29.1.13
DÉJÀ VU: O INCÊNDIO EM SANTA MARIA-RS.
10.7.11
A QUESTÃO DE DEUS: KARDEC, TOMÁS DE AQUINO E JOHN DUNS SCOTUS
14.3.10
KARDEC: ENTRE O CHILE E O HAITI
Kardec escreveu sobre flagelos que acontecem na humanidade, especialmente em sua Lei de Destruição, na parte terceira de "O Livro dos Espíritos". A teologia de sua época depositava na vontade de Deus estas ocorrências, mas o mestre francês interroga aos espíritos quais seriam as intenções da divindade ao permitir este tipo de evento no mundo.
26.1.10
O DETERMINISMO DOS DEUSES GREGOS
26.5.09
QUE SIGNIFICA O RAMO DE VIDEIRA QUE OS ESPÍRITOS PROPUSERAM A KARDEC?
“As dúvidas principais, ou melhor, o não consenso foi em relação ao licor e ao bago.
As interpretações:
Primeiramente fui ao texto em francês, que domino pouco, e encontrei mudanças entre a primeira e a segunda edições, que passo a reproduzir abaixo:
“Tu mettras en tête du livre le cep de vigne que nous t'avons dessiné (¹), parce qu'il est l'emblème du travail du Créateur; tous les principes matériels qui peuvent le mieux représenter le corps et l'esprit s'y trouvent réunis: le corps, c'est le cep; l’ame c’est le grain; l’esprit c’est La liqueur; c’est. l'homme qui quintessencie l'esprit par le travail et tu sais que ce n'est que par le travail du corps que l'esprit acquiert des connaissances.” (Primeira edição – Canuto Abreu)
“Tu mettras en tête du livre le cep de vigne que nous t'avons dessiné (¹), parce qu'il est l'emblème du travail du Créateur; tous les principes matériels qui peuvent le mieux représenter le corps et l'esprit s'y trouvent réunis: le corps, c'est le cep; l'esprit, c'est la liqueur;l'âme ou l'esprit unis à la matière, c'est le grain. L'homme quintessencie l'esprit par le travail et tu sais que ce n'est que par le travail du corps que l'esprit acquiert des connaissances.” (Segunda Edição – Federação Espírita Belga
Marquei as diferenças de tradução em vermelho. Como se vê, foram apenas um esforço de Kardec em deixar mais claro o que ele queria dizer.
Tetê du livre
Canuto Abreu – frontal do livro
Evandro Bezerra – cabeçalho do livro
Guillon Ribeiro – cabeçalho do livro
Herculano Pires – cabeçalho do livro
Salvador Gentile – cabeça do livro
Cabeçalho –“título e primeiros dizeres de qualquer publicação”
Em suma, a idéia dos espíritos é colocar no começo do livro, no início do livro. Parabéns à FEB por finalmente colocar o desenho da vinha na capa de “O Livro dos Espíritos”.
Le cep du vigne
Canuto Abreu – a cepa de vinha
Evandro Bezerra – a cepa
Guillon Ribeiro – a cepa
Herculano Pires – o ramo de parreira
Salvador Gentile – a cepa de vinha
Cepa – “tronco da videira, donde brotam os sarmentos” (sarmento – vide: rebento da videira, braço ou vara da videira)
Le corp’s c’est le cep
Herculano: O corpo é o ramo
Todos os outros tradutores: o corpo é a cepa
l'esprit, c'est la liqueur
Canuto Abreu – o espírito, enfim, é o vinho
Evandro Bezerra – o espírito é a seiva
Guillon Ribeiro – o espírito é o licor
Herculano Pires – o espírito é a seiva
Salvador Gentile – o espírito é o licor
Liqueur vem do latim “liquefazer”. Há um sentido para a palavra que é o de substância fluida ou líquida. A palavra seiva, em francês é sève, que é o líquido que nutre os vegetais. Não encontrei nos dicionários que procurei uma sinonímia entre licor e seiva.
l'âme ou l'esprit unis à la matière, c'est le grain
Canuto Abreu – a alma é o bago (diferença da primeira edição)
Evandro Bezerra – a alma, ou espírito ligado à matéria, é o bago
Guillon Ribeiro – a alma, ou espírito ligado à matéria, é o bago
Herculano Pires – a alma, ou espírito ligado à matéria, é o bago
Salvador Gentile – a alma, ou espírito ligado à matéria, é o grão
Encontrei no dicionário de francês dois sentidos para grain que se aplicam ao texto: “semente de cereal” e “pequena fruta redonda.”
Bago, no dicionário de português, viria de baga e significa cada fruto do cacho de uvas.
Minha conclusão aqui é com a maioria dos tradutores (perdoe-me Gentile, mas sua tradução literal o traiu). Trata-se da uva.
L'homme quintessencie l'esprit par le travail
Canuto Abreu – O homem é quem, pelo trabalho destila o espírito (primeira edição)
Todos os outros autores – O homem quintessencia o espírito pelo trabalho
Quinta-essência: “substância etérea e sutil, extraída do corpo que a continha; extrato retificado, levado ao último apuramento”; “substância considerada pelos alquimistas como o quinto elemento, além da água, da terra, do fogo e do ar e obtida após cinco destilações sucessivas; o mais alto grau, o requinte, o auge; o que há de melhor”
Discussão:
Depois de todo este esforço de Hermenêutica, matéria sobre a qual Canuto Abreu tinha notório saber, o que posso concluir é o seguinte:o corpo é a rama da videira, a alma ou espírito unido à matéria é a uva e o espírito é o líquido dentro da uva, seu suco. Através do trabalho, o ser humano transforma o suco em vinho, ou seja, a destila, retira sua quintessência, transforma o espírito em um espírito do mais alto grau, superior, evoluído.
6.4.08
O Espiritismo, este Desconhecido.
Figura 1: Anunciação de Leonardo da Vinci
Os jovens universitários procuraram-me em casa. Estavam em uma tradicional Universidade Mineira e necessitavam apresentar um trabalho sobre o Espiritismo.
- O Livro dos Espíritos é uma boa referência? Perguntou um rapaz.
- Que tal apresentar a escala espírita? Afirmou outro.
- De onde vem o Espiritismo? Perguntou um terceiro.
- Você poderia assistir nossa apresentação? O professor não quer que apenas convidemos um especialista porque os grupos têm por costume não estudar o tema.
Concordei com tudo. Geralmente apresento alguns vídeos e programas sobre mediunidade. Os fenômenos têm seu papel no meio acadêmico, mas desta vez me foi negada a oportunidade.
A leitura de “O Livro dos Espíritos” foi meio rápida, para não dizer sumaríssima. O grupo parece ter lido exclusivamente a escala espírita (possivelmente, apenas as questões 101 a 113), abandonando toda a discussão de Kardec sobre a origem e natureza dos espíritos.
Para a aula ficar mais descontraída, resolveram fazer um teatro. O tema: mesas girantes. Um dos rapazes entrou sobre uma mesinha pequena, mal coberta por uma toalha branca, e a fazia movimentar-se. Gargalhada geral. Era-lhe impossível ocultar os pés e a assistência se divertia com seu jeito desajeitado. Ninguém percebeu o quanto seria difícil fraudar este tipo de fenômeno grosseiramente. Comecei a perceber o que é um preconceito cultural. Sem que ninguém conhecesse uma página sequer da Doutrina Espírita, o Espiritismo já estava condenado.
Posteriormente, após um histórico frágil e banal, apresentou-se a escala espírita. Mais uma surpresa! No texto, Kardec faz comparações entre as classes de espíritos que ele observou e os mitos cristãos medievais e da antiguidade. Kardec cita anjos, arcanjos, serafins, diabretes, bons gênios, duendes, trasgos, gnomos, etc. Qualquer pessoa minimamente racional que houvesse lido as duas primeiras partes do livro entenderia que o autor fez metáforas, que Kardec buscou nas crenças populares evidências culturais da manifestação dos espíritos, mas que em momento algum defendeu a existência real destes mitos, da forma que são contados às pessoas. Os universitários foram incapazes de percebê-lo. Apresentavam as classes e ordens de espíritos com uma risadinha irônica, própria de quem deseja ser sarcástico mas não tem coragem de fazê-lo abertamente.
Em princípio pensei em desmascarar a fragilidade do trabalho, apontando os equívocos grosseiros, mas calei-me. O professor de cultura religiosa não parecia ter o mínimo conhecimento espírita (o que é ainda pior), foi incapaz de cumprir com seu ofício e adverti-los. Sequer pareceu-lhe estranho o que diziam e nem passou por sua mente questionar-me. Era uma espécie de conluio silencioso. Eu fiquei com um sorriso amarelo, um pouco pasmo, ante o desrespeito e a ignorância. Não sei se agi certo, mas calei-me. E passados os anos continuo a perguntar-me como pode uma aula em uma instituição de ensino superior tornar-se um simulacro?
27.3.08
Erraticidade é o mesmo que Plano Espiritual?
11.12.07
Uma Livraria em um Palácio
Quanto às fontes espíritas sobre o assunto temos o próprio Kardec na Revista Espírita, publicada em 1858 (página 31 da edição Edicel), reescrevendo um artigo publicado em revista da época pelo Sr. Du Chalard, que faz a citação "Dentu, Palais Royal."
O conhecido trabalho de Zêus Wantuil, Allan Kardec: Pesquisa Biobibliográfica e Ensaios de Interpretação, publicado pela FEB, traz na página 75 do volume II um fac-simile da capa original de O Livro dos Espíritos na qual se lê: Paris, E. Dentu Librairie, Palais Royal, Galerie D'Orleans 13.
Foto 2: Fac-simile da primeira edição de O Livro dos Espíritos. (Fonte: O Primeiro Livro dos Espíritos, editora Ismael, 1957)
No livro mais recente, "Vida e Obra de Allan Kardec", escrito por Edson Audi (que morava em Paris na época em que fez a fotografia do livro), há a transcrição de uma parte das Obras Póstumas de Kardec na qual ele relata que o Sr. Dufaux tratou com o prefeito de polícia, que o remeteu ao Ministro do Interior para obter uma autorização para o aluguel de uma sala na Galeria de Valois, todas as terças feiras, no Palais Royal. (página 72)
"Mandou ainda encerrar os jardins com colunatas regulares que foram alinhadas com lojas (numa das quais Charlotte Corday comprou a faca que usou para apunhalar Jean-Paul Marat). Ao longo das galerias permaneciam damas da noite, e nos segundos andares estavam alojados cassinos de jogo. Existia um teatro em cada extremo das galerias; o maior foi a sede da Comédie-Française, a companhia de teatro estatal, a partir do reinado de Napoleão."
Não há dúvida que a "Librairie Dentu" funcionou anos a fio no Palais Royal. Se você pesquisar estas duas expressões no google encontrará uma enormidade de citações bibliográficas em teses, artigos e sites de língua francesa referindo-se a livros de diversos assuntos publicados por Dentu no século XIX.
Uma livraria em um palácio: coisa de franceses...
(Colaboração de Carolina Jacomini Sampaio)