2.8.17

TRATAMENTO ESPIRITUAL (HEALING) BENEFICIA PACIENTES COM SINTOMAS CRÔNICOS?




Um estudo que já pode ser considerado antigo, mas que tem resultados importantes foi publicado por Michael Dixon no Journal of the Royal Society of Medicine em 1988. O autor preocupou-se com o sentimento de desalento (hopelessness) que atinge pacientes com doenças crônicas, a partir dos quais havia relatos que ao passar por um curador espiritual (healer), o desalento havia diminuído. Contudo, ficava uma questão: as melhoras aconteceriam por causa do efeito placebo? As causas seriam puramente psicológicas?

Os efeitos já descritos por outros três trabalhos foram citados por Dixon e se resumem em:
  1. Peregrinos retornando de Lourdes relatavam redução de ansiedade e depressão por mais de dez meses.
  2. O estresse psicológico parece reduzir a cicatrização de feridas, e as intervenções religiosas que reduzem ansiedade e depressão diminuíam a mortalidade.

Outra questão que o interessava eram as células NK (natural killer), “célula linfoide com atividade contra vírus, bactéria e tumores primários e secundários” (p. 183). Havia um estudo da psiconeuroimunologia que apontava que as células NK podiam estar associadas à depressão e ao estresse.

Dixon pesquisou em um distrito rural da cidade de Devon, Inglaterra), 57 pacientes que tinham doenças há pelo menos seis meses e que não tivessem respondido a tratamentos prévios, convencionais ou não. Eles deviam ter mais de 18 anos e estar dispostos a procurar um curador (healer).

Os pacientes receberam a visita dos curadores por doze semanas (5 pacientes por vez) e escolheram-se pacientes sem tratamento, de perfil semelhante, para comparação. Eram sessões de 45 minutos, semanais. As doenças dos pacientes eram artrite, dores no pescoço/costas, depressão, psoríase, enxaqueca/dores de cabeça, dores nos membros, doença de Crohn/colite ulcerativa, eczema, estresse, dor abdominal, pacientes recuperando-se de acidente vascular cerebral e outros. Na divisão dos grupos experimental (tratado com curador) e controle (sem tratamento), foram distribuídos pacientes com doenças semelhantes de forma equivalente. Se no grupo experimental houvesse dois pacientes com enxaqueca, no outro também haveria. Em um segundo momento do estudo metade dos pacientes receberam visitas por mais doze semanas.

Foram feitas avaliações no início do estudo, após três meses e após seis meses (dos que participaram até este período). Os pacientes avaliaram seus sintomas em uma escala de zero (sem sintomas) a dez (sintomas insuportáveis). Ansiedade e depressão foram medidas pelos pacientes em uma escala chamada HAD (Hospital Ansiety and Depression). A capacidade de funcionamento geral foi avaliada pelo perfil de habilidade funcional de Nottingham. O percentual de células NK foi avaliada por exames laboratoriais, junto com a medida de células brancas e linfócitos.

Resultados

Depressão e ansiedade    
Nos três primeiros meses o grupo de pacientes em tratamento espiritual teve uma melhora significativa com relação ao grupo controle (sem tratamento) (ansiedade p < 0,01 e depressão p < 0,05))

Função geral

O grupo que sofreu tratamento teve uma melhora significativa com relação ao grupo controle (p < 0,01). Aos seis meses, o grupo que manteve o tratamento não teve diferença significativa com relação ao grupo controle.

Mudanças Imunológicas

O percentual de células NK (do tipo CD 56 e CD 16) não alterou significativamente em nenhum dos dois grupos

Consultas e medicação

Os pacientes do grupo experimental tiveram uma maior redução de medicamentos que os do grupo controle (p < 0,05), embora só tenha atingido 9 dos 27 pacientes, enquanto apenas 2 dos 24 pacientes do grupo sem tratamento também tenham tido redução de medicamentos.

Discussão

Os autores consideram sua pesquisa como sendo a primeira a estudar o efeito de um curador em um estudo controlado. “52% dos pacientes se sentiram substantivamente melhor após o tratamento espiritual, não tendo apresentado resposta a tratamentos prévios, além disso nenhum se sentiu pior.”

Não houve mudanças na resposta imunológica, e as primeiras impressões de que o tratamento espiritual reduziria a quantidade de consultas por ano não se confirmou. Dixon sugere que haja novos estudos sobre a redução da taxa de medicamentos.

Ele reconhece que como é um trabalho com um número pequeno de pessoas, o estudo é apenas exploratório (gerador de hipóteses) e não explicativo (de teste de hipóteses). Além disso, ele tem a limitação de não alocar os pacientes aleatoriamente (a amostra era heterogênea, então se usou um quase-pareamento de pacientes).

Ele recomenda que nos novos estudos se avalie a efetividade do custo do tratamento espiritual (incluindo custos da terapia, mudanças na medicação corrente, taxas de consulta e dias afastado do trabalho) como uma forma de verificar se vale a pena o Serviço Nacional de Saúde inglês custear o tratamento por healing.

As recomendações do autor foram parcialmente ouvidas, como se pode ler em outros estudos recentes, e ele foi citado por muitos autores posteriores. A questão das células NK também foi abordada futuramente.

E os passes espíritas?

Como nós, espíritas, fazemos aplicação gratuita de passes, as questões financeiras se reduzem ao deslocamento dos pacientes para os centros espíritas, ou das equipes de passistas para a residência dos pacientes crônicos, quando eles estiverem impossibilitados de fazê-lo.

Há uma diferença marcante do tempo das sessões estudadas para o tempo que geralmente é destinado aos passes nos centros espíritas (cerca de uma hora de participação em estudos e cinco minutos de aplicação de passes), mas esta questão foi tratada em um estudo mais recente no Brasil, que encontrou efetividade no tratamento em um grupo que fazia os pacientes passarem por trinta minutos de relaxamento com música seguido de passes de curto tempo de duração.

Dixon, Michael. Does “healing” benefit patients with chronic symptoms? A quasi-randomized trial in general practice, Journal of the royal society of medicine, v. 91, abr. 1998, pág. 183-188. Impact Factor - 2,185 (2016)

Acesso (aparentemente gratuito) através de:





"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

31.7.17

EXPLORE PUBLICA NÚMERO ESPECIAL SOBRE HEALING



A revista Explore acaba de publicar um número dedicado a discutir o que é "healing" (cura), com um artigo escrito por Jack Levin e comentários feitos por pesquisadores da área de saúde sobre este trabalho.

O texto de Levin em inglês e os dos comentaristas podem ser lidos em http://www.explorejournal.com/current porque a revista é aberta ao público. 



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

28.7.17

TRATAMENTOS SEMELHANTES AO PASSE E À PRECE: PALAVRAS QUE PERMITEM ACESSAR PESQUISAS CIENTÍFICAS


Johrei: prática de imposição de mãos da Igreja Messiânica

Um artigo considerado clássico fez uma revisão de estudos positivos com relação ao que é denominado healing (cuja tradução para o português seria cura). Foi escrito por dois Phds, Hodges e Scofield (1996), que agruparam uma série de técnicas de cura que vão das orações à imposição de mãos, além de técnicas que envolvem toques na pele, o que não fazemos no movimento espírita.

Os autores classificaram quatro tipos de técnicas (o texto entre aspas é tradução do que escreveram):

Faith healing (cura pela fé): “ela ocorre no contexto religioso, usualmente durante um serviço da igreja ou em forma de grupos de oração pela cura”.

Spiritual healing (cura espiritual): “Na Grã-Bretanha o nome mais comum, usado para cura usando a imposição de mãos, a técnica mais amplamente usada. Este método não requer que o paciente tenha fé. A cura é administrada pela colocação das mãos sobre ou próximas ao corpo do paciente. A variação desta técnica é a cura distante (distant healing) na qual o curador dirige as intenções de cura a um paciente situado em outro lugar qualquer. Há evidências a favor e contra um efeito positivo da cura à distância. A pesquisa sugere que a cura à distância não é baseada em energias eletromagnéticas.”

Terapeutic Touch (toque terapêutico): “Ele é muito semelhante com a cura espiritual, exceto pelo curador encostar na superfície da pele. É a única das poucas técnicas terapêuticas que fez progressos entre as profissões de saúde, particularmente nos Estados Unidos. Foi testada em um número limitado de ensaios (trials) de pesquisa, com alguns resultados positivos significativos.”

Reiki healing (Reiki) “Reiki é um sistema de cura que foi desenvolvido no Japão. Ele usa ambos, a imposição de mãos e as técnicas de cura à distância. Poucos estudos foram feitos com Reiki. Um estudo mostrou mudanças em alguns parâmetros do sangue.”

À época os autores britânicos não conheciam os passes utilizados pelos centros espíritas, mas mais recentemente se tem encontrado a expressão spiritist “passe”, geralmente publicada por pesquisadores brasileiros que estudam esta prática nos centros espíritas.

Outras palavras que podem ser usadas para pesquisa em periódicos médicos e de saúde, da imposição de mãos ou práticas semelhantes, ou de orações e irradiações, são:

Distance healing (cura à distância)

Noetic healing (cura noética ou pelo pensamento)

Intercessory prayer (prece intercessora)

Laying on of hands (imposição de mãos)

Johrei (Johrei – é uma prática da Igreja Messiânica que usa a imposição de mãos e a oração)

Práticas de cura ou tratamento à distância são diferentes, envolvem tradições culturais e, por isso mesmo, têm suas características próprias. O aplicador do Johrei, segundo entrevista que fiz há muitos anos na Igreja Messiânica de Belo Horizonte, ganha uma espécie de medalhinha que usa durante a prática. No meio espírita, incentiva-se a simplicidade, e evita-se tudo o que possa lembrar ritos, roupas especiais e gestos desnecessários. Contudo a imposição de mãos e o pensamento voltado á recuperação dos paciente (com ou sem preces) são elementos presentes nestas práticas, o que torna os resultados de pesquisa de interesse dos estudiosos dos passes e dos tratamentos espirituais.

Hodges, R. D., Scofield, A. M. Is spiritual healing a valid and effective therapy?, Journal of the Royal Society of Medicine, v. 88, abr. 1995, p. 203-207


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

26.7.17

QUE REVISTAS TÉCNICAS PUBLICAM ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE PASSES?



Quando falamos em revistas, o que geralmente vêm à mente das pessoas é o que a língua inglesa sabiamente denomina como magazine. São veículos de notícias, como a Veja, a Isto é, a Época e a Caros Amigos. Magazines podem ser também voltadas a assuntos específicos, como a Quatro Rodas (automóveis), Placar (futebol), Cláudia (revista feminina), Casa e Jardim (decoração), Vogue (moda), só para ilustrar.

Para pesquisadores, contudo, revistas técnicas (no inglês journal, review) são lugares em que se leem trabalhos especializados de uma área de conhecimento, revistos por outros pesquisadores da área (peer review), que seguem uma série de normas e critérios para publicação. Estas não são encontradas em bancas de revistas, porque não são voltadas ao grande público. Seus leitores têm que dominar os conceitos, métodos e técnicas da área de publicação. O diferencial destas revistas é que os autores não publicam apenas o que concluíram de suas pesquisas, mas como pesquisaram, exatamente que testes fizeram, o que leram para chegar à sua questão de pesquisa, e quais as conclusões, discussões e limites daquilo que chegaram.

Como já vimos, há revistas da área médica que publicam sobre passes, e há revistas de outros campos do conhecimento, como história e antropologia, mas nosso interesse no 13º. ENLIHPE ficou mais voltado à prece e curas espirituais em conexão com as áreas de saúde.

Nos levantamentos que fiz, há três periódicos que tem um bom número de publicações, e que repasso ao leitor:
  1.  Journal of alternative and complementary medicine ISSN: 1075.5535
  2.  Journal of evidence based complementary and alternative medicine ISSN: 2156-5872
  3. Explore: the journal of science and healing ISSN: 1550-8307

Além deles, vi muitas citações sobre os temas que estão em revistas da área de parapsicologia. Uma das mais tradicionais:

1.Journal of Society for Psychical Research ISSN: 0037-9751



Não consegui, contudo, acessar esta última. Ela foi incluída em uma base de revistas de parapsicologia, chamada Lexscien – Library of Exploratory Sciences: http://www.lexscien.org/lexscien/index.jsp

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Vagas limitadas.


24.7.17

PROCURANDO POR PESQUISAS SOBRE PASSE EM REVISTAS ESPECIALIZADAS NA ÁREA DE SAÚDE




Com o avanço das ciências, novas possibilidades de estudos sobre o passe ou técnicas similares às que vemos nas sociedades espíritas se abriram. Ao contrário do que pensam alguns confrades, os estudos sobre os passes não findaram ao apagar das luzes do século XIX.

Na Grã-Bretanha, há associações de “spiritual healers”, com milhares de inscritos. São pessoas que se propõem a tratar de pessoas doentes com imposição de mãos, normalmente sem toques no corpo. A busca destes profissionais pela população tem influenciado muitos pesquisadores da área de saúde a realizarem estudos, pelo menos sobre os resultados observados, em comparação com doentes que não passam pelo tratamento (por que não desejam).

Os estudos não são poucos. No Brasil, um grupo de universidades tem acesso a uma base chamada “Periódicos Capes”, que é formada por diversas bases de dados internacionais. São milhares de revistas técnicas de todas as áreas de conhecimento.

Ao digitar a expressão “spiritual healing” no campo de pesquisas por assunto, encontrei 116.455 artigos. Então usei os filtros e reduzi para artigos, revistos por pares, da área de medicina e encontrei 3615 artigos.  Diante da dificuldade, escolhi apenas os artigos que tinham a expressão “spiritual healing” no título, publicados entre 2010 e 2017. Para minha surpresa são 78 artigos para se ler.

Vendo os resumos dos textos, descobri que pesquisadores brasileiros estão criando um novo termo de pesquisa para seus trabalhos. Trata-se de spiritist “passe”, expressão cunhada por que estudaram os passes no ambiente espírita. Obtive 37 retornos (alguns duplicados).

Este pequeno esforço me fez pensar em duas coisas. A ideia que a ciência ou as ciências não se interessam e têm preconceito para os estudos sobre os passes, precisa ser revista. Há muitos trabalhos modernos, que atendem às exigências contemporâneas de publicação, infinitamente maiores que comparadas com o século XIX. Houve o desenvolvimento da metodologia de pesquisa, da estatística e o aumento (e a formação) dos pesquisadores e das áreas de conhecimento limítrofes (psicologia, física, biologia, medicina, etc...). Logo, são estudos com muito mais qualidade que os que lemos nos livros dos magnetizadores do século XIX, por exemplo.

A segundo ponto, é que com a exigência de internacionalização das publicações, trabalhos originalmente seriam publicados em português, estão sendo publicados em inglês, para atingir a um público maior. Se os espíritas desejarem estar “em dia” com o que se produz de conhecimento, às vezes em sua própria cidade, precisarão estar atentos e ter acesso, de alguma forma, a livros e artigos publicados na língua de William Shakespeare.

"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

Vagas limitadas.

20.7.17

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE MEDICINA ALTERNATIVA E MEDICINA COMPLEMENTAR?




Ao rever pesquisas em periódicos científicos sobre a temática dos passes para cursos de passes e para o 13º. ENLIHPE, tenho encontrado muitos artigos em revistas de medicina alternativa e complementar (revistas especializadas, com artigos selecionados e verificados por pares).

Em princípio, achei que eram conceitos conhecidos por médicos e desconhecido apenas por mim. Ao inserir aos estudos deste tema nas casas espíritas, comecei a perceber que muitos profissionais da área de saúde têm uma noção do que é medicina alternativa, mas não conhecem o termo medicina complementar.

Aqui vai uma ajuda:

Medicina complementar: um grupo de disciplinas diagnósticas e terapêuticas que são usadas em conjunto com a medicina convencional. Um exemplo de uma terapia complementar é o uso de acupuntura além dos cuidados tradicionais para ajudar a diminuir o desconforto de um paciente após uma cirurgia. ”

Medicina alternativa é usada em substituição da medicina convencional. Um exemplo de uma terapia alternativa é o uso de uma dieta especial para tratar um câncer, em vez de submeter-se a cirurgia, a radiação ou a quimioterapia que tenham sido recomendadas por um médico. ” 

(Disponível em www.medicinenet.com. Acesso em 16 de julho de 2017)

Considerando que a definição acima está correta, não se trata, portanto, de fazer uma lista de práticas que são classificadas como alternativas e outras como complementares. Uma mesma prática pode ser alternativa ou complementar, dependendo da forma como é visto seu uso pelo paciente ou recomendada pelo terapeuta.


Recomendamos que os passes, também chamados por alguns espíritas de fluidoterapia, sejam vistos como uma forma de terapia complementar, que sejam aplicados nos que necessitam deles sem qualquer exigência de abandono de tratamentos convencionais recomendados por médicos devidamente qualificados. 

Também recomendamos que nenhum passista influencie seus pacientes a parar com medicação prescrita por médicos, orientando, no máximo, que procure orientação médica para avaliar se o tratamento deve ou não ser interrompido ou continuado. 


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

Vagas limitadas.

18.7.17

Espiritismo ou espiritismo? (desta vez não vou poder escrever o título todo em maiúsculas, como gosto...)




Acessei o “Manual de Comunicação” da Secretaria de Comunicação do Senado Federal com uma dúvida: os nomes de áreas do conhecimento devem ser escritos em maiúscula ou minúscula?

Há algumas décadas, era consenso que se escrevesse física, psicologia, geologia e outras áreas de conhecimento com inicial maiúscula. Estava disposto no Acordo Ortográfico de 1943. (http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php?action=acordo&id=16-49&version=1943Por esta razão, encontramos espiritismo escrito em maiúscula nos livros de Allan Kardec, publicados há anos atrás.

Mais recentemente, meu editor reviu-me um texto e me explicou pacientemente que a língua evoluiu, e que, com a evolução do uso, as áreas de conhecimento são escritas em minúsculas nos principais jornais, revistas e órgãos de comunicação. Como se trata de um costume, e não de um mérito ou demérito, adotei imediatamente.

Como é uma mudança, passei a sofrer o efeito contrário: todos querem me corrigir. Escrevi estatística, e um professor da área pediu que escrevesse com maiúscula. Pedi que um autor mudasse de Física para física, e ele me pediu uma norma por escrito. Espiritismo, então, causa furor.

- “Espiritismo com minúscula? Nunca vi isso!” Ouvi de um amigo.

- “Não posso aceitar que o espiritismo seja escrito com minúscula! Ouvi de um editor de revista.

Eu já me acostumei, e vou levando em frente. No “Espiritismo comentado” o espiritismo será escrito em inicial minúscula ainda que continue batendo maiúsculo no coração.

Mas, terminando a história (e não estória, apesar de já estar dicionarizado também, mas como diacronismo e regionalismo) , no Senado Federal está escrito:

"Atualização (24 de março de 2014): nomes de cursos, disciplinas e áreas do conhecimento, em sentido amplo, passam a ser grafados em iniciais minúsculas"

No manual de redação da Folha de São Paulo:

"disciplinas — Escreva seus nomes sempre com minúscula: direito, medicina, educação física, ciências sociais, filosofia, português, matemática."

No manual de redação da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, de 2008

"ESCREVA COM MINÚSCULA • Nomes de áreas ou disciplinas da ciência: física, medicina, química, sociologia, astronomia, ecologia, ciências humanas, história, paleontologia."


Contudo, observando a lei pedida pelo colega, os comentaristas que li sobre o Novo Acordo Ortográfico são unânimes em dizer que se tornou opcional usar maiúscula ou minúscula no início dos nomes que designam áreas de conhecimento ou domínios de saber, cursos e disciplinas.

15.7.17

COMO FORTALECER UMA ASSOCIAÇÃO.





Há alguns anos o Dr. Ysnard Machado Ennes fez circular um texto com uma ironia fina intitulado “Como destruir uma associação”, de autor desconhecido. 

Ele destacava pequenas omissões, atitudes infantis e outras ações dos membros que acabariam por extinguir a organização que eles próprios criaram.

Em uma atividade de sensibilização dos dirigentes de reuniões mediúnicas na Associação Espírita Célia Xavier, fizemos uma adaptação do texto, invertendo os comentários irônicos para destacar ações que devemos fazer se desejamos que nossos grupos permaneçam.

Vejam como ficou.
  1. Frequente a entidade.
  2. Reconheça as melhoras realizadas e não apenas os defeitos e as limitações.
  3. Aceite incumbências que lhe são confiadas ou encontre pessoas com o perfil de realização necessário.
  4. Dê sua opinião sobre os assuntos e comprometa-se com as soluções aceitas pela direção.
  5. Entenda a dificuldade de se aceitar cargos voluntariamente e aceite se puder.
  6. Compreenda que nem sempre sua opinião prevalecerá em uma discussão
  7. Ajude a direção. Lembre-se que você pode ocupar este lugar um dia, e vai precisar de ajuda.
  8. Compareça às assembleias e reuniões ou faça-se representar.
  9. Responda os questionários, pesquisas e consultas feitas pela direção da associação. Elas visam conhecer a opinião da coletividade para tomar decisões.
  10. Se não concorda com uma decisão da qual não participou, consulte o responsável e esforce-se por entender porque foi tomada.
  11. Leia sempre os boletins e publicações da associação.
  12. Esteja bem informado antes de opinar.
  13. Prepare substitutos para os cargos que ocupa.


O que vocês acham?

13.7.17

PRECE E CURAS ESPIRITUAIS



Não costumamos publicar no Espiritismo Comentado a divulgação de eventos, que ficam para nossos blogs-parceiros Eventos Espíritas e Agenda Espírita Brasil. Como exceção, gostaria de divulgar o 13o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, que acontecerá na sede da União das Sociedades Espíritas de São Paulo, no último final de semana de agosto.

O encontro da LIHPE é diferente dos eventos formados exclusivamente por expositores convidados. É um evento aberto, no qual os interessados submetem trabalhos que são revistos e selecionados por um comitê formado por membros da LIHPE e convidados com experiência acadêmica, geralmente mestres e doutores em suas respectivas áreas. É, portanto, um evento para quem gosta de estudar o espiritismo, seja espírita ou não. 

Geralmente se assiste expositores que não são conhecidos pelo público em geral, mas que se aprofundaram em um determinado tema. O evento sempre reserva espaço para perguntas e respostas após uma apresentação de trabalhos ou um pequeno conjunto de apresentações. 

As instituições anfitriãs geralmente disponibilizam muitos livros ligados ao tema, novos, e as publicações da LIHPE e do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro. Ano passado tivemos a presença de diversos autores de livros espíritas, que possibilita uma ótima conversa nos intervalos.

O auditório não é grande, deve comportar apenas 150 pessoas, então recomendo a todos que se inscrevam com antecedência. A ficha de inscrição está no site da USE-SP: http://usesp.org.br/13o-enlihpe/

O evento se inicia às 8 horas da manhã do sábado e encerra às 12 horas do domingo.

Abaixo orientação sobre as inscrições:
1.    Recolher a taxa de inscrição no valor de R$ 40,00 (quarenta reais), a ser depositada na conta corrente da USE SP (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) – Banco: Itaú – Agência: 0725 – C/C: 06890-2 – CNPJ: 43 305 762/0001-09; esta taxa cobrirá custos dos dois cafés da manhã, três coffee-breaks, despesas com materiais de secretaria e de limpeza, não cobrindo despesas com almoços, jantares e transportes.

2.    Após o depósito/transferência da taxa, encaminhar para o e-mail use@usesp.org.br anexando:

A.    Cópia do comprovante de depósito e a
B.    Ficha de Inscrição completamente preenchida.

3.    Após recebimento do e-mail do interessado com as etapas acima efetivadas, será retornado e-mail com confirmação da inscrição




11.7.17

HAROLDO DUTRA ENTREVISTA ALEXANDRE FONSECA







A União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, promoveu um congresso de âmbito estadual, este ano, na cidade de Atibaia-SP. Haroldo Dutra aproveitou para fazer uma entrevista com Alexandre Fonseca, com a participação de Alberto Almeida.

Eles estão conversando sobre física. Alexandre entende que não se deve, por exemplo confundir o conceito kardequiano de fluido com o de energia. Ele argumenta que a pretexto de atualizar Kardec, as pessoas na verdade estão gerando ideias confusas e sem real conexão com a física contemporânea.

Alexandre fala um pouco dos conceitos de matéria, massa, fluido e energia, de matéria escura, da lei de conservação da energia na criação de fótons, da questão da antiguidade ou não de teorias físicas, de como Newton não está ultrapassado (apenas se mostrou que seus princípios não explicam fenômenos do universo subatômico), entre outras questões.

Infelizmente o áudio não está bom, porque apenas Haroldo estava com microfone, então há uma diferença acentuada entre o tom de voz do entrevistador e o dos entrevistados. 

9.7.17

HOMENAGEM AO PARNASO DE ALÉM TÚMULO





A União Espírita Mineira promoveu ontem, em sua Sede Federativa, um evento comemorativo dos 85 anos de publicação de Parnaso de Além Túmulo, o primeiro livro publicado por Chico Xavier.

Falou-se de poesia, do Chico e do livro. Marival Veloso de Matos, 83 anos, ex-presidente da federativa, além de fazer a palestra, declamou de memória partes de "O Livro e a América" de Castro Alves. Como a idade confere experiência e generosidade a alguns, Marival compartilhou a tribuna com um colega advogado, convocado de improviso, que falou sobre o estilo de Augusto dos Anjos, o que fez com clareza e desenvoltura.

Há muitas informações interessantes, como, por exemplo, como foram se fazendo as alterações das ordens dos poemas e de como se inseriram novas poesias no livro. Fiquei curioso para ler a poesia Deus, de Antero de Quental.

A variedade de estilos e poetas no livro impressiona a quem estudou alguma coisa de poesia. Haja vista a fala de Monteiro Lobato:

"Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras."

Ou o depoimento de Raymundo de Magalhães Júnior, da ABL.

"Se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de talento. Sua facilidade de imitar seria um dom especialíssimo, porque ele não imita apenas Antero de Quental, Olavo Bilac e Humberto de Campos, mas Alphonsus de Guimaraes, Artur Azevedo, Antônio Nobre, etc."

E apesar da fala negativa de João Dornas Filho, da ABL, hoje há monografias com texto menos apaixonado, se opondo ao que ele escreveu abaixo:

"Olavo Bilac, um homem que no estágio de imperfeição nunca assinou um verso imperfeito, depois de morto ditou a Chico Xavier sonetos inteirinhos abaixo dos medíocres."


Voltando a Marival, ele encantou a assistência com sua capacidade de lidar com os improvisos e com seu bom humor. Cantou um pouquinho e declamou uma poesia que escreveu ao Chico Xavier: Cisco de um cisco.

A pesquisa merece ser conferida. Para o leitor que deseja ir direto à palestra, ela inicia-se aos 34 minutos e 25 segundos.

8.7.17

REVUE SPIRITE DE 1917, HÁ CEM ANOS!



Estava procurando um texto na Revista Espírita de 1916-1917 para um colega da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE. Encontrei um texto de capa que relaciona revistas em diversos países do mundo que tratavam na época da Doutrina.

Para minha surpresa, eles conheciam "O Espírita Mineiro" e Belo Horizonte se escrevia Bello-Horizonte. Estávamos no mapa!

Dá para constatar que poucos jornais e revistas conseguiram superar o teste dos cem anos. 

No Brasil, o Reformador cresceu e hoje pode ser assinado digitalmente.

A Light, fundada por Dawson Rogers e Stainton Moses durou apenas até 1941, Mas ela pode ser lida ainda hoje graças a iniciativa de uma Associação Internacional para a Preservação dos Periódicos Espiritualistas e Ocultos.

A revista italiana Luce e Ombra continua sendo editada e mantida pela Fondazione Biblioteca Bozzano de Boni. Vi seu índice, e há muitas contribuições que fogem ao espiritismo hoje, como textos sobre Jung, por exemplo, sem conexão com o pensamento espírita, aparentemente. No número de 2017 há um artigo sobre Símbolo, sonho e mito.

A revista espanhola Luz y Unión, foi fundada em 1900 (Unión Espiritista Kardeciana de Cataluña), tornou-se Luz, Unión y Verdad em 1914 e depois se funde com a revista Los Albores de la Verdad, que era dirigida por Jacinto Esteva Marata, em 1917. A coleção da Biblioteca Nacional de España vai até março de 1919. 

Não tenho informação exata, mas parece que nenhuma das revistas francesas, exceção da própria Revue Spirite, foi continuada até os dias de hoje.

Creio que precisamos de um trabalho de digitalização e disponibilização digital da coleção completa de nossa revista, assim como as demais de outros países, considerando sua continuidade e importância histórica, e o pleno vigor do pensamento espírita na capital mineira.

6.7.17

DEOLINDO AMORIM CONHECE CARLOS IMBASSAHY

Carlos Imbassahy



Quando me reconheci espírita, Carlos Imbassahy já havia desencarnado, mas tive a honra de conhecer Deolindo Amorim. Hoje estava passando os olhos no livro "Ideias e reminiscências espíritas", escrito pelo Deolindo como uma rajada de vento sobre as pessoas que conheceu no movimento espírita. Encontrei, então, o parágrafo em que ele conhece o Bozzano Brasileiro:

Deolindo Amorim

"Lembro-me, com emoção, como se fosse hoje. Estava eu, com alguns companheiros, organizando o I Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas. Fui procurar Carlos Imbassahy para aceitar a incumbência de uma das teses do Congresso. Ainda não o conhecia de perto, e naturalmente esperava encontrar um homem diferente, cerimonioso, um tanto formal ou, talvez, um escritor fechadão, de pouca conversa. Estava na praia. Fiquei esperando. Pouco depois, vinha ele, calmo, de calção de banho, juntamente com Da. Maria, a inseparável esposa, sempre de alma aberta a todos quantos ali chegavam. Imbassahy "desarmou-me" logo, porque me tratou com intimidade, como se já fôssemos velhos conhecidos. Deixou-me à vontade. Insistiu para que almoçasse com ele. Claro que aceitou o convite da Comissão Organizadora do Congresso e apresentou realmente uma tese sobre o Espiritismo e as religiões.

Nunca mais nos separamos. A casa de Imbassahy passou a ser, para mim, mais do que a residência de um amigo, onde eu sempre ficava como se estivesse em minha própria casa. Mais do que tudo isto, a casa de Imbassahy sempre foi, para mim, como tantos e tantos confrades, uma escola, no sentido mais eminente, um templo de bondade. Conversando, brincando ou discutindo em sua casa, a gente estava sempre aprendendo. Aprendia-se Espiritismo, como se aprendia sociabilidade sem máscara nem convencionalismo, como se aprendia o amor do idioma, tanto quanto se aprendia o culto sadio do lado belo da vida e das coisas. Respirava-se ali, naquele recanto de Icaraí, até nas simples brincadeiras e nos trocadilhos, até nos hábitos domésticos e nas conversas informais, um ar de grandeza e dignidade."

Livro: Ideias e reminiscências espíritas
Autor: Deolindo Amorim
Editora: Instituto Maria
Páginas 116-117
s.d.

30.6.17

TEMPO DE REALIZAÇÕES



Léon Denis (Espírita Francês)

Léon Denis foi o discípulo fiel de Allan Kardec, que deu continuidade à doutrina sem aproximá-la a qualquer orientalismo ou pensamento místico. Em 1900 ele foi presidente do Congresso Espírita e Espiritualista da França, trazendo pessoas de diferentes pontos do mundo.

Desse congresso escolho dois eventos para recordarmos. O primeiro vem da crítica de alguns participantes famosos que desejavam reduzir o espiritismo às estreitas contribuições da ciência empírica, baseada pelos fenômenos. Denis assim se posicionou:

“O que caracteriza hoje o Espiritismo é a manutenção dos princípios codificados por Allan Kardec e seu constante desenvolvimento pelos métodos experimentais. Entretanto, para nós o Espiritismo não está todo em Kardec; o Espiritismo é uma doutrina universal e eterna, que foi proclamada por todas as grandes vozes do passado, em todos os pontos da Terra e que o será por todas as grandes vozes do porvir. ” (Gaston Luce)

Angel Aguarod

O segundo evento curioso, é que neste ano ele recebeu Angel Aguarod e Esteva Marata, ansiosos por conhecer a pátria de Kardec. Eles foram ao cemitério do Père Lachaise e a um centro de reunião dos espíritas em Paris, mas como ele mesmo disse “Os espíritas parisienses eram pobres”. Depois de muita pesquisa eles encontraram uma construção de tábuas que talvez houvesse sido uma estrebaria, o que foi para estes delegados uma grande decepção.

Camille Flammarion

Passado um quarto de século, Denis estava cego e doente. Foi convidado para ser presidente do congresso, mas inicialmente declinou. Um espírito o questionou em uma reunião mediúnica, por que ele não aceitou o convite, ao que, após queixar-se do “fardo de suas enfermidades”, explicou

- Flammarion me substituirá muito bem!

O espírito lhe respondeu diretamente:

- Flammarion não estará lá.

E, de fato, Flammarion desencarnou em junho de 1925, três meses antes do congresso.

No discurso de encerramento do congresso de 1925, ele contou a memória da visita de Aguarod e de Marata, para dizer que o espiritismo parisiense e mundial, passados 25 anos, agora contava com a Casa dos Espíritos e o Instituto Metapsíquico Internacional, cujos imóveis foram comprados por Jean Meyer e as organizações pensadas pelo mesmo mecenas.




Luz y Union - Revista dirigida por Jacinto Esteva Marata

Passou-se quase um século, e o espiritismo espalhou-se pelo mundo, com um grande movimento no Brasil. As casas em Belo Horizonte se contam às centenas, os livros obtidos pela mediunidade aos milhares, como previu o autor de “No invisível”. Contudo, ao nos reunirmos, é fundamental perguntarmo-nos como Denis: qual é a nossa “construção de tábuas” contemporânea que precisa ser transformada em imóvel? Que trabalho nos cabe fazer nos próximos 25 anos, para que o movimento da capital mineira tenha um ganho de qualidade?


Com certeza, se estiver no plano espiritual, o discípulo fiel de Kardec estará nos acompanhando, pronto a observar nossas decisões e desejoso de ter mais uma história de sucesso para contar no futuro, nos encontros de espíritas que transpuseram os umbrais da morte do corpo.

(Texto publicado no periódico Ame Mais no. 61, pág. 5)

21.6.17

UM NOVO VELHO GRANDE LIVRO




Tenho comentado sempre os livros psicografados por Dolores Bacelar aqui no Espiritismo Comentado. Ao realizar a busca abaixo eu mesmo me surpreendi com a quantidade de livros dela já discutidos neste blog.



Para minha satisfação, a editora Correio Fraterno, que tem publicado a médium, acaba de lançar o livro "Mesopotâmia: luz na noite do tempo", do Espírito Josepho, que compreende os livros que antes foram publicados na série "Às Margens do Eufrates".

Com 728 páginas, tenho certeza que o leitor irá ficar preso na narrativa, imaginando a época e os personagens. Flávio Josefo é o nome de um historiador judeu-romano, cujos documentos chegaram aos dias de hoje e que relata, entre outras coisas, da época de Jesus. Já me questionei em outro post se o autor espiritual seria ou não o historiador, mas esta é uma questão sem resposta.

O livro se ambienta muito antes e tem por foco as culturas persa antiga e assíria, dentro da corte de Sargon II, filho de Salmanazar. Não conheço praticamente nada além das aulas de história no ensino fundamental sobre este povo e época, e da crueldade dos Assírios, que se transformaram em um povo guerreiro e conquistador, mas o autor espiritual faz muitas descrições em sua história, que bem poderia ser estudada por um profissional, separando a ficção da realidade.

A mediunidade de Dolores é responsável por textos que tratam de culturas muito diferentes da nossa, como é o caso dos livros do Jardineiro, que segundo Divaldo Franco, seria o nobel indiano de literatura Rabindranath Tagore (1913). 

Nunca estudei literatura, mas considero o texto psicografado por Dolores Bacelar muito rico e variado, ao contrário de outros autores que já li. Seria fruto de psicografia mecânica? Faltam biografias sobre a autora, que sempre foi muito avessa à publicidade pessoal.

10.6.17

UM LIVRO QUE EXPLICA O QUE ACONTECE NOS CENTROS ESPÍRITAS DURANTE OS TRABALHOS MEDIÚNICOS



Há mais de trinta anos estudamos obras espíritas relacionadas à mediunidade em nossa reunião mediúnica dos sábados. Dividimos entre nós o livro em capítulos ou grupos de páginas e um membro do grupo estuda e apresenta o texto da noite oralmente, às vezes intercalando leitura com exposição. Já lemos muitos e muitos livros, uma vez que meia hora por semana em décadas torna-se um tempo muito extenso.

Quando o livro está por terminar, começam as sugestões para o novo livro a ser estudado, e os membros fazem sugestões e indicações, ficando escolhido o livro mais votado.

Estamos estudando agora o livro "Dimensões Espirituais do Centro Espírita", da mineira Suely Caldas Schubert. Tem sido uma boa surpresa, porque a autora escreve com uma linguagem simples e direta, muito próxima da nossa linguagem oral, embora escrita no português culto. 

Conheci a Suely há muitos anos, na década de 80, em um seminário sobre mediunidade organizado na União Espírita Mineira, pela nossa amiga, hoje desencarnada, Telma Núbia (perdoem-me os outros organizadores). Suely conhecia com detalhes a obra de André Luiz, e sempre provocava positivamente a plateia com perguntas sobre o conteúdo dos livros, que quase nunca eram bem respondidas.

Neste livro, o pensamento dos espíritos que se comunicaram através de Chico Xavier (principalmente André Luiz), juntamente com os de Divaldo Franco e Yvonne Pereira são reescritos, ilustrando os temas abordados. É, portanto, um livro de estudos, no qual os temas e suas ilustrações são cuidadosamente recontadas a partir de livros de grandes médiuns brasileiros.

Ainda não concluímos os estudos, mas recomendo a leitura aos interessados em conhecer como os espíritos atuam em um centro espírita, em diversas atividades aí realizadas, durante as reuniões mediúnicas, e em processos desobsessivos. Estou seguro que o leitor, vencida a resistência das primeiras páginas, irá se encantar com a narrativa comentada e não mais desejará interromper a leitura.