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25.1.13

POR QUE FAZEMOS UMA CAMPANHA DE NATAL NO CÉLIA XAVIER?



O ano de 2012 se foi, e com ele a campanha de natal da Associação Espírita Célia Xavier. A sociedade espírita que participo mantém uma carteira de ações de responsabilidade social, da qual esta campanha é uma pontinha.
 
Como ação social, ela não resolve o problema de segurança alimentar das populações envolvidas, mas sensibiliza todos os envolvidos. Penso que as ações mais resolutivas da AECX são a creche do Lar Espírita Esperança (em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte) e os cursos profissionalizantes de eletricista, mantidos na Casa de Etelvina, sem demérito aos demais trabalhos.
 
Diante de tanta propaganda do governo apontando para o aumento dos níveis de emprego e a ascensão de uma classe C, fica a impressão de que não há miséria no Brasil, que ainda é um país extremamente desigual. Após anos tropeçando na miséria pelas ruas e convivendo com pessoas honestas da comunidade que trabalham por uns trocados, penso que os brasileiros das classes mais favorecidas criamos defesas psíquicas para lidar com uma dor que não conseguimos resolver. Alguns preferem acreditar que se tratam de pessoas que não querem trabalhar, profissionais da mendicância (e talvez existam algumas assim), mas não se pode dizer que todos são assim.
 
Os fluxos migratórios trouxeram um grande número de pessoas trabalhadoras, mas com experiência voltada à realidade rural e geralmente subsistência, para as capitais e cidades de médio porte com oferta de emprego industrial. A incapacidade do poder público para receber, qualificar e tornar empregável este enorme contingente de pessoas, além de não apoiar o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais, gerou este pesadelo do qual ainda sofremos os efeitos. A falta de soluções partilhadas com a sociedade ficou crônica.
 
A imprensa, no seu desejo de cobrar ações concretas do poder público, muitas vezes marginaliza estas pequenas ações, mostrando, por exemplo, pessoas que abusam da generosidade alheia. Contudo, quantas famílias e crianças não se beneficiam legitimamente deste tipo de iniciativa? As denúncias de desvios de recursos multiplicam-se, mas e as instituições sérias, como a nossa? Podem ser enquadradas em denúncias de casos isolados?
 

 
Penso que uma campanha como esta, longe de adormecer a consciência das pessoas, como acusam alguns, as sensibiliza. Os jovens saem do circuito casa-escola-consumo de lazer, e vão usar seu tempo em benefício de quem podem passar a conhecer.
 
Do ponto de vista cristão, pedir é sempre um exercício de humildade, especialmente quando pedimos para terceiros que necessitam. Nos retira do confortável cotidiano que aos poucos construímos. Não é apenas doar o tempo para se fazer uma cesta de alimentos, mas reconhecer que nossa sociedade, apesar dos avanços, ainda se constitui de forma injusta, que podemos fazer sempre alguma coisa e conhecer quem são as pessoas honestas que vivem sob o império da necessidade, apesar das políticas públicas.
 
Em uma próxima publicação, pretendo apresentar alguns resultados da campanha e agradecer às instituições que nos auxiliaram com a gelatina, que foi um dos gêneros que compuseram a simbólica cesta.