1.2.10

VOCÊ CONHECE ESTE ESPÍRITA?

Foto 1: Quem será?
Recebi a foto como cortesia do Oceano, da Video Spirite. Vocês sabem me dizer quem é? Comentem... Darei a resposta no final do mês de fevereiro.

31.1.10

COMO SE FORMA UM ORADOR ESPÍRITA?

Figura 1: Professora ensinando
Jáder Sampaio


Pode-se instruir uma pessoa em técnicas de oratória, no uso de recursos audio-visuais, na preparação de discursos e palestras, através de cursos de curta e média duração. O domínio destes conhecimentos, entretanto, não forma um orador espírita.


Pode-se incentivar e motivar as pessoas à leitura de livros espíritas, o que amplia seus horizontes culturais, mas isto apenas não forma um orador espírita.


Pode-se sensibilizar o frequentador a participar de estudo sistematizado da doutrina espírita, de ciclos de estudo aprofundados, de eventos e encontros, mas a presença física em espaços de informação e diálogo isolados não forma um orador espírita.


Pode-se divulgar as bibliotecas e as livrarias espíritas, recomendar a participação em clubes do livro espírita, facilitar o acesso ao livro espírita, mas a mera posse e acesso aos livros não habilita ninguém à oratória espírita.


Pode-se destacar o valor de bons expositores. Mostrar os méritos de um trabalho bem feito, admirar a dedicação e o domínio do conteúdo doutrinário além da capacidade de dialogar e explicar de terceiros, mas a existência de exemplos não é suficiente para preparar um orador espírita.


Pode-se oportunizar o contato à exposição, abrir inicialmente quinze minutos para uma pequena fala nas reuniões, aproximar alguém com conhecimento e potencial, mas sem experiência, de expositores já amadurecidos para o intercâmbio formador, mas a oportunidade da fala e da troca de experiências, em si, não formam um orador espírita.


Pode-se criar espaços de crítica aos trabalhos realizados, fazer pesquisas rápidas junto aos assistentes das palestras, pedir que pessoas experientes assistam e comentem em particular os trabalhos realizados, encaminhar observações e sugestões para os oradores, mas a avaliação por si só não forma um orador.


Pode-se incentivar os oradores a engajarem-se em frentes de trabalho, a viver aquilo que dizem que os outros façam, a refletir sobre sua conduta e sobre sua vida, tendo por referência a proposta espírita, mas a auto-análise e o voluntariado apenas, não formam um orador espírita.


Pode-se sugerir que as pessoas não usem apenas seu cérebro ou seu coração na preparação de seus trabalhos, que articulem uma comunicação elaborada com as necessidades humanas, que se sensibilizem com os problemas e dificuldades da existência humana, mas a empatia apenas não forma um orador espírita.


Pode-se criar um espaço para a poesia, para a arte, para o belo e envolver a pessoa na estética, na sensibilidade artística, na capacidade de decodificar a mensagem da forma, mas isto apenas não forma um orador espírita.


Pode-se convidar o iniciante à dedicação, sensibilizá-lo à necessidade de preparação, de amadurecimento do que falará, pode-se despertá-lo para as consequencias daquilo que propõe ou diz, mas o empenho por si só não forma um orador.


Pode-se então fazer todas estas coisas e colocá-las à disposição dos interessados, e tudo isso junto, criará oportunidades de instrução, de auto-desenvolvimento, de aquisição de experiência, de vivência... Ainda assim, a formação do orador se dará na perseverança do interessado e no contínuo aprimoramento que ele empregue nesta nobre arte.

30.1.10

ENTREVISTA SOBRE MARTINS PERALVA


Figura 1: Maria Philomena (Da. Nenem), Chico e Martins Peralva
Geraldo Lemos Neto responde entrevista ao Espiritismo Comentado sobre Martins Peralva. (Continuação)
EC - Peralva tinha uma amizade e uma parceria de trabalho com a única presidenta da UEM, Dona Maria Philomena Aluotto Berutto.
Você poderia explicar esta afinidade espiritual entre os dois?

GLN - A afinidade entre ambos sempre foi a afinidade das almas irmanadas no ideal de servir à causa do Evangelho de Jesus, redivivo agora pelas bençãos do Consolador Prometido pelo Cristo que é a Doutrina dos Espíritos. Por quase um quarto de século tive a alegria e a honra de conviver com esta "dupla dinâmica", como costumava brincar com eles, aprendendo a reconhecer em cada qual a medida exata da ponderação e do equilíbrio, do comedimento e da perseverança, da tenacidade e da esperança, na certeza de que Jesus, nosso Divino Mestre, é
que está no leme de nosso barco planetário.

EC -Peralva foi uma pessoa muito próxima de Chico Xavier. Há uma influência da obra psicografada pelo médium mineiro nos escritos de Martins Peralva? Que outros autores influenciam o texto de Martins Peralva?

GLN - Sem dúvida alguma que sim. A obra psicográfica de Chico Xavier, notadamente os escritos de Emmanuel e André Luiz, foram a fonte cristalina e pura de onde Martins Peralva se nutria espiritualmente para escrever os seus
artigos, textos e livros de elevada inspiração. Não somente a obra psicográfica de Chico Xavier contudo, foi sua fonte, mas também e principalmente os exemplos de amor e renúncia que o medianeiro de Pedro Leopoldo lhe oferecia à
observação percuciente e lúcida. Chico Xavier para Martins Peralva sempre foi um apóstolo de Jesus, exemplo de dedicação à Causa Espírita que haveria de ser seguido séculos afora. Obviamente que Peralva também se nutria das obras básicas da codificação espírita, pelos escritos iluninados de Allan Kardec e pelas comoventes narrativas dos Evangelhos. De modo que podemos dizer que a obra de Peralva se baseia neste tripé: Jesus, Kardec e Emmanuel. (compreendendo-se Emmanuel como o representante da plêiade de espíritos do Senhor que se
manifestaram pelas mãos de Chico Xavier).

EC -Como surgiu a ideia de lançar um novo livro de Martins Peralva?

GLN - Desde os últimos anos de vida terrestre de Martins Peralva conversava com ele e com seus filhos sobre esta possibilidade de editarmos um livro que contivesse os artigos escritos por ele e ainda inéditos em termos editoriais. Ficou o meu compromisso com ele neste sentido, e após a sua desencarnação os filhos de Peralva, Iêda, Basílio e Alcione me procuraram oferecendo-me o material para compor o livro em questão.

28.1.10

O ESPIRITISMO BRASILEIRO NO FINAL DO SÉCULO XIX

Como era a prática espírita brasileira no final do século XIX? O que se escrevia na imprensa? Além de Bezerra de Menezes, quem foram os atores da construção do movimento que este ano deverá contar com a declaração de mais de 3 milhões de pessoas no Brasil?
Com esta intenção Eduardo Carvalho Monteiro vasculhou seu arquivo e pesquisou documentos, escreveu para o Exército Brasileiro, levantou fontes. O resultado é um livro biográfico, acrescido de artigos e poesias escritas por Ewerton Quadros, que nos vão permitindo compreender melhor a época e os interesses dos bandeirantes espíritas do Brasil.
Segue abaixo a transcrição de um dos casos de mediunidade narrado no Reformador de 1888.
"O sr. Manoel Leite Raposo, que há pouco começou a estudar o Espiritismo, possui as mediunidades de vidência e psicografia, mas, pela novidade, acredita sempre que tudo o que obtém vem de si mesmo e não de um ser invisível. Ultimamente, porém, em uma sessão, obteve ele uma longa comunicação escrita, na qual o Espírito descrevia com todas as particularidades a sua última vida terrena, cheia de lutas, de desfalecimentos e quedas, terminando pela assinatura do nome que tivera.
Tinha o médium acabado de ler o trabalho que obtivera sem falar na assinatura, quando um dos presentes disse em voz alta:
- Eu conheço uma senhora falecida há poucos anos, com que se deu tudo isso; parece que quiseram escrever a sua história. Chamava-se M.
Era exatamente o mesmo nome que assinava o trabalho e que pertencera a uma pessoa em que nunca o médium ouvira falar."
(MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Marechal Ewerton Quadros: Primeiro Presidente da Federação Espírita Brasileira. Capivari-SP: CCDPE e EME, 2006.

27.1.10

ESPIRITISMO COMENTADO NO MUNDO


O Espiritismo Comentado tem sido visto por pessoas e comunidades espíritas ao redor do mundo. Para os leitores que não conhecem os recursos do Flag Counter, estou inserindo abaixo o mapa de países que já acessaram o blog desde outubro do ano passado. Apesar de ser principalmente em língua portuguesa, já foi acessado nos cinco continentes.

26.1.10

O DETERMINISMO DOS DEUSES GREGOS

Figura 1: As Moiras por Strudwick (1885)
Um dos elementos recorrentes do mito grego diz respeito ao determinismo dos acontecimentos da vida dos homens pelos deuses. Em uma análise política, poder-se-ia dizer que interessava às cidades gregas que os seus cidadãos e os seus escravos ocupassem seus lugares sociais sem questionar, especialmente quando o assunto era enviar as pessoas para a morte na guerra.
A vontade dos deuses seria uma explicação suficiente para tudo o que viesse a acontecer com os habitantes das cidades gregas, especialmente o que acontecesse de mal.
Um dos mitos criados pelos gregos é o das moiras (conhecidas como parcas pelos romanos), deusas que teciam o destino dos homens. Nascimento, acontecimentos da vida e morte eram representados pelo fio da vida. Este fio era fiado, enrolado e cortado, como simbologia da existência. Homero cita as moiras em seus épicos.
Uma das histórias gregas mais conhecidas na ocidentalidade sobre a inexistência da liberdade de escolha dos homens é a de Édipo (Sófocles), que tem revelado o seu destino pelo Oráculo de Delfos e que foge de casa para evitá-lo. Ele cumpre a trágica predição, de que mataria seu pai e casar-se-ia com sua mãe, Jocasta.
Esta crença tem sido passada de cultura a cultura, e as moiras têm equivalentes em diversos povos da Europa.
O mito grego assemelha-se às explicações dadas pelas pessoas de hoje, ante as dificuldades da vida, dizendo tratar-se da "vontade de deus" o que é muito diferente do pensamento espírita.
O Espiritismo, herdeiro de tradições filosóficas que vão dos pré-socráticos aos modernos, defende a existência de um livre-arbítrio limitado, no qual o Espírito se torna "Moira" de sua própria existência, limitada parcialmente pela sua biologia, pela sociedade em que vive, pelos impulsos psicológicos que traz e pelas relações espirituais que estabelece ao longo da existência. Este homem é herdeiro de seus próprios atos e escolhas, mas também é construtor de seu futuro individual e coletivo.
Para conhecer mais sobre o pensamento espírita, leia "A Escolha das Provas" e "A Lei de Liberdade" em O Livro dos Espíritos, assim como o capítulo "Bem Aventurados os Aflitos" em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ambos de Allan Kardec.

23.1.10

SITE PUBLICA ENTREVISTAS COM OS PARTICIPANTES DO 5o. ENLIHPE

O site Espiritualidade e Sociedade (http://espiritualidades.com.br) publicou entrevistas com autores de trabalhos e organizadores do 5o. Encontro Nacional da Liga de Historiadores e Pesquisadors Espíritas, em formato de livro.
São entrevistas curtas, de alguns minutos, que explicam o encontro, o que é a LIHPE e o conteúdo dos trabalhos, de forma sintética.
Veja abaixo a entrevista com a presidente do CCDPE, Júlia Nezu.


12.1.10

GERALDO LEMOS FALA SOBRE MARTINS PERALVA

Figura 1: Martins Peralva

O Espiritismo Comentado entrevistou Geraldo Lemos Neto, editor do livro póstumo de Martins Peralva sobre o Evangelho. Ela será publicada em postagens diferentes, em decorrência da riqueza de informações.

EC: Qual foi a trajetória de Peralva no movimento espírita mineiro?
GLN : Peralva transferiu residência de Aracajú a Belo Horizonte em 1949 sendo recebido de braços abertos por Virgílio Pedro de Almeida e Chico Xavier em Pedro Leopoldo. Inicialmente se juntou a Chico Xavier, Neném Aluotto, Arnaldo Rocha e Zeca Machado num grupo de estudos e reuniões mediúnicas chamado Nina Arueira. No mesmo período passou a participar de reuniões de estudo do Evangelho e da Mediunidade no Centro Espírita Célia Xavier. Quanto podia visitava o médium Chico Xavier em suas reuniões costumeiras no Centro Espírita Luiz Gonzaga de Pedro Leopoldo, de quem se tornou profundo admirador e amigo pessoal. Foi a partir daí que passou a visitar a Colônia Santa Isabel, de irmãos hansenianos, onde levava calor humano, assistência espiritual e material. Fundou à essa mesma época a Cantina Espírita Francisco de Assis que distribuía semanalmente mantimentos para famílias carentes previamente cadastradas. Esta atividade cresceu até ser construído um galpão na Vila dos Marmiteiros, onde passou a oferecer suculenta sopa aos mais necessitados. Desapropriados pela prefeitura de Belo Horizonte a atividade foi então transferida à União Espírita Mineira, com a instalação da tarefa assistencial às mães desvalidas aos sábados pela manhã. A Cantina Francisco de Assis era também a responsável pela distribuição natalina de cerca de 1.000 cestas básicas para as famílias carentes. Durante este período escreveu o hino do Colégio O Precursor educandário da UEM.
EC: Qual foi a participação de Peralva na União Espírita Mineira e no movimento em geral?
GLN: Foi membro do Conselho Geral e secretário do Abrigo Jesus, sócio efetivo do Hospital André Luiz e segundo secretário do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, aproveitando ainda as horas vagas para abastecer a imprensa espírita e a leiga com seus artigos evangélico-doutrinários. Participou por 15 anos ininterruptos das atividades do Centro Espírita Célia Xavier para então fixar-se, em 1964, na União Espírita Mineira, onde permaneceu ao longo do tempo exercendo diversos encargos como Primeiro Secretário, Diretor do Departamento de Doutrina e Divulgação, Vice-Presidente e Presidente interino. Lá dirigia as atividades de estudos realizadas aos sábados, e também responsabilizou-se como jornalista e editor chefe do periódico da casa O Espírita Mineiro. Foi também mentor das atividades da Mocidade Espírita O Precursor por largos anos. Aproveitando as suas qualidades de oratória, sempre colaborou com alegria na difusão dos ensinos espíritas pelo interior de Minas Gerais, levando a sua palavra inspirada também a outros estados. Foi o secretário executivo do Conselho Federativo Espírita de Minas Gerais - COFEMG - e representante da União Espírita Mineira junto ao Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira. Escreveu artigos espíritas para a Revista O Reformador da FEB, bem manteve uma coluna quinzenal no jornal O Estado de Minas. Pela FEB lançou os livros Estudando o Evangelho; Estudando a Mediunidade; Mediunidade e Evolução; e O Pensamento de Emmanuel. Pela União Espírita Mineira lançou o livro Mensageiros do Bem, que estuda o livro de André Luiz/ Chico Xavier Os Mensageiros; e agora postumamente esta lançando pelo Vinha de Luz o livro Evangelho Puro, Puro Evangelho
(Continua)

7.1.10

COMUNIDADE ESPÍRITA NOS ARREDORES DE BETIM-MG


Figura 1: Lenir, Humberto e minha pequena anfitriã.

Sábado pela manhã. Fui convidado para fazer um estudo para os pais (em sua grande maioria, mães) na Casa de Etelvina, município de Betim-MG.

A Casa de Etelvina foi construída nos anos 80, e houve um esforço do Célia Xavier para ampliá-la no ano retrasado. Eu ainda não a havia visitado após as reformas.

Boa parte dos voluntários, que realizam as atividades do sábado, saem de Belo Horizonte e fazem uma pequena viagem. Com medo de perder o caminho, encontrei-me com eles em torno das sete e meia da manhã. Como eles tinham que fazer escalas, fui acompanhado de uma jovem guia, do grupo da mocidade, que se confundiu no meio do caminho, e quase fomos parar na cidade de Mário Campos... Pergunta daqui e dali, todos os moradores de Citrolândia conheciam os centros espíritas em atividade na região, só não sabiam distinguir qual deles era a Casa de Etelvina.



Figura 2: Biblioteca

O bairro mudou muito. Quando foi construído, dizia-se que ele era habitado por famílias de egressos da chamada “Colônia Santa Izabel”, um local para tratamento de hansenianos que não conseguia vencer a barreira do preconceito social. Os pacientes curados da doença não conseguem reintegração na sociedade e muitos deles passavam a morar do outro lado do muro da região. Por esta razão a comunidade espírita de Belo Horizonte sempre teve uma atenção especial para o local.

Depois de passear pelo bairro, cheguei à Casa de Etelvina. A comunidade espírita interage com a população local e entre si intensamente. Parece uma grande família italiana, álacre, alegre... Fui recebido pelo jovem Aguinaldo com uma criança no colo.

Aos poucos fui levado por todos os espaços e reapresentado ao trabalho. Há jovens voluntários e voluntários de espírito jovem. Eles lancham em conjunto e trabalham como abelhas nas diferentes frentes.

Figura 3: Sala do Curso de Informática

Após o lanche os trabalhadores reuniram-se para orar e trocaram avisos, discutiram problemas rapidamente propondo soluções.

Hoje, Etelvina conta com uma biblioteca de obras espíritas bem montada. Pude ver pessoas buscando e trocando livros, especialmente infantis. A infância ainda é o grande mobilizador das pessoas de baixa-renda.



Figura 4: Reunião de Pais

Fiz uma palestra bem humorada e dialogada com as mães das crianças. O tema era evangélico, uma parábola, mas houve participação e conversa de todos, porque o espírito humano traz alguns elementos que não se modificam com a história. Vi mulheres lutadoras, que não se importavam em compartilhar algumas de suas experiências pessoais, histórias de amor e violência, trabalho duro e abandono, temperadas com bom humor e esperança.



Figura 5: Crianças Lanchando

Feita a prece final, fui fotografar a casa e acompanhar outros trabalhos. A Casa de Etelvina fez uma parceria com a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) e mantém um curso básico para eletricistas. Vi muitos jovens de calça jeans e satisfação por terem sido escolhidos para este curso. Se for bem sucedido, há planos de ampliar sua duração e o escopo da formação dos jovens. As duas salas com o material do curso parecem um pequeno laboratório de eletrotécnica. Disjuntores, lâmpadas, conectores e outros materiais elétricos compõem as bancadas de estudos. Pensar que muitos destes jovens podem estar ascendendo profissionalmente a partir desta iniciativa simples.

Figura 6: Painel de Ferramentas do Curso de Eletricidade Básica

Passei por uma sala onde uma equipe de passistas recebia as famílias interessadas. O ambiente era suave e o trabalho inspirado.

Figura 7: Bancada do Curso de Eletricidade Básica

Voltei a Belo Horizonte pensando nas comunidades primitivas de cristãos do oriente próximo.

25.12.09

SOCIEDADES ESPÍRITAS NOS ESTADOS UNIDOS




A United States Spiritist Council, instituição que vem ocupando o lugar de organização das sociedades espíritas nesse país publicou um mapa com a lista e localização dos centros espíritas adesos. Vale a pena conferir.

BILAC: DE TARDE AO PARNASO

Figura 1: Olavo Bilac, desenho retirado do blog Achados e Perdidos
Muitos cursos de graduação têm como exigência a redação de uma monografia de final de curso para a concessão do título de bacharel de seus alunos. Alguns alunos fazem uma espécie de revisão de literatura com considerações, mas fui surpreendido recentemente com o trabalho de Benedito Fernando Pereira, intitulado “Psicografia e Autoria: Um Estudo Estilístico-Discursivo em Parnaso de Além Túmulo”.

Mesmo não tendo formação em Letras, como o autor, estou calejado com a leitura de trabalhos e monografias, uma das atividades cotidianas de um professor universitário.

Benedito impressiona pela originalidade e pela coragem. Ele dá mostras de conhecer as infindáveis regras do metro parnasiano, descreve à exaustão as características da poesia para realizar um trabalho até então incompleto e recorrente nas mentes que conviveram com a obra primeira de Chico Xavier: há uma assinatura poética dos autores que escrevem através de suas mãos? Há elementos identitários das personalidades dos poetas tão conhecidos?

Benedito escreveu em seu trabalho três capítulos cruciais. Inicialmente ele apresenta Chico Xavier ao seu leitor, usando principalmente Souto Maior, mas também Elias Barbosa e alguns dos autores que estudaram o médium no contexto acadêmico, como Bernardo Lewgoy. Ainda neste capítulo, ele retoma a obra de Olavo Bilac, que divide em dois momentos. O livro Tarde é escolhido como base para a comparação dos poemas de Bilac em Parnaso de Além Túmulo.

Pereira compara inúmeras características dos poemas: vocabulário, uso de adjetivos e verbos, de substantivos e de advérbios. Ele se detém no preciosismo de Bilac vivo e morto. Benedito Pereira analisa também o ritmo na palavra, no verso e na estrofe, discute o enjambement, a direção do movimento rítmico e a rima, as figuras de efeitos sonoros, a correção gramatical e as figuras de linguagem.

Neste ponto do trabalho já vemos que existe por trás um orientador rigoroso e um aluno dedicado. Quais seriam as conclusões finais? Bilac encarnado é o mesmo que ditou dez poemas do parnaso para Chico Xavier? Deixo a dúvida no ar, para que as pessoas queiram conhecer e ler o trabalho de Benedito Pereira, escrito em 2008 para a Universidade do Vale do Sapucaí, em Pouso Alegre-MG.


http://docplayer.com.br/15569611-Benedito-fernando-pereira-psicografia-e-autoria-um-estudo-estilistico-discursivo-em-parnaso-de-alem-tumulo.html

23.12.09

DESENCARNA DONA APARECIDA, DO HOSPITAL DO FOGO SELVAGEM EM UBERABA

Foto 1: Aparecida Conceição Ferreira
O jornalismo da Boa Nova publicou o texto abaixo, que repasso no Espiritismo Comentado.
Desencarnou hoje, 22 de dezembro, por volta de 9h, aos 95 anos, Dona Aparecida Conceição Ferreira, conhecida como dona Cida do Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem, antigo Hospital do Pênfigo. Dona Cida há mais de 50 anos cuidava dos doentes e também das crianças, estas sem a doença, com toda dedicação.
Quando era enfermeira em um Hospital de Uberaba, prestes a fechar, ela levou todos para sua casa. Ao chegar a família se assutou! O marido não aceitava, nem os filhos, daí disseram à ela: ” Ou nós ou eles” e dona Cida disse: ”Vocês já estão todos grandes e criados, eles não tem ninguém, eu fico com eles”. Foram embora de casa... mas depois voltaram, compreenderam a tarefa e passaram a ajudá-la.
Um espírito abnegado, sem dúvida. Disse-lhe Chico Xavier que ela estava tentando resgatar seus débitos porém sem sucesso, mas desta vez conseguiu reencarnando negra, pobre e cheia de filhos doentes para cuidar. Os insultos, preconceitos, descasos foram inúmeros. Também, em suas conversas, dizia que Chico Xavier havia lhe contado que ela viveu no tempo da fogueira, da inquisição, e aquelas pessoas também. Ela perguntou à ele: “Chico, o que eu era?” Ele respondeu: “Você, minha irmã, era a mandante”.
Não recordo de tantos outros trabalhadores da Seara do Cristo com este desprendimento. Com certeza existem, pois o trabalho não precisa ser com alarde, Jesus espera de nós apenas o trabalho de amor ao próximo. Naturalmente um se projeta mais que outro. Podemos citar, logo ali perto de Uberaba, Irmão Tadeu, da Casa do Caminho, em Araxá-MG. Tadeu, em visita recente a RBN, disse que foi visitá-la. As pessoas sempre diziam: “Tadeu, Dona Aparecida fala que o senhor é um brancão orgulhoso que nunca foi lá na casa dela”.
Após a desencarnação de Chico Xavier as doações diminuíram porque as caravanas aproveitavam a visita ao Grupo da Prece e passavam por lá deixando alimentos, produtos de higiene e limpeza. As doações em dinheiro serviam para pagamento de funcionários, contas de água, energia elétrica e telefone. Agora é preciso usar também a mesma verba para comprar alimentos, o que gera um gasto maior para a instituição.
Tantas histórias ela contava aos que visitavam o Hospital, alegrias, desapontamentos, dores do passado como o dia que foi presa em São Paulo, acusada de pedir dinheiro para si, que Uberaba já a ajudava. Ela sempre disse, que “não fosse o povo de São Paulo e outras cidades também, mas principalmente o povo de São Paulo, não teria chegado onde chegou”.
Esta era Dona Cida... que retorna à Grande Pátria amparada pelos mais abnegados irmãos espirituais.
Logo pela manhã o médium Divaldo Pereira Franco disse: "Recebida com júbilos por verdadeira multidão capitaneada pelo apóstolo Chico Xavier, mais uma estrela retorna ao zimbório espiritual para iluminar a noite das almas errantes e sofredoras na Terra."
O velório será realizado no Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem. Mais informações: (34) 3318-2900.
Que possamos enviar nossas vibrações de amor a nossa querida irmã que seguirá sua jornada, agora na espiritualidade.
Jornalismo RBN

FONTE:
http://www.radioboanova.com.br/noticia.php?id=7413

18.12.09

FEB DISPONIBILIZA TESES, DISSERTAÇÕES E ARTIGOS DE TEMÁTICA ESPÍRITA EM SEU SITE

Figura 1: Stand da Federação Espírita Brasileira

Já é possível aos interessados fazer download de teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos publicados em revistas científicas relacionados ao Espiritismo. A Federação Espírita Brasileira disponibilizou este recurso antes mesmo do acesso às obras raras via internet.
Como já havíamos sido alertados pela nossa leitora acesse a página inicial do Portal FEB (http://www.febnet.org.br) e clique em Biblioteca, dentro da caixa Pesquisas.
Veja abaixo uma lista das teses e dissertações disponibilizadas no portal:

ALBUQUERQUE, Tiago Paz. Dissertação de Mestrado (UERJ, 2009). A representação social de perfeição na memória das personalidades do Espiritismo.

ALMEIDA, Angélica Aparecida. Tese de Doutorado (Unicamp, 2007).
“Fábrica de loucos": Psiquiatria x Espiritismo no Brasil (1900 – 1950) (Uma).

ANDRADE, Mário Celso Ramiro de. Tese de Doutorado (USP, 2008).
Gabinê fluidificado e a fotografia dos Espíritos no Brasil: a representação do invisível no território da Arte em diálogo com a figuração de fantasmas, aparições luminosas e fenômenos paranormais (O).

ARAÚJO, Ana Catarina. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 2005).
Programa de Treinamento sobre a Intervenção Terapeutêutica, Relaxamento, Imagens Mentais e Espiritualidade (RIME) para re-significar a Dor Espiritual de Pacientes Terminais.

ARAÚJO, Ana Catarina. Tese de Doutorado (UNICAMP, 2001).“Relaxamento Mental, Imagens Mentais e Espiritualidade na Re-significação da Dor Simbólica da Morte de Pacientes Terminais".ARAUJO, Eveline Stella de. Dissertação de Mestrado (UFPR, 2007).Médicos, Médiuns e Mediações: um estudo Etnográfico sobre Médicos-Espíritas.

ARRIBAS, Célia da Graça. Dissertação de Mestrado (USP, 2008).
Afinal, espiritismo é religião?: a doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira.
BETARELLO, Jeferson. Dissertação de Mestrado (PUC-SP, 2009)Unir para Difundir - O impacto das Federativas no crescimento do Espiritismo.
BIGHETO, Alessandro César. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 2006). Eurípedes Barsanulfo : um educador espírita na Primeira República.

CAROLI, Alexandre. Tese de Doutorado (Unicamp, 2008). Caso Humberto de Campos: Autoria literária e mediunidade (O).

CAROLI, Alexandre. Dissertação de Mestrado (Unicamp, 2001). Poesia transcendente de Parnaso de Além-túmulo (A).
CASTRO, Maria Lucia Caldas Santana de. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 2003). A Educação da alma: o trabalho voluntário na CEA-AMIC "onde está teu coração, está teu tesouro" - Um estudo de caso.
CRUZ, Inácio Manuel Neves Frade da. Dissertação de Mestrado (UFJF, 2007). Doutor Fritz andou de disco voador: hibridizações e sincretismos na terapia espiritual de Chico Monteiro.

DAMAZO, Alessandra. Dissertação de Mestrado (UNESP, 2006). Análise de assunto de conto espírita por meio do percurso figurativo e do percurso temático.

FERNANDES, Paulo César. Dissertação de Mestrado em Sociologia (UNB, 2008).
Origens do espiritismo no Brasil: diálogo, razão e resistência no início de uma experiência (1850-1914).

GIL, Marcelo Freitas. Dissertação de Mestrado (UFPEL, 2008). Movimento Espírita Pelotense e suas raízes sócio-históricas e culturais (O).

GODOY, Marino Luís. Dissertação de Mestrado (UFPR, 2007). Espiritismo em Ponta Grossa – PR: perspectivas de um Espaço do além e para um além do espaço (O).

GUARNIERI, Maria Cristina. (PUC- SP, 2001). Morte no Corpo, Vida no Espírito - O processo de luto na prática espírita da psicografia.
INCONTRI, Dora. (FEUSP, 2001). Pedagogia Espírita: um Projeto Brasileiro e suas Raízes Histórico-Filosóficas.

LEÃO, Frederico Camelo. Dissertação de Mestrado (USP, 2004). Uso de práticas espirituais em instituição para portadores de deficiência mental.

LEWGOY, Bernardo. Tese de Doutorado (UFRGS, 2001). Chico Xavier e a cultura brasileira.

MACHADO, Murilo. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 1998). Extase: entre a imagem e a palavra : estabelecimento de um modelo descrititvo para o estudo antropologico das manifestações extásicas (O).

MOREIRA, Alexander. Tese de Doutorado (FMUSP, 2004). Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de Médiuns Espíritas.
MOURA, Eliane. Tese de Doutorado (UNICAMP, 1993). Vida e morte : o homem no labirinto da eternidade.

PEREIRA, Rafael. Monografia (Unicamp, 2006). Estudo sobre a pedagogia Espírita e seus pressupostos filosóficos (Um).

PUTTINI, Rodolfo Franco. Tese de Doutorado (UNICAMP, 2004). Medicina e religião no espaço hospitalar.

SACRAMENTO, Gleide. Dissertação de Mestrado (UFBA, 2006). Eu e o Outro: uma reflexão acerca dos processos de identificação no Espiritismo.
SAMPAIO, Jáder dos Reis. Tese de Doutorado (USP, 2004). Voluntários: Um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura em uma organização do terceiro setor.

SANCHEZ, Zila. Tese de Doutorado (USP, 2006). Práticas religiosas atuando na recuperação de Dependentes de drogas: a experiência de grupos Católicos, evangélicos e espíritas (As).

SILVA, Angélica Aparecida. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 2000). Religião em confronto: o Espiritismo em Três Rios.

VIVEIROS, Maria Laura. Dissertação de Mestrado (1983). Mundo Invisível - Cosmologia, Sistema Ritual e Noção de pessoa no Espiritismo (O).

9.12.09

DISSERTAÇÃO DO MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DA PUC-SP TRATA DAS FEDERATIVAS ESPÍRITAS

Foto 1: Sede da FEB em Brasília
Com o título "Unir para Difundir: O Impacto das Federativas no Crescimento do Espiritismo", Jeferson Betarello defendeu e publicou uma dissertação de mestrado com conteúdo de interesse ao movimento espírita.

A dissertação já está disponível aos interessados no link abaixo:
http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9939

Dentre as conclusões, Betarello conclui, com base na Teoria de Escolha Racional, que as federativas influenciam positiva e negativamente o crescimento do contingente espírita. Positivamente ao distinguir o Espiritismo de outras religiões de base mediúnica. Negativamente, ao "enviar mensagens ambíguas para o movimento", ao transformarem os centros espíritas em prestadores de serviço que estimulam a frequência e não a adesão, ao não reconhecerem os dados censitários oficiais e a não subsidiar o movimento espírita com "dados estratégicos que permitam uma maior presença e distribuição geográfica dos centros espíritas em relação a outros grupos religiosos".

O leitor irá encontrar também uma análise da federativa de Franca-SP, vista pelo autor como modelo de "impacto positivo no movimento espírita formal"

Penso que é uma leitura obrigatória para quem se interessa pelo movimento espírita e tem por princípio refletir agostinianamente sobre sua prática de atuação.

8.12.09

ESPÍRITAS FAZEM TEATRO DE FANTOCHES NO JAPÃO

Em tempos de novas tecnologias há uma atração pelos produtos do mundo virtual, caros e difíceis de ser elaborados por voluntários no meio espírita. Na terra do sol nascente, uma ação voluntária espírita atrai crianças e famílias: o teatro de fantoches.


A geração que antes de alfabetizar-se já está em contato com os mais sofisticados aparelhos, mostra interesse e atração pelos bonecos construídos com madeira, pano e espuma. Eles testemunham o milagre de objetos tão comuns darem vida a bonecos, e por um momento se deixam levar e interagem com os personagens.


A peça é do Grupo Espírita de Teatro de Fantoches de UEDA, e representa uma arte milenar, portadora de uma mensagem apenas centenária. Ela já foi vista em Tóquio, em Gunma e no último dia 29 foi apresentada em Nagano-Ken.

Sou da terra de Álvaro Apocalypse, que se notabilizou mundialmente por construir fantoches que representaram e levaram à infância belo-horizontina e mundial as narrativas mais famosas do mundo, como a peça russa "Pedro e o Lobo" ou construções cheias de regionalismo. Tomara que a iniciativa dos espíritas japoneses, associada à disponibilidade de expertise, possa fazer surgir pessoas por aqui, interessadas nesta forma de arte, educação, socialização e prazer.


6.12.09

AÇÃO SOCIAL ESPÍRITA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

Foto 1: Criança


Quando se pensa em assistência social, promoção social ou ação social espírita, acredito que se trata de um jogo de gato e rato com o Estado. Neste jogo, nós somos o rato, ou seja, estamos onde não está o Estado.

Todos conhecem a mensagem do espírto Cáritas em "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Ela passeia pelos subúrbios de Paris, à época, uma capital européia sem políticas sociais. O espírito fica sensibilizado com famílias que não tinham o mínimo para sobreviver ou enfrentar o rigoroso inverno Europeu. Kardec preocupava-se em montar uma caixa de assistência, no seu projeto de 1868, período em que a Sociedade Parisiense deixara de ser um grupo de estudos para tornar-se uma espécie de associação comunitária, caráter que marcou muitos dos centros espíritas do Brasil.

Se Cáritas estivesse hoje, fazendo sua ronda em Belo Horizonte, ela teria algumas outras preocupações.

Vivemos em uma sociedade múltipla (pessoas abaixo da linha da miséria, pessoas pobres, pessoas de classe média e pessoas ricas ou muito ricas) com alguma ação do Estado contra a pobreza, a doença e a ignorância.

Uma família pobre, geralmente constituída de mãe e filhos, outras de mãe, companheiro temporário e filhos, e uma minoria de mãe, pai e filhos, tem acesso a direitos sociais, como posto de saúde, alguns medicamentos, escola pública e mais recentemente uma minguada, mas útil, bolsa escola.

As mães pobres não são apenas cuidadoras, mas provedoras, e muitas trabalham fora de casa, o que justifica o sistema de educação infantil (creches). Os dados oficiais informam que há 60 instituições publicas de educação infantil e 193 creches conveniadas, totalizando o cuidado de cerca de 38.500 crianças. Não consegui saber quantas são as crianças em situação de risco de 0 a 6 anos, mas em uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, com certeza faltam vagas para educação infantil.

Penso que Cáritas também se incomodaria com o analfabetismo funcional dos pais. Ela veria crianças que não conseguem aprender e pais que chegam tarde em casa e não podem ensinar, porque têm o trabalho doméstico para fazer e porque não sabem.

Ela se preocuparia muito com o futuro destas crianças, porque sabe que para ganhar um salário que as sustente, elas precisam concluir o ensino médio, saber ler, escrever e dominar as matemáticas, pelo menos a álgebra.

Cáritas também veria traficantes a distribuir cestas básicas para ser aceitos pela comunidade e a recrutar crianças para sua organização, que dissemina o vício e leva à morte prematura. Ela veria as crianças com baixa auto-estima e núcleo familiar fragilizado como vítimas preferenciais do crime organizado e da violência familiar.

Quem, então, este espírito destacaria? Se fosse no movimento espírita, Cáritas, com certeza, valorizaria quem promove o reforço escolar, regado a lanche e brincadeiras (há que se lutar pela infância). Ela valorizaria quem recebe estas crianças fora do período escolar e as retiram da rua, que tornou-se espaço de risco social.

O espírito que foi martirizado em Roma, valorizaria quem ensina estas crianças e seus pais a acreditarem no futuro, trazendo pessoas que enfrentaram e venceram a pobreza sem optar pela via do crime.

Cáritas também valorizaria quem educa as jovens mães, para que aprendam a cuidar dos filhos.

Ela se emocionaria com a juventude espírita, se a encontrasse retirando algumas horas da sua semana, já atribulada, para ensinar àquelas crianças o que os pais não conseguem.

Ela escreveria pelos que montam bibliotecas comunitárias e pelos que facilitam o acesso ao material escolar, especialmente quando este não é disponibilizado pelas autoridades.

Acho que Cáritas pediria aos grupos de costura para fazerem e consertarem uniformes escolares, despesas relativamente altas para as famílias que mal conseguem comer, bancarem com seus salários minguados.

Os princípios cristãos continuariam intocáveis, mas a ação no mundo modificaria, porque o mundo mudou, e sempre que o governo conseguisse erradicar da nossa sociedade um mal social, os espíritas, influenciados por Cáritas, modificariam sua prática, porque ainda falta muito para vivermos em um mundo feliz.

24.11.09

POR QUE OS ALUNOS DA EVANGELIZAÇÃO EVADEM-SE DA MOCIDADE?


A pergunta desta matéria foi feita por uma evangelizadora da cidade de Arcos-MG em uma palestra que fazia. A resposta não é simples.
Há a adolescência e, com ela, a tendência a procurar grupos de mesma idade. Se a Sociedade Espírita não oferece situações de aproximação dos jovens da evangelização, estes se enturmarão com jovens sem identidade espírita.
Cada vez mais a pedagogia destaca a importância de o antigo aluno ter um papel ativo no processo ensino-aprendizagem. Preparar espaços de aprendizagem com participação ativa dos alunos é mais difícil e demanda dedicação dos professores ou facilitadores. É mais fácil fazer uma exposição e contar uma história, o que torna o estudo entediante para muitos dos participantes.
Há também o interesse das famílias em promover a integração entre os jovens. Os pais já se desdobram tanto, levando e trazendo à escola, ao curso de idiomas, ao esporte, que costumam fazer "corpo mole" na hora de se envolver na educação espiritual dos filhos, e acham que apenas levar à evangelização ou juventude espíritas já está bom.
Cheios de energia e potencial, os adolescentes vão procurando outras coisas e abandonando as sociedades espíritas, em um mundo cheio de brilhos e objetos, chamamentos para gastar o dinheiro e exibir o ego em um triste desfile de posses.
Falo destas coisas pelo entusiasmo dos jovens acima. Embora os evangelizadores não conheçam, eles utilizaram uma pedagogia de projetos para sua aula. O tema do projeto eram médiuns brasileiros e a turma foi dividida em subgrupos, cada um com uma missão: preparar 30 minutos de uma exposição sobre um determinado médium.
Nem todos aderiram, mas os que aderiram fizeram-no com um espírito competitivo positivo, querendo que sua apresentação se destacasse e enriquecendo seu trabalho com jogos, técnicas, exposições, projeções, tudo o que viram ser feito ao longo do ano.
O grupo (na verdade a dupla) de Chico Xavier fez uma bela exposição, com abertura em letras góticas que lembram Harry Potter, do médium de Pedro Leopoldo.
O grupo de Yvonne fez uma montagem de fotos belíssima, com a médium em diversas etapas de sua vida.
O grupo de Divaldo projetou um pequeno filme com o médium baiano falando, e projetaram em powerpoint a vida, os livros e a Mansão do Caminho.
O grupo de Raul Teixeira fez mímicas com os tipos de mediunidade do médium fluminense, e realizou uma exposição com os livros já publicados através da Fráter. Apresentaram os espíritos que mais publicaram pela pena de Raul e sua vida.
Os jovens de 11 e 12 anos, com apoio permanente dos evangelizadores, reuniram-se, envolveram os pais (alguns procuraram os educadores em busca de informação e esclarecimento, outros queriam ver o trabalho dos filhos), encontraram-se em casa, enfim, integraram-se e realizaram juntos. Venceram a timidez da primeira fala e fizeram um trabalho de deixar envergonhado muito expositor grande.
Não sei o que o futuro reserva a eles e elas, mas recomendo aos que trabalham com educação espírita saírem do cômodo espaço da mera exposição e se desdobrarem pelo despertamento das potencialidades ocultas dos educandos.