15.3.10
PARABÉNS PARA O EC...
14.3.10
KARDEC: ENTRE O CHILE E O HAITI
Kardec escreveu sobre flagelos que acontecem na humanidade, especialmente em sua Lei de Destruição, na parte terceira de "O Livro dos Espíritos". A teologia de sua época depositava na vontade de Deus estas ocorrências, mas o mestre francês interroga aos espíritos quais seriam as intenções da divindade ao permitir este tipo de evento no mundo.
9.3.10
UTILIDADE PÚBLICA: PAINÉIS SOLARES NAS SOCIEDADES ESPÍRITAS
Nesse mês de março, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB) abre as inscrições para o curso de extensão "Aprendendo a fabricar, montar e instalar seu Aquecedor Solar de Baixo Custo", que obteve grande sucesso no ano passado.
O curso aborda o processo de construção e instalação de aquecedores solares em residências, mas possui um diferencial: os inscritos saem do Museu capacitados para construir seus próprios equipamentos. Eles aprenderão noções teóricas e, depois, seguirão para a prática, construindo, em conjunto, um aquecedor. Além disso, cada um receberá um manual com o dimensionamento, materiais e ferramentas necessárias e, ainda, informações sobre as técnicas de instalação, o que possibilitará a aplicação dos conhecimentos adquiridos à sua vida pessoal.
O Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC) é um projeto da Sociedade do Sol, que tem sua sede no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (USP) . Seu objetivo é possibilitar a disseminação da tecnologia de construção de um aquecedor solar de água, de 200 a 1.000 litros, destinado a substituir parcialmente a energia elétrica consumida por 36 milhões de famílias brasileiras usuárias do chuveiro elétrico, em casas e apartamentos
O evento acontecerá no dia 13 de março das 09 às 16 horas e as inscrições serão abertas do dia 08 ao dia 12 de março de 2010 e somente serão efetivadas após o envio do comprovante de pagamento (Guia de Recolhimento da União-GRU), no valor de R$ 50,00, para o fax nº 3409 7613, ou pessoalmente no Cenex do MHNJB.
Mais informações:
Cenex MHNJB – 31 3409 7612
Rafael Xavier - Instrutor do Curso - 31 9748 8545
Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG:
Rua Gustavo da Silveira, 1035, Santa Inês
Metrô: Descer na estação Santa Inês.
Ônibus: 1804, 4801A, 4802, 8001, 8802, 9105, 9205, 9207, 9550.
Para imprimir o comprovante de pagamento - GRU, siga as instruções abaixo:
- Acessar site: www.tesouro.fazenda.gov.br
- À esquerda da tela, clicar em:
SIAFI – SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
- De novo à esquerda da tela:
GUIA DE RECOLHIMENTO DA UNIÃO
IMPRESSÃO – GRU
- Digitar nos campos:
UG: 153264
GESTÃO: 15229
RECOLHIMENTO/CÓDIGO: 28830-6
NÚMERO DE REFERÊNCIA: 2009
COMPETÊNCIA: informar mês e ano do pagamento
VENCIMENTO: informar dia, mês e ano do pagamento
CPF DO CONTRIBUINTE
VALOR PRINCIPAL: digitar o valor a ser pago (R$ 50,00)
VALOR TOTAL: repetir o valor a ser pago
- Avançar e Clicar em:
EMITIR GRU
- Conferir dados, imprimir, pagar no Banco do Brasil e trazer o comprovante ou enviar via fax.
- Somente após o envio deste comprovante quitado sua inscrição será efetivada.
6.3.10
LONGA METRAGEM DE NOSSO LAR ESTARÁ NAS TELAS EM SETEMBRO DE 2010
28.2.10
ANTROPOLOGIA DA IMAGINAÇÃO
Finalmente consegui adquirir a tradução em língua portuguesa do clássico da antropologia francesa sobre o Espiritismo: A Mesa, o Livro e os Espíritos: Gênese, Evolução e Atualidade do Movimento Social Espírita entre França e Brasil, escrito por Marion Aubrée e François Laplantine.
O projeto é imensamente ambicioso, porque, além do estudo de campo, há uma intenção de comparar a trajetória histórica dos movimentos francês e brasileiro.
Sempre achei interessante o conceito de etnocentrismo. O olhar e a escuta dos pesquisadores franceses privilegiam no Brasil os aspectos que eles consideram míticos do Espiritismo. Da mesma forma que dizem que construímos uma representação social dos franceses como pessoas sofisticadas, os pesquisadores não conseguem evitar aquela representação de “carnaval, futebol e pobreza”, que a mídia construiu no imaginário internacional. Como não há conexão entre Espiritismo e futebol, ficou o carnaval e a pobreza. Já me explico.
Minha experiência pessoal com professores franceses, é de uma relação vertical com os professores brasileiros. Talvez estejam acostumados a recebê-los como alunos do lado de lá do Atlântico e generalizem indevidamente... A exceção que posso registrar foi a professora Helena Hirata. Supervalorizam o olhar estrangeiro sobre o Brasil, e nunca tive notícias de comentários sobre um olhar brasileiro sobre a França
Para que esta matéria não fique grande, vou tratar diversos pontos curiosos do livro em outras matérias. Escolhi o Pacto Áureo como primeiro ponto. Eles articulam o pacto áureo à Umbanda. Ele seria uma espécie de recomposição do movimento espírita, frente à ameaça da Umbanda, uma prática mais nacionalista, porque incorporava elementos dos cultos afro e indígenas (não há menção ao sincretismo católico, tão exaustivamente descrito por Deolindo Amorim e outros autores).
De fato, existia uma preocupação à época com os sincretismos, o que envolve as doutrinas orientalistas e o próprio catolicismo. O livro O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas é uma das respostas do movimento a esta tendência sincretizante, que deve ter se expandido após a ditadura Vargas, que proibiu e controlou não apenas as manifestações espíritas, mas todos os espaços de assembléias que pudessem significar alguma resistência ao regime.
Contudo, o Pacto Áureo nos soa como uma recomposição interna do movimento. Havia estados com duas ou mais organizações com papel de federativa, como era o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, uma organização que congregava intelectuais do Rio de Janeiro, São Paulo e possivelmente outros estados, que era a Liga Espírita do Brasil.Estas instituições disputavam entre si, dividindo o movimento.
Foi em um evento da Liga Espírita do Brasil, por sinal um evento internacional, que se tentou acertar um acordo nos bastidores, aproveitando a presença de lideranças importantes do eixo sul-sudeste. Delineada em seus princípios, uma comissão foi formada e iniciou diálogo com a presidência da Federação Espírita Brasileira, preservando a FEB, mas criando um Conselho Federativo Nacional, representativo das federativas estaduais.
Decidiu-se um critério para evitar criar um órgão com mais de uma representação estadual, o que foi uma ação claramente contra a divisão que existia em um movimento que, longe de estar frágil como parece entender Aubrée e Laplantine, enfrentou uma ditadura e manteve-se com um número substantivo de sociedades e federativas espíritas.
A primeira ação do Pacto Áureo foi a Caravana da Fraternidade, que tendo por interlocutor Leopoldo Machado e por financiador Lins de Vasconcelos, um dos mais hábeis articuladores do pacto, viajou pelo norte-nordeste em busca de uma adesão nacional.
Não houve campanhas institucionais contra a Umbanda, especificamente. Desde a mais tenra idade, vejo um esforço contra o sincretismo em geral pelo movimento espírita.
Aubrée e Laplantine dizem que as federações “resolveram criar uma ‘Grande Conferência Espírita’ para criar o Conselho Federativo Nacional”. Dizem também que, ao término da conferência que reuniu “os presidentes de todas as federações de estado, que defendiam a orientação kardecista, foi assinado o ‘Pacto Áureo’ que consagrava a aliança indefectível de todas as instituições que o assinavam, fossem subordinadas à FEB ou fossem autônomas, como, entre outras a FEESP...” (p. 198-199)
Nada mais estranho aos trabalhos que li que esta análise. O CFN é um órgão sediado na FEB, autônomo e, apesar da falta de autonomia financeira, não é subordinado a ela. Não houve participação de todas as federativas “de orientação kardecista”, como mostrei acima, e não há tanta centralidade da ameaça umbandista por detrás do Pacto Áureo.
O mais curioso é que sobram documentos e livros sobre o mesmo. Escritos até por pessoas que votaram em suas federativas contra o pacto, como é o caso de Memórias e Reminiscências Espíritas, de Deolindo Amorim, e dos inúmeros livros escritos por Leopoldo Machado, documentando suas viagens em detalhes. Ney Lobo publicou um trabalho sobre Lins de Vasconcellos detalhado e com reprodução de inúmeros documentos.
Minha impressão pessoal é que Aubrée e Laplantine preencheram os espaços em branco abertos pela ambição do projeto e pela falta de tempo e acesso a informações importantes com hipóteses imaginativas. Esta impressão se repete ao longo da leitura da tese. Como lhes falta interlocução, as fragilidades permaneceram. Houve também um privilégio aos autores acadêmicos que produzem sobre o Espiritismo, o que é muito curioso, porque os autores estrangeiros fazem análises etnocêntricas e nem sempre bem justificadas. Mais recentemente antropólogos brasileiros têm desconstruído pontos mais polêmicos.
Nada disto foi visto pelos colegas franceses, que ficaram mais impressionados com as supostas comunicações de médiuns e com o que teria caráter mítico (o papel da espiritualidade na história, na obra de Chico Xavier, a psicopictografia de quadros de pintores impressionistas, por exemplo, que é vista como um realismo fantástico pelos autores europeus), como se viessem ao Brasil assistir a um desfile de carnaval...
Em um próximo trabalho tratarei da questão da pobreza para os franceses e da ação social espírita.
27.2.10
À VENDA O PRIMEIRO LIVRO DA COLEÇÃO ESPIRITISMO NA UNIVERSIDADE
15.2.10
MAIS UMA DISSERTAÇÃO COM TEMÁTICA ESPÍRITA
7.2.10
UM EPISÓDIO DA VIDA DE CHICO XAVIER
O centenário de Chico Xavier, no dia 02 de abril, já tem dois eventos: o lançamento do filme sobre a vida do médium e o lançamento de um selo pelos Correios homenageando a data.
A melhor biografia em circulação (perdoem-me os autores das que ainda não li) ainda é a do jornalista Marcel Souto Maior. Linguagem fácil e acessível, busca de fontes não espíritas para entender as diferentes visões sobre os acontecimentos, nenhuma mitificação do Chico apesar de uma simpatia discreta.
Um episódio interessante que ele recuperou detalha as inseguranças do grupo de Pedro Leopoldo e do movimento espírita no início da prática mediúnica do jovem Francisco de Paula Cândido. O jovem médium psicografava, as pessoas desejavam publicar mas não sabiam como fazê-lo. Escreveram para Inácio Bittencourt, diretor do jornal espírita Aurora, que recomendou que se publicasse os trabalhos assinando-os com F. Xavier. Não havia menção de médium ou mediunidade.
Narra Marcel, que um dia a poetisa potiguar Auta de Souza ditou a Chico o soneto abaixo:
Mãe da Dores, Senhora da Amargura,
Eu vos contemplo o peito lacerado
Pelas mágoas do filho muito amado,
Nas estradas da vida ingrata e dura.
Existe em vosso olhar tanta ternura,
Tanto afeto e amor divinizado,
Que do vosso semblante torturado
Irradia-se a luz formosa e pura;
Luz que ilumina a senda mais trevosa,
Excelsa luz, sublime e esplendorosa
Que clareia e conduz, ampara e guia.
Senhora, vossas lágrimas tão belas
Assemelham-se a fúlgidas estrelas:
Gotas de luz nas trevas da agonia.
Belo soneto, que foi publicado no "Novo Almanaque Luso-Brasileiro para 1932" em Lisboa, segundo os articulistas do Grupo de Estudos Avançados Espírita - GEAE.
Marcel diz que um poeta português escreveu a Chico elogiando-o, entusiasmado. O médium ficou envergonhado. Como ele poderia aceitar elogios de um poema que não lhe pertencia? Não seria errado publicar em seu nome algo que ele sabia ter sido criado por outra pessoa? A partir daí Chico Xavier não mais ocultaria a origem mediúnica de seus trabalhos.
1.2.10
31.1.10
COMO SE FORMA UM ORADOR ESPÍRITA?
Pode-se instruir uma pessoa em técnicas de oratória, no uso de recursos audio-visuais, na preparação de discursos e palestras, através de cursos de curta e média duração. O domínio destes conhecimentos, entretanto, não forma um orador espírita.
Pode-se incentivar e motivar as pessoas à leitura de livros espíritas, o que amplia seus horizontes culturais, mas isto apenas não forma um orador espírita.
Pode-se sensibilizar o frequentador a participar de estudo sistematizado da doutrina espírita, de ciclos de estudo aprofundados, de eventos e encontros, mas a presença física em espaços de informação e diálogo isolados não forma um orador espírita.
Pode-se divulgar as bibliotecas e as livrarias espíritas, recomendar a participação em clubes do livro espírita, facilitar o acesso ao livro espírita, mas a mera posse e acesso aos livros não habilita ninguém à oratória espírita.
Pode-se destacar o valor de bons expositores. Mostrar os méritos de um trabalho bem feito, admirar a dedicação e o domínio do conteúdo doutrinário além da capacidade de dialogar e explicar de terceiros, mas a existência de exemplos não é suficiente para preparar um orador espírita.
Pode-se oportunizar o contato à exposição, abrir inicialmente quinze minutos para uma pequena fala nas reuniões, aproximar alguém com conhecimento e potencial, mas sem experiência, de expositores já amadurecidos para o intercâmbio formador, mas a oportunidade da fala e da troca de experiências, em si, não formam um orador espírita.
Pode-se criar espaços de crítica aos trabalhos realizados, fazer pesquisas rápidas junto aos assistentes das palestras, pedir que pessoas experientes assistam e comentem em particular os trabalhos realizados, encaminhar observações e sugestões para os oradores, mas a avaliação por si só não forma um orador.
Pode-se incentivar os oradores a engajarem-se em frentes de trabalho, a viver aquilo que dizem que os outros façam, a refletir sobre sua conduta e sobre sua vida, tendo por referência a proposta espírita, mas a auto-análise e o voluntariado apenas, não formam um orador espírita.
Pode-se sugerir que as pessoas não usem apenas seu cérebro ou seu coração na preparação de seus trabalhos, que articulem uma comunicação elaborada com as necessidades humanas, que se sensibilizem com os problemas e dificuldades da existência humana, mas a empatia apenas não forma um orador espírita.
Pode-se criar um espaço para a poesia, para a arte, para o belo e envolver a pessoa na estética, na sensibilidade artística, na capacidade de decodificar a mensagem da forma, mas isto apenas não forma um orador espírita.
Pode-se convidar o iniciante à dedicação, sensibilizá-lo à necessidade de preparação, de amadurecimento do que falará, pode-se despertá-lo para as consequencias daquilo que propõe ou diz, mas o empenho por si só não forma um orador.
Pode-se então fazer todas estas coisas e colocá-las à disposição dos interessados, e tudo isso junto, criará oportunidades de instrução, de auto-desenvolvimento, de aquisição de experiência, de vivência... Ainda assim, a formação do orador se dará na perseverança do interessado e no contínuo aprimoramento que ele empregue nesta nobre arte.
30.1.10
ENTREVISTA SOBRE MARTINS PERALVA
Você poderia explicar esta afinidade espiritual entre os dois?
GLN - A afinidade entre ambos sempre foi a afinidade das almas irmanadas no ideal de servir à causa do Evangelho de Jesus, redivivo agora pelas bençãos do Consolador Prometido pelo Cristo que é a Doutrina dos Espíritos. Por quase um quarto de século tive a alegria e a honra de conviver com esta "dupla dinâmica", como costumava brincar com eles, aprendendo a reconhecer em cada qual a medida exata da ponderação e do equilíbrio, do comedimento e da perseverança, da tenacidade e da esperança, na certeza de que Jesus, nosso Divino Mestre, é
que está no leme de nosso barco planetário.
EC -Peralva foi uma pessoa muito próxima de Chico Xavier. Há uma influência da obra psicografada pelo médium mineiro nos escritos de Martins Peralva? Que outros autores influenciam o texto de Martins Peralva?
GLN - Sem dúvida alguma que sim. A obra psicográfica de Chico Xavier, notadamente os escritos de Emmanuel e
artigos, textos e livros de elevada inspiração. Não somente a obra psicográfica de Chico Xavier contudo, foi sua fonte, mas também e principalmente os exemplos de amor e renúncia que o medianeiro de Pedro Leopoldo lhe oferecia à
observação percuciente e lúcida. Chico Xavier para Martins Peralva sempre foi um apóstolo de Jesus, exemplo de dedicação à Causa Espírita que haveria de ser seguido séculos afora. Obviamente que Peralva também se nutria das obras básicas da codificação espírita, pelos escritos iluninados de Allan Kardec e pelas comoventes narrativas dos Evangelhos. De modo que podemos dizer que a obra de Peralva se baseia neste tripé: Jesus, Kardec e Emmanuel. (compreendendo-se Emmanuel como o representante da plêiade de espíritos do Senhor que se
manifestaram pelas mãos de Chico Xavier).
EC -Como surgiu a ideia de lançar um novo livro de Martins Peralva?
GLN - Desde os últimos anos de vida terrestre de Martins Peralva conversava com ele e com seus filhos sobre esta possibilidade de editarmos um livro que contivesse os artigos escritos por ele e ainda inéditos
28.1.10
O ESPIRITISMO BRASILEIRO NO FINAL DO SÉCULO XIX
27.1.10
ESPIRITISMO COMENTADO NO MUNDO
26.1.10
O DETERMINISMO DOS DEUSES GREGOS
24.1.10
FILME SOBRE A VIDA DE CHICO XAVIER JÁ TEM TRAILER
23.1.10
SITE PUBLICA ENTREVISTAS COM OS PARTICIPANTES DO 5o. ENLIHPE
12.1.10
GERALDO LEMOS FALA SOBRE MARTINS PERALVA
EC: Qual foi a trajetória de Peralva no movimento espírita mineiro?
7.1.10
COMUNIDADE ESPÍRITA NOS ARREDORES DE BETIM-MG
Sábado pela manhã. Fui convidado para fazer um estudo para os pais (em sua grande maioria, mães) na Casa de Etelvina, município de Betim-MG.
A Casa de Etelvina foi construída nos anos 80, e houve um esforço do Célia Xavier para ampliá-la no ano retrasado. Eu ainda não a havia visitado após as reformas.
Boa parte dos voluntários, que realizam as atividades do sábado, saem de Belo Horizonte e fazem uma pequena viagem. Com medo de perder o caminho, encontrei-me com eles em torno das sete e meia da manhã. Como eles tinham que fazer escalas, fui acompanhado de uma jovem guia, do grupo da mocidade, que se confundiu no meio do caminho, e quase fomos parar na cidade de Mário Campos... Pergunta daqui e dali, todos os moradores de Citrolândia conheciam os centros espíritas em atividade na região, só não sabiam distinguir qual deles era a Casa de Etelvina.
O bairro mudou muito. Quando foi construído, dizia-se que ele era habitado por famílias de egressos da chamada “Colônia Santa Izabel”, um local para tratamento de hansenianos que não conseguia vencer a barreira do preconceito social. Os pacientes curados da doença não conseguem reintegração na sociedade e muitos deles passavam a morar do outro lado do muro da região. Por esta razão a comunidade espírita de Belo Horizonte sempre teve uma atenção especial para o local.
Depois de passear pelo bairro, cheguei à Casa de Etelvina. A comunidade espírita interage com a população local e entre si intensamente. Parece uma grande família italiana, álacre, alegre... Fui recebido pelo jovem Aguinaldo com uma criança no colo.
Aos poucos fui levado por todos os espaços e reapresentado ao trabalho. Há jovens voluntários e voluntários de espírito jovem. Eles lancham em conjunto e trabalham como abelhas nas diferentes frentes.
Após o lanche os trabalhadores reuniram-se para orar e trocaram avisos, discutiram problemas rapidamente propondo soluções.
Hoje, Etelvina conta com uma biblioteca de obras espíritas bem montada. Pude ver pessoas buscando e trocando livros, especialmente infantis. A infância ainda é o grande mobilizador das pessoas de baixa-renda.
Fiz uma palestra bem humorada e dialogada com as mães das crianças. O tema era evangélico, uma parábola, mas houve participação e conversa de todos, porque o espírito humano traz alguns elementos que não se modificam com a história. Vi mulheres lutadoras, que não se importavam em compartilhar algumas de suas experiências pessoais, histórias de amor e violência, trabalho duro e abandono, temperadas com bom humor e esperança.
Feita a prece final, fui fotografar a casa e acompanhar outros trabalhos. A Casa de Etelvina fez uma parceria com a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) e mantém um curso básico para eletricistas. Vi muitos jovens de calça jeans e satisfação por terem sido escolhidos para este curso. Se for bem sucedido, há planos de ampliar sua duração e o escopo da formação dos jovens. As duas salas com o material do curso parecem um pequeno laboratório de eletrotécnica. Disjuntores, lâmpadas, conectores e outros materiais elétricos compõem as bancadas de estudos. Pensar que muitos destes jovens podem estar ascendendo profissionalmente a partir desta iniciativa simples.
Figura 6: Painel de Ferramentas do Curso de Eletricidade Básica
Passei por uma sala onde uma equipe de passistas recebia as famílias interessadas. O ambiente era suave e o trabalho inspirado.
25.12.09
SOCIEDADES ESPÍRITAS NOS ESTADOS UNIDOS
BILAC: DE TARDE AO PARNASO
Mesmo não tendo formação em Letras, como o autor, estou calejado com a leitura de trabalhos e monografias, uma das atividades cotidianas de um professor universitário.
Benedito impressiona pela originalidade e pela coragem. Ele dá mostras de conhecer as infindáveis regras do metro parnasiano, descreve à exaustão as características da poesia para realizar um trabalho até então incompleto e recorrente nas mentes que conviveram com a obra primeira de Chico Xavier: há uma assinatura poética dos autores que escrevem através de suas mãos? Há elementos identitários das personalidades dos poetas tão conhecidos?
Benedito escreveu em seu trabalho três capítulos cruciais. Inicialmente ele apresenta Chico Xavier ao seu leitor, usando principalmente Souto Maior, mas também Elias Barbosa e alguns dos autores que estudaram o médium no contexto acadêmico, como Bernardo Lewgoy. Ainda neste capítulo, ele retoma a obra de Olavo Bilac, que divide em dois momentos. O livro Tarde é escolhido como base para a comparação dos poemas de Bilac em Parnaso de Além Túmulo.
Pereira compara inúmeras características dos poemas: vocabulário, uso de adjetivos e verbos, de substantivos e de advérbios. Ele se detém no preciosismo de Bilac vivo e morto. Benedito Pereira analisa também o ritmo na palavra, no verso e na estrofe, discute o enjambement, a direção do movimento rítmico e a rima, as figuras de efeitos sonoros, a correção gramatical e as figuras de linguagem.
Neste ponto do trabalho já vemos que existe por trás um orientador rigoroso e um aluno dedicado. Quais seriam as conclusões finais? Bilac encarnado é o mesmo que ditou dez poemas do parnaso para Chico Xavier? Deixo a dúvida no ar, para que as pessoas queiram conhecer e ler o trabalho de Benedito Pereira, escrito em 2008 para a Universidade do Vale do Sapucaí, em Pouso Alegre-MG.
http://docplayer.com.br/15569611-Benedito-fernando-pereira-psicografia-e-autoria-um-estudo-estilistico-discursivo-em-parnaso-de-alem-tumulo.html