29.3.08

Manoel Alves: Trajetória Espírita




Figura 1: Da esquerda para a direita: Álvaro de Castro, a esposa e Manoel Alves


Era noite e papai me levou à casa de Seu Manoel para conhecer o evangelho no lar que ele fazia. A casa era pequena, mas a meus olhos parecia enorme, decorada com gosto e simplicidade, com os toques de afeto das almas femininas que lá habitavam. Ficamos na sala, e após a prece, leitura e comentários, Seu Manoel me presenteou com uma caixa de frutas da época, em um gesto de polidez e fraternidade. Quando o visitamos ele era comerciante de frutas.

Esse "evangelho no lar" deve ter começado na residência de seu cunhado, Celso Belém Goulart, casado com Carmen, e teve início após o contato com o Chico. O grupo recém criado não ficou apenas nos estudos, mas trabalhou dedicadamente na assistência social, fazendo visitas aos hospitais de hansenianos, presídios, cheches, asilos e hospitais até 1968.

Em 1968, Seu Manoel participou de um curso de expositores promovido pela União Espírita Mineira, onde conheceu os participantes do Grupo Espírita Emmanuel. Ele tornou-se trabalhador da União Espírita, como expositor, especialmente do estudo do evangelho. Hoje Manoel Alves é conselheiro e continua expositor da União.


Foto 2: Manoel Alves faz exposição sobre Caridade no Auditório da União Espírita Mineira em 2007


A amizade que fez com José Damasceno Sobral, Honório Abreu e Oswaldo Abreu, vindo depois a conhecer meu pai, José Mário Sampaio, foi muito importante em sua formação espírita. Ele passou a frequentar o Grupo Emmanuel, na região do Padre Eustáquio, atividade que mantém até os dias de hoje.

Algumas vezes tive a alegria de acompanhar Manoel, Sobral, papai e Luizão (que foi apelidado pela sua estatura física) em viagens doutrinárias no interior de Minas Gerais. Os temas que eles desenvolviam era o passe, os princípios básicos do Espiritismo, o estudo do Evangelho e a mediunidade. Sobral, nas viagens de divulgação da doutrina era todo cuidados. Eles levavam cartazes (que costumavam chamar de gráficos) e faziam exposições didáticas, em linguagem simples mas sempre embasada. A obra de Chico Xavier era uma referência constante e autores como Emmanuel e André Luiz eram sempre utilizados, sem o abandono das bases kardequianas.

O bom humor, a linguagem simples e os casos são sua marca distintiva. Há quem o chame de "Manoel dos casos". Foi extensa a sua experiência com a mediunidade e o movimento espírita: ele sempre tem alguma vivência pessoal para ilustrar uma idéia ou princípio.

Manoel construiu um barracão nos fundos de sua residência, na Rua Cornélio Cerqueira, que passou a acolher os membros da reunião originalmente iniciada na casa do cunhado. Estavam dados os primeiros passos da criação do Grupo Espírita Irmão Frederico. Frederico era um dos espíritos considerado pertencente à equipe de Scheilla.

O grupo cresceu e formalizou-se. Ganhou sede própria e hoje funciona há mais de dez anos na Rua Redentor, 90. Bairro São José. Os filhos numerosos, em sua maioria tornaram-se espíritas atuantes no movimento, mas Seu Manoel, apesar da idade, não considera seu trabalho encerrado e continua dando sua contribuição ao Espiritismo Mineiro.

Amigo, desejo-lhe vida longa e virtuosa!

Agradecimentos: Ao Robson Alves, que entrevistou o pai e enviou as principais informações para esta matéria.

27.3.08

Erraticidade é o mesmo que Plano Espiritual?

Figura 1: Judeu Errante, por Gustave Doré

Talvez as gerações novas tenham esquecido do mito do judeu errante.
Conta-se que Ashverus, um sapateiro, teria sido amaldiçoado por Jesus no episódio da crucificação por recusar-se a ajudá-lo ou por tê-lo tripudiado. Ele foi condenado a viver eternamente sem morrer, vagando pelo mundo. Dizem algumas variantes da história que ele vagará até a parusia ou volta de Jesus.
Quem sabe Kardec se inspirou nesta história fantasiosa ao escolher a palavra erraticidade, para designar a condição do espírito no intervalo das encarnações, "que aspira a novo destino, que espera". (O Livro dos Espíritos, questão 224) Ao empregar a palavra erraticidade, Kardec não parece referir-se a um lugar, mas a um estado dos espíritos. No comentário da questão 226, ele deixa claro que os espíritos podem ser encarnados, errantes ou puros.
A palavra errante, segundo o mestre Houaiss, vem do latim "errans, errantis" e significa "que anda sem destino, que se engana".
Erraticidade, portanto, não é o mesmo que "mundo dos espíritos" (linguagem kardequiana) ou plano espiritual (termo empregado amiúde por André Luiz), posto que os espíritos puros, em tese, participariam do mundo espiritual mas não se encontram em erraticidade, porque não mais necessitariam reencarnar.



25.3.08

TV Alterosa | Doenças da alma

Foto 1: Érica Toledo, apresentadora do programa Feminina

Alcione Albuquerque (psicóloga), Estêvão Andrade (ginecologista e acupunturista) e Ricardo Wardil (homeopata) falam sobre sua experiência com doenças da alma que aparecem (e desaparecem) sob a forma de doenças orgânicas no programa Feminina, da TV Alterosa, apresentado por Érica Toledo.
Clique no link abaixo ou no título desta publicação para ver a entrevista no site da TV Alterosa. Os entrevistados são espíritas.

TV Alterosa Doenças da alma

24.3.08

Outra Poesia de Damasceno Sobral

Benefício

Que a resignação seja bastante,
jamais, contudo, a ponto de fazer calar as súplicas,
porquanto elas encontrarão eco no Infinito,
eco proporcional à nossa humildade, à nossa fé.

Ainda que,
no paroxismo do infortúnio,
nem mesmo a prece aparentemente nos alivie,
nos sentiremos com novas forças
Para novas lutas.

Do livro "Almas Libertas" (poemas). publicado em Divinópolis, 1949.

23.3.08

Às Margens do Eufrates: A Trilogia



Uma mistura equilibrada de ficção e realidade, sob uma ótica espírita. Esta é a impressão que fica após a leitura da trilogia "Guardiães da Verdade", "Veladores da Luz" e "O Vôo do Pássaro Azul".

O espírito Josepho, através da mediunidade de Dolores Bacelar, descreve as intrigas de uma corte assíria à época do século VII a. C. O personagem central é o imperador Assírio Sargon II, filho de Salmanazar e pai de Senaqueribe. Em foco, o domínio assírio sobre o oriente médio e o antigo egito, as guerras contra a Samaria e o domínio do reino de Judá. A resistência urartiana e a cultura persa também têm um papel importante nesta história.

Josepho cria personagens que encarnam a dualidade do ser humano, as suas contradições, as escolhas entre o poder e o dever. A pena deste espírito vagueia entre as paixões dos indivíduos e as análises sociais.

O enredo é bem tramado, sendo muito difícil ao leitor adivinhar o desfecho dos três romances que se seguem, contando apenas uma história. Mais uma vez, impressionam as citações, datas, informações sobre os personagens históricos que se entrelaçam com os personagens imaginados, a ficção. Josepho interrompe sua narrativa inúmeras vezes para tecer explicações com bases na doutrina espírita para o leitor, às vezes muito extensamente.

Outra articulação curiosa é a dos dados históricos com os dados da tradição hebraica. A cultura assíria é posta a nu, e o espírito defende a tese de Burns que propõe que uma sociedade não se sustenta apenas com o cultivo do militarismo e de um imperialismo predatório.

Esta política gera as bases da insatisfação e da busca de libertação pelos povos dominados, com tanto mais empenho quanto mais se lhes dilacerem os recursos e a perspectiva de futuro.

Deixando um pouco de lado os relatos o que invadiram o mercado editorial espírita brasileiro, com pouca qualidade literária, o realismo fantástico de Josepho merece ser apreciado pela comunidade espírita brasileira e internacional.

19.3.08

Fenômeno Telepático ou Mediúnico com Carl Jung?


Foto 1: Fonte: Guimarães, Carlos. Carl Gustav Jung e os Fenômenos Psíquicos. São Paulo: Madras, 2004. p. 103.

"A relação médico-doente, principalmente quando intervém uma transferência do doente ou uma identificação mais ou menos inconsciente entre médico e doente, pode conduzir ocasionalmente a fenômenos de natureza parapsicológica. Muitas vezes me ocorreu esta experiência. (...)
(...) Quase à meia noite voltei ao hotel. Depois da conferência jantei com alguns amigos e fui logo deitar-me. Não conseguia dormir. Por volta das duas horas - tinha acabado de dormir - acordei espantado, persuadido de qua alguém viera a meu quarto; tinha também a impressão de que a porta se abrira precipitadamente. Acendi a luz, mas não vi coisa alguma. Pensei que alguém se enganara de porta: olhei no corredor, silêncio de morte. "Estranho", pensei, "alguém entrou no meu quarto!" Procurei avivar minhas lembranças e percebi que acordara com a sensação de uma dor surda, como se algo tivesse ricocheteado meu crânio. No dia seguinte recebi um telegrama me avisando que aquele doente se suicidara. Dera um tiro na cabeça. soube mais tarde que a bala se detivera na parte posterior do crânio.
Tratava-se, neste caso, de um verdadeiro fenômeno de sincronicidade, tal como se pode observar frequentemente numa situação arquetípica - no caso, a morte."
(JUNG, Carl. G. Memórias, sonhos e reflexões. 7 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d. Tradução de Dora Ferreira da Silva)

15.3.08

Entrevista com o Dr. Ailton F. Dias




Muito se fala no movimento espírita em Unificação, desde Bezerra de Menezes. Outras possibilidades de aproximação entre as instituições espíritas existem e poderiam ser mais utilizadas pelo Movimento Espírita, diminuindo as diferenças regionais e locais. Entrevistamos o Dr. Ailton F. Dias, assessor da presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear para falar de apadrinhamento e emparelhamento institucionais.

EC: Dr. Ailton, você viveu alguns anos na França. Que formas de associação temporária entre instituições você viu nesse país?
Dr. Ailton: Há o apadrinhamento (parrainage, em fr) ou a "jumelage" (geminação, emparelhamento) são conceitos muito usados na Europa.


EC: Explique melhor a “jumelage”.
Dr. Ailton: A "jumelage" consiste numa espécie de acordo de cooperação mútua, onde duas instituições se predispõem a colaborar em temas comuns, compartilhando experiências, promovendo intercâmbios. É muito comum entre cidades européias. Nesse caso, consiste numa relação entre pares, pois procura-se identificar semelhanças culturais, históricas ou sociais que justifiquem e potencializem tal aproximação.

EC: Você pode citar algum exemplo de “jumelage” entre cidades européias?
Dr. Ailton: Uma das cidadezinhas que morei na França (Saint-Maurice) tem três cidades "jumelées": Saint-Maurice d´Agaune, na Suíça (desde 1957), Erlenbach, na Alemanha (desde 1992) e Curtarolo, na Itália (desde 1996). Todos os anos, a prefeitura organiza encontros escolares e intercâmbios familiares que permitem a cerca de 60 jovens de Saint-Maurice descobrir outras culturas e outros modos de vida. A Prefeitura apóia esses intercâmbios assumindo metade do custo de transporte dos jovens bem como todas as atividades oferecidas em Paris aos jovens convidados das "cidades-gêmeas".

EC: Você se lembra de alguma outra ação ligada à “jumelage”?
Dr. Ailton: Desde 1997, Saint-Maurice apadrinha um navio da Marinha Francesa, o Caçador de Minas "Verseau". O objetivo dessa "jumelage" ou "parrainage" (mais correto) é reforçar os laços entre as forças armadas francesas e os cidadãos, bem como sensibilizar os jovens quanto às diferentes missões de segurança das forças armadas. O "Verseau" já embarcou vários grupos de jovens da cidade. Em 2002, uma turma do ensino fundamental (4a. série) da escola elementar de Gravelle correspondeu-se por email com os tripulantes do navio que estavam numa missão no Oceano Índico. Esse apadrinhamento permitiu que vários grupos de jovens da cidade aproveitassem da experiência singular de embarcar num navio desse tipo.

Site:
http://www.ville-saint-maurice.com/rubrique.php3?id_rubrique=50

EC: Fale um pouco sobre o apadrinhamento ou “parrainage”.
Dr. Ailton: O apadrinhamento tem sido utilizado no Brasil, p. ex., entre os cursos de pós-graduação nível 7 na Capes e os cursos recém-criados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, sob uma certa forma de tutela. Algumas empresas, dentro de projetos relacionados ao badalado tema "Responsabilidade Social" têm apadrinhado diversas instituições.


EC: Você sugeriu o conceito de apadrinhamento para uma escola que visitávamos. Como você visualizava a aplicação da idéia?
Dr. Ailton: Quando eu falei de apadrinhamento no Instituto
[1], eu pensei na possibilidade de se eleger algumas poucas escolas (no máximo três) públicas ou privadas em regiões carentes, mas caracterizadas por uma administração séria e comprometida, para receber apoio material e pedagógico por parte da comunidade do Instituto.

EC: Você acha que estas idéias podem ser utilizadas em Sociedades Espíritas e, especialmente, nas suas atividades ou instituições beneficentes?
Dr. Ailton: No caso de instituições beneficentes, o mesmo conceito poderia se aplicar, onde uma instituição melhor estruturada pudesse apoiar instituições promissoras seja na processo de gestão ou mesmo na cessão de eventuais excedentes materiais.
A idéia consiste em estruturar uma rede que assegure transferência de conhecimento, otimização de recursos e aumento da capilaridade no trabalho social.
Desta maneira, o apadrinhamento pressupõe uma "certa hierarquia" onde uma instituição mais forte, melhor estruturada, apóia outra ainda em processo de consolidação.


Espiritismo Comentado entrevistou Ailton Fernando Dias. Ailton é graduado em Engenharia Elétrica, Mestre em Ciências da Computação e Doutor em “Architectures Parallèles” pela Universidade de Paris XI, na França. Atualmente é assessor da presidência da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), no Rio de Janeiro.

[1] Instituto Coração de Jesus – ICJ, em Belo Horizonte.

14.3.08

Qual foi a melhor publicação do primeiro ano?



Figura 1: Selo comemorativo do bicentenário do nascimento de Allan Kardec - ECT, 2004.

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Espiritismo Comentado - 1 Ano

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13.3.08

Espiritismo Comentado Comemora 1 ano


O Espiritismo Comentado comemorou neste dia 11 de março um ano de existência. Foram 125 publicações, acessadas por mais de 25 países. O contador de acessos mediu apenas pouco mais de 06 meses após a primeira publicação, e já computou um número de acessos próximo de 8500. Estamos com uma média de 50 pessoas diferentes acessando por dia.

O blog Mocidade AECX fez uma entrevista sobre o Espiritismo Comentado confira no endereço http://aecx.blogspot.com/ e conheça os projetos para o futuro.

11.3.08

QUAIS FORAM AS CONCLUSÕES DO CONGRESSO DE MOCIDADES ESPÍRITAS DE 1948?

Foto 1: Plenária do 1o. Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil realizado no Rio de Janeiro em 1948. Lins de Vasconcellos encontra-se de pé, ao microfone. Fonte: Anuário Histórico Espírita. Eduardo Carvalho Monteiro, Editora Madras/USE-SP, 2003. p. 25.


Muitos jovens no Brasil sabem que foi realizado o Congresso de Mocidades Espíritas em 1948, organizado por Leopoldo Machado. Sabe-se também que houve a participação de jovens de todo o Brasil. Clóvis Ramos estima que havia mais de 200 mocidades espíritas atuantes no Brasil àquela época. Hoje, a grande maioria dos Centros Espíritas se preocupa em manter um grupo de jovens.
Quais foram, contudo, as decisões desse congresso? Que ações ele desencadeou no movimento espírita brasileiro?

1. Criou um conselho consultivo para as mocidades no Brasil, composto de 15 membros entre jovens e adultos, que foram eleitos no congresso.
2. Adotou um programa padrão para as Mocidades, proposto por Leopoldo Machado, a ser adotado pelas Mocidades que não tinham programação de estudos.
3. Recomendou não utilizar o nome juventude, e sim, mocidade, para que não houvesse confusão com os movimentos político-partidários da época.
4. Incentivou os jovens a engajarem-se em campanha nos centros espíritas para que os espíritas encaminhassem seus filhos à evangelização infantil (então chamada de aulas de moral cristã na infância).
5. Recomendou o uso de uniformes ou distintivos a serem usados nas reuniões solenes e festivas.
6. Para que a mocidade pudesse realizar eventos e trazer expositores, além dos gastos usuais, recomendou a criação de um quadro de sócios e realização de festivais de arte espiritualista com venda de ingressos para a formação de uma espécie de fundo.
7. As mocidades deveriam apoiar o Esperanto, ministrando cursos em suas sedes para os interessados.
8. Recomendou a fundação de um Diário Informativo, com seções de cunho moral e propaganda do Espiritismo sob o seu tríplice aspecto. Este órgão seria de âmbito nacional.
9. Sugeriu-se a criação de colônias de férias, preferencialmente junto aos lugares de assistência social, para recreio dos confrades, com renda revertida para as atividades assistenciais.
10. Adotou a Canção da Alegria Cristã (Leopoldo Machado e Oli de Castro) como hino da mocidade espírita do Brasil.
11. Recomendou a realização de música, teatro, declamação e canto em reuniões e festas sociais (e não nas reuniões de estudo), sempre com finalidade educativo-doutrinárias.
12. Recomendou o tratamento menos cerimonioso e mais íntimo nas conferências e programas festivos em geral (o que na época era entendido como evitar Excelentíssimo Senhor, Vossa Excelência e Vossa Senhoria, por exemplo).

Clóvis Ramos explica que o conselho teve vida efêmera e com a Unificação (Pacto Áureo) adotou-se o termo Departamento das Juventudes da Federação Espírita...

9.3.08

Quem é Espírita no Brasil? (Português - Inglês)


Foto 1: Um dos Prédios da Federação Espírita Brasileira em Brasília

Photo 1: One of Brazilian Spiritist Federation Buildings



Há cerca de dez mil centros espíritas no Brasil de acordo com a FEB (Federação Espírita Brasileira, uma ONG espírita). Pessoas que se consideram espíritas somam aproximadamente 1,3 % da população brasileira, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um órgão de governo). Isto significa que cerca de 2,2 milhões de pessoas se declaram espíritas no Brasil. Os espíritas são, em média, os religiosos mais instruídos no Brasil, (9,6 anos de estudo), mais instruídos que os que declaram não ter religião (5,7anos de estudo). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/20122002censo.shtm
As espíritas têm menos filhos no Brasil (2,54) , se comparadas às de outras religiões, especialmente as pentecostais (3,84).
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/26122003censofecundhtml.shtm
Outra informação importante sobre os espíritas: eles trabalham no movimento espírita de forma voluntária. A administração dos Centros Espíritas, de Reuniões e a prática em Reuniões Mediúnicas não envolve qualquer remuneração. Os espíritas se associam e pagam as despesas dos centros espíritas através de um sistema de mensalidades. Os associados contribuem com uma doação mensal , mas as pessoas não precisam se associar para participar das atividades de uma Sociedade Espírita. Três por cento das organizações registradas no Conselho Nacional de Assistência Social têm em sua razão social as palavras espírita ou kardecista. Giumbelli (1998) estudou 864 centros espíritas no Rio de Janeiro. 69% deles declarou ter objetivos assistenciais, mas 94% realizam de fato alguma atividade assistencial. Este estudo é parte de uma pesquisa organizada pela Johns Hopkins University - E.U.A. Além dos espíritos, os espíritas ajudam diferentes públicos, sem questionar qual é o seu credo religioso. Eles ajudam a crianças (84%), famílias (48%), idosos (37%), adolescentes (26%), gestantes (16%) e moradores de rua (13%) no Rio de Janeiro . Estes resultados são semelhantes aos de outros estados no Brasil, mas nós não temos estatísticas precisas que confirmem esta informação.

Extraído da tese de doutorado: "Voluntários: Um Estudo sobre a Motivação de Pessoas e a Cultura de uma Organização do Terceiro Setor", defendida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, em 2004.
Dowload gratuito no endereço: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-24052007-160054/


There are about ten thousand spiritist centers in Brazil according to FEB (Brazilian Spiritist Federation, an Spiritist Non-Governamental Organization - NGO). People who consider themselves spiritists are about 1.3% of Brazilian population, according IBGE (Brazilian Institute of Geography Statistics, an official organ). It means about 2.2 million of people who declares to be spiritist in Brazil.The spiritists in Brazil are the most educated religious in media (9.6 years of study in media), more educated than Brazilians who declares not to have religion (5.7 years). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/20122002censo.shtm Spiritist Women have less children in Brazil (2.54) if compared with women from another religions, especially Pentecostal ones (3.84). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/26122003censofecundhtml.shtm Another important information about Brazilian Spiritists: they work at the Spiritist Movement voluntarily. Administration of the centers, reunions and practice of mediumship doesn’t demand any remuneration. Spiritists associate themselves and pay the expenses of a spiritist center in a contribution system. Associates contribute with a mensal donation, but people don’t need to associate in order to participate in the activities of a Spiritist Center in Brazil. 3% from Organizations registered at National Council of Social Assistance (Conselho Nacional de Assistência Social) have in their designations the word spiritist or kardecist. Giumbelli (1998) studied 864 spiritist centers in Rio de Janeiro. About 69% declare to have assistencial objectives, but 94% have effectively any kind of service. This study is part of a world research organized by Johns Hopkins University – USA.Beyond spirits, spiritists help different people, without asking their religious credo. They assist children (84%), families (48%), aged people (37%), teenagers (26%), pregnants (16%) and homeless (13%) in Rio de Janeiro. These results are similar to another states in Brazil, but we don’t have precise statistics to confirm this information.

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Exortação de Damasceno Sobral







Exortação










Oremos pelos que sofrem
física, moral e espiritualmente falando.
Oremos pelas prostitutas
que a sociedade desigualou e repeliu
Oremos por nós próprios
afim de esquecermos o passado
e nos resignarmos no presente.
Oremos pelos felizes,
pelos felizes, principalmente,
para que se lembrem de Deus...


Extraído de "Almas Libertas", escrito por José Damasceno Sobral, Divinópolis, 1949.

7.3.08

EC Entrevista: IV Congresso Espírita Mineiro


Espiritismo Comentado entrevistou a comissão organizadora do IV Congresso Espírita Mineiro. Com a palavra, Roberta Maria de Carvalho, em nome da comissão:

1) O Que é o IV Congresso Espírita Mineiro (CEM)?
É um grande encontro Espírita que acontecerá em Belo Horizonte, MG, no período de 03 a 06 de abril de 2008, com o objetivo de comemorar os 100 anos da União Espírita Mineira/UEM. Terá como tema central: Espiritismo: Amor e Educação
2) O que diferencia este congresso dos outros encontros espíritas que tem sido promovidos em âmbito regional ou estadual, na capital mineira?
Como se trata da comemoração dos 100 anos da UEM o congresso foi idealizado pelos componentes do Conselho Federativo do Estado de Minas Gerais/COFEMG, e pretende reunir espíritas de todo o estado de Minas Gerais e do País em torno desse objetivo.
3) Quem está organizando o IV CEM?
A Diretoria da União Espírita Mineira, que designou uma coordenação geral, formada por membros de sua diretoria e departamentos. Foram também criadas comissões, formadas por voluntários da UEM e outras entidades espíritas, quais sejam: 1) Acervo Histórico; 2) Apoio Médico e Espiritual; 3) Estudos; 4) Transporte e hospedagem; 5) Apoio ao congressista; 6) Promoção, Publicidade e Informação;
4) Haverá distribuição do material das palestras para os participantes? Que outras "surpresas" a comissão organizadora está preparando?
Todas as palestras e apresentações serão gravadas e, havendo interesse, a UEM poderá comercializar em DVD.
5) Quantas pessoas deverão participar do congresso? Quantos centros espíritas? Quantas cidades deverão ser representadas?
Foram convidados todos os centros espíritas do estado, os Conselhos Regionais Espíritas, Alianças Municipais Espíritas, todas as federativas dos estados brasileiros, a FEB e entidades que atuam no movimento Espírita em âmbito estadual e nacional. Além de ampla divulgação na mídia com o objetivo de alcançar todos os interessados. Esperamos 1700 participantes.
6) Nestor Masotti, presidente da FEB está apoiando o congresso?
O Presidente da FEB estará participando da abertura do evento, ocasião em que proferirá a palestra: “O Espiritismo e o seu papel Educativo no Terceiro Milênio”
7) A presença de Divaldo Franco está confirmada?
Sim, na abertura e na palestra de encerramento do Congresso.
8) O Minascentro tem limitação de público imposta pelas autoridades de governo, por razões de segurança. Vocês crêem que o número de vagas será suficiente para atender a todos os interessados?
O Minascentro tem, em seu auditório Topázio, 1700 lugares. Esperamos ocupar todas as vagas.
9) O III Congresso Espírita Mineiro realizou-se em 1958 e propôs a adesão ao novo desenho federativo que emergiu do Pacto Áureo, como, por exemplo, a criação do COFEMG. O atual congresso terá algum impacto na organização do movimento espírita do estado?
Esse encontro, desde que idealizado, inclusive pelo saudoso Honório Abreu, tem a intenção muito mais que informações esclarecedoras, mas principalmente, abordagens que toquem a intimidade da criatura, com vistas à sua renovação. Entendia ele que, nos dias atuais o Espiritismo está mais que difundido na mídia, em obras e outros meios de comunicação de massa e que o nosso grande desafio continua sendo a aplicação dos ensinamentos. Desta forma, o tema "Espiritismo: Amor e Educação" propõe uma reflexão sobre a necessidade da reforma íntima e do aperfeiçoamento moral e espiritual, nossos grandes desafios. Assim, esperamos sensibilizar os corações, fortalecendo a todos na ação contínua perante o Movimento Espírita de Minas Gerais, em benefício das AME, dos CRE no apoio constante às casas espíritas.
10) Haverá homenagens durante o congresso ou lançamento de livros?
Além das palestras e apresentações artísticas, os destaques serão: a exposição de acervos históricos da UEM e de Chico Xavier e, ainda, apresentação de vídeos destacando os Conselhos Regionais Espíritas-CRE e suas cidades sedes. Companheiros que se destacam nas diversas regiões do Estado serão também homenageados por indicação de cada CRE.

6.3.08

Quem é o Espírita mais Querido de Minas Gerais?

Figura 1: Manoel Alves e Filhas. Da esquerda para a direita: Marilene, Maria Inês e Ismália.

Cemitério da Paz. Uma pequena multidão se aglomerava para prestar suas homenagens a Honório Abreu em um pequeno velório. Ao redor das edificações, em meio a jardins e corredores, espíritas que não se viam há muitos anos aproveitavam o momento para cumprimentar-se e rever-se. De muitas bocas eu ouvi a seguinte frase: Onde está Seu Manoel? Não posso deixar de vê-lo... Fiquei uns trinta a quarenta minutos ao seu lado, e espíritas dos mais diferentes centros espíritas e cidades paravam um minuto para cumprimentá-lo, abraçá-lo, receber ou dar notícias.
Quem é Manoel Alves? Como se tornou espírita?
Manoel Antônio Alves é natural de Belo Horizonte, da região do bairro Betânia, mas reside há muitos anos no Padre Eustáquio. Reencarnou-se em 18 de janeiro de 1925. Em 1951 foi diagnosticada uma esquistossomose. Os remédios para a doença eram trazidos da Alemanha e estavam sendo fornecidos para o Brasil de forma irregular, em decorrência do final da guerra.
Através do irmão de Chico Xavier, de nome André Luis, foi chamado a participar de uma reunião de tratamento com o médium de Pedro Leopoldo.
O Espírito Scheilla participou dos trabalhos de tratamento. Seu Manoel, com muito medo, ficou observando o Chico ajoelhado, fazendo uma prece, próximo a uma cama de solteiro com lençol branco.
Ele viu o surgimento de uma estrela luminosa, semelhante a uma estrela do mar, sobre a cama e o médium de Pedro Leopoldo falando ao irmão, com sotaque puxado ao alemão: "Manoelzinho vai morrer de medo!"
Ele relata que chegou a suar frio naquele primeiro contato com os espíritos.
Chico, mediunizado, saiu do quarto e colocou a estrela em sua mão. Era um objeto físico, tangível, envolto em uma substância luminosa. Em seguida, foram atendidas outras pessoas.
Manoel ficou curado da doença e das sequelas no fígado e no baço que começavam a apresentar sintomas. Em Uberaba, Scheilla ainda lhe indicou um medicamento para tratar prováveis lesões ainda existentes nos doís órgãos.
Após o tratamento, Manoel passou a estudar o Espiritismo e tornou-se um espírita convicto, atuante e, diga-se de passagem, rigoroso com o conhecimento espírita. Pessoalmente, é a criatura mais fácil de se afeiçoar, pelo bom humor, pelo tratamento gentil que dispensa a todos e o jeitinho mineiro de ser e de contar casos. Posteriormente, o Espiritismo Comentado vai apresentar mais da trajetória deste trabalhador da Doutrina nas terras mineiras.







Estresse e Problemas Financeiros


Veja entrevista do autor do blog na Rede Globo Minas sobre Estresse e Problemas Financeiros .
http://globominas.globo.com/GloboMinas/Noticias/MGTV/0,,MUL336469-9033,00.html

5.3.08

Qual é a diferença entre xenoglossia e glossolalia?





Figura 1: Foto de Ernesto Bozzano.













Ernesto Bozzano escreveu o livro Xenoglossia, traduzido por Guillon Ribeiro e publicado pela FEB desde 1939.

Xenoglossia é, segundo ele, a mediunidade poliglota, "pela qual os médiuns falam ou escrevem em línguas que eles ignoram totalmente e, às vezes, ignoradas de todos os presentes."

Muito antes de Charles Richet ter criado a palavra o fenômeno já era conhecido.

É famosa a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, no dia do Pentecostes, quando estrangeiros ouviram judeus pregando o evangelho nas suas próprias línguas.

Alexander Aksakof dedica vinte páginas de seu “Animismo e Espiritismo” descrevendo médiuns falando línguas que lhe são desconhecidas. Allan Kardec refere-se aos médiuns poliglotas, “capazes de escrever em línguas que lhes são desconhecidas”, e adiciona: “muito raros” Bozzano distingue corretamente a xenoglossia da glossolalia.

Nesta última “os pacientes sonambúlicos falam ou escrevem em pseudo-línguas inexistentes, elaboradas nos recessos de suas subconsciências”.

Os dicionários atuais, sob a influência da Psiquiatria, definem glossolalia como “uma linguagem fabricada e sem sentido, especialmente em estados de transe ou em certas síndromes esquizofrênicas”.

Há autores que utilizam o termo glossolalia para os dois fenômenos.

Uma bela discussão sobre a origem inconsciente ou mediúnica dos fenômenos de xenoglossia é travada entre René Sudre e Ernesto Bozzano no seu livro “Metapsíquica Humana”, capítulo IX, fenômenos de xenoglossia. Por mais polêmica que possa ser a origem do fenômeno, os autores que o estudaram confirmam a sua existência, e há pesquisas no final do século XX sobre a Xenoglossia, como é o caso do trabalho de Stevenson, de 1974.

Stevenson, I. - Xenoglossy: A Review and Report of a Case. Charlottesville: University Press of Virginia, 1974b. (Also published in 1974 in Proceedings of the American Society for Psychical Research, vol. 31.)

4.3.08

Kardec, Rivail e a Geração Espontânea


Figura 1: Pasteur e a neta Camille (Fonte: Os Cientistas, Abril Cultural)



O tema da geração espontânea tem sido debatido pelos espíritas hoje. Atribuem a Kardec a defesa desta teoria, geralmente citando a questão 46 de "O Livro dos Espíritos".


À época de Kardec, esta crença da antiguidade era popular entre os cientistas. A vida surgiria de gérmens, postos em condições propícias. "No século XVII, o médico belga, Van Helmont, descobridor do suco gástrico, afirmava que da reunião de uma camisa suja com pedaços de queijo poderiam nascer camundongos". Francesco Redi fez experimentos melhor controlados e concluiu que as larvas que nasciam da carne putrefata nasciam de ovos depositados por outros animais da mesma espécie (moscas). Leeuwenhoek revelou a existência de microorganismos a partir do uso de microscópios.

Pasteur mostrou que o ar contém corpúsculos organizados, e que os microorganismos que surgiam nos líquidos não fervidos, "não eram oriundos do nada, mas descendentes de outros organismos similares". Em 1864, Pasteur e Pouchet, este último defensor da geração espontânea, estavam submetendo seus resultados experimentais à Academia de Ciências. (Fonte: Os Cientistas, cap. 29, Louis Pasteur)


Como toda obra filosófica, a obra de Kardec não deveria ser estudada em migalhas, mas sempre com uma visão de todo. Os demais livros da codificação, desenvolvem idéias apresentadas sinteticamente em "O Livro dos Espíritos".

Em "A Gênese" e no volume de Julho de 1868 da "Revista Espírita", Kardec desenvolve melhor a questão.
Gostaria de chamar a atenção dos leitores a algumas frases pouco citadas:

"Param aí, por enquanto, as investigações: desaparece o fio condutor e, até que ele seja encontrado, fica aberto o campo a hipóteses. Fora pois, imprudente e prematuro apresentar meros sistemas como verdades absolutas." (parágrafo 22, do capítulo X da Gênese)


"No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanentemente, senão como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia talvez tome lugar entre as verdades científicas incontestes." (parágrafo 23 do capítulo X da Gênese)

A seguir encontram-se excertos do texto "A geração espontânea e a Gênese", publicada na Revista Espírita de julho de 1868, comentando os debates sobre a posição de Kardec na Gênese.

"Em nossa obra sobre a Gênese, desenvolvemos a teoria da geração espontânea como uma hipótese provável. Alguns partidários absolutos desta teoria admiraram-se que não a tenhamos afirmado como princípio. A isto respondemos que se a questão está resolvida para uns, não o está para todos, e a prova é que, a respeito, a ciência ainda está dividida. Aliás, ela é do domínio científico, onde o Espiritismo pode entrar, mas onde nada lhe cabe resolver de maneira definitiva, naquilo que não é essencialmente seu campo."

"Pelo fato de o Espiritismo assimilar todas as idéias progressistas, não se segue que ele se faça campeão cego de todas as concepções novas, por mais sedutoras que apresentem à primeira vista, com o risco de, mais tarde, receber um desmentido da experiência, e de se dar ao ridículo de haver patrocinado uma obra inviável. Se não se pronuncia abertamente sobre certas questões controvertidas, não é, como poderiam supor, para poupar os dois partidos, mas por prudência, e para não se adiantar levianamente num terreno ainda não suficientemente explorado." (...)

"A questão da geração espontânea está neste número.
Pessoalmente é para nós uma convicção e se a tivéssemos tratado numa obra comum te-la-íamos resolvido pela afirmativa; mas numa obra constitutiva da doutrina espírita, as opiniões individuais não podem se fazer lei; não sendo a doutrina baseada em probabilidades, não podíamos resolver uma questão de tal importância, apenas surgida, e que ainda está em litígio entre os especialistas." (itálicos nossos)

"Então, quando formulamos um princípio é que nos temos assegurado, de início, o assentimento da maioria dos homens e dos Espíritos." (...)

"Deixemos, pois, o materialismo estudar as propriedades da matéria; tal estudo é indispensável, e será feito: o espiritualismo não terá mais que completar o trabalho no que lhe concerne. Aceitemos suas descobertas e não nos inquietemos com suas conclusões absolutas, porque sua insuficiência, pata tudo resolver, uma vez demonstrada, as necessidades de uma lógica rigorosa concluirão forçosamente pela espiritualidade. (...)"

Como se pode concluir, Rivail era convicto partidário da geração espontânea, que defendeu criticando os principais experimentos da época, favoráveis à hipótese oposta. Vale a pena ler o resto do capítulo da Revista Espírita.

Apesar de partidário, ele soube distinguir sua opinião pessoal da posição da Doutrina Espírita. Ele não afirmou a geração espontânea como princípio, no que foi criticado pelos adeptos desta teoria, e mostrou que o tema estava longe de ser resolvido pela ciência de sua época. Kardec, portanto, manteve a dúvida e o caráter hipotético da geração espontânea, se considerarmos todos os seus escritos sobre o tema e não apenas os rápidos ensaios da codificação.
O avanço das Ciências Naturais mostrou que Rivail estava errado, mas que Kardec foi prudente.

Em matéria de Espiritismo, vale a pena estudar mais profundamente, antes de emitir opinião.

2.3.08

Ivan de Albuquerque e o Jovem

Figura 1: Ivan de Albuquerque
Ivan de Albuquerque tornou-se espírita na infância, influência de sua família, especialmente sua mãe. Passando por dificuldades financeiras, optou por trabalhar após a conclusão do equivalente ao nosso ensino fundamental para custear os estudos do irmão. Trabalhou como enfermeiro e tornou-se jovem expositor espírita, após estudar as obras a sua disposição, especialmente Allan Kardec e Léon Denis. Jovem, idealista e cristão, fez amizades no círculo dos trabalhadores espíritas das cidades do interior de São Paulo e dedicou sua juventude aos hansenianos, aos pobres, velhos e presidiários. Intimorato, visitava os hansenianos, abraçando-os e bebendo do mesmo copo. Certo dia solicitado a socorrer uma gestante em contrações de parto, atravessou a nado o rio Piracicaba para atender ao pedido da família. Foi detido e internado no Juqueri por autoridades policiais por panfletar o Espiritismo no Congresso Eucarístico (Araçatuba). Abatido, mas cheio de fé, continuou falando para os enfermos e para a equipe até que foi descoberto o paradeiro pela família e retirado do injusto internamento. Fundou uma cooperativa agrícola em Itaberá. Desencarnou jovem, aos 28 anos, em um acidente acontecido em um trem, rumo a Marília, onde faria uma palestra.


Figura 2: Cântico da Juventude

Após sua desencarnação já deu comunicações através de médiuns reconhecidos, mas trouxe aos jovens espíritas um "livro de cabeceira", para ler e meditar, sobre temas atuais de interesse à juventude, publicado pela Editora Fráter. Meu livro já se encontra desgastado pelo uso, mas o considero ainda contemporâneo e importante para as novas gerações, que devem discuti-lo em conjunto, nas reuniões de mocidades, aos poucos, para apreender o universo deste jovem espírito antigo que como Francisco de Assis, não resistiu à loucura da vivência do cristianismo em uma sociedade mercantil.