27.6.14
A ESQUINA DE PEDRA DO CRISTIANISMO
Wallace Leal V. Rodrigues escreveu o livro A Esquina de Pedra para tratar, de forma romanceada das mudanças ocorridas no movimento cristão ante a aproximação do império romano.
Alexandre Caroli Rocha me sugeriu a entrevista com o professor Jeferson Ramalho, feita pela RTV da Unicamp, especialista que comenta de forma clara e sintética o livro de Paul Veyne, "Quando o nosso mundo se tornou cristão".
Senti-me feliz em perceber que minhas esparsas leituras do cristianismo primitivo estão em sintonia com pensadores tão distintos. O vídeo tem apenas 15 minutos. Se você se interessa pelo assunto, vale a pena dar uma olhada.
http://www.rtv.unicamp.br/?video_listing=quando-o-ocidente-se-tornou-cristao#
23.6.14
FOTOS DE CAMILLE FLAMMARION
Foto: Observatório de Juvisy
Flammarion foi um astrônomo francês muito laureado por seus trabalhos de divulgação da astronomia junto à sociedade e pela fundação do Observatório de Juvisy, para onde foi após desligar-se do observatório de Paris.
Ele, contudo, ficou conhecido por suas ligações com Allan Kardec e com a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde trabalhou como médium psicógrafo durante algum tempo. Tomado de incertezas quanto a sua mediunidade, afastou-se temporariamente do movimento espírita, mas nunca deixou de pesquisar e publicar sobre os fenômenos da vida após a morte. Dois livros interessantes, com o resultado de pesquisas que ele fez sobre relatos de mediunidade são: A morte e seu mistério e O desconhecido e os problemas psíquicos.
Além dos livros de pesquisa, Flammarion escreveu ficções com temas entre a astronomia e o espiritualismo, para divulgar o pensamento espírita. Como os espíritas costumam ser hiperrealistas, nas palavras do Dr. Alexandre Caroli, eles costumam não entender a finalidade e o papel de livros como Stella, O fim do mundo, Urânia, entre outros.
Chrystiann Lavarini me enviou recentemente um site francês com diversas fotos de Flammarion, pouco conhecidas pelo movimento espírita brasileiro. Confiram!
18.6.14
HEROÍNA SILENCIOSA
Em viagem de lua de mel, uma amiga querida foi conhecer Dona
Yvonne. Era o início dos anos 80, e a grande médium fluminense viveria apenas mais
um par de anos em seu corpo físico. Ela acolheu os recém-casados com cordialidade
e conversaram muito sobre as atividades nos centros espíritas. Yvonne
queixava-se de uma certa transformação dos grupos em clubes recreativos.
Eu já conhecia a obra da médium. O estilo vívido de Tolstoi
através das mãos de Yvonne sempre me impressionaram muito. Os detalhes
da vida na Rússia dos Czares, da igreja ortodoxa, do campesinato e da nobreza,
fluem com vida incomum no texto de Ressurreição e Vida ou em alguns contos de
Sublimação.
Esta semana recebi o livro do amigo Pedro Camilo, já
publicado desde 2004 e em sua 5ª. edição, chegando aos 11 mil exemplares.
Comecei a leitura dentro do CTI, em recuperação de uma pequena cirurgia que
havia feito. As palavras se transformavam em imagens muito vivas, e entrei em
uma oscilação psíquica que vai da recordação à imaginação ativa. Eu já havia
lido quase todos os livros citados por Pedro, alguns diversas vezes, mas o seu
texto admirado fez-me recordar. As passagens da vida de Yvonne foram misturadas
e reorganizadas em uma linha singular, belíssima, porque a literatura mediúnica
desta médium traz uma narrativa de muitas vidas.
Charles, Roberto de Canalejas, Victor Hugo, Denis, Bezerra,
e muitos outros homens e mulheres espíritos povoaram meus olhos novamente. Os
suicídios e suicidas, tratados como seres humanos e parceiros na via dolorosa
da recuperação da alma que atentou contra sua própria vida, vidas a fio, como
Camilo Castelo Branco, invadiram a baia de tratamento intensivo, com suas
memórias. Yvonne consegue traduzir não apenas a dor, mas as cores, os cheiros,
as visões, como se fôssemos todos expectadores, vendo e entendendo à luz do
consolador.
Um técnico puxou conversa, no plantão interminável do
tratamento intensivo e confessou-me: você não imagina quantas pessoas vêm parar
aqui por atentar contra a própria vida, sem sucesso. Jamais havia pensado
nisso. O sofrimento dos suicidas e dos familiares dos suicidas que falharam
(felizmente) está impregnado naquelas paredes muito limpas e brancas. A dor
deles é compartilhada pelos encarnados que cuidam dos corpos mutilados, ainda
vivos, não se sabe por quanto tempo.
Os amigos dela também são meus amigos. Eu os conheci pessoalmente
ou através do rastro de luz que deixaram no movimento espírita. Chico Xavier,
Divaldo Franco, Carlos Imbassahy, Hermínio Miranda, Rizzini, Affonso Soares...
Pedro conta a história de um agricultor do interior do
nordeste, perdido na capital por ter dado um passo em falso e vendido todas as
suas posses em busca da esperança de um emprego que desse uma existência digna
aos filhos e a ele mesmo. Desiludido, abandonado nas ruas, possivelmente
atordoado com a fome e o frio dos filhos, veio-lhe à mente à ideia nefasta
quando uma senhora de cabelos brancos puxou conversa. Que palavras diríamos a
um homem sem futuro, só sofrimento, com uma ideia fixa na mente? Ela soube
exatamente o que dizer e reacendeu-lhe a esperança, mais uma vez. Coisa
perigosa para quem já chegou à beira do precipício. Ele escreveu, ante sua
orientação uma carta nominal a uma diretora do Centro Espírita Yvonne Pereira,
em Rio das Flores – RJ, terra natal de Yvonne. Num misto de admiração e
espanto, os trabalhadores daquela casa conseguiram que ele voltasse à sua
terrinha, espantados que em 1989, uma pessoa morta em 1984 pudesse fazer-se
vista, ouvida e identificada em lugar tão remoto, atraída pelo socorro a um
candidato ao suicídio de outro plano.
Eu saí do CTI cheio de vida e de amor à vida. Eu já conhecia
a história e as histórias, mas foram contadas de forma tão bela que deu vontade
de compartilhar com os leitores do EC.
14.6.14
ASSISTA A CONFERÊNCIA DE ABERTURA DO 1o. ENCONTRO REGIONAL DA LIHPE - UBERABA-MG
Da direita para a esquerda: Alexandre Caroli, Cíntia Alves, Jáder Sampaio. Atrás: Ozíris Borges
O Prof. Adilson Assis fez gravações das palestras da manhã do 1o. Encontro Regional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, em Uberaba MG. Abaixo está incorporado a palestra de abertura, com duração de cerca de uma hora. As demais podem ser vistas em:
O caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade: http://youtu.be/LhVpUg_8KMw
Autoria, edição e veredicção: uma análise semiótica das cartas de Chico Xavier: http://youtu.be/mabS-NxOivo
Autoria, edição e veredicção: uma análise semiótica das cartas de Chico Xavier: http://youtu.be/mabS-NxOivo
11.6.14
HISTORIADOR DEFENDE DISSERTAÇÃO SOBRE O MÉTODO DE KARDEC
O Correio Fraterno fez uma entrevista com Marcelo Gulão, historiador, que defendeu este ano uma dissertação de mestrado sobre o método de Kardec. Como o tema é visto pela comunidade acadêmica? Confiram o trabalho da Eliana Haddad:
7.6.14
DR MARCH EM DOIS PLANOS
Alexandre Rocha
Edições FEERJ
160 páginas
14 x 21 cm
ISBN:
85-98419-01-X
O professor Eugène Enriquez, em conferência na
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG provocou a todos o que o
assistiam, quando afirmou que o brasileiro não conhece a sua história. Passada
uma década indignada, após ler a mais recente biografia sobre o Dr. March,
escrita pelo editor da Lachâtre, começo a dar-lhe razão, ainda que a
contragosto.
Fosse
um filme, seria difícil de ser classificado. Aparentemente parece-se com um
documentário, mas flui de forma tão natural e desperta tantos sentimentos no
leitor, que talvez fosse um drama ou, quem sabe, um filme de aventuras.
Discreto, Rocha aparece pouco na sua narrativa, comenta pouco. Quem pensa que o
estilo biográfico é um texto chato, onde se enaltecem os feitos e se descreve a
obra de uma pessoa importante, pode ir mudando os conceitos.
Alexandre
obteve e utilizou um número razoável de documentos, livros, teses, entrevistas,
produções mediúnicas e material obtido em periódicos científicos e
jornalísticos. Não é uma tarefa fácil, reunir informações de um brasileiro do
século XIX.
O
livro é um passeio pelo Brasil Império, ambienta-se inicialmente na região de
fazendas que se tornaria Terezópolis. George March, pai do biografado, é de uma
personalidade ímpar. Português, descendente de ingleses, casado com Dona
Inácia, afro-brasileira, decide construir uma confortável sede de fazenda em
uma região até então erma. Tão notória é a sua fazenda, que a nobreza e a elite
da capital do império viaja até lá para hospedar-se e usufruir da companhia do
anfitrião e das delícias que pode proporcionar uma propriedade luxuosa em
região serrana.
Há
um sonoro silêncio em torno da pessoa de Dona Inácia, cuja influência não pode
ter se reduzido à cor da pele do biografado. Como se deu a união? Como as
elites fluminenses e as autoridades estrangeiras reagiram a este
relacionamento? Inácia faleceu antes de George March? Nada disto parece ter
chegado às mãos do autor, que diante da falta de informações, nada pode
escrever.
Ao
redor da fazenda, o tempo passa e com ele segue a história. A mansão, que tem
vida breve no pequeno livro, vai da glória às ruínas. Do pedido de visita do
próprio imperador (1830) à morte do proprietário (1845) o biógrafo encontra
sutilezas da relação entre Brasil e Inglaterra e traz à luz os problemas de
herança. Vendida a fazenda, nasce Terezópolis, toma cena a questão Christie, um
litígio entre imperadores e o pequeno Guilherme de seis anos fica aos cuidados
de tutores no Rio de Janeiro.
Aos
quinze anos, o jovem Guilherme estuda medicina e aos vinte e um anos defende
tese doutoral, como era exigido à época, graduando-se em medicina.
Alexandre
compara o jovem Dr. March a Francisco de Assis. Tivesse ele nascido na Úmbria
no século XIX, já teria sido objeto de filmes, livros e talvez da devoção
popular italiana. Como Francisco, ele adota um estilo de vida devasso na
juventude, que só teve fim após uma enfermidade progressiva, possível seqüela
da sífilis, doença que vai fazendo perder a mobilidade corporal aos poucos.
A
dor e o fim da herança paterna fizeram-no mudar o estilo de vida, o que Rocha
encontra em correspondência a Dias da Cruz.
De
formação tradicional, o Dr. March abandonaria a medicina chamada alopática
pelos homeopatas para direcionar sua clínica por esta última. Como se deu esta
mudança? Silêncio. Nosso biógrafo, contudo, conseguiu levantar toda a
publicação clínica nos Anais de Medicina Homeopática do Instituto Hahnemanniano
do Brasil, sua atuação nesta instituição, suas descobertas e lutas. Confesso
que fiquei assombrado com a comunicação do Dr. March, já sexagenário, na qual
ele apresenta melhoras oftalmológicas significativas de presbiopia e vista
cansada com o uso de uma certa substância dinamizada, antecedida por uma
irritação do globo ocular semelhante a uma conjuntivite, bem aos moldes da
teoria homeopática.
As
emoções se multiplicariam nos capítulos seguintes. Residindo em Niterói, o
médico e cientista, com anuência de toda a sua família, inicia seu apostolado
na medicina. Médico de todos, do povo e das elites desiludidas com a medicina
tradicional, o Dr. March não apenas atende sem perceber remuneração, como monta
uma farmácia homeopática em casa, para distribuir medicamentos ao povo e
alberga aos que vêm de longe, incapazes de voltar a casa. Diagnosticando a
fome, ele tira dos seus para tratar aos desconhecidos que o procuram. Quando
questionado pelos filhos, ele lhes ensina o Evangelho.
Eleito
vereador, continua pobre. Eleito juiz, continua justo. Continua médico.
Continua filantropo. Deixa de ser vereador e juiz. Não abandona a caridade.
Continua espírita. E os casos vão ganhando vida com a pena do autor, sucintos,
rápidos, mas cheios de emoção. A comunidade se incomoda com o estado da
residência do Dr. March e faz um movimento para adquirir-lhe uma nova casa.
Falecem-lhe os filhos e a companheira, mas não lhe faltam forças para acolher,
tratar e curar. E os casos impressionam.
Neste
ínterim, o Brasil se torna república. A armada se revolta e uma de suas naves
de guerra dispara tiros contra o Rio de Janeiro e Niterói. Os March se
refugiam, mas a caridade continua, uma caridade tão comovente quanto a saúde
popular no Brasil que finda o século XIX e inicia o século XX.
Quando
finalmente a doença o impede de locomover-se e fica no leito, não se sabe em
que estado de consciência, diferentes médiuns fluminenses começam a emitir
receituário homeopático assinando G. March. Evidências de comunicação mediúnica
entre vivos?
O
médico deu seu último suspiro em 1922. A prefeitura de Niterói assume as custas
do enterro e fica em luto por 48 horas. Uma multidão acompanhou o féretro até o
cemitério do Maruí. O governador do Estado do Rio de Janeiro se faz
representar. Catulo da Paixão Cearense lhe escreve uma poesia. Gilberto Freire
faria constar seu nome em um de seus livros.
A
segunda parte é uma coletânea de mensagens dadas pelo Dr. March a três médiuns:
Telma Pereira, Raul Teixeira e Solange Pessa. Nesta parte o biógrafo se cala
totalmente, apenas transcreve.
Alexandre
Rocha escreveu um texto limpo, que emociona, quem sabe consiga trazer de volta Dr. March das brumas do esquecimento?
4.6.14
É POSSÍVEL CONCILIAR SAÚDE E ESPIRITUALIDADE EM PESQUISA ACADÊMICA?
O NUPES (Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde) da Universidade Federal de Juiz de Fora, vem realizando pesquisas sobre sua linha central. Na tentativa de comunicar seus trabalhos com a sociedade como um todo, eles iniciaram um projeto chamado TV NUPES, que são apresentações curtas com as questões que eles têm desenvolvido, entrevistas com convidados (alguns internacionais) entre outras iniciativas. Embora não estejam tratando diretamente do espiritismo em muitos dos seus trabalhos, seus temas são do interesse da comunidade espírita, então vamos divulgá-los no Espiritismo Comentado.
Este vídeo de quatro minutos é o primeiro de uma série que mostra alguns mitos ligados à conciliação entre ciência, espiritualidade e religião.
3.6.14
400
Termópilas, hoje.
Lembram-se da batalha das Termópilas? 300 espartanos liderados por Leônidas agruparam cerca de 7000 gregos e detiveram um exército de 300 mil persas durante um bom tempo.
Bem, chegamos a 400. Na verdade 400 mil acessos, desde 2008, embora estejamos no ar desde março de 2007. Vale a pena comemorar, não é mesmo? Um blog espírita atraindo 400 mil leituras? Quero agradecer a quem tem acompanhado e ouvir sugestões para o futuro.
1.6.14
RECORDAÇÕES DE MODESTA
Foto: Sanatório Espírita de Uberaba
Livro: Recordações de Modesta
Autor: Iracy Cecílio
Editor: INEDE
223 páginas
16 X 22,5
ISBN: 9788589038218
1a. Edição
2007
A memória espírita não se esvanece porque algumas
editoras e pessoas insistem em preservar o pouco que resta do passado com seus
esforços pessoais. Mesmo sem formação em história ou sem qualquer curso formal
sobre preservação da memória, surgem voluntários a abrir mão de suas horas de
descanso em iniciativas que possibilitam às novas gerações não perder as
“picadas” que foram abertas na mata pelos pioneiros.
Maria Modesto nasceu em 1899, no mesmo ano em que
Freud escreveu a “Interpretação dos Sonhos”. Filha de espíritas, padeceu aos 18
anos de uma enfermidade que foi diagnosticada como grangrena por um facultativo
da capital mineira, associada a perturbação mental que os espíritas
identificaram como obsessão. A família evitou a cirurgia e, mesmo sob
advertência médica, levou-a a Sacramento, onde foi tratada por Eurípedes
Barsanulfo, à base de desobsessão, passes e água fluidificada no período de 18
dias. Seguiu-se a educação mediúnica e, em breve, estaria psicografando. Ela
seria intermediária das prescrições médicas dos espíritos, prescrições
corretas, para o desespero do Pai da Psicanálise.
Estivesse viva, seria levada pelo Prof. Cléber de
Aquino, da USP, para ensinar aos alunos de Administração sobre
empreendedorismo. Ainda em 1917 ela foi aceita como sócia no Centro Espírita
Uberabense, em 1919 fundou o “Ponto Bezerra de Menezes”, onde realizava reuniões
mediúnicas e reuniões públicas três vezes por semana, passados nove anos,
lançou a pedra fundamental do Sanatório Espírita, sob a inspiração do
presidente desencarnado da FEB. O Sanatório foi construído em cinco anos, e, em
breve, seria dirigido pelo Dr. Inácio Ferreira. Diariamente Maria Modesto passaria a colaborar com o funcionamento do sanatório, seja através dos eventos
sociais, seja através do exercício da mediunidade, no auxílio à desobsessão, e
nas comunicações de espíritos superiores, como é o caso do próprio Dr. Bezerra
de Menezes.
A vida como médium foi marcada por eventos
comprobatórios, como a previsão da volta e fim trágico de Vargas ao poder,
feita em 1945, pelo espírito de Frei Ângelo.
Em 1940, a médium-empreendedora funda a União da Mocidade
Espírita de Uberaba, instituição que apoiaria durante o curso da vida. Em 1949
ela fundaria o Lar Espírita, entidade de amparo à criança.
Há ligações de Maria Modesto com a maçonaria, visto
que ela ajudou a construir a Loja Maçônica Estrela Uberabense.
Maria Modesto desencarnou em 1964 na triste aurora
dos anos de chumbo.
O livro, na verdade, é uma compilação de
documentos. Os primeiros capítulos são memórias biográficas escritas por
diferentes autores, entre eles o filho Erasmo. A segunda parte (embora o livro
não esteja dividido assim) contém a transcrição de mensagens, inicialmente
tendo Maria Modesto como médium e depois como personagem, através de outros
médiuns e muitas vezes com narrativa de outros espíritos.
A parte final do livro narra casos pitorescos (como
não poderia faltar a um livro mineiro de memórias), relatos e ensaios,
geralmente escritos póstumos que oradores e escritores espíritas de destaque
fizeram, focalizando partes ou sínteses de sua biografia.
O livro foi bastante enriquecido com fotografias de
época, nas quais se vê Dona Modesta em diversos momentos da vida, as
instituições que ela ajudou a construir e os seus familiares.
Esta é uma primeira iniciativa, ainda superficial.
Cabe às novas gerações dar continuidade ao trabalho de Iracy, resgatando a
contribuição da mediunidade de Dona Modesta ao pensamento espírita, e
aprofundando em sua personalidade e nas suas relações com os atores sociais de
sua época, antes que a poeira do tempo cubra de vez as suas heranças.
27.5.14
QUANDO OS ESPÍRITAS SE ENCONTRAM COM A SOCIEDADE
O movimento espírita de Juiz de Fora realizou neste último
sábado o 9º. Fórum Espírita. Seiscentas pessoas, aproximadamente, acomodaram-se
confortavelmente no salão do Clube Tupi, para debater com três conferencistas
sobre o tema morte.
A entrada, em uma grande antessala, onde também foram
servidos os coffee-breaks chamava a
atenção pelo clima de reencontro e alegria. Pessoas das mais diferentes casas
espíritas da cidade participaram da organização e muitas pessoas de fora,
beneficiaram-se do evento.
Uma exposição de fotos das casas espíritas da cidade compôs
um grande painel, onde alguns participantes paravam para identificar as sua ou
trocar lembranças com outros interessados.
Fui apresentado a uma simpática pesquisadora que chegou
recentemente da Alemanha, e que fez parte da equipe que investigou o
funcionamento cerebral de médiuns pintores, com neuroimagem. Vi a juventude e a
seriedade da colega, e recordei-me de quando era mais jovem, tentando provocar
os médicos espíritas da época a estudarem
com eletroencefalografia o transe mediúnico. À época eles julgavam a técnica
pouco produtiva, mas o avanço da tecnologia, aliado à coragem acadêmica, nos
presentearam com novos horizontes para a investigação da mediunidade e do
espírito.
A palestra da manhã, feita pelo Dr. Alexander
Moreira-Almeida, médico psiquiatra, apresentou o método de Kardec para a
pesquisa da vida após a morte e as pesquisas que se fazem em nosso tempo de
hoje. Rica em citações e referências, abriu um universo de leitura para quem
deseja informar-se mais das tentativas do homem retirar o véu que cobre o
segredo da grande viagem. As perguntas iniciaram-se ligadas ao tema, mas em
pouco tempo o público dirigiu questões para o psiquiatra, esquecendo-se do tema
central do fórum, mas procurando ouvir algo sobre suas dores e conflitos
íntimos.
À tarde, apresentamos um trabalho sobre o processo de morrer
e os relatos dos espíritos, colhidos pela mediunidade dos colaboradores de
Kardec, pelas pessoas que informaram Camille Flammarion e pelos espíritos que
continuam usando a psicografia hoje como canal de comunicação entre dois mundos.
Temas diversos, como as mortes violentas, e dentre elas o suicídio, foram
tratadas e tocaram as pessoas. O caso de Daniela ilustrou bem este tema nada
fácil. Lembrei-me dos estudos que papai fazia sobre o tema, décadas atrás e da
curiosa desencarnação de minha avó, que compartilhei com o público. Papai
estaria presente? Se estivesse sentiria um pouco de nostalgia dos tempos de
trabalho com o movimento espírita e lembrar-se-ia das muitas vezes que
estivemos juntos ao redor do tema da morte e do morrer.
As perguntas foram francas, diretas e algumas, apesar do nosso
apelo ao público, muito pessoais. Enquanto algumas perguntas vinham direto do
intelecto, outras vieram diretamente do coração dolorido pela perda ou pelo
sofrimento. Perceber o caráter consolador do espiritismo é tocante. Agradeço à
ajuda de dois mundos pela inspiração das respostas. Sozinho não conseguiria
perceber o significado profundo das perguntas que chegavam aos borbotões.
Após a palestra dirigimo-nos a uma mesinha simpática, para
autografar os nossos O observador e outras
histórias e Casos e descasos na casa espírita. Os interessados formaram uma
fila, sempre recebidos pela Julieta, nosso “anjo da guarda”, para autógrafos. Rapidamente,
nos abraçavam, contavam suas histórias, trocavam impressões. Víamos pessoas de
diversos lugares, presentes por diversos motivos, interessados em romper com o
tabu, e algumas delas em lidar com as dores, as perdas de seres muito queridos
que as anteciparam na grande viagem.
A fila continuava mesmo com o final do intervalo, o que não
nos possibilitou assistir ao trabalho de Angélica Maia, sobre “educação para a
morte”. Impossível deixar as pessoas que nos procuravam e que esperavam
pacientemente sua hora de colher o autógrafo e compartilhar alguma coisa.
Terminada a fila, outro compromisso. Uma entrevista para a tradicional revista “O
médium”, que tantas histórias e reflexões trouxe ao movimento espírita ao longo
de muitas décadas. Há um projeto de voltar a imprimi-la. Seguiu-se diálogo
rico, com um jornalista bem informado e perspicaz. A palestra da Angélica ficou
mesmo para uma próxima oportunidade.
As pessoas encomendaram os DVDs do evento e pude abraçar
ainda uma família querida meio belorizontina e meio juiz-forana, que
participava entusiasmada da organização do evento. O fórum será levado a outros, que não puderam estar presentes.
Perdoe o leitor por tantas observações pessoais, mas penso
que só assim poderia transmitir o sentido de um evento tão trabalhoso como este, que envolve tantos
trabalhadores voluntários e participantes. Meses de organização se justificam,
não apenas pelo conhecimento que se veicula, mas pelo encontro, esta coisa tão
fora de moda, tão ofendida pela comunicação rápida dos tablets e celulares.
10.5.14
DESENCARNA LUCIANO DOS ANJOS (03/05/2014)
Não conheci pessoalmente o
Luciano dos Anjos. Tive um contato breve, cordial e distante, pela internet. Eu
havia escrito um trabalho sobre a identidade de André Luiz, mostrando a falta
de evidências para a tese de ele ser Oswaldo Cruz ou Carlos Chagas (este
último, conhecido pessoal da minha família). Luciano defendia outra identidade
para André Luiz. A partir deste contato, vez por outra, Luciano dava notícias e
de ordinário envolviam polêmicas.
Apaixonado pelo espiritismo e
defensor das ideias de J.B. Roustaing, Luciano tinha um verbo forte, era
conhecido pelos textos duros que publicava, doesse a quem doesse. Após
afastar-se da FEB, com o final da gestão de Armando de Oliveira Assis, que
admirava, ele trabalhou muitos anos em um pequeno grupo de estudos, que
denominou “Grupo dos Oito”.
Da sua produção bibliográfica, “O
atalho” é um livro curioso, no qual faz uma análise pessoal do movimento
espírita e das instituições espíritas contemporâneas. Como era amigo das
polêmicas, defendeu ideias próprias, independente da organização do movimento.
Fez uma defesa contundente da
mediunidade de Divaldo Franco, no seu livro “A anti-história das mensagens
co-piadas”. Outro livro importante, no
qual participou como personagem central e coautor, foi “Eu sou Camille
Desmoulins”, no qual ele participa de sessões de regressão de memória e passa a
relatar uma suposta encarnação passada como um dos atores sociais de destaque
na Revolução Francesa. As sessões foram conduzidas por Hermínio Miranda, que gravou
e analisou os resultados da hipnose induzida por passes.
Uma de suas últimas ações de
notoriedade pública foi uma ação que moveu contra a mudança do estatuto da
Federação Espírita Brasileira, que iria, entre outras transformações, retirar
um parágrafo que colocava como papel da federativa a “obrigatoriedade do estudo
dos Quatro Evangelhos” [de Roustaing]. Ele alegou que se tratava de uma
cláusula pétrea, não podendo ser retirada dos estatutos, mas a última
informação que recebemos foi de um acórdão do Tribunal de Justiçado Rio de
Janeiro posicionando-se à favor das mudanças do estatuto pela assembleia, como
se pode ler no link a seguir: http://www1.tjrj.jus.br/gedcacheweb/default.aspx?UZIP=1&GEDID=00048D6CB18F2361140253909B2FF41A8298C502352D0804
Luciano publicou alguns livros
sobre Roustaing, como “Jean-Baptiste Roustaing - O Missionário da Fé” e “Para
entender Roustaing”. Ele tem alguns títulos de lançamento previsto para
2014, esperamos que a desencarnação não impeça que estes trabalhos venham à
luz. Sua personalidade ímpar deixou marcas no movimento espírita brasileiro,
desejamos que ele encontre o apoio espiritual que merece na nova vida que
inicia e dirigimos à família um abraço afetuoso.
7.5.14
O PERÍODO RELIGIOSO
Dezembro de 1863. Allan Kardec
dava mostras de alguma tristeza quando publicou “Período de Luta” na Revue Spirite. Os últimos
anos não haviam sido fáceis. Após o acolhimento inicial de seu primeiro livro
espírita, diversos grupos começaram a se organizar pela Europa ou a enviar
correspondências para o autor da boa notícia. Queriam trocar informações,
queriam orientações de funcionamento, queriam diálogo. Os anos subsequentes ao
abril de 1857 foram muito frutuosos, e ele havia revisto e ampliado “O livro
dos espíritos”, publicado um livro introdutório para os iniciantes, impresso um
guia, espécie de manual, que explicava o que é mediunidade e como organizar
sessões experimentais. Sua maior realização, entretanto, havia sido a
publicação de uma revista mensal, para a qual não faltavam assinantes de
diversas partes do continente e fora dele.
Após o sucesso inicial do Espiritismo, termo que ele cunhou
para distinguir a doutrina desenvolvida em diálogo com Espíritos que
comunicavam através de médiuns, Kardec começou a enfrentar as críticas e até pequenas
agressões verbais que surgiam de diferentes segmentos da sociedade. A princípio
ele acreditava que o estudo científico-filosófico da vida após a morte poderia
ser uma alternativa ao desgastado pensamento religioso, e que religiosos de
diversas designações poderiam se interessar e tornarem-se estudiosos dos
ensinamentos espirituais.
A igreja, contudo, havia dado o que considerava ser um golpe
de misericórdia na doutrina nascente: inserira no index prohibitorum seus dois livros mais populares, fechando as
portas do Espiritismo aos católicos fiéis. A Europa, contudo, já não era mais o
grande feudo cultural do século XVI, e os livros continuavam sendo procurados,
as assinaturas continuavam chegando, a correspondência aumentava.
Após tanto desgaste pessoal, e diante do aumento de
trabalho, entrevendo a dificuldade das instituições antigas reverem seus dogmas
e abrirem mão de seu poder secular, Kardec comunica em apenas uma linha que
reveria a linha de trabalhos adotada até então:
“A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e levará ao
quarto período, que será o período religioso.”
Em apenas quatro meses, um novo livro seria publicado:
Imitação do evangelho segundo o espiritismo, que na segunda edição já
apresentava o título que o transformaria no livro mais vendido de Kardec nas
terras brasileiras, ao longo dos séculos XX e XXI. Kardec começa a publicar
sobre o cristianismo e o Cristo, dando bases a uma proposta ética do movimento
nascente.
Dali para o futuro, todos os livros passariam a tratar
diretamente dos ensinamentos de Jesus à luz do conhecimento espírita. Estava
consolidado o período religioso.
2.5.14
PRIMEIRO ENCONTRO REGIONAL DA LIHPE - UBERABA-MG
Local: Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba-MG
Data: 17 de maio de 2014 - das 8:30 às 17:30 horas
Coordenação: Prof. Ozíris Borges Filho
Organização: PET-Letras da UFTM e Coordenação da LIHPE
Trabalhos já confirmados:
Dr. Alexandre Caroli Rocha - O Caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade
Ms. Cíntia Alves Silva - Autoria, edição e veridicção: uma análise semiótica das cartas de Chico Xavier
Dr. Jáder Sampaio - Pesquisas Atuais sobre a mediunidade
Dr. Ozíris Borges Filho - O lá e cá de Augusto dos Anjos
Dr. Adilson Assis - Uma leitura espírita do diálogo "Íon" de Platão
Mestrando Luiz Fernando Bandeira de Melo - Religião e mediunidade de Sócrates em Platão
Tatiana de Souza F. Marchesi - A espacialidade em Nosso Lar
Rodrigo Junqueira Souto - A construção do espaço em "A Casa do Escritor", de Patrícia
Taxa de inscrição: 25 reais
Mais informações podem ser obtidas em:
http://erlihpeminas.blogspot.com.br/
http://lihpe.net
Data: 17 de maio de 2014 - das 8:30 às 17:30 horas
Coordenação: Prof. Ozíris Borges Filho
Organização: PET-Letras da UFTM e Coordenação da LIHPE
Trabalhos já confirmados:
Dr. Alexandre Caroli Rocha - O Caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade
Ms. Cíntia Alves Silva - Autoria, edição e veridicção: uma análise semiótica das cartas de Chico Xavier
Dr. Jáder Sampaio - Pesquisas Atuais sobre a mediunidade
Dr. Ozíris Borges Filho - O lá e cá de Augusto dos Anjos
Dr. Adilson Assis - Uma leitura espírita do diálogo "Íon" de Platão
Mestrando Luiz Fernando Bandeira de Melo - Religião e mediunidade de Sócrates em Platão
Tatiana de Souza F. Marchesi - A espacialidade em Nosso Lar
Rodrigo Junqueira Souto - A construção do espaço em "A Casa do Escritor", de Patrícia
Taxa de inscrição: 25 reais
Mais informações podem ser obtidas em:
http://erlihpeminas.blogspot.com.br/
http://lihpe.net
28.4.14
O SLIDE QUE FALTOU...
No seminário "Mecanismos da Mediunidade", realizado no último sábado, mencionei uma imagem que explica a diferença entre vidência e clarividência na obra de Allan Kardec.
André Luiz usa apenas a palavra clarividência, ou sua equivalente, clariaudiência, para referir-se à faculdade dos médiuns videntes ou audientes.
Allan Kardec, contudo, estudou os fenômenos sonambúlicos, comuns nos meios do magnetismo animal, existentes na França de sua época. Uma das faculdades que o sonâmbulo, levado a este estado de hipnose ou magnetismo, podia apresentar, era o fenômeno da clarividência. Neste caso, um fenômeno que hoje chamamos de anímico, ou da própria alma do sujeito magnetizado. Concluindo, havia a palavra clarividência, usada para, por exemplo, percepção de fatos à distância. Kardec cita no vocabulário espírita do primeiro Livro dos Médiuns que a clarividência sonambúlica era sinônimo da palavra lucidez.
O sonâmbulo, contudo, era um estado de transe profundo (Kardec usa a palavra crise, porque parece que transe não era uma palavra utilizada pelos magnetizadores àquela época). Vimos no seminário que Charcot, professor de Freud, por exemplo, descrevia três estados de transe profundo em seus pacientes na Salpetrière: letargia, catalepsia e sonambulismo.
Os magnetizadores, contudo, também conheciam pessoas que tinham percepções visuais sem os olhos, sem, no entanto entrarem em transe profundo. Isso era chamado de dupla vista.
Quando Kardec estudou os fenômenos mediúnicos, ele encontrou médiuns capazes de perceber espíritos e o mundo dos espíritos nestas duas condições: em transe profundo (que ele chama de crise passageira) ou em estado de vigília. A faculdade dos médiuns que percebem os espíritos sem as alterações próprias do sonâmbulo, Kardec denomina de "vidência mediúnica". Os que entram em um estado alterado de consciência, semelhante em alguns pontos ao sono, mas diferente em outros (anestesia de membros do corpo, capacidade de reagir a sugestões sem acordar, etc.) têm sua faculdade denominada pelo codificador como "clarividência mediúnica".
Publiquei este trabalho completo no livro "O transe mediúnico e outros estudos", em 1999, que teve apenas 50 exemplares. Ele trata do conceito de vidência e clarividência em diversos autores espíritas ou não. A parte que trata do conceito em Kardec está publicada no Boletim GEAE, com as transcrições dos trechos dos livros de Kardec que demonstram a explicação acima.
23.4.14
VAGAS DE DESISTÊNCIA NO SEMINÁRIO "MECANISMOS DA MEDIUNIDADE"
Com algumas desistências que aconteceram nos últimos dias, temos pouco mais de uma dezena de vagas para o seminário "Mecanismos da Mediunidade, a ser realizado na Associação Espírita Célia Xavier" em Belo Horizonte. Interessados podem se inscrever no e-mail desaecx@gmail.com. As vagas serão preenchidas pela ordem de submissão e confirmadas aos remetentes.
Informem:
Desejo participar do Seminário "Mecanismos da Mediunidade"
Nome:
E-mail:
Local que frequenta:
14.4.14
O OBSERVADOR E OUTRAS HISTÓRIAS
Uma jovem com anorexia...
Um sacerdote envolvido no poder temporal...
Um negro que lutou na Revolução Farroupilha...
Um policial, membro de grupo de extermínio...
Uma professora falecida em acidente de carro...
Uma médium espiritualista de outro país...
Um evangélico que expulsou a filha de casa...
Uma mulher que viu nascer um centro espírita no interior...
Um espírita da Espanha do século XIX...
Uma mulher negligenciada pelo marido...
O que aconteceu após sua morte?
Instituto Lachâtre
http://www.lachatre.com.br/loja/o-observador-e-outras-historias.html
Livraria Candeia
11.4.14
UM NOVO DESAFIO PARA A EVANGELIZAÇÃO INFANTIL
Vinícius, autor importante do espiritismo brasileiro,
gostava muito de uma expressão latina: “res, non verba”, que significaria
“coisas, e não, palavras”. Trazendo para o contexto da evangelização da
infância e da juventude, vejo como desafio importante e inadiável a forma como
organizamos nossas aulas.
Na universidade em que trabalhei, o conceito de disciplina
foi transformado em “atividade acadêmica”. Na prática, mais que o nome, esta
mudança permitiu que diversas atividades de formação dos alunos que antes não
eram computadas, passassem a ser consideradas importantes e reconhecidas para o
seu percurso. Participação em grupos de estudo, ser membro de projetos de
pesquisa, estágios, vivências profissionais, participação em congressos e
eventos técnicos; isto e muito mais passou a ser passível de reconhecimento,
cômputo e registro para o histórico escolar e a formação de um aluno, porque a
aprendizagem não se dá apenas no espaço da sala de aula, com exposições e
provas.
Penso que é necessária uma expansão do conceito de
evangelização infantil para que se possa construir um novo conceito, no qual o
aluno se envolve mais com as atividades propostas. Desde a metade do século 20,
a literatura especializada de evangelização infantil tem sido muito voltada a
uma lógica de aula de evangelização que envolve a seguinte estrutura: abertura,
exposição (explicação de conceitos) ou história, atividade de fixação,
encerramento. Algumas aulas sequer contam com atividades de fixação, algumas
vezes realizando atividades desligadas do conteúdo da aula (um desenho para
colorir, por exemplo, para crianças menores).
Quando pensamos nas crianças de classe média em geral, elas
têm uma vivência escolar e um acesso à informação diferenciado do que tínhamos
na nossa infância. Desde jovens aprendem a buscar a informação na internet,
gostam de jogos computadorizados, têm acesso à televisão de uma forma mais
ativa (podem escolher programas em uma grade imensa das televisões pagas, podem
baixar filmes e programas da internet, etc.) estão expostos a metodologias de
ensino de pedagogia de projetos e construtivistas, embora ainda tenham a velha
e boa aula expositiva, dialogada ou não.
Nas escolas, usam-se filmes, reportagens televisivas, visitas a museus
e outras formas de apoio à educação.
Já passou da hora de diversificarmos os métodos de
aprendizagem, repassando às turmas um papel mais ativo e interessante de acesso
ao conhecimento espírita.
Eu gostaria de abrir um espaço no Espiritismo
Comentado para que os evangelizadores possam repassar suas experiências bem
sucedidas de situação dos alunos, crianças e jovens, na condição de atores
ativos na construção do seu próprio conhecimento. Os interessados podem
escrever suas histórias para espiritismocomentado@gmail.com,
e, se possível, com uma fotografia que a ilustre.
7.4.14
5.4.14
FICOU MAIS FÁCIL LER OS LIVROS DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO
A Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE) é uma rede de pesquisadores que produzem e divulgam conhecimento ligado ao pensamento espírita.
Ficou mais fácil adquirir os livros da Série Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo. Os livros estão sendo distribuídos pela Candeia:
http://www.candeia.com (atenção, não digite br ou vai cair em outra editora)
Para acessar o catálogo, digite o nome dos livros no instrumento de procura, no alto da página.
Procure também os livros da Coleção Espiritismo na Universidade: Voluntários, Unir para Difundir, O movimento espírita pelotense, Fogo Selvagem - Alma Domada e Ser Voluntário - Ser Realizado.
Boa leitura!
2.4.14
Alma, Espíritos e espírito: qual a diferença para Allan Kardec?
Ilustração de Gustave Doré de A Divina Comédia. Dante e Virgílio estão no sexto ciclo.
Um dos temas que costumam causar
polêmica na obra de Kardec é a dupla definição de espírito/Espírito que ele faz
em “O livro dos espíritos”.
Na questão 23 ele define espírito
(com e minúsculo) como o “princípio inteligente do universo”. Esta definição não
constava da primeira edição do livro, bem como a discussão sobre Deus, espírito
e matéria (questão 27), na qual Kardec tenta distinguir “o princípio de tudo o
que existe, a trindade universal”.
Essa trindade assemelha-se à de
um dos autores espirituais de “O livro dos espíritos” quando encarnado: Platão.
Ele propõe como trindade o demiurgo (o criador do mundo), a matéria e as ideias
puras.
Observa-se que neste início do
livro, Kardec define espírito “em princípio” ou como princípio, não como
ente. Este “princípio inteligente do
universo” não existe separado da matéria, embora possa estar ligado a uma forma
material tão sutil, que para nós “é como se não existisse” (questão 186)
Prosseguindo , ele faz uma nova
definição na questão 76, mas agora está falando dos Espíritos, com a letra “e”
maiúscula. Estes, sim, são entes, seres que se encontram na natureza, no mundo espiritual,
como define Kardec. Ele define,
portanto, como “seres inteligentes da criação” e ainda redige uma nota que os leitores
desavisados costumam não dar muita atenção: “A palavra Espírito é empregada
aqui para designar as individualidades
dos seres extracorpóreos, e não mais o elemento inteligente do universo”.
Neste momento, Kardec passa a tratar
dos seres humanos desencarnados, que existem no mundo espiritual com um períspirito
que os delimita à percepção dos demais e dos médiuns. Perceba o leitor que, a
partir da questão 76, ele passa a usar a palavra Espírito com maiúscula, mesmo
quando ela aparece no meio da frase, para deixar claro que não está se
referindo ao princípio inteligente, mas aos seres inteligentes.
Uma curiosidade: na primeira
edição de O Livro dos Espíritos, Kardec usa sempre a palavra francesa esprit ou
esprits com letra minúscula. Na segunda edição é que encontramos a distinção de
esprit e Esprit ou Esprits. Confiram no site do IPEAK:
Primeira edição: http://www.ipeak.com.br/site/upload/midia/pdf/le_livre_des_esprits_1a.ed_1857_mode_texte.pdf
Segunda edição: http://www.ipeak.com.br/site/upload/midia/pdf/le_livre_des_espirits_2ed.1860_mode_texte.pdf
Por fim resta-nos distinguir
Espíritos de almas. Kardec emprega a palavra Espírito para tratar dos
desencarnados e alma (questão 184) para
tratar do Espírito dos encarnados.
Concluindo:
O espírito é um elemento
universal, de essência distinta da matéria (e de Deus, obviamente)
Os Espíritos são seres
inteligentes, desencarnados, que só existem ligados a um envoltório semimaterial
denominado períspirito.
As almas são os Espíritos
encarnados.
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