29.4.08
Novo Céu e Nova Terra
27.4.08
Como Pesquisar Usando Marcadores
Um Pensamento de Leandro Couto
MEIO AMBIENTE
Leandro Cosme Couto
Política Ambiental dos Irmãos Cosme: “O bem estar das pessoas e o desenvolvimento sadio de suas atividades sócio-culturais são a referência para nossos serviços no cuidado com o Meio Ambiente. Este é tudo que nos cerca, mesmo o que não vemos, não ouvimos ou não entendemos, ainda que momentaneamente; é tudo que compõe o planeta Terra, de modo que a qualidade ambiental começa por quem somos.”
26.4.08
Fogo de Palha
24.4.08
Evento de Natal
ABRAME DIVULGA PROGRAMA ANUAL
PROGRAMA ANUAL DOS ENCONTROS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS MAGISTRADOS ESPÍRITAS – ABRAME/MG – FÓRUM LAFAYETTE, 14ª VARA CÍVEL – SALA G 387 – 3º ANDAR – HORÁRIO 17:30 ÀS 18:30 H.
BELO HORIZONTE – MG
ANO 2008
08/04/2008
Braz Moreira Henriques Juiz de Direito
MEDIUNIDADE COM JESUS
22/04/2008
Roberto de Freitas Messano - Juiz de Direito
A FAMÍLIA E O ESPIRITISMO
06/05/2008
Lenice Aparecida de Souza Alves - Médica
EDUCAÇÃO ESPÍRITA
20/05/2008
Emerson Pedersolli - Psicólogo
FILHOS: DESAFIO DA EDUCAÇÃO
03/06/2008
Estevão Lucchesi - Juiz de Direitos
NÃO JULGUEIS, PARA NÃO SERDES JULGADOS
17/06/2008
Dídimo Inocêncio de Paula - Desembargador
O DIREITO E A EUTANÁSIA
01/07/2008
Antônio de Pádua - Desembargador
A VISÃO ESPÍRITA DO HOMOSSEXUALISMO
15/07/2008
Clayton Rosa - Juiz de Direito
REFORMA ÍNTIMA
05/08/2008
Henrique Zarnowski - Médico
PERISPÍRITO
19/08/2008
Sebastião G. Oliveira - Juiz do TRT
PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
02/09/2008
Walkíria Teixeira Campos - Expositora Espírita
O CASAMENTO
16/09/2008
Sérgio André da Fonseca Xavier - Juiz de Direito
LEI DO PROGRESSO
30/09/2008
Décio Araújo Filho - Delegado de Polícia
DELINQÜÊNCIA JUVENIL
14/10/2008
Márcio Pacheco - Expositor Espírita
A MORTE NÃO É O FIM DE TUDO
28/10/2008
Elimar Penido - Médico
POR QUE ADOECEMOS?
11/11/2008
Walter Borges - Expositor Espírita
JESUS E A LEI DIVINA
25/11/2008
Everson Ramos - Expositor Espírita
ESPIRITISMO COMO EDUCAÇÃO
09/12/2008
Éden Mattar - Advogada
DIVERSIDADE RELIGIOSA
16/12/2008
Maria Luiza - Professora
O SIGNIFICADO DO NATAL
20.4.08
Dor, Aperfeiçoamento e Resgate
É muito comum nos meios espíritas, ante a dor, as pessoas tentarem explicar a justiça divina através da reencarnação. Recentemente o episódio brutal do garoto que foi arrastado por criminosos no Rio de Janeiro gerou uma mensagem que rapidamente se espalhou pela internet, aludindo o seu sofrimento a uma suposta encarnação antiga no período do império romano.
O Centro Espírita onde esta mensagem teria sido psicografada veio a público admitindo a sua procura pelos pais, mas negando a autoria desta mensagem por seus médiuns.
Kardec, defensor do conceito de justiça divina, não reduziu os males do mundo à estreita equação, dor = expiação reencarnatória, pelo contrário, desenvolveu um pensamento bastante rico e matizado para que o homem tivesse uma nova consciência ante as dificuldades do mundo. Kardec é um autor humanista, razão pela qual entende a centralidade da liberdade de escolha do homem no drama cotidiano.
Isto não passou despercebido a Emmanuel, que no livro "Religião dos Espíritos", disserta abertamente sobre as causas atuais das aflições, o livre-arbítrio, o contexto das ações humanas e as consequências dolorosas de certas escolhas. Para que o texto não fique grande, escolhi alguns parágrafos do capítulo intitulado "Reencarnação", que recomendo a você que me acompanhou até este parágrafo.
"Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição. (...)
À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério da expiação, porque quase sempre, almas heróicas que suportam o fogo constante das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, a fim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança de Deus.
Recorda que, se fosses arrebatado ao Céu, não tolerarias o gozo estanque, sabendo que os teus filhos se agitam no torvelinho infernal. De imediato, solicitarias a descida aos tormentos da treva para ajudá-los na travessia da angústia..." (Emmanuel. Religião dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1978. pág. 61-62.)
Para que não reste dúvida, deixo você com Allan Kardec:
"Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. (...)
Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso." (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 1978)
13.4.08
Um Conto para Você Refletir
Antônio chegou jovem à casa espírita. Chegou e ficou. Na verdade, encantou-se.
Gostava dos outros jovens que o tratavam com respeito e alegria, gostava das discussões nas reuniões de estudo, gostava do clima de fraternidade que imperava entre os membros mais antigos e gostava das tarefas e ocupações que eram mantidos em sua sociedade espírita.
Em meio a tanto encantamento, não havia quem o retirasse do Centro Espírita. Participava das reuniões públicas, das atividades assistenciais, do passe, das campanhas, sempre com aquele jeito jovial e cativante, ao mesmo tempo responsável, que tanto cativava a todos os membros da comunidade.
Antônio ia aos eventos e encontros, lia os romances, estudava os livros e não demorou a ser convidado para fazer palestras, o que o deixava com um enorme contentamento interno, uma sensação de que estava crescendo e desenvolvendo-se na comunidade que escolheu.
Com o destaque e a simpatia, começaram a vir os convites. Convite para evangelizar as crianças, convite para coordenar a campanha do quilo, convite para dirigir uma reunião, convite para participar da diretoria como secretário, convite para fazer palestras em outras casas espíritas...
Ainda jovem, Antônio perdeu-se no encantamento de ser querido, de ser demandado e só respondia sim, sim, às pessoas a quem admirava e a quem temia desapontar.
Mais algum tempo e cursos, e Antônio estava em uma reunião mediúnica, verificando, quem sabe, se teria alguma sensibilidade mediúnica, aplicando passes nos médiuns, acompanhando ainda entusiasmado os diálogos intimistas e lúcidos que os membros mais experientes estabeleciam com os espíritos nas mais diversas condições.
Tão boa era a comunidade espírita que Antônio não percebeu que mais e mais se dedicava às tarefas espíritas e mais ainda ficava ausente de suas obrigações em outros lugares.
- Ficou fanático! Dizia desconsolada a mãe de Antônio que sentia a sua falta em casa e nos eventos familiares. - Sai às vezes cedo e só volta tarde da noite! Parece até um hóspede na sua própria casa.
- Ficou irresponsável! Trovejava o pai. Já não é mais aquele aluno exemplar que sempre foi na escola. O que será dele no futuro?
- Está em lua de mel com o Espiritismo, dizia uma tia experiente que freqüentava o grupo. Passada esta fase vai cair em si e equilibrar-se.
- Parece cansado, diziam os professores, que percebiam a queda de rendimento do aluno. Quem sabe não está exagerando com as baladas, comentavam maldosamente.
Ouvindo as queixas, Antônio era só dedicação. Tentava convencer a mãe que estava cumprindo com as suas responsabilidades, aumentou o tempo e o esforço com os estudos para que o pai e os professores não se desapontassem com ele e, a todo custo, queria mostrar para a tia que sua dedicação ao centro não era apenas “fogo de palha”.
Vieram as primeiras decepções, alguns comentários em boca pequena no Centro Espírita sobre a vaidade, algumas desaprovações sobre um ou outro conteúdo de suas palestras, a insatisfação de alguém diante de uma decisão que ele havia tomado com relação à reunião que dirigia, a mediunidade tão desejada que não se manifestava entre suas faculdades...
- É preciso perdoar, repetia o jovem para si mesmo, numa tentativa superior às suas forças para não cair em prantos. É preciso continuar trabalhando, não importam os revezes.
Estudioso, mas auto-suficiente, Antônio nunca procurava a opinião dos mais experientes, por julgar tratar-se de uma fraqueza. “Deus dá a prova conforme a capacidade do discípulo”, repetia continuadamente.
Com o passar do tempo, começou a mudar o humor e já não apresentava o mesmo brilho nos olhos. As palestras e leituras pareciam ser repetições eternas de algo que ele já sabia, as atividades o massacravam pela rotina, o que antes era plena satisfação, tornou-se uma obrigação cada dia mais pesada, não via muito gosto nas conversas e debates sobre temas polêmicos da Doutrina que antes o mobilizavam tanto. As comunicações dos espíritos em sua reunião não lhe diziam respeito, eram sempre vistas como dirigidas para os outros.
- Talvez, se Antônio tivesse uma namorada! Pensava a mãe, inquieta com o estado de alma do filho. Pensando bem, será que ele não... e balançava a cabeça, tentando evitar a conclusão do raciocínio.
As tarefas da escola pareciam insuportáveis, ou melhor, irrealizáveis. As tarefas do centro eram cumpridas em empreitadas rápidas, para não dizer que eram mal feitas. Não havia tempo para preparar, para avaliar nem gosto em realizar.
Com três anos de doutrina, Antônio parecia desencantado, cansado. Talvez não tivesse mesmo capacidade para a missão que lhe fora confiada, pensava. Sentia-se facilmente irritadiço e fracassado, como se estivesse dando “murro em ponta de faca”. Os passes que recebia lhe proporcionavam algum alívio momentâneo, mas mal saía do Centro Espírita, vinham-lhe à mente as obrigações assumidas, os deveres familiares, as tarefas escolares e ele via se esvaírem as forças.
Sempre sorridente no Centro, não deixava que percebessem seu estado de ânimo. Alguns de seus amigos começaram a pensar que talvez estivesse obsediado, mas apenas comentavam entre si. Explosivo em casa, afastava-se cada vez mais dos pais e parentes. Irritado, acreditava que eles não o compreendiam e que estavam “pegando muito no pé”.
Sua dedicação tão cara, parecia não render resultados.
Um dia, em uma reunião mediúnica, encheu-se de coragem e resolveu perguntar a um espírito-dirigente o que estava acontecendo com ele. Estaria obsediado? Por que se esforçava tanto e realizava tão pouco?
Caridoso, o mentor lhe dirigiu palavras de confiança, assegurou que não havia a interferência de desafetos desencarnados e sugeriu que procurasse um médico.
- Médico? Pensou ele? Mas não tenho nenhuma doença!
Pelo sim, pelo não, Antônio procurou um clínico geral. Deu “sorte” e consultou com um dos que não trabalham com uma fila interminável de pacientes. Feitos os exames de rotina, não encontrando doença nenhuma, o jovem clínico começou a investigar-lhe os hábitos e humores, coisa incomum para os dias de hoje. Aos poucos, o diagnóstico foi se formando, uma síndrome cada dia mais comum em nossos dias: “Burnout”[1]
Antônio foi convidado a repensar sua vida, realizar atividade física, valorizar o lazer e a conversar sobre o seu presente e o seu futuro com a ajuda de um psicólogo ou psicoterapeuta, antes que alguma doença psicossomática viesse a manifestar-se, comprometendo-lhe a saúde física em adição à saúde mental.
[1] Síndrome de Burnout ou Síndrome de Esgotamento Profissional, é uma doença geralmente relacionada ao trabalho, associada ao estresse crônico relacionado a relações interpessoais intensas e a grandes expectativas do paciente com relação ao seu trabalho, expectativas estas que não se concretizam em função de obstáculos diversos. Esta classificação surgiu nos Estados Unidos no início da década de 70 e compreende também o trabalho voluntário, exigindo atenção preventiva por parte das instituições e dos trabalhadores. Ao contrário do estresse, o esgotamento profissional se agrava com as férias, porque não se trata apenas de cansaço físico, mas de uma preocupação persistente com a incapacidade de realização de atribuições.
12.4.08
Laboro lança nova peça no Congresso
Conheça mais da companhia em http://arteespirita.com.br
9.4.08
Outro Poema de Damasceno Sobral
REVELAÇÃO
A harmonia impecável
e a suavidade quase divina de certas músicas
nos descortinam um mundo
onde a voz é murmúrio;
o desejo, ideal
e a expressão, poesia.
Um mundo homogêneo
cuja realidade parece ficção,
e ficção não é.
Esse mundo tão discretamente revelado
constitui o verdadeiro mundo,
o mundo essencial,
onde aportaremos um dia,
quando instruídos e modificados
à custa dos males aparentes de existências inúmeras.
Extraído de SOBRAL, J. Damasceno. Almas Libertas (Poemas). Divinópolis-MG, 1949.
8.4.08
Biblioteca Espírita Pública
Foto 2: Placa da Biblioteca: Homenagem a Aurélio Valente
Hoje a biblioteca conta com quatro mil, setecentos e cinquenta e dois livros, sendo 2700 para empréstimo e os demais para a composição do acervo. Além dos livros há fitas VHS, DVDs, revistas e livros infantis e coleções de revistas espíritas encadernadas, como o Reformador, A Centelha e a Revista Internacional de Espiritismo, Enciclopédias, Dicionários e outras fontes de referência.
A biblioteca funciona como arquivo institucional, uma vez que tem sob sua guarda os registros em forma de filme dos principais eventos que promove: nos últimos anos a "Semana de Célia", a "Semana de Allan Kardec" e a "Semana da Família", além de palestras de pessoas importantes que passam pela casa.
O mais interessante do projeto: a biblioteca é pública, ela não é restrita aos frequentadores da casa. Qualquer cidadão de BH pode ter acesso aos produtos para empréstimo se trouxer identidade e comprovante de residência. No primeiro bimestre de 2008 já foram realizados quase 500 empréstimos. No ano de 2007 a procura chegou a cerca de 4000 livros. Os números falam por si. Espiritismo Comentado entrevistou Maria Cerise: aguarde!
6.4.08
O Espiritismo, este Desconhecido.
Figura 1: Anunciação de Leonardo da Vinci
Os jovens universitários procuraram-me em casa. Estavam em uma tradicional Universidade Mineira e necessitavam apresentar um trabalho sobre o Espiritismo.
- O Livro dos Espíritos é uma boa referência? Perguntou um rapaz.
- Que tal apresentar a escala espírita? Afirmou outro.
- De onde vem o Espiritismo? Perguntou um terceiro.
- Você poderia assistir nossa apresentação? O professor não quer que apenas convidemos um especialista porque os grupos têm por costume não estudar o tema.
Concordei com tudo. Geralmente apresento alguns vídeos e programas sobre mediunidade. Os fenômenos têm seu papel no meio acadêmico, mas desta vez me foi negada a oportunidade.
A leitura de “O Livro dos Espíritos” foi meio rápida, para não dizer sumaríssima. O grupo parece ter lido exclusivamente a escala espírita (possivelmente, apenas as questões 101 a 113), abandonando toda a discussão de Kardec sobre a origem e natureza dos espíritos.
Para a aula ficar mais descontraída, resolveram fazer um teatro. O tema: mesas girantes. Um dos rapazes entrou sobre uma mesinha pequena, mal coberta por uma toalha branca, e a fazia movimentar-se. Gargalhada geral. Era-lhe impossível ocultar os pés e a assistência se divertia com seu jeito desajeitado. Ninguém percebeu o quanto seria difícil fraudar este tipo de fenômeno grosseiramente. Comecei a perceber o que é um preconceito cultural. Sem que ninguém conhecesse uma página sequer da Doutrina Espírita, o Espiritismo já estava condenado.
Posteriormente, após um histórico frágil e banal, apresentou-se a escala espírita. Mais uma surpresa! No texto, Kardec faz comparações entre as classes de espíritos que ele observou e os mitos cristãos medievais e da antiguidade. Kardec cita anjos, arcanjos, serafins, diabretes, bons gênios, duendes, trasgos, gnomos, etc. Qualquer pessoa minimamente racional que houvesse lido as duas primeiras partes do livro entenderia que o autor fez metáforas, que Kardec buscou nas crenças populares evidências culturais da manifestação dos espíritos, mas que em momento algum defendeu a existência real destes mitos, da forma que são contados às pessoas. Os universitários foram incapazes de percebê-lo. Apresentavam as classes e ordens de espíritos com uma risadinha irônica, própria de quem deseja ser sarcástico mas não tem coragem de fazê-lo abertamente.
Em princípio pensei em desmascarar a fragilidade do trabalho, apontando os equívocos grosseiros, mas calei-me. O professor de cultura religiosa não parecia ter o mínimo conhecimento espírita (o que é ainda pior), foi incapaz de cumprir com seu ofício e adverti-los. Sequer pareceu-lhe estranho o que diziam e nem passou por sua mente questionar-me. Era uma espécie de conluio silencioso. Eu fiquei com um sorriso amarelo, um pouco pasmo, ante o desrespeito e a ignorância. Não sei se agi certo, mas calei-me. E passados os anos continuo a perguntar-me como pode uma aula em uma instituição de ensino superior tornar-se um simulacro?
1630 Participantes no Congresso Espírita Mineiro
Leia a matéria sobre o Congresso em http://aecx.blogspot.com/2008/04/iv-congresso-esprita-mineiro-foi.html
5.4.08
Uma Mensagem Inesperada
Foto 1: José Mário (jovem)
Maio de 2003. Quinze anos se passaram da desencarnação de José Mário Sampaio. (Para quem estiver lendo este texto sem conhecer os personagens, José Mário Sampaio é meu pai, espírita atuante em Belo Horizonte, desencarnado em setembro de 1987.)
O Conselho Regional de Psicologia de MG havia me convidado para participar de uma mesa redonda no Seminário “Intervenção do Psicólogo na Saúde do Trabalhador”. A comissão organizadora passou por alguns apuros. Eles planejaram um evento para cerca de 300 pessoas, mas os colegas se interessaram e nas vésperas já havia 600 inscrições. O maior auditório do hotel foi conseguido às pressas e os profissionais que deixaram para a última hora tiveram que voltar para casa.
Alguns colegas espíritas estavam no público, mas, via de regra, os participantes não me conheciam ou conheciam apenas minhas credenciais. Talvez alguém tenha lido alguma de minhas
publicações em Psicologia do Trabalho, alguns haviam sido meus alunos na graduação ou pós-graduação, mas não trato de assuntos espíritas em sala de aula.
Após ter chegado e conversado brevemente com o outro membro da mesa, acertei a forma de projeção da apresentação com um funcionário do hotel e assentei-me. Por alguns momentos, durante a confecção do material e agora antes da atividade, recordei-me fortemente de meu pai. Quando ele desencarnou, eu ainda estava nos primeiros períodos do curso de Psicologia, após ter abandonado a graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais. Papai não interferiu na escolha dos cursos. Quando desejei fazer engenharia, ele não achava que aquele seria meu futuro. Uma vez, na intimidade, chegou a dizer que escolhesse o curso que eu quisesse, sem me preocupar com a remuneração do mercado de trabalho, porque eu sempre poderia me tornar professor na minha área de interesse. Fiquei pensando como é que ele havia acertado a minha incomum trajetória profissional. Quem sabe ele não havia me influenciado muito mais do que eu penso.
Ainda na espera de ser chamado para compor a mesa, por alguns minutos, pensei na satisfação que ele teria em ver o filho formado, apresentado o resultado de seus trabalhos para a sua
comunidade profissional. Foram apenas alguns instantes, e logo já estava à mesa, com um debate cordial, mas acirrado, que sucedeu as apresentações. O público encaminhava perguntas escritas em papel, que respondíamos na limitação do tempo reservado pela organização.
Terminada a mesa, fui conversar com alguns conhecidos presentes e, em meio à conversa, o mensageiro do hotel me trouxe, discreto, um papel dobrado.
- “A pessoa que escreveu não quer ser identificada.”Comentou.
Se não quer ser identificada, pensei, depois eu vejo do que se trata. Guardei no bolso e esqueci-me do papel, até chegar em casa. Trocando de roupa, vi o bilhete e desdobrei-o, curioso.
“Jáder, é um prazer conhecê-lo. Não me dirijo a você para fazer um questionamento, e sim, lhe enviando um grande abraço de um espírito totalmente iluminado que está ao seu lado, trazendo não só o abraço mas também se dizendo muito orgulhoso de seu trabalho. Ele se sente muito feliz em saber do quanto você tem caminhado.”
“Não sei se você acredita ou não em tudo isso... mediunidade, Espiritismo, sei lá o que é isso, porém cumpro meu dever com amor em te transmitir tal recado.”
“O nome dele é José Mário, foi médico e hoje no plano espiritual ele se dedica muito ao trabalho em busca de evoluir cada vez mais!” “Um abraço também meu. (preciso me manter no
anonimato)”
Fiquei surpreso, realmente. Seria uma brincadeira? Passados quatro anos, continuo sem conhecer o autor do bilhete. Que tipo de brincadeira é esta que ninguém se diverte? Seria farsa? Em um público seleto, tratando de um assunto técnico, e no anonimato, que interesse teria um psicólogo ou um funcionário de hotel em mantê-la? Os céticos diriam tratar-se de telepatia, mas que telepatia é esta em que o sensitivo capta o que não pensei, a profissão de papai, que por sinal está errada (papai era dentista), o que curiosamente remete a uma conversa que tínhamos em casa: o que faria um dentista após a desencarnação? Papai falava em tom de brincadeira, inicialmente, mas depois concluía, sério: - O conhecimento médico que temos deve ser útil no plano espiritual. No mais, o orgulho de pai, a satisfação com o progresso, faziam parte do que pensava. O tema da dedicação ao trabalho, que aparece na mensagem, dá seqüência aos seus anseios, segundo a mediunidade de Raul Teixeira e o conhecimento que eu tinha de sua personalidade enquanto encarnado. Este também não pode ter sido objeto de telepatia, a menos que os telepatas vasculhem os neurônios em busca de memórias do sistema pré-consciente, o que vai tornando a hipótese cada vez mais metafísica.
Curiosa a mediunidade, esta capacidade de médiuns diferentes perceberem o mesmo espírito com graus de profundidade distintos, mas com consistência de conteúdos.
Agradeço à corajosa e tímida médium (a letra parece ser feminina, se é que caligrafia tem sexo...) que espero poder sair um dia do anonimato após ler este pequeno depoimento. A propósito, e apenas para ela, acredito, sim, em mediunidade e Espiritismo.
4.4.08
Mais Notícias do Congresso Espírita Mineiro
Revelação – Uma pequena história: A Cia. Espírita Laboro, estreará neste sábado, 05 de abril, a peça “Revelação – Uma pequena história. A peça foi montada atendendo uma solicitação da União Espírita Mineira, para ser apresentada no IV Congresso Espírita Mineiro.
Inspirados pelas profundas palavras de Emmanuel que discorre sobre o advento da Doutrina Espírita e sua importância para a humanidade, a peça apresenta a história de um personagem fictício, João Jornaleiro, que, carrega em si as fragilidades e as potencialidades comuns a todos nós, espíritos que transitam pelo planeta e que tomam contato com as verdades espirituais trazidas pelo Consolador.
Com leveza e alegria, este espírito é esclarecido e iluminado pelos conceitos espíritas, fazendo verdadeiras descobertas sobre si mesmo.
A estréia poderá ser acompanhada via internet a partir de 18h do dia 05/04 no site www.uemmg.org.br/congresso
Grupo Espírita Meu Cantar: O Grupo Espírita Meu Cantar se apresentará nesse sábado, 05 de abril, as 08h30 no IV Congresso Espírita Mineiro. A apresentação, bem como todo o evento, poderá ser acompanhada no site www.uemmg.org.br/congresso. No repertório, canções cantadas à Cappella, que constarão no novo CD do grupo que será lançado no próximo ano.