Foto: Lar Espírita Esperança, 2008
Recordo-me de uma visita de um jovem, há muitos anos, que estava fazendo um estudo sobre as mocidades espíritas de Belo Horizonte. Ele trazia uma tese, a de que as mocidades estariam desaparecendo. Esta tese não fazia qualquer sentido para a nossa experiência, talvez fosse uma vivência pessoal que ele buscasse generalizar.
Esta foto é de 2008. Foi um evento que comemorava 40 anos da mocidade da Associação Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte. Não me recordo com clareza, mas acho que esta reunião foi em um sábado, e a foto já foi no apagar das luzes. Raul Teixeira, ao centro, foi o palestrante do evento, que tinha por objetivo marcar muitos anos de contribuições, encontros, palestras, idas e vindas de Niterói.
Para os que não conhecem as pessoas, é apenas um grupo com membros de 8 a 80, mas, para nós, são as muitas gerações de jovens que se sucederam; são histórias vivas de superações e lutas, de dedicação e trabalhos diversos. Cada rosto traduz um imenso conjunto de experiências e afetos. Há lutas e desentendimentos, algum sofrimento, mas uma história de muita intimidade e realização.
Há famílias de duas ou três gerações presentes, algumas com os pais já desencarnados mas ainda presentes em nossas memórias pelo carinho com que nos trataram, pelos auxílios das mais diversas ordens que nos prestaram ao longo de suas contribuições, pela admiração que tínhamos por seus exemplos na assistência e promoção social, na mediunidade, nos estudos, e em muitas outras situações. Quem vê este grupo não tem a menor ideia do que significaram e significam para nós. Quem se atreve a falar do movimento espírita de fora, reduzindo a rica experiência que vivemos juntos ou não tão juntos assim aos estreitos jargões da alienação ou do controle social, definitivamente não têm qualquer noção do que escrevem.
Quando ouço um jovem nos dias de hoje repetindo as frases prontas dos anos 70, muitas vezes por desejarem trilhar o caminho das festas, relacionamentos brevíssimos e prazeres sem culpa aparente, só posso respeitar-lhes as escolhas e pensar comigo mesmo que eles não sabem o que fazem.