Não conheci pessoalmente o
Luciano dos Anjos. Tive um contato breve, cordial e distante, pela internet. Eu
havia escrito um trabalho sobre a identidade de André Luiz, mostrando a falta
de evidências para a tese de ele ser Oswaldo Cruz ou Carlos Chagas (este
último, conhecido pessoal da minha família). Luciano defendia outra identidade
para André Luiz. A partir deste contato, vez por outra, Luciano dava notícias e
de ordinário envolviam polêmicas.
Apaixonado pelo espiritismo e
defensor das ideias de J.B. Roustaing, Luciano tinha um verbo forte, era
conhecido pelos textos duros que publicava, doesse a quem doesse. Após
afastar-se da FEB, com o final da gestão de Armando de Oliveira Assis, que
admirava, ele trabalhou muitos anos em um pequeno grupo de estudos, que
denominou “Grupo dos Oito”.
Da sua produção bibliográfica, “O
atalho” é um livro curioso, no qual faz uma análise pessoal do movimento
espírita e das instituições espíritas contemporâneas. Como era amigo das
polêmicas, defendeu ideias próprias, independente da organização do movimento.
Fez uma defesa contundente da
mediunidade de Divaldo Franco, no seu livro “A anti-história das mensagens
co-piadas”. Outro livro importante, no
qual participou como personagem central e coautor, foi “Eu sou Camille
Desmoulins”, no qual ele participa de sessões de regressão de memória e passa a
relatar uma suposta encarnação passada como um dos atores sociais de destaque
na Revolução Francesa. As sessões foram conduzidas por Hermínio Miranda, que gravou
e analisou os resultados da hipnose induzida por passes.
Uma de suas últimas ações de
notoriedade pública foi uma ação que moveu contra a mudança do estatuto da
Federação Espírita Brasileira, que iria, entre outras transformações, retirar
um parágrafo que colocava como papel da federativa a “obrigatoriedade do estudo
dos Quatro Evangelhos” [de Roustaing]. Ele alegou que se tratava de uma
cláusula pétrea, não podendo ser retirada dos estatutos, mas a última
informação que recebemos foi de um acórdão do Tribunal de Justiçado Rio de
Janeiro posicionando-se à favor das mudanças do estatuto pela assembleia, como
se pode ler no link a seguir: http://www1.tjrj.jus.br/gedcacheweb/default.aspx?UZIP=1&GEDID=00048D6CB18F2361140253909B2FF41A8298C502352D0804
Luciano publicou alguns livros
sobre Roustaing, como “Jean-Baptiste Roustaing - O Missionário da Fé” e “Para
entender Roustaing”. Ele tem alguns títulos de lançamento previsto para
2014, esperamos que a desencarnação não impeça que estes trabalhos venham à
luz. Sua personalidade ímpar deixou marcas no movimento espírita brasileiro,
desejamos que ele encontre o apoio espiritual que merece na nova vida que
inicia e dirigimos à família um abraço afetuoso.
Que doeu isso doeu. Tá bem... o corpo físico já não ajudava mais. Ele tinha o direito de desencarnar e reunir-se aos seus retribuindo a cada um a colaboração quando de seu desencarne e nos anos em que combateu em paz mas quase sozinho. Roustaing, Armando Assis, Boechat, Hermínio, seus pais, seus Anjos e tantos mais.
ResponderExcluirMas que vai fazer falta isso vai. Paciência. Também não sou tão novo assim. Se deixarem, quando chegar a minha vez, irei até ele. Em particular ou numa palestra mas fiquem certos que ele não escapará deste seu admirador.
Um homem sério.Exemplo de integridade.Um jornalista exemplar. Não comungava de sua convicção roustenista, mas professou o Espiritismo com entrega e coragem.Minha admiração!
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