também uma questão com os pais. Via de regra eles fazem tudo por seus filhos, e às vezes se projetam neles. Os filhos podem ser uma espécie de “segunda chance” de realização dos sonhos deles próprios, e passam a sofrer (isso mesmo!) as expectativas dos pais. Os pais os consideram mais inteligentes do que eles foram, e às vezes querem “corrigir” a educação que tiveram com os avós nos filhos. Podem, por exemplo, tratar de forma mais “democrática” seus filhos e costuma acontecer de exagerarem na mão e serem permissivos. Passam a ter dificuldade de dizer “não”, uma palavra tão necessária para a educação de um cidadão que vai viver em uma sociedade com direitos e deveres.

Outra questão envolve o próprio jovem. Passando as transformações da adolescência, ficam hipersensíveis e às vezes “donos da verdade”. Os pais não sabem muita coisa, aos olhos deles, porque vivem uma nova época. Paradoxalmente, já li sobre isso no Império Romano... Com tanto “poder” e expectativas, costumam ser frágeis, na verdade. Se ofendem ou magoam com situações que um adulto nem percebe. E a fuga pode ser uma forma inadequada de enfrentamento dos problemas.

Nesse caso, o pai percebe que o filho está incomodado, mas o filho lhe dá uma resposta socialmente aceita: “eu já sei tudo o que me ensinam, por isso não quero ir... “ E os pais menos atentos, acreditam, mesmo que os programas de curso sejam bastante diferentes e preocupados com a variação dos temas e das abordagens.

Há também uma questão meio narcísica. O pré-adolescente/adolescente quer parecer algo que ele ainda não é. Não se trata, portanto, de um conteúdo que ele já conhece, mas mostrar aos pais e aos colegas o quão especial ele é. Fica claro que isso é fantasioso, e não se atinge com uma mera mudança de turma. Ele vai continuar com esta “necessidade” íntima.

Retornando à história original, eu conversei com a mãe. Expliquei-lhe nas duas aulas que a filha participou, eu havia notado que ela era realmente especial, mas que o interesse e a ligação com o grupo não podiam ser esquecidos. Eu lhe expliquei que iríamos fazer um trabalho na turma de 11 e 12 anos para que eles se aproximassem, e pudessem ir, juntos, para a mocidade. Isso lhes daria mais segurança e satisfação.

A mãe ouviu e entendeu. A pré-adolescente participou conosco durante o ano todo, e no ano seguinte foi para a mocidade. Com o passar das décadas eu perdi o contato com eles, e me lembro vagamente das duas. Não sei se continuam no meio espírita, mas acho que foi uma experiência bem sucedida, e uma decisão acertada.

Eu mesmo tinha interesses diferenciados quando tinha 13 anos. Eu participava de minha turma de mocidade, o antigo 1º. Ciclo, e depois ficava para assistir os estudos do 3º. Ciclo. Conseguia acompanhar os estudos sem dificuldade, mas eram duas experiências diferentes, e agradeço muito o carinho e a compreensão dos meus amigos de idade mais avançada, porque era claramente imaturo perto deles.

Creio que a opção para os jovens que desejam aprender mais, é mantê-los nas turmas de sua idade e encaminhá-los para outros espaços das casas espíritas, para ver como se saem. Cursos de estudo sistemático do espiritismo, por exemplo, seriam uma boa opção. Outra boa opção é aproximá-los a equipes de tarefas, onde poderão aprender e fazer algo. A realização e a confiança obtida pelos demais, nessa idade, é muito motivadora e estruturadora.

Para terminar, há também um “lado negro”, no caso de nossa casa, porque a evangelização é sábado de manhã e a mocidade no sábado à tarde, então há pais que não querem levar seus filhos duas vezes ao dia no centro espírita, e temem que eles ainda sejam muito jovens para andar de ônibus sozinhos. Então para os pais seria mais cômodo levá-los uma vez só.

Como se pode ver, é um problema bem complexo, mas que envolve a vida das pessoas mais queridas por nós, então vale a pena sair da “zona de conforto”, pensar muito antes de colocar os filhos em uma turma de jovens de idade diferente.

30.11.17

RELIGIÃO PODE SER BOA PARA A SAÚDE MENTAL?



Vivemos uma época curiosa, na qual o avanço das ciências é visto como a derrocada das religiões. Nos ambientes acadêmicos, muitas pessoas creem que a religião, em função da sua fragilidade em tratar de temas próprios das ciências naturais, é algo a ser banido do mundo. O visível avanço tecnológico do mundo trouxe uma imensa credibilidade ao que se diz científico, mesmo ante os muitos problemas que trouxe ao mundo. Alguns cientistas famosos usam do prestígio que obtiveram em sua área de conhecimento para fazer uma espécie de ativismo contra as religiões, argumentando geralmente que as religiões são um mal para a humanidade e destacando alguns pontos realmente problemáticos.

As religiões e as instituições religiosas certamente têm seus problemas, mas em tempos de um “individualismo selvagem”, em que muitas pessoas não querem “abrir mão” de seus desejos pessoais, há um discurso que valoriza a espiritualidade e desvaloriza as religiões, a religiosidade e os grupos religiosos. Sempre achei que espiritualidade sem grupo religioso é como empada sem azeitona, porque a espiritualidade não é algo construído individualmente, mas aprendido ou desenvolvido coletivamente.

Estou lendo o livro “Religião, psicopatologia e saúde mental”, escrito por Dalgalarrondo, professor titular de psiquiatria da Unicamp. O livro foi publicado em 2008, mas a qualidade das revisões de literatura é muito boa, até a data.

São muitos os estudos que estudam a relação entre religião e saúde mental. Bergin (1993) não encontrou relação entre psicopatologia e religiosidade (metanálise de 24 estudos). Payne e colaboradores (1991) mostra que a religiosidade está associada a um menor uso de álcool e drogas e melhores medidas de bem estar psicológico, auto-estima, ajustamento familiar e social e menor permissividade sexual.

Koenig e Larson (2001) concluíram existir uma associação positiva entre saúde mental e religião (sujeitos mais religiosos são mais saudáveis e com menos transtornos mentais) e o impacto positivo da religião fica mais evidente em situações de envelhecimento, doenças físicas e perda de habilidades físicas e sociais. Koenig mostra que maior frequência à igreja (ou comunidade religiosa) está associado a uma menor prevalência de doença mental.

Kendler (1997). Muito elogiado por Dalgalarrondo, estudou 1698 pares de gêmeas e mostrou que a “devoção religiosa pessoal” protege as mulheres da depressão ante efeitos estressantes. Em um segundo estudo (2003) com 2616 gêmeos de ambos os sexos, ele mostrou que a religiosidade geral e outras categorias da religião estão associadas a menor prevalência de transtornos externalizantes (dependência de álcool e nicotina, abuso e dependência de drogas ilícitas e comportamento anti-social).

O autor também fala dos aspectos negativos da religião sobre a saúde mental, mas trataremos em outra matéria.

27.11.17

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: ALGO MAIS PRÓXIMO QUE VOCÊ IMAGINA!








No início de novembro estive no programa Horizonte Debate, da TV Horizonte, que é um veículo da Igreja Católica em BH para discutir a diversidade religiosa. Como já falei anteriormente no EC, o tema foi motivado pelas invasões e violências acontecidos em terreiros de Umbanda, que o competente mediador Jairo Stacanelli possibilitou que fosse discutido em seu programa. 

Fomos três debatedores, a jovem estudante de Ciência da Religião, Rita Grassi, e a Coordenadora do CENARAB - Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, Makota Célia Gonçalves e Jáder Sampaio, espírita, sem outras qualificações para discutir o difícil tema.

Confira! Comente! Aceito crítica educada...

22.11.17

UM MILHÃO DE ACESSOS!


Um milhão... de acessos

Quando comecei o Espiritismo Comentado, desejava apenas publicar reflexões, estudos, indicar bons livros espíritas, divulgar trabalhos sérios, dizer de antemão que há eventos interessantes, lembrar das histórias e preservar a memória espírita, apreciar a boa arte em temática espírita...

Imaginei que pudesse interessar a muita gente, mas nunca imaginei que um dia teria um contador de acessos dizendo que foi vencida a barreira de um milhão de visualizações. Um milhão de pessoas, do outro lado da tela, clicando e lendo o EC.

Não obrigamos ninguém a acessar. Hoje, a maioria dos leitores estão inscritos no Facebook ou no blog, os grupos em que faço chamadas são afins. Nunca investi em propaganda, nem paguei ao Google para mostrar o EC para quem digite a palavra espiritismo em seu instrumento de busca. Não haveria nada de errado nisso.



Nunca ganhei dinheiro com o EC. Talvez devesse, para empregá-lo em caridade e cultura, mas perdi esta oportunidade. Cheguei a tentar uma vez inserir anúncios, mas fiz tantas restrições ao Google, que eles desistiram de mim. Com isso evitei o pensamento de muita gente descaridosa, que logo fica pensando que o editor ganha dinheiro com o espiritismo.

Divulguei meus livros, as traduções, os que foram escritos, os organizados, os psicografados... Imagino que se eu não acreditasse neles, ninguém mais deveria fazê-lo. Mesmo assim, nenhum se tornou best-seller. Talvez eu escreva para muito poucas pessoas, mesmo, ou para pessoas que não gostam muito de livros, preferem os textos rápidos da internet.

Hoje tenho ajuda de amigos, que me comentam e criticam com bom coração, da Érika que virou parceira, mantendo o Eventos Espíritas com seriedade e dedicação, dos colaboradores que cederam gratuitamente seus textos para o EC, e por isso os publiquei com seus nomes em destaque. Agradeço à turma do Célia Xavier, ao pessoal da LIHPE, aos amigos do CCDPE-ECM, do JEE, da UEM, do Felipe Santigo e às pessoas das casas espíritas de Belo Horizonte com quem mantemos contato pessoal. Eles me conhecem ao vivo e à cores, e... toleram. Obrigado pela tolerância, e pelo afeto, que é ainda melhor.



O EC me abriu as portas do Japão, dos espíritas norte-americanos, de Portugal e de muitos outros países, inacessíveis ou de dificílimo acesso, se estivesse publicando apenas nas mídias impressas. Através do EC fiz amigos, conheci boa gente. O EC tem sido meu companheiro em algumas das sessões intermináveis de hemodiálise, e me ajuda a fazer o tratamento, às vezes protestando gentilmente por ter que sair da cadeira. Nessas horas eu estou “quase terminando” um texto, respondendo o comentário de um leitor, pesquisando uma imagem, aprendendo alguma coisa, fazendo uma pesquisa... Posso assegurar que o EC é bom para a saúde, pelo menos para a minha saúde mental.

Perdoem-me aqueles a quem respondi sem paciência. Perdoem-me os que se ofenderam em debates. Perdoem-me os que demorei a responder. Perdoem-me os que ficaram decepcionados com minha pequena capacidade. Perdoem-me os que desejavam que eu fosse capaz de conseguir vagas gratuitas no Hospital Espírita André Luiz. Perdoem-me os místicos, aqueles cuja visão de espiritismo não é compartilhada por mim. Perdoem-me os críticos tenazes, especialmente aqueles com quem não mais tenho conversado. “Os dias eram assim”, cantou Elis.

Obrigado aos que leram. Aos que entenderam minha “cara amarrada”. Aos que perdoaram minhas palavras francas, nem sempre caridosas. Aos que não se ofenderam com meus pensamentos e ideias. Aos que se ofenderam, mas entenderam que pensamos diferente. Obrigado aos que convidaram seus amigos para o EC. Aos que oraram por mim. Aos que riram de algo engraçado. Aos que choraram de algo triste. Aos que se indignaram com coisas erradas que denunciamos. Aos que se iluminaram diante da experiência de outros que trouxemos. Obrigado aos que leram algum de nossos textos em suas comunidades, espíritas ou não. Obrigado aos que compraram algum dos livros que divulgamos (espero que tenham lido e gostado). Obrigado aos que acharam bonitas algumas palavras. Muito obrigado aos que auxiliaram, quando viram que a finalidade era nobre. Isso é o que vimos tentando fazer há um milhão de cliques.

18.11.17

PLANEJAMENTO ENCARNATÓRIO? SÓ EM LINHAS GERAIS.




A Organização das Nações Unidas – ONU diz que nascem 180 pessoas por minuto no mundo, que viverão, em média, 71,4 anos. Inferindo, 94 milhões e 600 mil pessoas nascem todo o ano. Juntas, elas vivem cerca de 59 trilhões de horas.

Fiquei imaginando qual seria a infraestrutura no mundo dos espíritos para fazer o planejamento de 94 milhões de corpos por ano, ou para planejar os eventos que envolvem 59 trilhões de horas para as pessoas que encarnarão em apenas um ano nos quatro cantos do mundo.

Por que estou dizendo isso?

Os leitores da obra do espírito André Luiz, via Chico Xavier, irão se recordar, no livro Missionários da Luz, um caso de planejamento reencarnatório, intitulado “preparação de experiências”. Ele trata de um espírito, em boas condições mentais, apoiado por outros que lhe são afins, planejando a próxima reencarnação.

O autor espiritual faz uma ressalva, que há espíritos que reencarnam sem este tipo de apoio, tendo por base apenas suas promessas, endossadas pelo mais alto.

Alguns leitores apressados, ou desencantados com os revezes da vida, acreditam que tudo o que passam foi programado anteriormente. Não percebem as “causas atuais”, a que se refere Kardec, que são as escolhas que fazemos no curso da presente encarnação. Não percebem também os riscos a que nos expomos e que as ciências desvendam a cada minuto, propondo, quando possível, meios de os evitar ou reduzir.

Kardec não propunha esse determinismo reencarnatório que às vezes vemos no discurso de alguns expositores, como por exemplo, na questão abaixo de O Livro dos Espíritos (os negritos são meus):

259. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e escolhemos?

Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades são a consequência da posição em que vos achais e, muitas vezes, das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele evento. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muita probabilidade de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.

(Dedico este texto aos meus amigos, Dr. Felipe Lessa e Dr. Ricardo Wardil.)

16.11.17

COMO FOI FEITA A MÚSICA TOCANDO EM FRENTE?






Almir Sater está sendo entrevistado e canta sua famosa canção, Tocando em Frente. Depois ele explica como a música foi feita e os nexos de coincidências. Assista até o final!

10.11.17

UM CASO ENVOLVENDO MEDIUNIDADE E TRANSTORNO DELIRANTE




O jornal brasileiro de psiquiatria (v. 6, n. 4, p. 311-314, 2015) publicou um caso apresentado por autores da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade de Pernambuco, de transtorno delirante induzido.

Também conhecido como “folie a deux” (loucura a dois) trata-se de um tipo de psicose não esquizofrênica nem bipolar na qual um delírio (uma crença falsa, que pode ser inclusive factível) é compartilhado por duas pessoas que convivem ou tem um relacionamento próximo.

Há diversos subtipos descritos na literatura psiquiátrica atual: o erotomaníaco (o paciente acha que alguém o ama, geralmente alguém famoso), o grandioso (o paciente acredita que tem um grande talento, que ninguém reconhece, ou que fez uma descoberta importante), o ciumento (que acredita que o cônjuge é infiel, sem qualquer evidência), o persecutório (que crê que há uma conspiração ou que alguém o persegue, engana, difama, droga ocultamente, ou impede o desenvolvimento de sua carreira profissional) e o somático (que acha que existem insetos ou parasitas internos, ou que exala um odor, sem qualquer base na realidade).

Não se trata de uma crença momentânea (que todos podemos ter), que se corrige com evidências em contrário e com o tempo, mas uma crença falsa e persistente que ninguém dissuade, mantida por um tempo dilatado, como meses, e que afeta o comportamento e o relacionamento do portador de transtorno delirante.

Por que estou falando de uma doença mental em um blog sobre espiritismo? 

Por que no caso apresentado pelos psiquiatras, a paciente M. de 51 anos, compartilhou com sua mãe de 81 anos, que se considerava médium, mas que aparentemente não frequentava nenhuma instituição espírita, diversas crenças, pelo menos questionáveis. 

A primeira é que lhe tinha sido revelado que se ela viajasse com o marido para a Europa, ela morreria. M. cancelou a viagem. 

Dezesseis anos antes da revelação, M. teve uma psicose puerperal (pós parto) e foi tratada de forma medicamentosa, e a mãe, naquela época, falou que havia maus presságios com relação ao bebê. M. passou a crer que se tratava de um espírito ruim e chegou a tentar matá-lo.

M. foi tratada pelos psiquiatras com um medicamento antipsicótico e foi orientada a se afastar da mãe durante o tratamento. Passados 14 dias os sintomas desapareceram, e seis meses depois o medicamento foi retirado gradualmente.

Dois anos depois, o marido informou que a paciente continuou sem sintomas e passou a se relacionar com a mãe de forma menos frequente.

Este caso traz a discussão da questão da mediunidade e doença mental e o cuidado que se deve ter com informações consideradas obtidas pela via mediúnica. 

Os psiquiatras não avaliaram a mãe, mas supõe-na psicótica, se considerarmos o diagnóstico que fizeram a partir do relato da filha, e talvez tenha influenciado o seu não envolvimento com nenhuma instituição religiosa.

Supondo que a mãe fosse realmente médium, que não fosse psicótica e que ela soubesse do quadro de psicose puerperal que a filha apresentou, ela deveria ter tido cuidado com o relato de suas percepções. Uma criança com experiências ruins no passado, vem para ser amada, cuidada e educada, segundo o pensamento espírita. O cuidado e dedicação dos pais é, com certeza, uma fonte importante de experiências para que ela reavalie os impulsos que traz do passado.

Este caso mostra que mediunidade, para ser praticada para o bem-estar das pessoas, demanda estudo e reflexão ética, sensatez e humildade.

Este caso também ilustra a importância de quem orienta pessoas, em um centro espírita, ter pelo menos noções de psicopatologia. 

Supondo que a mãe de M. fosse realmente psicótica (independente de ser ou não médium), não se deveria incentivar o desenvolvimento da mediunidade, mas ela chegaria à casa espírita com uma série de relatos de percepções espirituais, que na verdade seriam delírios. Conhecê-la, por exemplo, em um curso sobre mediunidade, evitaria que ela viesse a gerar falas delirantes em uma reunião mediúnica, prejudicando os objetivos do grupo. É importante saber que existem delírios e alucinações e que estes não podem ser reduzidos a percepções espirituais, e que as pessoas que os têm necessitam de tratamento psiquiátrico.

2.11.17

COMO KARDEC COMEMORAVA O DIA DOS MORTOS?


Comemorado com alegria no México

Hoje se comemora o “Dia dos Mortos” (finados) e nossas televisões irão enviar suas equipes aos cemitérios para cobrir a movimentação incomum de visitação aos túmulos, compra de flores e a emoção dos que irão recordar seus entes queridos.

No passado tratava-se de uma festa pagã, seja a Lemurália, em Roma, na qual se faziam ritos de exorcismo nas casas, seja nas sociedades pré-colombianas, na região do atual México, onde se acreditava que os mortos visitariam seus parentes, então se preparavam as comidas que eles gostavam e se decorava as casas com velas, flores e incenso.

Para o espiritismo, o túmulo que guarda o corpo não é o lugar mais adequado para se encontrar a pessoa que um dia deu vida aos restos que lá se encontram. Uma vez livres das amarras que a prendiam, tendo consciência de si e liberdade interior, ela prossegue seu caminho, dando continuidade à vida que se interrompera com a última encarnação.

A morte do corpo, contudo, não lhe apaga as memórias. As pessoas a quem ela desenvolveu afetos e estabeleceu ligação espiritual continuam sendo caras. Os parentes a quem devotara parte de sua vida continuam presentes em seu pensamento e, se distantes, provocando saudades.

Basta, portanto, lembrarmo-nos dos nossos para lhes enviar uma mensagem de carinho, um sinal de que continuamos unidos por laços mais profundos. Uma prece lhes soa como um abraço apertado, um beijo na face, uma sensação de imensa satisfação.

Allan Kardec, após estudar algumas comunicações de espíritos que lhe descreveram o ambiente espiritual no dia dos mortos, instituiu uma “sessão anual comemorativa dos mortos”, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Alguns de seus colegas da SPEE, que já haviam realizado a grande viagem, comunicavam-se nesse dia, e seus espíritos orientadores davam comunicações instrutivas. A prática continuou após a desencarnação de Allan Kardec, e não sabemos quando se extinguiu.

Nada mais justo que recordar daqueles que nos possibilitaram o conhecimento da doutrina espírita no dia dos aparentemente mortos, em conjunto com os que nos dedicaram sua amizade e amor.


(Um texto mais detalhado sobre o tema foi publicado na Revista Cultura Espírita no. 80, em novembro de 2015, pelo Instituto de Cultura Espírita do Brasil)

27.10.17

COLETÂNEA DE ESTUDOS ESPÍRITAS FEZ VINTE ANOS!


Débora Vitorino e eu, versão 1997... no túnel do tempo.


No período de 1993 a 2000 mantivemos na Associação Espírita Célia Xavier um grupo de estudos com a finalidade de aprofundar temas espíritas de interesse geral. Uma das finalidades do grupo era a redação dos melhores trabalhos e sua posterior publicação.

Neste período "publicamos" três títulos: "Doutrina Espírita, Cristianismo e História" (1996), "Coletânea de Estudos Espíritas" (1997) e "O Transe Mediúnico e Outros Estudos" (1999).

O "Coletânea" foi impresso em off set e foram feitos 1000 exemplares.




Ele está dividido em três partes. Na primeira, que são ensaios biográficos, duas personalidades espíritas são tratadas: Léon Denis e Gabriel Delanne. O texto de Delanne acabou de ser republicado por O Consolador em três línguas. http://www.oconsolador.com.br/ano2/60/principal.html

Na segunda parte, trata-se de mediunidade e passes. Há um estudo histórico da prática de passes, um trabalho sintético explicando o que são e como se fazem passes, um estudo que também ficou bastante divulgado pelo GEAE (Grupo de Estudos Avançados Espírita) que faz uma revisão dos trabalhos mediúnicos e de autores encarnados sobre a Psicografia e um artigo comunicado no IV Encontro Nacional Espírita de Saúde Mental, rediscutindo o famoso caso SW, no qual Jung estuda a mediunidade de sua prima (oculta sob o nome SW) e a diagnostica como histérica.

A terceira parte do livro contém um trabalho polêmico, no qual se discute a interpretação dos evangelhos no meio espírita, estabelecendo um diálogo que vai de Kardec a Emmanuel e que se focaliza em reflexões sobre uma hermenêutica espírita. Outro texto interessante é um olhar médico-espírita sobre a questão da homossexualidade, que apresenta uma brevíssima revisão histórica, a apresentação das posições de diferentes ramos da medicina e faz uma revisão dos comentários dos espíritos acerca do tema.

Ainda na terceira parte há um trabalho originalíssimo. Rodrigo José escreveu sobre os Contos de Fadas na Evangelização Infantil. Na verdade, o autor se deteve sobre o mito e as estórias e seu impacto sobre a psique. Ele dá algumas dicas importantes para os evangelizadores sobre o uso de estórias nas aulas de evangelização.

Finalizando, há um estudo curiosíssimo, uma metáfora física, no qual se compara a evolução do espírito à vida das estrelas.

A primeira edição do livro está no final. Ainda há alguns exemplares para serem vendidos na Livraria Ysnard Machado Ennes e com certeza ele pode ser emprestado pela Biblioteca Aurélio Valente, para leitura. Para os leitores de fora de Belo Horizonte, é possível adquirir o livro na livraria do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, de São Paulo. http://www.ccdpe.org.br/

Ficha:
Coletânea de Estudos Espíritas
Autores: Débora Z. Vitorino, Deyler S. Paiva, Jáder Sampaio, Rodrigo José e Tatiana Jacomini.
Formato: 15 x 21 cm
120 páginas


Ano de Publicação: 1997


Jovens que nos ajudaram no lançamento do livro: hoje: pediatra e professora universitária, veterinária, oficial de alta patente da aeronáutica e empresária... se não estiver errado

22.10.17

CONVERSANDO SOBRE PESQUISAS DE MEDIUNIDADE NO PROGRAMA NOVA ERA





O programa Nova Era trata do espiritismo na região do oeste mineiro, especialmente a cidade de Divinópolis. Tem sido uma empreitada voluntária com a participação de diversos espíritas, inclusive do Vicente, nosso companheiro do Centro de Estudos e Pesquisas Espíritas, que montou um estúdio para o projeto.

É uma conversa de uns vinte minutos, que dá um panorama dos estudos desde a época de Kardec, fala de concepções de ciência e de trabalhos muito recentes.

Eu não tenho nenhum preparo para responder a entrevistas, então as críticas para aperfeiçoamento e as impressões são bem-vindas.

17.10.17

HOSPITAL ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ EM BELO HORIZONTE-MG: 50 ANOS




Recebi da Assessoria de Imprensa do Hospital Espírita André Luiz o texto abaixo. 50 anos de sua fundação. Confiram!


Hospital Espírita André Luiz comemora 50 anos de inauguração
Instituição é referência em tratamento de pessoas com sofrimento mental e drogadição


Flávia Amaral

Localizado no bairro Salgado Filho, em Belo Horizonte, em uma área de quase 30.000 m², o Hospital Espírita André Luiz (HEAL) comemora, neste mês de outubro, 50 anos de inauguração. O HEAL, sigla que em inglês significa curar, começou a ser constituído em 1949, há 68 anos, e foram necessários 17 anos para a construção das instalações. A inauguração foi realizada dia 15 de outubro de 1967. “Várias pessoas de boa vontade se uniram para a construção do Hospital – maçons, católicos, espíritas e judeus. Todas interessadas em arrecadar verba para o espaço que daria assistência aos portadores de transtorno mental”, conta Eleusa Polakiewicz, presidente do HEAL e filha de um dos fundadores, Dr. Alberto Mizrahy. Conforme registros, alguns dos fundadores saíram às ruas de Belo Horizonte para vender flores a fim de arrecadar recursos para a construção do hospital que hoje é referência em tratamento de pessoas com sofrimento mental e drogadição.

Nesses 50 anos de história, foram atendidos mais de 100 mil pacientes e mais de 500 mil diárias filantrópicas. Em uma extensa área verde, com jardins, horta, estufa, coreto, quadra poliesportiva, refeitório, auditório, lanchonete e um amplo estacionamento, atuam mais de 300 funcionários, mais de 70 profissionais experientes da área da saúde e mais de 400 voluntários nas oito unidades de internação.

“O hospital tem como objetivo atender o portador de doença mental, para além dos aspectos do acolhimento espiritual, com toda a tecnologia e conhecimento da área da psiquiatria e profissões correlatas, que possam ajudar na melhoria do paciente e de seus familiares. Nossa finalidade é colaborar com a sociedade local favorecendo para uma compreensão maior desta área da saúde e diminuição do preconceito a ela associada, bem como participar de seu desenvolvimento e aprendizado”, complementa Eleusa, que atua há 50 anos na área da Psicologia. 

O HEAL conta com o Ambulatório (psicologia e psiquiatria), Eletroconvulsoterapia (ECT) – que está entre os três principais no Brasil, com o Pronto Atendimento (24 horas, para emergência em psiquiatria), e com o Centro de Terapias e Assistência Social (CETAS).

O setor de Psiquiatria conta com 160 leitos divididos entre pacientes conveniados, particulares e carentes, e uma equipe composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais e educadores físicos. “O paciente tem uma grade terapêutica bem intensa e tudo isso contribui para seu refazimento, além de poder circular por um local muito agradável, arborizado, com horta, onde são produzidos alimentos sem agrotóxicos. Isso também contribui para a saúde de nossos pacientes”, afirma Dr. Roberto Lúcio Vieira de Souza, psiquiatra e diretor técnico do HEAL.

O Centro de Terapias e de Serviço Social (CETAS) oferece tratamento a dependentes químicos, no regime de permanência dia, e conta com uma equipe multidisciplinar com médico psiquiatra, assistente social, psicólogos, pedagogo, educador físico, terapeuta ocupacional, arte terapeuta, artesão e fisioterapeutas. “Pensamos em um trabalho diversificado considerando todos os momentos de nossos pacientes, na mudança de vida necessária deles. Temos uma preocupação de trabalhar não só com o paciente, mas também com seus familiares”, afirma Kelly Bonanno, gerente do CETAS. Em 2017, o setor completa 10 anos.

Áreas como a psicologia, assistência social, farmácia, enfermagem, serviço de nutrição e dietética e o departamento espiritual garantem suporte e humanização no atendimento do hospital.

O HEAL não recebe auxílio direto de nenhum órgão governamental, não distribui lucros, nem remunera os diretores. “A renda vem dos serviços prestados aos pacientes particulares e filiados aos planos de saúde, além das doações que o hospital recebe”, afirma Edward Loures, diretor de Promoção Social e voluntário há 15 anos.  

HEAL em números

Em 50 anos:
+ de 100 mil pacientes atendidos
+ de 500 mil diárias filantrópicas
+ de 300 funcionários
+ de 70 profissionais experientes da área da saúde
+ de 400 voluntários


Serviços/Estrutura:

8 unidades de internação
160 leitos internação
Ambulatório (psicologia e psiquiatria)
Eletroconvulsoterapia (ECT)
Pronto Atendimento (urgência) 24 horas
Centro de Terapias e Assistência Social (CETAS) - Tratamento de longa duração para dependentes químicos
Moradia Assistida.
Refeitórios, auditório, pátios, quadras, horta, estufa, coreto, estacionamento amplo
Área de quase 30.000 m²

Conteúdo Multimídia:
Site HEAL: http://heal.org.br/ 
Página no Facebook: https://www.facebook.com/HEALBR/    

13.10.17

CONVERSANDO SOBRE EDUARDO C. MONTEIRO, A LIHPE E O ESPIRITISMO COMENTADO


A jornalista Clícia Ribeiro do Vale, do Centro Espírita Bezerra de Menezes, em Arcos fez uma entrevista conosco sobre a Liga de Pesquisadores do Espiritismo e o Espiritismo Comentado. Como surgiram e para que vieram? Confiram os vinte minutos de conversa bem mineira no link abaixo.


Ouça também a palestra sobre Francisco Cândido Xavier feita por nós na mesma data no link abaixo:



9.10.17

PLANTADORA DE SEMENTES EM TERRAS NOVAS: ELAINE ALVES


Acabo de chegar de Arcos, cidade do oeste mineiro, onde há 56 anos funciona o Centro Espírita Bezerra de Menezes. Encontrei com Clícia Ribeiro do Vale, amiga espírita de décadas, e fiquei muito contente de poder rever Elaine Alves, sua mãe.

Elaine sempre foi uma trabalhadora inquieta e corajosa, capaz de realizações inovadoras, que a maioria das pessoas não faria. Ela foi fundadora do Centro Espírita Messe de Luz, em Pains, após ter sido auxiliada por Virgílio P. Almeida e outros companheiros de nossa casa, o Célia Xavier.

A relação se estendeu, e quando Marlene Assis agendava as viagens de Raul Teixeira pelo interior mineiro, sempre havia algum evento na região, em parceria com a Elaine. Ela recebia em sua fazenda ou em sua casa em Pains, para um lanchinho, regado a quitandas, café e sucos naturais, grupos de quinze, vinte jovens, que iam assistir aos trabalhos do orador lá. Era uma experiência deliciosa, que nossos filhos, hoje na mocidade espírita, não mais conhecem.

Mesmo tendo o apoio de poucos companheiros, em uma região tradicionalmente católica, Elaine sempre foi empreendedora. Ela me contou que ao assumir o órgão federativo da região, uma das atividades que ela fazia era identificar Centros Espíritas. Entrava em contato, em nome do conselho regional e convidava as pessoas a participarem de eventos, ou fazer Feiras de Livros Espíritas.

Se uma cidade não tinha Centro espírita cadastrado, ela escrevia à prefeitura, perguntando se havia Centro Espírita na municipalidade. Ante uma resposta negativa, ela obtinha um alvará para fazer Feira de Livro Espírita em algum espaço público. A feira, em uma cidade sem centro, atraía os simpatizantes locais, e ela incentivava a criarem uma casa ou um núcleo espírita na localidade.
Depois, ao mudar-se para o Pará, ela faria o mesmo nas cidades “esquecidas por Deus”, cujo acesso só se dava por barco, às vezes com muitas horas de navegação. Ela se recordou da feira feita em Serra Pelada-PA, uma região que à época tornou-se lugar de garimpo, lugar sem dono, que atraía pessoas de todos os lugares do Brasil, e cuja exploração se dava sem os cuidados devidos, gerando muitas mortes em função de acidentes como a queda de terra sobre os garimpeiros.

Na Semana Espírita de 2017, uma emoção. Os companheiros convidaram o expositor “Gilmar Cândido” de São Gotardo. Hoje, ele realiza anualmente a MECESG (Micro Encontro e Confraternização Espírita de São Gotardo), que teve sua 23ª. edição, com os companheiros do Centro Espírita Emmanuel de São Gotardo. Ele ficou feliz em encontrar-se com Elaine, cujo papel na revitalização do espiritismo em São Gotardo foi, segundo ele, marcante.


Pequenos e grandes atos na divulgação do espiritismo em terra estranha, fazem lembrar o trabalho quase insano de Paulo de Tarso, buscando sinagogas e espaços públicos onde nunca se houvera falado a mensagem cristã, criando núcleos que se tornaram muitos anos depois referência do cristianismo e celeiro de estudiosos e trabalhadores notáveis. Isso nos põe a pensar.