18.8.15
RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE PERFIS DE ESPÍRITAS BRASILEIROS
Ivan Franzolim fez uma pesquisa com pouco mais de 1200 espíritas, em 23 dos estados brasileiros, Foram feitas 40 perguntas sobre assuntos diversos, identificação, atuação do movimento espírita e inclusive questões ligadas ao pensamento espírita (opiniões sobre questões polêmicas, por exemplo).
Ele encontrou, por exemplo, 5 grupos (clusters ou conglomerados) de espíritas, a partir de seus dados, que denominou como:
1. Contestadores
2. Dirigentes
3. Convertidos
4. Frequentadores
5. Pensadores
Interessante, não?
Os resultados e metodologia da pesquisa dele pode ser lida no blog: http://franzolim.blogspot.com.br/2015/08/resultados-da-pesquisa-para-espiritas.html
11.8.15
MARIO BARBOSA, VINTE E CINCO ANOS DEPOIS
Na década de 1980 fiquei conhecendo o trabalho de Mário da Costa Barbosa, que foi trazido a Belo Horizonte por Marlene Assis e por outras lideranças espíritas para promover seminários de reflexão sobre assistência social espírita.
Vi-o também em Juiz de Fora-MG, em um evento que alguns expositores do Rio de Janeiro promoviam anualmente, em que havia a presença de Raul Teixeira. Mário também foi responsável por uma CEOMG, que é a Confraternização Espírita do Oeste de Minas Gerais.
A marca que Mário Barbosa deixava imediatamente é de um pensamento fortemente calcado na filosofia, por um lado, e no espiritismo por outro. Ele citava extensamente O Livro dos Espíritos (principalmente as questões que tratam da desigualdade das riquezas e da lei de sociedade) e O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim como as passagens evangélicas. Mário era graduado em serviço social, com mestrado em ciências sociais. Foi secretário de ação social ou algo semelhante, se me recordo bem, e lecionava na UNESP.
Ele foi trazido a Montes Claros em 1990, pela Sociedade Espírita Allan Kardec e tive a oportunidade de conhecê-lo mais de perto, porque ele passou alguns dias como nosso hóspede. À época ele já tinha a doença que levou-o à desencarnação alguns meses depois, mas não tocou no assunto com nenhum de nós em momento algum.
Fui surpreendido por duas ou três coincidências por esses dias, onde pude constatar que a Federação Espírita Brasileira publicou um livro organizado a partir das ideias e vivências dele e encontrei dois vídeos da Federação Espírita Catarinense, um dos quais compartilho com os leitores do EC.
Uma das preocupações de Mário Barbosa era evitar as relações verticais com quem quer que seja no movimento espírito. Vestia-se com simplicidade, e tinha uma proposta de ação social espírita a partir do trabalho e da convivência.
Não sei se é apenas um pouco de saudosismo, então aguardo as impressões das novas gerações de espíritas.
30.7.15
NASCIMENTO, MORTE E RENASCIMENTO DA REVISTA ESPÍRITA (REVUE SPIRITE)
A Revista Espírita (Revue Spirite) foi fundada por Allan Kardec e teve seu primeiro número publicado em janeiro de 1858. Ela foi concebida por Kardec e discutida com os espíritos antes de sua primeira edição (Obras Póstumas, pág. 294 e 295). Nesta discussão, Kardec, entre outras coisas, é incentivado a fazer um número que contemplasse os interesses de cientistas e do vulgo, e que não dependesse de recursos financeiros de terceiros.
Seu primeiro subtítulo foi "Jornal de estudos psicológicos". Ele se justifica na medida em que foi delimitado como abordagem de "tudo quanto se liga ao conhecimento da parte metafísica do homem." Allan Kardec antevia a fusão do pensamento espírita às ciências que estudam o homem, como a psicologia e a antropologia. (Fonte: Revista Espírita, jan. 1858, p. 5 - Edicel)
A primeira edição foi feita às expensas do fundador, e a Revista foi bem sucedida. Apesar do trabalho intenso e dos dois empregos que Kardec tinha à época de sua fundação, ela foi regularmente publicada até 1869, época da desencarnação de seu fundador.
Após a desencarnação de Kardec, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas se recompôs sob a direção do Sr. Malet, com uma diretoria formada pelos Srs Levent, Canaguier, Ravan, Desliens, Delanne (pai) e Tailleur. O secretário gerente da Revue passou a ser o Sr. A. Desliens. A Sra. Allan Kardec cedeu os lucros do comércio das obras e da revista para a Caixa Geral do Espiritismo, mas passou a gerir todos os gastos gerais e a própria revista. (Fonte: Revista Espírita, mai. 1869, p. 152 - Edicel)
Há um período nebuloso, do qual não tenho fontes, que compreende os dois anos até a nomeação de Pierre-Gaëtan Laymarie à Sociedade (?) e ocupação dos cargos de redator-chefe e diretor da Revue Spirite. (Processo dos Espíritas, FEB, 1 ed. pág. 22) e que ocuparia por trinta anos, segundo J. Malgras (Os pioneiros do espiritismo, DPL Espírita, 2002). Neste período o subtítulo da Revue tornou-se "jornal de estudos psicológicos e do espiritualismo experimental", que condiz com a demanda de Flammarion pelo desenvolvimento da dimensão experimental do espiritismo, como se lê em seu discurso no túmulo de Kardec.
A Revue teve sua publicação contínua até a primeira guerra mundial, quando foi interrompida de 1914 a 1916. Neste ínterim, sabe-se que existiu uma Sociedade Científica do Espiritismo, dirigida por Leymarie, a quem Jean Guérin tentou doar sua fortuna após a morte, contudo, não logrou conseguir. "infelizmente essa sociedade, como todas as sociedades espíritas, não era reconhecida de utilidade pública, e caiu sob o golpe das leis sobre as associações, ela foi despojada no fim de alguns meses, por processos sucessivos, pouco mais ou menos completamente desse patrimônio, do mesmo modo que o de A. Kardec." (Malgras. Os pioneiros do espiritismo, DPL Espírita, 2002, p. 40). Houve também uma sociedade para a continuação das obras de Allan Kardec (antiga Sociedade anônima do espiritismo"), e a criação da União Espírita Francesa (1882), assim como de uma Sociedade Francesa de Estudo dos Fenômenos Psíquicos (1889). (Bodier, Paul e Regnault, H. Gabriel Delanne: vida e obra. CELD, 1990) Todas estas instituições, de alguma forma, pleiteavam centralidade do movimento espírita francês, algo muito semelhante ao que aconteceu neste período no Brasil.
O terceiro grande momento da Revue Spirite deve-se a Jean Meyer. Este comerciante bem sucedido, tornou-se espírita após a leitura de livros de Kardec e Denis. Apoiado por Denis, ele adquiriu o título da revista e tornou-se seu editor de 1916 a 1931, quando desencarnou. Meyer fez por sucessor a Hubert Forestier, que manteve a linha editorial da Revue até setembro de 1971. Neste período, a Revue foi interrompida apenas durante a segunda guerra mundial. O papel da Revue associou-se ao da União Espírita Francesa e posteriormente ao do Conselho Espírita Internacional, o que é demonstrado com a mudança de seu subtítulo: “Órgão oficial do Conselho Espírita Internacional e da União Espírita
Francesa e Francófona para o conhecimento dos valores morais e científicos da
doutrina espírita”
Meyer é o mecenas das duas instituições que coexistiram durante muitos anos no movimento francês, o Instituto Metapsíquico Internacional e a Maison des Spírites, onde funcionava a União Espírita Francesa, a Federação Espírita Internacional, a Revue Spírite e as Edições Jean Meyer (RAMOS,
Miguel La Revue Spirite. Hommage
a Jean Meyer: mecene du spiritisme français. Paris: 4o. Trimestre de 2003, p. 4
a 6)
Este equilíbrio entre uma instituição de pesquisas e outra instituição de divulgação doutrinária e filosófica se manteve até pouco depois da desencarnação de Forestier. Em 1971, Andre Dumas se torna redator-chefe da Revue, e cinco anos depois ele abandonaria seu título por "Renaître 2000". Este período acompanha uma tentativa de extinção da União Espírita Francesa, transformada em União científica francófona para a investigação psíquica e o estudo da sobrevivência (USFIPES). Dumas e o presidente eleito desta nova instituição eram ao mesmo tempo membros do Conselho dos organismos de pesquisas parapsicológicas. Não posso senão levantar hipóteses, na falta de documentos e de entrevistas da época, mas ambos parecem crer que esta instituição e as teorias em conflito que compõem o corpus da parapsicologia seriam um avanço em relação ao pensamento espírita. Ele não poupou hostilidades verbais à época contra a Federação Espírita Brasileira, que se posicionou contra as transformações empreendidas na França e às rupturas para com o movimento espírita internacional.
Após sua "morte" simbólica, a Revue ressurgiu de um movimento de reação às mudanças no seio do movimento espírita francês. Roger Perez começa a publicar em 1985 uma Nova Revista Espírita, e vai ao tribunais em julho de 1987 para obter o título da revista fundada por Kardec. Dois anos depois, o tribunal decide que Dumas não é mais o dono da Revue Spirite, uma vez que ele próprio não explorava seus direitos de propriedade. Venceu o caráter democrático da legislação francesa.
Não causa estranheza que tenha surgido, dentro do movimento francês, um ou mais grupos interessados nos estudos de fenômenos espirituais, psíquicos ou paranormais, mas o movimento que teve Dumas e Edmond Bernard como articuladores, visou uma espécie de expoliação dos bens do movimento espírita em causa própria, e, não bastasse, uma aquisição de revista para proibição da veiculação de suas ideias originais. Nem a santa inquisição teria feito algo mais nefasto à liberdade de crenças.
O movimento que teve Perez como um de seus expoentes conseguiu o título da Revista Espírita e passou a editá-la trimestralmente. Dialogando com representantes do movimento espírita de diversos países, criou-se um novo Conselho Espírita Internacional, que assegurou recursos para sua publicação no congresso de 1998 e que se tornou proprietária da Revue Spirite em 2007.
Desde 2010, a Revue Spirite tem como subtítulo "Órgão oficial do Conselho Espírita Internacional". Em seu novo período, findo o sparagmós dumasiano, a revista renasceu como órgão de divulgação do pensamento espírita.
27.7.15
COMUNICADO URGENTE SOBRE TAXA DE INSCRIÇÃO NO ECPE
Leitores do EC, repasso o texto abaixo que recebi da Coordenação Francesa e Brasileira do 1o. Encontro de Cultura e Pesquisa Espírita - XII Colóquio França-Brasil
Prezados participantes do 1º. Encontro de Cultura e Pesquisa
Espírita – XII Colóquio Brasil-França
Foi com alguma surpresa que vimos que nossa mídia impressa
(cartazes e folhetos) saiu sem menção à taxa de inscrição do evento,
estabelecida em 50 reais a inteira e 25 reais as meias entradas, em respeito à
extensa legislação de meia-entrada vigente no Rio de Janeiro, que envolve,
estudantes, idosos (acima de 60 anos), portadores de necessidades especiais e
professores da rede pública
O objetivo da taxa de inscrição/investimento é apenas
viabilizar o evento, que conta com despesas diversas envolvendo o transporte e
estada dos convidados, aluguel do teatro, atividades de suporte, decoração,
divulgação, entre outras despesas. Não há qualquer benefício para os
organizadores, uma vez que eles próprios estão se inscrevendo no evento e
recolhendo o valor da taxa.
As inscrições estão sendo feitas antecipadamente pela
internet, no site http://www.1ecpe.com.br ou
pelos telefones (21) 4063 3747 . (11) 4063 3746
(21) 3026 5831 . (21) 2619 2448 Basicamente se pedem os dados de identificação dos inscritos e se aguarda que eles recolham a taxa no Banco Itaú ou fazendo transferência por internet banking, enviando o recibo da transação para obter um número de ingresso para cada pessoa inscrita. Temos interesse em efetuar todas as inscrições antes do evento, para evitar ou minimizar filas na porta do evento, antecipar a receita para honrar compromissos e atender da melhor forma possível cada um dos 900 participantes que estamos esperando no Teatro Odylo Costa Filho.
(21) 3026 5831 . (21) 2619 2448 Basicamente se pedem os dados de identificação dos inscritos e se aguarda que eles recolham a taxa no Banco Itaú ou fazendo transferência por internet banking, enviando o recibo da transação para obter um número de ingresso para cada pessoa inscrita. Temos interesse em efetuar todas as inscrições antes do evento, para evitar ou minimizar filas na porta do evento, antecipar a receita para honrar compromissos e atender da melhor forma possível cada um dos 900 participantes que estamos esperando no Teatro Odylo Costa Filho.
Como forma de agradecimento à participação, os inscritos
receberão como contraparte o livro “Em torno de Rivail: o mundo em que viveu
Allan Kardec” e mesmo os inscritos em meia-entrada poderão escolher um livro entre os títulos
disponíveis para esta tarifa. Até o momento confirmamos o livro “Para entender
Allan Kardec”, escrito por Dora Incontri, o livro “O Céu e o Inferno”, de Allan
Kardec traduzido por Evandro Noleto Bezerra e “O espiritismo, as ciências e a
filosofia”, organizado pela Liga de Pesquisadores do Espiritismo, em 2015.
Teremos também venda de livros a quem se interessar, com um
extenso número de títulos, de diversas editoras, selecionados tendo em vista o
tema do evento, que é a cultura e a pesquisa histórica do espiritismo e as
relações entre o espiritismo francês e o brasileiro.
Contamos com a compreensão especial do movimento espírita e
do público em geral e solicitamos que nos ajudem a divulgar a existência desta
taxa de inscrição o mais amplamente possível, para informar melhor a todos os
interessados no evento.
Atenciosamente,
Comissão Brasileira e Francesa do ECPE
10.7.15
REEDITADO UM CLÁSSICO DA REENCARNAÇÃO
Hermínio Miranda induziu algumas pessoas ao transe anímico,
conseguindo imagens mentais reconhecidas como memórias de vidas passadas pelos
seus sujeitos. Sua principal fonte bibliográfica, onde aprendeu a técnica de
indução por passes, foi o livro de Albert de Rochas: As vidas sucessivas.
Èugene-Auguste Albert de Rochas nasceu em 1837, na França e
desencarnou em 1914 em seu país natal. Ele foi oficial militar, chegando a
Comandante de Batalhão e foi para a reserva como tenente-coronel. De Rochas
publicou muito. A Wikipédia listou dezenas de artigos e livros de sua autoria,
entre trabalhos sobre temas militares e relacionados aos fenômenos do
magnetismo.
O livro “As vidas sucessivas” começa com uma revisão
histórica de citações de autores da antiguidade e da modernidade que tratam do
tema. Curiosamente, De Rochas não cita Allan Kardec, mas cita Léon Denis (como
fonte secundária de autores antigos, como Orígenes e os Pais da Igreja). Ele cita
Victor Hugo, Pezzani, Laváter, Voltaire, Oliver Lodge, Tolstoi e outros autores
que ou eram espíritas/espiritualistas ou se interessaram no tema da vida após a
morte. Contudo, a editora mostra em suas notas de pé de página, evidências da
leitura de Allan Kardec, especialmente no capítulo final, “A religião do futuro”.
Na segunda parte, De Rochas coleciona diferentes tipos de
evidências empíricas da reencarnação. Regressões por influência de acidentes
sofridos, recordações espontâneas de vidas passadas e memórias obtidas pelo
magnetismo (passes) são alguns dos temas que ele ilustra exaustivamente com
casos, como era comum à época.
A quarta parte do livro é um debate com diversas hipóteses
explicativas dos fenômenos. De Rochas apresenta a argumentação de Richet, que
ateve-se às mudanças de personalidade por sugestão (hoje seria chamada de
sugestão hipnótica). Depois atém-se à questão das comunicações mediúnicas, com
o caso de Mireille. Segue-se o caso da Srta. Hélène Smith (estudada por
Flournoy e considerada histérica), onde o autor francês se defende de uma acusação
ainda usada pelos céticos: só ele teria obtido memórias de vidas passadas com
seus experimentos. Ele responde, apresentando outros pesquisadores que hoje
fazem parte da história, como Fernandez Colavida, Estevan Marata (catalão,
menos conhecido) e Léon Denis! Ele sintetiza bastante os relatos de Smith sobre
vidas passadas e lamenta que ela não tenha sido induzida ao transe através de
passes.
É interessante a relação de De Rochas com o espiritismo. Ele
escreve que jamais se ocupou com o espiritismo, mas escolheu comunicar uma
série de experimentos com médiuns que não deram bons resultados. Contudo, em
vez de rejeitar as ideias espíritas, escreveu:
“Se as relato aqui, é unicamente a fim de fornecer novos
documentos ao processo que se desenrola diante da opinião pública, e não para
condenar, de maneira geral, a teoria espírita, que me parece apoiada em bases
sólidas e que é, em todos os casos, a melhor das hipóteses de estudo
formuladas.” (p. 350)
Na sua conclusão, o pesquisador faz uma relação de
afirmações que considera indubitáveis seguidas de hipóteses. Entre as
indubitáveis, ele coloca “que, por meio de operações magnéticas, pode-se levar
progressivamente a maioria dos sensitivos a épocas anteriores à sua vida atual.”
Na medida em que fui folheando o livro, fiquei pensando como
seria importante para os espíritas interessados no conhecimento espírita,
conhecerem autores como Albert de Rochas que, mesmo não se intitulando
espíritas, estudaram e ousaram teorizar sobre os fenômenos espirituais. As
casas espíritas precisam dar luz a obras importantes como esta, nem que seja
apenas para despertar o interesse dos que a frequentam.
8.7.15
COBRAR PARA FAZER PRECE?
Há alguns anos uma mãe zelosa, preocupada com o filho e
desejando que ele fosse atendido em um centro espírita, nos ligou. Havia ouvido
falar no atendimento fraterno e explicou rapidamente o problema, expondo o
interesse do rapaz em em procurar nossa instituição. Depois de tudo
esclarecido, horários, procedimentos, não-promessa de curas, entre outros
assuntos, ela me perguntou:
- E em quanto vai ficar? (referindo-se a dinheiro).
Fiquei surpreso, mas respondi:
- Em nada. Não se cobra por atendimentos em centros
espíritas.
Ela insistiu:
- Ah, sim, mas você entende, né. Nos dias em que vivemos...
Eu também insisti:
- Minha senhora, se você for a um centro espírita que cobre
por algum tratamento, passe, atendimento ou mediunidade, afaste-se dele.
Sempre entendi a gratuidade com as coisas espirituais como
um pilar importante da ética espírita. Com certeza, as casas espíritas precisam
de recursos financeiros para cobrir seus custos, mas eles são obtidos com
eventos, contribuições dos sócios, venda de livros, lanchonete, parcerias com o
poder público ou iniciativa privada, entre outros. Sempre me lembro de uma frase do evangelho, curiosa que diz: -"Onde houver o cadáver, aí se aproximarão as harpias".
Por estes dias recebi outro telefonema de uma amiga querida,
que não é espírita mas sabe que sou espírita e tem alguma confiança nas minhas
opiniões sobre o assunto.
- Uma amiga minha está pretendendo casar-se, e é espírita. Disse.
- Ela olhou com uma pessoa para fazer o culto na hora do casamento, mas achou
que ele está cobrando muito caro. Você teria alguém para indicar?
- Alice (nome fantasia), o espiritismo não tem rituais. Nós, espíritas, nos
casamos no civil, apenas, sem qualquer cerimônia. O máximo que acontece é, no
momento da reunião da família e dos convidados, alguém ligado aos noivos fazer
uma prece, vinda do coração. Mas não há sacerdotes no espiritismo, e,
definitivamente, não se cobra para fazer uma prece.
Ela riu, e perguntou ainda:
- Mesmo?
Eu insisti:
- Confesso que estou horrorizado em saber que alguém possa
pedir dinheiro para fazer uma celebração em nome do espiritismo.
Ela gargalhou e entendeu.
Fiquei sem saber se a amiga de Alice era vinculada a algum culto afro
e apenas confundia-se os nomes umbanda ou candomblé com espiritismo, afinal, são
coisas diferentes e, portanto, com práticas, ética e costumes diferentes, mas
fiquei pensando se realmente não haveria espíritas (kardecistas, como alguns gostam
de dizer) realizando casamentos e cobrando por eles.
4.7.15
MEIA-ENTRADA NO ENCONTRO DA CULTURA E PESQUISA ESPÍRITA
Os estudantes, idosos e
portadores de necessidades especiais terão direito à meia-entrada no 1o.
Encontro da Cultura e Pesquisa Espírita - XII Colóquio França-Brasil, que
ocorrerá no Rio de Janeiro, no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 360 lugares foram reservados para esta modalidade.
A programação foi publicada no
Espiritismo Comentado:
Mais informações e inscrições http://www.1ecpe.com.br
3.7.15
O QUE É METAPSÍQUICA?
Uma das vantagens de se usar um leitor eletrônico é o acesso que se tem a livros que não são mais comercializados e só seriam encontrados em sebos, muitas vezes com qualidade duvidosa.
Navegando no Kindle, consegui obter o Tratado de Metapsíquica, um livro publicado em 1922 por Charles Richet, nos quais lança os princípios e fundamentos do que ele desejaria ser um novo ramo das ciências. Richet trabalhou com Gabriel Dellane, mas parece desenvolver seu trabalho numa rota de afastamento das ideias espíritas. O que pude observar até o momento, é que ele reconhece a existência dos fenômenos espirituais, mas põe em dúvida a autoria dos espíritos, neste livro.
Charles Richet propôs o nome metapsíquica, influenciado pela metafísica de Aristóteles, em 1905 à Society for Psychical Research. Ainda no primeiro capítulo ele resume em três palavras os fenômenos que seriam estudados por esta nova ciência:
1o. Criptestesia (chamada até então de lucidez) que significaria "uma faculdade do conhecimento que é diferente das faculdades de conhecimento sensoriais normais"
2o. Telecinesia, que significaria "uma ação mecânica diferente das forças mecânicas conhecidas, que se exerce sem contato, à distância, em condições determinadas, sobre os objetos ou as pessoas"
3o. Ectoplasmia (chamada até então de materialização), significando "a formação de objetos diferentes dos comuns, que parecem sair do corpo humano e tomar a aparência de uma realidade natural (roupas, velas, corpos vivos)"
Richet divide a metapsíquica em metapsíquica subjetiva e metapsíquica objetiva, com base no critério da percepção ou não dos fenômenos pelos órgãos dos sentidos dos observadores. Neste ponto, talvez haja uma forte influência da nomenclatura espírita de Kardec, que classificou os fenômenos espirituais em manifestações físicas e manifestações inteligentes (O livro dos médiuns, capítulos II e III da segunda parte).
A metapsíquica se institucionalizaria a partir da ação de um espírita francês notável, Jean Meyer, que fundou com seus próprios recursos o Instituto Metapsíquico Internacional (Institut Métapsychique International) em 1919, que estudou considerável número de fenômenos e médiuns (palavra que Richet não adotou, preferindo sensitivos). Meyer criou também, em 1923,a Maison des Spirites, onde parece ter funcionado a União Espírita Francesa.
Hubert Forestier, discípulo e continuador de Jean Meyer, escreveu um artigo sobre o mestre na Revue Spirite de julho de 1955 onde mostra sua visão acerca das duas obras:
A Maison seria encarregada "da propaganda e do ensino filosófico apoiado em provas experimentais" o IMI faria a "pesquisa das provas científicas da sobrevivência e das conclusões que resultam dela."
O Instituto funciona até hoje, com alguma alteração de suas pesquisas em função da parapsicologia. O que aconteceu com a Maison? Esta é uma informação que gostaria de ter.
1.7.15
19.6.15
DISCURSO VAZIO
Quando estudava em São Paulo, navegava muito pela internet à
noite, após as aulas e o cansaço das leituras, e atraiam-me os grupos de
discussão de temática espírita.
Recordo-me de um participante em especial que escrevia um
fraseado todo emocional, repleto de apelos e metáforas, mas vazio de
conhecimento. Parecia-me um arroubo sem significado, mas eu percebia que os
membros do grupo se interessavam pelas postagens.
Uma amiga que fiquei conhecendo e que eventualmente
encontrava no grupo, comentou-me.
- Você viu?
- Sim, por que?
- Nossa! É um espírito evoluído, não acha?
Não me lembro do que respondi, mas não achava. Anos de
ambiente acadêmico treinaram-me em examinar frase a frase o sentido do que é
dito em busca de inconsistências, imprecisões, entre outros problemas. Mais importante que pequenos pontos problemáticos sempre foi avaliar a contribuição dos trabalhos como um todo, sua consistência argumentativa e metodológica, se não se tratava apenas de um ajuntamento de citações sem sentido.
Um belo discurso sem conteúdo consistente assemelha-se a uma
caixa de presente ricamente embrulhada, mas vazia. Causa uma grande impressão,
seguida de uma decepção, quando aberta.
Talvez nossas reuniões públicas tenham criado este desvio.
As pessoas assentam-se para ouvir uma preleção de uma hora, de forma passiva. O expositor, preocupado com o que vai falar neste tempo, prepara uma espécie de colcha de retalhos, entremeados em exortações com uma linguagem poética,
mas, infelizmente, vazias de sentido, sem conexão com a realidade, com algumas histórias interessantes, que descansam a audiência do amontoado de frases. Um simulacro
de erudição.
Quando se pergunta aos que assistiram a palestra qual foi o assunto e o que foi discutido, as pessoas respondem: - Não sei ao certo, mas foi tão bonito!
Recomendo a atenção de dirigentes, coordenadores e dos espíritas
em geral, não para ficar obsessivamente à cata de pequenos erros nas exposições
dos companheiros de doutrina, vigiando os gracejos, nem ficar vigiando o horário das reuniões com
precisão de segundos e outras pequenezas. Estejamos prontos para um trabalho mais difícil, da análise da
exposição como um todo, de seu papel e contribuição para o público, para que o discurso vazio não se torne a tônica do
nosso trabalho.
18.6.15
HOME EXERCIA A MEDIUNIDADE PAGA?
O Dr Hull convidou Home para uma visita a ele e a amigos
íntimos, através de uma carta. Ele comprometeu-se a pagar todas as despesas da
estada e a passagem de volta, além de cinco dólares por dia, durante dez dias.
Home respondeu informando que não era um médium pago, mas
que ficaria feliz em visitá-lo como foi pedido.
Hull, então, ofereceu moradia e educação em seu meio, mas
Home recusou, porque considerava que não podia levar vantagem de sua
mediunidade.
O desconhecimento de detalhes da vida dos médiuns norte-americanos e europeus, da cultura anglo-saxã, fez com que generalizássemos a ideia de que todos exerciam a mediunidade paga, voltada à apresentação de fenômenos. Se as memórias de Home forem fiéis à verdade, temos razões para crer que esta visão é superficial.
Adaptado de "Incidents of my life", de Daniel Dunglas Home. Guilford - UK, White Crow, 2009
Adaptado de "Incidents of my life", de Daniel Dunglas Home. Guilford - UK, White Crow, 2009
15.6.15
ENTREVISTA EXCLUSIVA COM LYGIA B. AMARAL
Lygia Barbiére Amaral é uma escritora carioca de romances espíritas, que reside em Caxambu-MG. Ela vai passar alguns dias em Belo Horizonte, quando fará palestras e lançará seu livro "Castelos de Marzipã". Aproveitamos o ensejo para conhecê-la melhor, e ela nos concedeu a entrevista abaixo.
EC – Lygia, obrigado por nos receber. Como você começou a escrever? Por ofício?
Lygia - Acho que escrevo por necessidade. Desde muito pequena eu tinha
necessidade de escrever minhas coisas numa caderneta, ideias, personagens,
pequenas histórias. Tinha um verdadeiro elenco de bonecas, de vez em quando
montava “cenários” e pedia para minha mãe passar uma semana sem limpar o
quarto, até que eu terminasse aquela “história”. De verdade, eu não
consigo ficar sem escrever. É este o meu “TOC”. Não consigo sair de casa sem a
minha caderneta, gosto de registrar tudo o que acho interessante. Às vezes uma
explicação em uma palestra, um diálogo ouvido por acaso, uma frase. Como tenho
memória visual, quase sempre sei onde escrevi o quê e uso muito esses
arquivos na hora de compor minhas histórias. Tem gente que fica intrigado, não
resiste e pergunta: “nossa, por que você escreve tanto?” E eu digo simplesmente
“porque eu gosto”. Necessidade física e espiritual também. Penso que um
dia assumi na Espiritualidade o compromisso de usar esse dom com amor e
responsabilidade, a fim de poder ajudar o maior número possível de pessoas.
Sabe-se lá de onde vem essa minha ligação tão forte com as palavras. Mas é
realmente o que eu tenho tentado fazer através de meus livros.
EC – Seus livros tratam sempre de
temas com alguma ligação com a psicologia e com problemas atuais. Você é
psicóloga ou médica? Qual é sua formação?
Lygia - Que interessante você fazer esta
interpretação. Quase fui médica. Se tivesse feito vestibular para medicina,
seria psiquiatra. Mas cortei o dedo na véspera da inscrição e cheguei à
conclusão de que não suporto ver sangue, que não dou conta de ver pessoas passando
mal. Também tinha paixão por psicologia, sempre adorei. Mas naquela época ainda
havia muito preconceito, meu pai dizia que psicólogo não tinha futuro. E havia
também a questão com a escrita, que sempre foi muito forte, acabei optando pelo
jornalismo. Hoje acho que segui direitinho o caminho de linhas tortas traçado
por Deus, que havia todo um propósito naquilo que por alguns anos ficou
parecendo um caminho torto. Como jornalista aprendi a técnica do texto
dissertativo, a fazer entrevistas e pesquisas, trabalhei minha timidez.
Trabalhei cerca de cinco anos direto como repórter. Então decidi estudar
roteiros. De cinema, de Tv, cheguei a cursar várias oficinas de roteiro,
inclusive a da Rede Globo, onde era preciso fazer concurso para entrar. Quis
então saber mais sobre isso. Queria entender mais de estrutura, de regras, como
se monta, como se estabelece a interação com o público. Foi quando entrei para
o mestrado em teatro na Uni-Rio, que acabou se prolongando para um mestrado em
Letras, na PUC, onde estudei especificamente a estrutura dramática dos
folhetins e das telenovelas brasileiras a partir do modelo criado por Ivani
Ribeiro e Janete Clair. No meio disso
tudo, uma pessoa muito especial (Deus sempre coloca pessoas especiais nos
momentos-chave do nosso caminho) me chamou e perguntou se eu já havia pensado
em escrever romances espíritas. Sem que eu pedisse nada, essa pessoa analisou
meu currículo e chegou a essa conclusão. Mais do que isso, foi essa pessoa quem
me incentivou a escrever e me colocou no mercado há quase vinte anos.
EC – Como você escreve seus
romances? Senta e escreve intuitivamente? É mediunidade?
Lygia - Ai, Jader... Quem dera! Acho que
seria bem mais simples – para mim que tenho quatro filhos e uma vida super
corrida, se fosse assim. Mas não é. Trabalho com pesquisas. Com entrevistas,
escrevo e reescrevo muitas vezes cada capítulo até achar que estar bom. É claro
que existe proteção, inspiração, amigos espirituais. Mas eles não escrevem o
texto para mim. Podem, sim, me ajudar em alguma pesquisa, me intuir onde achar
o que preciso ou até me inspirar a procurar algum livro, em algumas vezes
encontro exatamente a pessoa de que precisava para me dar as informações
necessárias naquele momento. Mas se eu não fizer a minha parte não acontece. Se
eu desanimar, eles podem até colocar na minha frente a mensagem de ânimo que
estou precisando, que às vezes pode ser até a correspondência eletrônica de
algum leitor. Mas escrever para mim ou através de mim não faz parte do
programa....
EC – Que escritores do movimento
espírita mais a influenciam?
Lygia - Kardec, Kardec, Kardec. Não faço
nada sem ele. Depois vem o trabalho do Chico: Emmanuel e André Luiz são
fundamentais. Tem também o Leon Denis, que me traz toda uma base filosófica. Também
aprendo muito com os livros do Divaldo; gosto muito do trabalho do Haroldo
Dutra Dias – nossa, que medo de esquecer alguém! Entre os romances, sou fã
incondicional do Eça de Queiroz, psicografado pela Wanda Canuto... Ouve-se
tantos comentários desmerecendo os romances espíritas, mas se pensarmos por
outro lado, tem muita gente boa no espiritismo atualmente, muitas pessoas que
fazem um trabalho sério. Cabe ao leitor a pesquisa, o discernimento, a base
para decidir que informações deve efetivamente acolher. Mas penso que se
olharmos pelo lado otimista, nunca se teve acesso antes na história a uma
variedade tão grande de títulos, temas e informações ligadas ao espiritismo. É
maravilhoso aprender a caminhar sobre esse universo!
EC –Como tem sido a acolhida de
seus livros pelo movimento espírita? Há muita desconfiança?
Lygia - Graças a Deus nunca tive
problemas. Meu trabalho é muito sério, quase jornalístico. Para você ter uma
ideia, leio em torno de 200 livros sobre o assunto que será abordado, antes e
durante a escrita de cada romance (às vezes, mesmo depois de pronto, não
resisto e compro mais alguma coisa sobre o assunto, livros que contenham
informações que não tinham sido abordadas: se for necessário, faço
retificações). O único problema que costuma acontecer às vezes é com as
editoras. Ao longo de todos esses anos de trabalho, cheguei à conclusão de que
não basta ter uma editora. É preciso trabalhar em total sintonia com o editor,
que precisa ser alguém que pense mais ou menos como você, que tenha muito
conhecimento, que te apoie em todos os sentidos. Assim com foi o José Olympio
para o Monteiro Lobato e o Carlos Drummond, sabe como? É preciso uma amizade,
uma disposição mútua em realizar aquela tarefa que muito provavelmente já foi
combinada no mundo espiritual, muito antes de chegarmos aqui...
EC – Como surgiu a ideia de
escrever O sono dos hibiscos?
Lygia - Essa talvez tenha sido a mais
interessante de todas as sementes de história. Eu queria entender o que se
passa com uma pessoa que entra em estado de coma e comecei a pesquisar. Aos poucos, a ideia foi se costurando na
mente. O objetivo principal era mostrar que não temos o direito, nem sabedoria,
nem conhecimento suficientes para decidir quando alguém deve morrer. Então
imaginei uma trama em que um rapaz entrava em coma após um acidente, sem saber
que a namorada estava grávida dele. Seu estado era tão grave que ele permanecia
dezoito anos em coma, até que um dia acordava e se via diante de um mundo
completamente daquele de quando ele “dormiu” e descobria que era pai de uma
adolescente já na faculdade. Naquela época minha mãe ainda estava conosco, eu
tinha o hábito de contar para ela todas as histórias antes de começar a
escrever. Ela era uma pessoa que devorava romances, via filmes e novelas, a
espectadora ideal para tirar a prova se a história era boa ou não. Lembro como se fosse ontem da mamãe dizendo:
- Ah, Lygia, a trama é até bonita, mas acho que dessa vez você exagerou!
Dezoito anos é muito tempo, não dá para acreditar! Era minha última tarde no
Rio naquelas férias de julho. Dois dias depois, eu já estava de novo em
Caxambu, começando a preparar o jantar das meninas (naquela época eu ainda
estava grávida do meu terceiro filho), quando o telefone tocou. Era ela, toda
afobada: “Lygia, liga depressa a televisão no Jornal Nacional! Está passando uma
matéria sobre um rapaz que ficou em coma por dezoito anos nos Estados Unidos,
tem uma filha da mesma idade e acabou de acordar! Pode escrever o livro que vai
dar certo!” Pouco tempo depois a minha mãe entrou em coma e eu, a essas alturas
grávida de oito meses, vivi na pele o desespero de encontrar a melhor forma de
ajudá-la naquele estado. Ela passou mais de um mês dormindo, voltou pouco antes
do meu filho nascer. Disse, com muita dificuldade, porque tinha feito uma
traqueotomia, que tinha voltado só para poder me contar o que tinha acontecido
durante o coma para que eu pusesse no livro.... Três meses depois ela
desencarnou. E eu mergulhei freneticamente no livro. Descobri que pesquisar o
que viam as pessoas em coma, estudei até o livro tibetano dos mortos! Era a
única forma que eu tinha de saber notícias dela, o único meio de diminuir a dor
que eu estava sentindo e transformá-la em algo de útil para mim mesma e para as
outras pessoas. E assim, em cerca de
quatro meses, com um bebê dormindo ao meu lado e mamando enquanto eu digitava
os capítulos, eu escrevi O Sono dos Hibiscos.
EC – Pode contar algum caso de leitor com
alcoolismo, por exemplo, que leu A Ferro e Flores e deu algum retorno para
você?
Lygia - Essas
situações me emocionam muito, não sei descrever para você a intensidade do que
sinto quando alguém me escreve contando histórias assim. Dá vontade de ajoelhar
no chão e agradecer a Deus... Sobretudo quando se trata desse assunto. Houve
dois leitores em especial que me marcaram muito. “ Olá, sou um alcoólatra em
recuperação”, dizia um deles. Esta pessoa ficou mais ou menos um ano se
correspondendo comigo, contando suas dificuldades, agradecendo infinitamente o
que aprendera no livro. Desejo de todo o meu coração que ele tenha conseguido conquistar
a vitória que tanto desejava. O outro era um rapaz bem jovem, que escrevia
muito bem. “Ganhei o seu livro "A ferro e
flores" e bebi ele inteiro em uma só talagada. Há uma semana nem sabia que
você existia, hoje parece que te conheço há séculos. Você não me conhece, mas
gostaria muito que me aceitasse como um amigo no facebook. Na verdade acho que
nem eu mesmo me conheço, porém, com a sua divina ajuda, estou me RE-CONHECENDO
de novo. Muito obrigado por tudo!!! Grande Beijo no coração!!!”, dizia a mensagem,
uma das mais bonitas que já recebi até hoje.
EC – Você conheceu Herminio
Miranda. Pode contar ao movimento espírita alguma experiência sua com ele?
Lygia - Hermínio e eu nos tornamos
grandes amigos. Ele costumava passar pelo menos metade do ano em Caxambu, só
não gostava de ficar aqui na época de frio, em função dos problemas de coração
que sempre se agravavam no inverno. Eu o conheci passeando pelas alamedas do
Parque das Águas, minha filha mais velha, hoje com 17 anos, ainda era um bebê;
por muitas vezes nos encontramos no Parque depois desse dia e passeamos juntos
por essas alamedas. Hermínio dizia que em determinado ponto de nosso Parque
existe um portal de acesso que nos liga ao parque de Nosso Lar. Até hoje,
sempre que estou com algum problema, costumo ir a esse lugar para orar e
meditar. Num desses encontros, ele me contou que andava preocupado, havia
recebido um original de mais de 800 páginas escrito em inglês do século XVIII,
se questionava se valeria a pena se dedicar a uma tradução como essa, embora a
história fosse muito bonita. E eu disse a ele: mas professor Hermínio – eu
sempre o chamava assim, - se o senhor não fizer isso, quem poderá fazê-lo? O
senhor já imaginou quantas pessoas vão perder a oportunidade de conhecer esta
história tão interessante se o senhor não o fizer? Ele ficou um tempo parado,
pensativo, não respondeu nem que sim, nem que não. Tempos depois ele me trazia
o livro, publicado com o título de “A História Triste”. Trazia uma linda
dedicatória, onde dizia que se eu “era um pouco responsável” por aquele
trabalho. Como se ele, o grande Hermínio, verdadeiramente precisasse de minhas
palavras de reles mortal!... Com o passar dos anos, ele foi se tornando uma
pessoa mais que querida, mais próxima, passei a nutrir por ele um amor de
filha. Numa das últimas vezes em que
tive a oportunidade de visitá-lo, ele olhou fundo em meus olhos e disse: ainda
não identifiquei em que existência nos conhecemos. Mas eu tenho certeza de que
não é de hoje... Lembrando de tudo isso sinto a alma molhada de saudades... Mal
posso esperar pelo dia em que poderei abraçá-lo novamente. Conhecer o Hermínio,
desfrutar do seu carinho e amizade foi um dos maiores presentes que Deus me deu
nesta vida.
EC – Fale um pouquinho sobre o
novo livro, Castelos de Marzipã. O que espera do livro?
Lygia - Esse livro começou com um pedido
de uma grande amiga, que é endocrinologista. Ela se preocupa muito com seus
pacientes, porque muitas pessoas costumam não dar importância ao diabetes, já
que é uma doença que se desenvolve silenciosa e progressivamente. No entanto,
conforme constatei em muitas pesquisas, é uma das doenças que mais mata pessoas
no mundo inteiro. Resolvi, então, aceitar o desafio. No meio do caminho, acabei
chegando à conclusão de que a doença está profundamente ligada a comportamentos
compulsivos e à ansiedade que caracteriza a nossa sociedade atual. Como não cai
uma folha sem que seja do conhecimento de Deus, existe todo um possível
aprendizado por trás de tudo isso, em muitos casos, até mesmo um planejamento feito
no mundo espiritual a fim de que pudéssemos aprender determinadas lições,
importantes para a nossa evolução. Em geral, as pessoas tendem a pensar que o
diabetes está sempre ligado à gula, a hábitos alimentares errados. Também é
isso, mas não é só isso. Diria que a doença tem suas raízes, acima de tudo, a
necessidade que aquele espírito tem de disciplinar o seu comportamento. É isso
o que tento mostrar através da trama de “Castelos de Marzipã”, que tem esse
nome porque a personagem principal é uma exímia cozinheira, uma mulher muito
rica e bem sucedida que cresceu comendo bombons de marzipã importados. Mas que
vai precisar quebrar todos os seus padrões quando a vida segue rumos que ela
não esperava e ela se vê obrigada a buscar novos valores para enfrentar o seu
diabetes e descobrir que podemos, sim, ser muito felizes quando aceitamos e
entendemos por que precisamos passar por certas provas.
A agenda de palestras de Lygia em Belo Horizonte pode ser acessada em: http://eventoespirita.blogspot.com.br/2015/06/escritora-lygia-barbiere-amaral-lanca.html
A agenda de palestras de Lygia em Belo Horizonte pode ser acessada em: http://eventoespirita.blogspot.com.br/2015/06/escritora-lygia-barbiere-amaral-lanca.html
13.6.15
O CONVITE À VIDA DE ANDRÉ TRIGUEIRO
Foto: André Trigueiro no Mater Dei
Dia dos namorados, sexta-feira à noite. O hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, abriu as portas em parceira com o programa Sempre Um Papo, para organizar uma palestra e autógrafos de André Trigueiro. Já havíamos comentado sobre seu livro "Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo."
O espaço não é grande, mas
agradável. Um auditório com cadeiras removíveis, estilo poltronas,
confortáveis. O público foi chegando aos poucos e se acomodando. Médicos, espíritas,
voluntários do CVV (centro de valorização da vida). A palestra seria gravada e
em algumas semanas todos poderão vê-la nas telinhas, mercê da internet e da
equipe do Sempre um Papo.
Trigueiro fala muito bem. Ele
combina a clareza de jornalista com a emoção que permeia sua fala rica de
informações, às vezes engraçada. Sua palestra é uma quebra de tabu, muito cuidadosa e bem pensada.
Desde o livro “Os sofrimentos do
jovem Werther”, de Goethe, preocupa-se com os impactos que o relato dos
suicídios podem ter no público vulnerável. André mostrou muito bem, que a
imprensa tem como diretriz não falar do assunto sob hipótese alguma, mas como
se vai combater um mal social e individual que não se conhece? O jornalista
entende que precisamos nos deter na forma que a informação é passada, e propõe
alguns cuidados para se falar do suicído em público.
No Werther, o personagem
principal, com o qual o leitor pode se identificar, suicida-se como uma saída
romântica para um problema amoroso. As pessoas em geral leriam a história como
uma ficção emocionante, mas pessoas com alguma forma de vulnerabilidade, identificadas
com o personagem e com o discurso romântico e justificativo da morte, impressionadas
com a descrição minuciosa do modus operandi de Werther, podem ser negativamente
influenciadas por ele.
Outro ponto que André Trigueiro
enfatiza bastante em seu trabalho é que o suicídio não tem causa única. É um
fenômeno multifatorial, ou seja, o ato que desencadeia a morte é influenciado
por muitas razões e oportunidades, ao contrário do que pensa o senso comum. Os
transtornos de humor estão muito associados à tentativa de suicídio, mas a
grande maioria das pessoas não sabe o que é depressão ou transtorno bipolar, e
fazem julgamento de valor, acreditando tratar-se de covardia, preguiça ou
acomodação, para maior sofrimento dos que padecem o mal.
O acesso aos instrumentos usados
do ato também é um fator. Por esta razão se tem criado mecanismos de proteção
em lugares usados para o suicídio, como bem lembra Trigueiro, como pontes,
shopping centers e prédios altos. A alteração da composição do gás de cozinha e
a dificuldade de acesso aos agrotóxicos são outras medidas de cunho político e
social que diminuíram em seus respectivos países as tentativas do ato.
Trigueiro destacou a importância
de ouvir e ser ouvido, que é a essência do trabalho do Centro de Valorização da
Vida – CVV. Em uma sociedade na qual as pessoas vivem em função do relógio,
sobram jargões e pequenas receitas que os amigos dão aos que resolvem abrir a
alma e relatar seu sofrimento, o que não ajuda. A literatura especializada
chama este fator de “apoio social” ou “suporte social”, cuja presença pode
fazer pesar a balança para o lado da vida. Este trabalho lembra o “atendimento
fraterno” feito nos centros espíritas.
Ao ouvir Trigueiro descrevendo o
trabalho do CVV, recordei-me dos princípios da psicologia humanista,
desenvolvida por Carl Rogers. Não diretividade, é um destes princípios.
Enquanto ouvia pensávamos, minha esposa e eu, sobre a necessidade das pessoas
que trabalham com atendimento fraterno estudarem a fundo, tanto o livro de
André Trigueiro, quanto a técnica do CVV e um pouco da psicologia humanista.
Isto evitaria o risco de se ouvir um pouco as pessoas que procuram o centro
espírita e interromper o processo com a “receita de três passes” e “cinco
reuniões públicas”. O passe pode ser um poderoso aliado para o portador de
depressão, a ida à reunião pode quebrar por um instante o isolamento social que
realimenta os pensamentos negativos, mas é preciso algo mais, e o trabalho de
atendimento fraterno pode ser uma forma de enfrentamento social mais efetivo da
depressão e do suicídio, sem pretender concorrer com a psicoterapia e o
atendimento psiquiátrico.
Poderia ficar escrevendo páginas
e páginas, tal a riqueza do trabalho do jornalista, mas deixo ao leitor o livro
dele e, quando estiver no ar, divulgo o link desta palestra. Vieram os
autógrafos e ele nos acolheu pacientemente, comentando com entusiasmo sua nova
frente de trabalho. André Trigueiro, desejo-lhe sucesso! Cada pessoa que ouvir
seu convite à vida e resolver enfrentar seus impulsos e ideias obsessivas, é um
ponto de luz que se acende na teia da sociedade brasileira, a contaminar o todo
com o desejo de superação.
11.6.15
ENLIHPE E O OBSERVADOR
O programa Roteiro, da Rádio Boa Nova de São Paulo, nos entrevistou na última terça-feira sobre o 11o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, sobre o livro "O espiritismo, as ciências e a filosofia" e sobre o livro que publicamos em 2014: "O observador e outras histórias".
Falamos sobre o tema central do ENLIHPE, que trata das pesquisas contemporâneas sobre reencarnação, da forma de organização dos trabalhos, dos conteúdos da parte filosófica do último livro da LIHPE e de como foi preparado o livro "O observador..."
A entrevista começa em torno dos dezoito minutos, após notícias sobre um movimento contra o aborto em Brasília.
Para ouvir, basta clicar no link abaixo.
5.6.15
I ENCONTRO DA CULTURA E PESQUISA ESPÍRITA FRANÇA-BRASIL
O 38o. Conselho Espírita da Unificação de Niterói, ligado ao CEERJ e o Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões do Centro de Ciências Sociais da UERJ estão organizando o 1o. Encontro da Cultura e Pesquisa Espírita e, ao mesmo tempo, o XII Colóquio França-Brasil.
Este evento conta com pesquisadores e estudiosos do movimento espírita dos dois países. Ele tem por objetivo aproximar brasileiros e franceses interessados no estudo do espiritismo.
Já estão confirmados: Alexander Moreira-Almeida, Antônio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra, Dora Incontri, François Gaudin, Jorge Brito, Luciano Klein Filho, Marcelo Gulão, Marion Aubrée, Nadja do Couto Valle, Olivier Geneviève, Paulo Peixoto, Samuel Magalhães, Vincent Fleurot e Yasmim Madeira.
Já estão confirmados: Alexander Moreira-Almeida, Antônio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra, Dora Incontri, François Gaudin, Jorge Brito, Luciano Klein Filho, Marcelo Gulão, Marion Aubrée, Nadja do Couto Valle, Olivier Geneviève, Paulo Peixoto, Samuel Magalhães, Vincent Fleurot e Yasmim Madeira.
O evento se realizará no Teatro Odylo Costa Filho, que tem espaço para 900 pessoas, contará com tradução simultânea para as duas línguas e está aberto a todos os interessados.
A UERJ fica na Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã - Rio de Janeiro-RJ, quase em frente ao Centro Espírita Regeneração, fundado por Bezerra de Menezes no século XIX.
É uma ótima oportunidade para espíritas do Brasil e da Europa se encontrarem, estabelecerem laços, e conhecerem o que se tem produzido sobre o espiritismo pelas universidades.
A taxa de inscrição de 50 reais dá direito ao livro "Em torno de Rivail: o mundo em que viveu Allan Kardec", da Editora Lachâtre. Inscrições e informações, no momento, já podem ser feitas nos telefones do GEPAR - 021-2619-2448 ou 021-3026-5831, com Paulo Menezes ou Márcia Stephano, no horário comercial.
Estão apoiando o evento (ordem alfabética):
Conselho Espírita Internacional- CEI, Conseil Spirite Français- CSF, , Correio Espírita, Correio Fraterno, CEERJ TV, Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro - CCDPE-ECM, Grupo Espírita Paz, Amor e Renovação - GEPAR, Instituto Lachâtre, Liga dos Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões - PROEPER, Rádio Boa Nova, Rádio Rio de Janeiro, Webtv Espírita Nova Luz
Estão apoiando o evento (ordem alfabética):
Conselho Espírita Internacional- CEI, Conseil Spirite Français- CSF, , Correio Espírita, Correio Fraterno, CEERJ TV, Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro - CCDPE-ECM, Grupo Espírita Paz, Amor e Renovação - GEPAR, Instituto Lachâtre, Liga dos Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões - PROEPER, Rádio Boa Nova, Rádio Rio de Janeiro, Webtv Espírita Nova Luz
A partir do dia 30/06/2015, estará disponível a inscrição no site http://www.1epce.com.br
O evento acontece nos dias 31 de julho a 2 de agosto próximos.
Será um grande prazer encontrar neste evento, leitores do Espiritismo Comentado que conhecemos apenas pela internet.
O evento acontece nos dias 31 de julho a 2 de agosto próximos.
Será um grande prazer encontrar neste evento, leitores do Espiritismo Comentado que conhecemos apenas pela internet.
Ajudem a divulgar, por gentileza. Repassem esta matéria.
CORREÇÃO: Publicamos originalmente um cartaz que contém o nome de Charles Kempf, na lista de expositores. Gostaríamos de explicar que o nome dele estava cotado para participar presencialmente do evento, mas ele foi impedido de estar presente por razões profissionais. Estamos providenciando mudanças no cartaz digital e voltaremos a publicar com a lista correta.
Assinar:
Postagens (Atom)