23.12.15

POESIA DE MEIMEI SOBRE O NATAL




Fiquei aqui pensando o que publicar por época do Natal. Passei em revista as publicações dos outros anos e tive boas recordações. Reli uma mensagem ditada pelo Companheiro de Trabalhos em 2007:


Quase a publiquei novamente, até que recordei de uma mensagem de Meimei, que li na juventude e desejo compartilhar com o leitor.


Canção para Jesus

Desejava, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
As criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade
Sem perguntar a quem.

Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubesse
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.

Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.

Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.
Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção
Entoada nos Céus:
- “Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!...”

Meimei / Chico Xavier


Feliz Natal a todos e obrigado pela companhia ao longo de 2015!

22.12.15

CANTATA DE NATAL NA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA




Sábado à tardinha. Rodamos três vezes o quarteirão (quadra, para os de fora de Minas Gerais) da rua Guarani, em busca de um estacionamento ou vaga de estacionamento. Os estacionamentos estavam fechando e não nos aceitavam, quando finalmente conseguimos uma vaga “milagrosa”. Já estávamos quase desistindo.

Entrar na União Espírita Mineira depois de tantos anos não foi um ato sem emoção. Estávamos indo para a Cantata de Natal, evento que acontece anualmente. A livraria estava fechada (que tristeza) e havia uma portaria improvisada. Com as portas semicerradas, alguém poderia ter achado que a federativa estava fechada.

Subi as mesmas escadas até o salão. Ato contínuo e semanal quando meu pai estava ainda encarnado e era responsável pelo ciclo de estudos sobre mediunidade na salinha do final do segundo andar. O auditório continuava o mesmo. Trezentas cadeiras de madeira no primeiro andar e um balcão imenso no segundo andar. Alguns ventiladores fixos nas paredes laterais lutavam contra o calor, mas era uma luta quixotesca. O público já havia ocupado os lugares ao alcance do vento, quando conseguimos alguns lugares na última fileira. A casa estava cheia.

Afonso e Wadson nos abraçaram. Estavam de pé, cuidadosos, como anfitriões do evento. Procurei entre a multidão e não encontrei ninguém da diretoria antiga. Talvez alguns dos trabalhadores desta casa que conheci estivessem por lá, já sem o corpo físico.

Marcelo Gardini terminava as últimas palavras da apresentação, possivelmente em nome da diretoria. Os atos musicais começaram. Não conhecíamos o primeiro grupo, nem suas músicas. As vozes eram bonitas e o uso de tons dissonantes lembrou um pouco a melodia da bossa nova. A música sobre o evangelho no lar soou didática.

Tim e Vanessa apresentaram-se, profissionais. A poesia das canções de Gladston Lage invadiu a alma dos que ouviam. Personagens do evangelho ganharam vida. João, Pedro... Depois o público os acompanhou em seu último número, uníssono. Eram quatrocentas vozes um pouco tímidas e uma canção.

Mais um grupo, desfalcado de um de seus membros, que foi substituído, entrou em cena com baixo e violão. Duas vozes masculinas e uma feminina. Como curiosidade, encerrou sua apresentação com uma canção em estilo “country” norte-americano.

O grupo Laboro iniciou sua peça, “O Encontro”. Quando ou vi o nome de D’Arsonval, lembrei-me do personagem de Humberto de Campos/Irmão X, pela pena de Chico Xavier. A trupe encadeou o texto simples com ensinos espíritas e situações circenses, que deixaram a apresentação mais leve. Mendigos entremearam personagens medievais, às vezes temperados à brasileira. D’Arsonval finalmente encontrou-se com Jesus, a quem apenas havia deixado esmolas generosas ao longo da história.



Tivemos que sair mais cedo, em função de compromissos já assumidos.


A Cantata foi um sucesso de público, mas o prédio histórico da União Espírita Mineira encheu minha alma de tristeza. Quase cinquenta anos se passaram desde que fui pela primeira vez, menino ainda, e ele continua, essencialmente, com sua mesma estrutura. A Sede Federativa ainda não tem um auditório com capacidade ampla ou uma estrutura de centro de eventos, capaz de tornar real toda a potencialidade da cantata, por exemplo. Recordei-me de Virgílio Almeida. Como sua capacidade de empreender, agregar e construir está fazendo falta! Pedi aos diretores da “velha guarda”, hoje no plano espiritual, um grande presente: um movimento espírita que se importe com sua federativa e que pudesse se unir para dar-se o presente de uma casa capaz de realizar os projetos cujo fôlego exigisse mais que um centro espírita, e cuja abrangência pudesse ser todo o estado que um dia foi sede dos desejos de justiça e modernidade dos inconfidentes.

18.12.15

ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA CÉLIA XAVIER FARÁ SETENTA ANOS EM 2015

A casa que frequento há mais de três décadas está comemorando 70 anos de funcionamento neste mês. Para marcar esta data, estamos escrevendo uma série de artigos que está sendo publicada no nosso boletim digital, intitulado “Conheça Aqui”.

Da dor da perda de uma jovem filha, passando pela doação de terrenos e campanhas de obtenção de recursos, hoje a Associação Espírita Célia Xavier conta com quatro unidades localizadas em lugares diferentes da grande Belo Horizonte: Prado, Salgado Filho, Citrolândia (Betim) e Rosaneves (Ribeirão das Neves).

Conheça um pouco da história de cada uma destas realizações, que hoje possivelmente seriam consideradas não apenas como instituições religiosas, mas também como empreendimentos sociais.




 Criação da sede da Associação, no Prado – Belo Horizonte





Criação do Lar Espírita Esperança, no Salgado Filho – Belo Horizonte


Criação da Casa de Etelvina, em Citrolândia – Betim





Criação de Nova Luz, em Rosaneves – Ribeirão das Neves


10.12.15

CAMPANHA DE LIVROS ESPÍRITAS PARA O JAPÃO



No ano de 2015, a comunidade espírita japonesa iniciou uma campanha de doação de livros espíritas, para diversos objetivos.


Eles têm um trabalho nas prisões japonesas, onde identificam os presidiários que se interessam pelo espiritismo. Eles visitam estes presidiários, doam "O evangelho segundo o espiritismo" e os auxiliam no entendimento da leitura. Nesta campanha foram doadas 100 unidades de "O evangelho segundo o espiritismo", que duram apenas poucos meses. Interessa a eles livros em português, espanhol e inglês.



A Associação de Divulgadores Espíritas está fundando bibliotecas no Japão. Recentemente receberam os livros abaixo, que foram motivo de alegria para os membros da ADE. Eles pretendem formar duas bibliotecas, uma em Aichi-Ken e outra em Gunma-Ken.




Venho convidar os leitores do Espiritismo Comentado a auxiliar os espírita japoneses. Eles têm trabalhado de forma articulada, e as doações desta campanha atingem muitas casas e cidades do Japão. Peço que doem livros novos, para que possam chegar em bom estado no outro lado do mundo.


Os brasileiros que moram no Japão, via de regra, são trabalhadores que às vezes dispendem doze horas diárias em sua jornada de trabalho. Eles enfrentam o alto custo imobiliário para poderem se reunir, e têm usado de sua criatividade e vontade forte para divulgar o espiritismo no Japão. 




Agradeço ao Adalberto o carinho para conosco, e desejo a todos os "tomodatis" japoneses sucesso em seus trabalhos. 

2.12.15

O MÉDIUM DE JERÔNIMO DE PRAGA ESTUDOU O CRISTIANISMO




Léon Denis publicou em 1900 um livro intitulado “Cristianismo e espiritismo”, que li nos anos 1980, mas confesso que à época saltei a introdução e o prefácio. Depois o consultei muitas vezes e preparei estudos com ele, mas não voltei a estes dois escritos.

Com o passar dos anos, fiquei fã dos prefácios do autor francês, porque ele costuma explicar e contextualizar seus livros.

Na introdução do livro, Denis se preocupou muito em explicar que seu trabalho não é um ataque ao catolicismo, religião que ele abandonou ainda jovem pela “filosofia espírita”. Ele se detém na exterioridade do catolicismo (que confessa ainda causar algum encanto nele) para elogiar a interioridade do protestantismo, que parece ter conhecido a partir de algumas das fontes que ele consultou para escrever sobre o cristianismo.

Minha primeira surpresa foi identificar algumas ideias de origem deísta ou da religião natural que encontrei em sua argumentação inicial. Elas influenciaram a constituição do espiritismo, embora este não possa ser reduzido a elas.

“Consagramo-nos à tarefa de destacar da sombra das idades, da confusão dos textos e dos fatos, o pensamento básico, pensamento de vida, que é a fonte pura, o foco intenso e radioso do Cristianismo, ao mesmo tempo que a explicação dos estranhos fenômenos que caracterizam as suas origens, fenômenos renováveis sempre, que efetivamente se renovam todos os dias sob os nossos olhos e podem ser explicados mediante leis naturais.” (p. 8 e 9)

No prefácio, escrito dez anos depois, Denis não poupou críticas ao catolicismo. Este havia sido separado definitivamente do estado francês, pelo que pude entender, a partir de uma lei conhecida como concordata, que proibiu o ensino religioso para a infância e a juventude, tornando-o leigo.

O autor analisou o declínio da influência do catolicismo na sociedade francesa, tendo ficado restrito a “um punhado de adeptos”. Ele afirma que a igreja vivia uma crise com o direito novo francês.

Denis entende que há uma doutrina cristã, pura (p. 10), que não se confunde com o catolicismo, construído após Constantino (p. 18), que acabou por influenciá-lo na direção da hierarquização, da politização em favor dos “grandes e poderosos”, da teologização que a afastou do “sermão da montanha”. (p. 19)

“Jesus não havia fundado a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o amor.” (p. 21)

Não posso deixar de comentar que o filósofo espírita deteve-se no espírito de sua época, preocupado com o hedonismo e o materialismo, posicionando-se, como Kardec, na oposição das “filosofias negativas” (p.13) Ele mergulhou na essência do Cristianismo para fazer oposição a ideologias que defendiam uma vida sem sentido, o fim da existência com a morte do corpo, “sofrimentos inúteis”, “trabalho sem proveito” e “provas sem compensação”. Estaria Denis fazendo uma menção a Nietzsche, ou a Darwin, quando escreveu o parágrafo abaixo?
“Em lugar desse campo cerrado da vida em que os fracos sucumbem fatalmente, em lugar dessa gigantesca e cega máquina do mundo que tritura as existências e de que nos falam as filosofias negativas, o Novo Espiritualismo fará surgir, aos olhos dos que pesquisam e dos que sofrem, a portentosa visão de um mundo de equidade, de amor e de justiça, onde tudo é regulado com ordem, sabedoria, harmonicamente.” (p. 13)

Assim Denis iniciou uma obra que aborda o cristianismo em uma perspectiva histórica e filosófica, e que encerra-se com a contribuição das descobertas experimentais da vida após a morte, da reencarnação e da mediunidade que o espiritismo trouxe com suas pesquisas. Ele articula cristianismo e espiritismo nas luzes do novo século, dando sua própria contribuição em forma de pesquisa e reflexão ao trabalho iniciado por Allan Kardec em 1864, com a publicação de “O evangelho segundo o espiritismo”.

30.11.15

O CRISTIANISMO NOS PRIMEIROS SÉCULOS - 10o. ENLIHPE






No Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo de 2014 - ENLIHPE, apresentamos um trabalho sobre o Cristianismo Primitivo. Ele se encontra embrionário, mas traz informação para quem deseja conhecer mais a construção do pensamento e comunidade cristãos nos primeiros séculos.

Tivemos que parar com o projeto em função de outras atividades, mas espero retomar a leitura dos textos escritos pelos cristãos primeiros em breve.

Estou evitando ler terceiros, indo preferencialmente aos documentos (traduzidos para o português, infelizmente). Agradeço a Allan Kardec, Hermínio Miranda, Canuto Abreu, Herculano Pires, Amélia Rodrigues, Humberto de Campos, Pedro de Camargos, Cairbar Schutel Wallace Leal V. Rodrigues e outros autores espíritas, encarnados e desencarnados, o despertamento do interesse pelo pensamento cristão.

27.11.15

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CULTURA ESPÍRITA


A revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB) publicou um trabalho nosso neste mês de novembro de 2015 - intitulado: "Recordando o dia dos mortos na época de Kardec". Agradeço à Dra. Nadja do Couto Valle, a editora, o convite e a confiança.

Trata-se de um relato breve sobre a comemoração do dia dos mortos pelas tradições pagãs, pela tradição cristã católica e pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ainda à época em que Kardec a dirigia.

Allan Kardec criou uma "sessão anual comemorativa dos mortos" na SPEE em função de algumas comunicações obtidas em 1860 e 1862. 

Conheçam um pouco mais sobre a revista e o Instituto em http://www.portaliceb.org.br/wordpress/



25.11.15

COMO FOI A EXECUÇÃO DE PEDRO?


"Crucifixion of Saint Peter-Caravaggio (c.1600)" por Caravaggio 

Não há registro no livro dos Atos dos Apóstolos, atribuído a Lucas, sobre a prisão e execução de Pedro. No Novo Testamento, há duas citações entendidas como “proféticas” (segundo Eusébio de Cesareia) de sua crucificação: a do episódio descrito no evangelho de João, que descrevemos há pouco (http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/2015/11/pedro-tu-me-amas.html) capítulo 21, versículos 18 e 19:

“Amém, amém te digo: Quando eras jovem, cingias a ti mesmo e andavas onde querias; quando envelheceres, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá, e [te] levará aonde não queres. Disse isso indicando com que tipo de morte glorificaria a Deus.”

Outro versículo está na segunda epístola de Pedro (1:13-14).

“Entendo que é justo despertar-vos com as minhas admoestações, enquanto estou nesta tenda terrena, sabendo que em breve hei de despojar-me dela, como, aliás, nosso Senhor Jesus Cristo me revelou.”

Onde estaria, então, a fonte bibliográfica que explica a tradição, que diz que Pedro foi crucificado em Roma?

Eusébio de Cesareia tem um livro chamado História Eclesiástica, que escreveu nas primeiras décadas do ano 300. O texto vai até 324 e termina com a vitória do imperador Constantino (apesar dele ter participado do Concílio de Niceia, Eusébio adotou uma posição intermediária entre Ario e Atanásio, para não desagradar o imperador).


Neste livro ele afirma que Pedro foi crucificado em Roma (livro segundo, cap. 25, item 5) e argumenta com base nos nomes dos cemitérios desta cidade, que levavam à época o nome de Pedro e Paulo. No livro terceiro (capítulo 1, item 2) ele afirma que Pedro “... finalmente foi para Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer.”

24.11.15

UM OLHAR CENTENÁRIO SOBRE ALLAN KARDEC, GABRIELLE BOUDET E SEU TRABALHO


Esperava receber este livro com muita curiosidade. Jean Prieur é um espírita francês, centenário, nascido em Lille, na França, ocupada pelos alemães. Quando Jean nasceu, o trio Flammarion, Delanne e Denis ainda estava encarnado e publicando livros importantes.

Prieur viveu duas guerras mundiais. Como francês, foi literalmente testemunha da história, acompanhou as grandes transformações que sofreu o mundo nestes agitados últimos cem anos.

Seu texto é delicioso de ler. Ele escreve lendo e comentando, fazendo pequenas paradas e viajando no tempo, fazendo Kardec e o espiritismo conversarem com o mundo que vivemos. O autor não viveu em uma redoma de vidro. Ele dá notícia das principais transformações do mundo, às vezes com uma pitada de ironia, outras com uma lucidez profunda.

Sua relação com Kardec é curiosíssima. O codificador (termo que ele defende) parece ser seu colega de letras, seu companheiro, com quem ele não se importa de conversar, divergir às vezes, admirar. Às vezes fiquei frustrado pela própria forma do texto, porque Jean descreve passagens desconhecidas, sem se preocupar em citar as fontes.

Uma análise bem contemporânea, e um tanto francesa, é o olhar que ele lança sobre Espiritismo e Feminismo. Ele é um admirador do casal Rivail, de sua forma companheira de viver. No seu texto, Amélie Boudet tem um papel de frente na elaboração do espiritismo. Ela secretaria Kardec, revê seus textos, discute com ele. É uma Gabi que justifica seu papel protagonista após a desencarnação do companheiro. O Espiritismo Kardequiano é um precursor do feminismo moderno, e sua concepção de mulher na sociedade é de vanguarda. A concepção de ser humano que reencarna  alternando gêneros, é tão revolucionária quanto a de pessoas que alternam classes sociais, que podem nascer em contextos muito diferentes do que ora participam.

Uma parte genial do livro é um suposto diálogo feito entre Don Pantaleão, bispo de Barcelona, Allan Kardec e Jean Prieur. Recomendo.

Se você se interessou pelo livro, prepare-se para viajar no tempo e na história. Recolha-se em um cantinho onde possa fazer a leitura sem ser perturbado, para que sua mente possa ir recriando os cenários e situações que o autor resolveu compartilhar conosco. Para aproveitar o livro, faça uma "suspensão de juízo" e beba aos poucos a taça que Jean nos oferece. Deixe a análise e a crítica para depois da degustação.


Ainda não concluí a leitura, mas não me contive de compartilhar minhas primeiras impressões com o leitor do Espiritismo Comentado. Não sei como o Alexandre Rocha conseguiu este texto tão oportuno, e agradeço a ele a leitura heroica, feita em parte dentro das paredes de um hospital, sob cuidados médicos. 

Allan Kardec e sua época
Jean Prieur
Tradução: Irène Gootjes
Revisão: Alexandre Caroli Rocha
366 páginas
Instituto Lachâtre
1a. Edição Brasileira - Setembro de 2015

13.11.15

EM BUSCA DA RECONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DA ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA CÉLIA XAVIER

Célia Xavier

A Associação Espírita Célia Xavier completa 70 anos de sua criação em dezembro próximo. Como parte das comemorações, uma das ações com que temos contribuído é a recuperação e publicação das memórias da casa. As matérias que ora focam nas instituições, ora em pessoas, tentam fugir da estrutura de necrológios, buscando eventos e situações interessantes, vivências, além das realizações das pessoas e das datas biográficas.

Até o momento já publicamos cinco matérias no Newsletter "Conheça Aqui". Estou deixando no Espiritismo Comentado para os companheiros da casa e para os interessados na trajetória do movimento espírita em Belo Horizonte, sem pretensão de fazer história, os links que possibilitam ler as histórias que selecionamos. Temos mais material que o publicado, mas a forma do veículo de divulgação exige um texto mais curto e objetivo.

Ainda temos mais de uma dezena de artigos a serem publicados, mas, com certeza, não conseguiremos falar de todos e de tudo, por maiores que sejam nossos esforços, por isso peço a compreensão e o apoio dos companheiros da casa, e reafirmo meu empenho pessoal para fazer este trabalho, prometido há mais de vinte anos à Assembleia Geral da Casa, em resposta ao pedido do Dr. Ysnard.



Criação da Associação Espírita Célia Xavier





Casa de Etelvina



Virgílio Pedro de Almeida





José Pedro e Orlanda Xavier





Martins Peralva




Ysnard Machado Ennes



5.11.15

PEDRO, TU ME AMAS?


Vista aérea de Cafarnaum nos dias de hoje. O espaço coberto é considerado ser o local da casa de Pedro e vê-se ao fundo o Mar de Tiberíades, também chamado de Lago de Genesaré.

Há mais de três décadas, no tempo da máquina de escrever, preparei um estudo sobre Simão Pedro para fazer na sociedade espírita de mesmo nome em Belo Horizonte. Tendo aceito este ano para falar nas comemorações da casa espírita em Caeté-MG, combinamos que o mesmo tema seria abordado.

Como se tratava de uma palestra biográfica, que vai seguindo os episódios que envolvem o apóstolo ao longo da narrativa dos evangelhos e do livro de atos, aproveitei a oportunidade para revisitar o texto, consultando a tradução de Haroldo Dutra de “O novo testamento”.

Gostaria de compartilhar com os leitores algumas reflexões sobre o episódio narrado por João, do encontro de Jesus, após a morte, com Pedro, em Cafarnaum.

O episódio é bem curioso, e aparenta ser uma espécie de história contada pelos apóstolos e não um acontecimento real. Uma das razões é geográfica. Pedro estava em Jerusalém após a crucificação de Jesus. O rabi retorna da morte e apresenta-se diversas vezes aos apóstolos e a outras pessoas. De repente, o episódio narrado por João acontece em Cafarnaum, na Galileia, a mais de cem quilômetros de caminhada da capital da Judeia. Pedro já está novamente instalado, pescando, com barcos e redes, juntamente com outros discípulos. Concluído o evangelho de João, temos o livro dos Atos, com Pedro novamente em Jerusalém, no episódio mediúnico do dia de Pentecostes. Teria ele se deslocado, mesmo tendo visto Jesus após a morte, no episódio que envolve o ceticismo de Tomé, e depois voltado novamente a Jerusalém para construir a primeira comunidade cristã?

O segundo motivo é literário. O episódio soa a história, porque Jesus aparece novamente aos discípulos, reedita a pesca do dia em que converteu os primeiros quatro, e reedita a negação de Pedro, após a refeição da manhã, fazendo-o repetir três vezes uma declaração de amor fraternal. É uma espécie de texto de regeneração dos apóstolos, e principalmente de Pedro, após os eventos da crucificação.

O terceiro motivo é hermenêutico. Um episódio tão marcante deveria aparecer em mais de um evangelho, e encontrei apenas no evangelho de João, considerado espiritual.

A leitura do texto traduzido por Haroldo é interessante. Jesus pergunta três vezes a Pedro:

- Simão, [filho de] João, tu me amas mais do que a estes?

Ante as três respostas afirmativas do apóstolo, Jesus faz três pedidos convergentes, mas diferentes:

- Alimenta meus cordeiros.
- Apascenta minhas ovelhas.
- Alimenta minhas ovelhas.

Alimentar e apascentar são verbos relacionados a cuidados. Apascentar (e não pacificar), envolve as ações de conduzir e vigiar no pasto, pastorear, ou como lemos na tradução de Haroldo, “todas as funções do pastor, tais como guiar, levar ao pasto, nutrir, cuidar, vigiar”.. Alimentar, segundo as notas da tradução de Haroldo Dutra, pode ser entendido como levar para pastar, oferecer pasto.

No antigo testamento, o profeta Ezequiel (capítulo 34) diz ter ouvido de Deus uma profecia contra os pastores de Israel. Com a leitura do capítulo, percebe-se logo que ele não fala de ovelhas, cordeiros e pastores, mas do povo e dos sacerdotes. Ele acusa os pastores de comer a gordura, servir-se da lã e matar o cevado, mas não apascentar o rebanho (v. 3), ou seja, aproveitarem-se das leis que obrigam o povo de Israel a sustentá-los, mas não cumprir com o seu trabalho de dar assistência religiosa.

Ezequiel escreve que as ovelhas de Deus passaram a servir de pasto às feras e foram entregues à rapina. Considerando os sacerdotes ineptos para cuidar do povo, Ezequiel escreve que o próprio Deus distinguiria a ovelha gorda da ovelha magra (v. 20) e que Davi se tornaria pastor de Deus e apascentaria o rebanho (v. 23), ou seja, ele institui um novo cuidador ao mesmo tempo em que traz de volta a si uma função que era atribuída aos sacerdotes.

A passagem de João parece fazer uma referência ao capítulo 34 de Ezequiel. Pedro é convidado por Jesus a ser o pastor das ovelhas e cordeiros, ou seja, a executar uma função sacerdotal no lugar dos sacerdotes do culto judeu.

Tendo ou não acontecido como está escrito, a passagem do Evangelho de João marca a construção de uma ekklesia cristã, de caráter religioso e comunitário, o que justifica as descrições da comunidade de Jerusalém que encontramos no livro dos Atos dos Apóstolos. Nesta comunidade não apenas se estudavam os evangelhos, mas também se redistribuíam alimentos e outros bens entre os que necessitavam. O episódio das viúvas helenistas e da instituição de diáconos (Atos, capítulo 6) ilustra bem esta função. 

21.10.15

EDSON AUDI DESENCARNA EM AGOSTO



Outubro de 1999. No apagar das luzes do século passado, o amigo Alexandre Rocha pediu que auxiliasse o lançamento de um novo livro da Lachâtre em Belo Horizonte. Era um livro sobre Allan Kardec, e eu pensei: mais um? Será que é mais do mesmo? Pedi, na minha mineirice, um exemplar para avaliar o trabalho, mas recebi por resposta que ele só chegaria no dia do lançamento.

A Lachâtre fez contato com uma livraria de shopping para o lançamento e eu consegui hospedagem na casa de uma grande amiga. Organizamo-nos para o "dia D", e fui à casa anfitriã para ver se estava tudo bem. Minha amiga perguntou-me: 

- Você já viu o livro dele?

Eu disse que não, curioso, e Edson mesmo mostrou-me o exemplar. 

Confesso que meu mundo caiu. Um livro de texto simples, direto, que ambicionava mostrar o racionalismo de Kardec aos franceses, que ainda têm uma visão do espiritismo construída no palco dos tribunais do século XIX. As imagens eram belíssimas. Fotos em preto-e-branco, entremeadas à narrativa, como se saltassem dela. O papel escolhido cuidadosamente, creio que trazido do exterior, transformando o livro em um daqueles livros de arte, que costumamos comprar aqui em casa só pelo prazer de folhear.

Audi estava tranquilo, mas bem humorado. Contou-me do encontro com Zêus Wantuil, falou-me do espiritismo na França e de sua experiência, explicou-me a sorte que teve ao fotografar o apartamento da Passagem Sainte-Anne, que havia acabado de ser pintado, e hoje está situado em uma parte velha de Paris, habitada por estrangeiros. 

Edson estava com uma camiseta de mangas curtas, e comentou sobre isto, sobre como os espíritas podiam se vestir de forma mais moderna... 

O lançamento foi trágico. Uma dúzia de pessoas, atraídas por nós e frequentadores do nosso centro espírita apareceram lá. Menos de dez livros vendidos. Levei meu exemplar ao Edson e uma caneta, que ele recusou gentilmente mostrando-me o que usaria para autografar. Era uma caneta com uma tinta cinza, brilhante, que escrevia sobre o preto escuro da primeira página após a capa da bela brochura.

Conversei com o gerente, que me mostrou as propagandas feitas no Estado de Minas. Certamente, não foi uma estratégia muito efetiva. Conversei então com um dirigente do Célia Xavier e com a anfitriã de Edson Audi. Todo estávamos chateados com o desempenho. Então, no meio do espaço reservado para o lançamento, decidimos fazer algo.

Telefonamos para a dirigente da reunião de quinta-feira, que, para nossa alegria, era a Juselma. Ela nos acolheu com gentileza e entusiasmo, cancelou o palestrante do dia seguinte e abriu as portas da reunião para fazermos uma noite de autógrafos no Célia Xavier. Não havia tempo de divulgar, conversamos com o gerente da editora, passamos o endereço e ele levou cerca de quarenta livros para o novo lançamento, do outro lado da cidade.

Pedimos ao Edson que ficasse mais um dia em Belo Horizonte. Ele já tinha comprado passagens para Juiz de Fora e tinha um novo anfitrião esperando por lá. 

- Troque, Edson. Avise ao anfitrião. Você não tem compromisso em JF amanhã, não haverá prejuízo.

Ele aceitou.

Na noite seguinte, Juselma nos acolheu com boa-vontade, e brincou:

- Da próxima vez me avisem com alguns dias de antecedência para eu conseguir um coral!

A reunião se desenvolveu. Edson falou do processo de preparar o livro e mostrou o material ao público. Duas ou três pessoas de nosso grupo comentaram a realização. Os quarenta livros foram totalmente vendidos.

Passados 16 anos, encontrei mais uma vez o gerente da livraria. Era mais um lançamento nela. Ele se recordou do acontecido, mas não me reconheceu. 

Agora o Edson retornou à pátria espiritual, após enfrentar um câncer, aos 57 anos.  Deixou-nos três belos trabalhos de arte e cultura para o movimento espírita. Ainda este mês sairá seu filme sobre Herculano Pires, que nos foi notificado semana passada pela Tatiana Pires, da editora Paideia. 

Ele, portanto, continua conosco. E fazendo arte!

16.10.15

ANIMAÇÃO DE "O TRAPEIRO DA RUA NOYERS"



Chrystiann Lavarini nos indicou uma animação feita por Luis Hu Rivas a partir de uma história contada por Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns". Ela faz parte de um projeto que é a revista mensal Espiritismo Kids, que pode ser assinada por 66 reais ao ano. Ela é voltada para o público jovem, com metade das publicações dirigida ao público de 6 a 10 anos e a outra metade para crianças de 10 a 14 anos.

Mais informações sobre assinatura podem ser obtidas no blog: http://www.espiritismokids.com/

Veja mais informações sobre a revista no vídeo abaixo.







14.10.15

HERCULANO PIRES E A PARAPSICOLOGIA




Já faz um ano que a Fundação Maria Virgínia e Herculano Pires me convidou para falar do livro de Herculano: Parapsicologia, hoje e amanhã. Fui deixando a publicação para depois, em função de alguns errinhos que cometi na fala, geralmente trocas de nomes. Passado tanto tempo, acho melhor deixar o trabalho ao leitor, que pode ir comentando os equívocos. Peço desculpas antecipadas, porque estava bem febril neste dia.

Agradeço de coração à família de Herculano que me recebeu como se fosse "de casa", aos amigos do CCDPE-ECM que nos auxiliaram durante a estada em São Paulo e a todos os interessados que foram ao evento e fizeram uma bela discussão.

Expresso minha admiração por Herculano Pires, que mesmo sem ser formado na área de parapsicologia ou psicologia, deu mostras de um conhecimento íntimo e de acompanhar o que se publicava na época, apesar de todas as dificuldades de trânsito de informação que existia, então.

6.10.15

PRIMEIRA FEIRA DO LIVRO ESPÍRITA DA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA



A União Espírita Mineira está divulgando sua trigésima terceira feira do livro espírita, o que me fez recordar da primeira. As primeiras Feiras do Livro Espírita foram organizadas em um conjunto de duas ou três lojas em uma galeria na Praça Sete. 

Papai (José Mário) ainda estava encarnado àquela época e veio-me à mente que era Oswaldo Abreu quem a organizava. Oswaldo era comerciante e depois formou-se em psicologia, era irmão mais novo de Honório e Lúcio Abreu. Eu já não media muito o que dizia àquela época, então, ainda adolescente, questionei Oswaldo por que a feira não era feita em público, por que ainda estava escondida.

Ele me respondeu que ainda não estávamos prontos para isso.

Uma ação interessante que fizeram, foi levar as lideranças da União Espírita Mineira à feira, para que as pessoas pudessem não apenas comprar livros, mas conversar com os "plantonistas". Isso era visto como uma "tarefa", e recordo-me de ir no horário em que papai lá estava.

Depois desta, auxiliei uma feira do livro espírita ao ar livre, feita na praça principal da cidade de Montes Claros. Foi no início dos anos 90, e o contato com as pessoas era muito interessante. Houve um evangélico que ficou pouco indignado de ver espíritas na praça pública e resolveu conversar sobre evangelho. Ele não era fanático, apenas um religioso que não conhecia o espiritismo, e depois de conversar um pouco e ver que tínhamos conhecimento bíblico, ele ouviu os apelos da esposa que dizia: - Fulano, deixa para lá.

Houve também o espírita indignado com os preços dos livros, argumentando que encontrava preços melhores na livraria da União. Algumas pessoas se achegavam curiosas. Outras apenas viam com o "canto de olho" curioso, a expressão interrogativa e ao mesmo tempo um pouco temerosa do novo movimento que transformava a praça por onde se passa todo dia. 

Era também uma oportunidade de encontrar confrades dos diversos centros espíritas. Eles nos saudavam carinhosamente, com um olhar de satisfação, pediam indicações, faziam questão de dizer: - Sou do Canacy (o nome de um Centro Espírita tradicional em Montes Claros), sou do Sobreira, e se descortinavam os centros espíritas da "princesa do norte", ou então perguntavam: - De onde vocês são?

- Por que vocês não vendem o livro que foi psicografado por médiuns daqui da cidade? Perguntou-me um interessado. Eu me recordei de uma coletânea de mensagens, talvez publicada há mais de uma década, que ainda tinha dezenas de exemplares no Allan Kardec, mas estavam em mau estado. Eu o conhecia, por que desde aquela época já tinha interesse na memória do movimento espírita, mas nunca tinha visto ninguém citar este livro ou alguma de suas mensagens na reunião de estudos. Fico pensando até hoje se o cliente não seria um dos médiuns ou parente de um dos médiuns, e lamentei não ter um dos livros para presenteá-lo.

Não importa qual feira, sempre tive um imenso prazer em estar com os companheiros do centro espírita, em tarefa. Não importava o sol de quarenta graus, nem os apertos com o troco era sempre uma alegria estar junto em trabalho para a divulgação do espiritismo na sociedade. Nunca fui hostilizado por ninguém, e mesmo o diálogo franco com o casal evangélico foi pautado pelo respeito.

As feiras ficaram no passado, as do nosso Célia Xavier são organizadas pelos funcionários e pelo responsável pela livraria, acho que a correria da capital não está permitindo transformarmos esta tarefa em uma atividade prazerosa e de encontro. As pessoas vêm atraídas pelos descontos, mas e o algo mais? 

Passados trinta anos, cada casa tem a sua feira do livro espírita, que não é bem uma feira, mas um "esforço de vendas". Como é a sua vivência, leitor? Ir à feira do livro espírita é para você uma experiência de encontro e troca, ou apenas um lugar para economizar uns reais?

3.10.15

EM BUSCA DA LITERATURA ESPÍRITA INFANTO-JUVENIL


Nos corredores do 1o. Encontro da Cultura e Pesquisa Espírita - XII Colóquio França-Brasil, estávamos conversando sobre a literatura espírita para adolescentes. É uma demanda muito específica, seja pelo tipo de interesse literário, seja pela linguagem, que está cada dia mais distante da que foi utilizada no início do século XX.

Recentemente, decidimos estudar "O Evangelho Segundo o Espiritismo" em nossa reunião familiar. Tenho duas filhas "teenagers", uma no começo e a outra no fim da adolescência. 

Nossa reunião sempre se direcionou pela compreensão do sentido do que líamos. Minhas filhas têm muita liberdade para perguntar as palavras que não entendem e sempre discutimos o conteúdo do que lemos.

Ao ler "O Evangelho Segundo o Espiritismo" no original, houve uma dificuldade de ler o texto (usamos a tradução de Guillon Ribeiro), e um aumento da dificuldade de entendê-lo, pelas muitas paradas, palavras "engasgadas" e desconhecidas. Optamos então por prepararmos a leitura, os pais, e apenas explicar o conteúdo, o que não foi de agrado geral.

Semana passada minha esposa encontrou no meio de seus livros de evangelização, "O evangelho segundo o espiritismo para jovens", escrito por Laura Bergallo, que é uma escritora premiada por seus livros infanto-juvenis e editora.

Minha filha de treze anos dispôs-se a ler a parte "Diferentes categorias de mundos habitados", após a reclamação de que este assunto já havia sido muito estudado no Centro Espírita. Ela leu fluentemente e entendeu a parte. Sobreveio uma discussão conceitual sobre a diferença entre mundos felizes e mundos divinos. Houve alguma decepção com a classificação do nosso planeta na escala de Kardec. Enfim, o texto foi lido, seu sentido compreendido e discutido, que é o que mais esperamos em uma reunião familiar. 

Ainda não li o livro como um todo, mas vou correr o risco de recomendá-lo, assim como "O livrinho dos espíritos" que a autora publicou pelo Centro Espírita Léon Denis, segundo encontrei  na internet.

28.9.15

PROMOÇÃO DA EDITORA LACHÂTRE



O Instituto Lachâtre tem sido nosso parceiro na publicação dos livros psicografades e traduzidos. Já está quase no fim a revisão do texto de mais um livro de Alfred Russel Wallace.

Recentemente o Instituto lançou uma promoção de combos envolvendo os autores que publicam: Hermínio Miranda, Palhano, Ada May, Amália Domingo Soler, Mauro Camargo, Wallace Neves e muitos outros. 

Os livros "O observador e outras histórias" (composto de psicografias de depoimentos de Espíritos) e "Casos e descasos na casa espírita" (histórias do Espírito Conselheiro, sobre situações polêmicas nos centros e no movimento espírita) estão com um bom desconto (20%), se comprados juntos. Confiram:


26.9.15

RECUPERADO FILME SOBRE O PRIMEIRO CONGRESSO DE MOCIDADES ESPÍRITAS DO BRASIL



Leopoldo Machado e Lins de Vasconcellos foram os organizadores do Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, acontecido em 1948. Leopoldo defendia ideias de fortalecimento das atividades espíritas ligadas à ação social e aos problemas humanos. Ele intitulava de Cruzada de Espiritismo dos Vivos, estes princípios.

O vídeo parece ter sido criado como propaganda do evento, ele destaca a abertura, os apoios, as instituições que colaboraram com sua realização e os destaques, mas não apresenta o conteúdo ou suas deliberações. 

As principais ideias de Leopoldo Machado para as mocidades espíritas encontram-se no livro "Cruzada do Espiritismo dos Vivos", publicado em 1948 pela editora paulista O Clarim, de Matão-SP. Como foi publicado no mesmo ano do Congresso, não há nele informações sobre o que foi defendido ou deliberado.

O Anuário Histórico Espírita, organizado por Eduardo Carvalho Monteiro, traz mais algumas informações sobre o evento, que foram obtidas em entrevista de Thaumaturgo José Luz com Antônio Lucena.

Gabriela Araújo Costa, em sua biografia sobre Leopoldo, publicou as informações abaixo sobre o Congresso:

"Ainda em 1948, Leopoldo Machado, por sua preocupação e dedicação ao movimento espírita jovem, é convidado para presidir o I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil. Leopoldo recusa, dizendo pertencer a FEB o direito à presidência do Congresso. A FEB, por sua vez, recusa o convite, alegando já haver a União das Juventudes Espíritas do Distrito Federal. Leopoldo então aceita o convite para presidir o Congresso e, em 17 de julho de 1948, inicia-se uma das mais belas manifestações do Espiritismo de Vivos. Foram mais de 600 jovens de vários estados trocando experiências sobre o funcionamento de suas Mocidades, obras assistenciais, edição de jornais, entre outras atividades.

Transcrevemos as conclusões do evento em outra matéria do Espiritismo Comentado, baseada em um livro de Clóvis Ramos, cedido por Eduardo Carvalho Monteiro. Confira: