Vem chegando o Natal e a cidade muda seu ritmo. Trânsito ativo, vai e vem de pessoas e, na nossa cidade, dezembro traz consigo suas chuvas, que não impedem ninguém de ir às ruas comprar coisas para a ceia e a troca de presentes.
Nossa casa espírita se prepara para celebrar o natal, à moda antiga. Preparamos cestas de alimentos para presentear pessoas pobres. É assistencialismo, mas é festa ao mesmo tempo. As muitas reuniões públicas, de estudo, mediúnicas, se cotizam para adquirir os gêneros que compõem a “cesta de natal”, também chamada, pelos que nos antecederam na tarefa, de farnel.
Nas muitas festas de confraternização, em que nos encontramos, a jovem lamentava:
- Esse ano vou ao Canadá. Pela primeira vez não poderei participar da confecção das cestas de natal! Ela sabia que perderia aqueles momentos de alacridade e companheirismo.
A quebra da rotina marca o nosso natal sem neve, mas com a presença dos símbolos da cultura europeia que nos alimentou. Por todos os lados se vê um Papai Noel, uma árvore de natal, os enfeites, uma rena voadora ou qualquer um dos simpáticos ícones que têm mais a ver com o antigo culto dos deuses que com a história de Jesus.
Na mediúnica de sábado, estamos estudando o livro “Memórias de um suicida”. A leitura é sempre interessante e a riqueza dos detalhes do texto produzido por Yvonne-Camilo provoca nossa curiosidade e nosso desejo de aprender mais.
Na parte mediúnica, silêncio. Muitos médiuns relatam ter ficado entre o estado de consciência e o de transe. Um espírito comunica-se por Jeziel.
Ao mesmo tempo, a médium Ana começa a falar e Débora vai atender. É um daqueles raros momentos em que um espírito que já se comunicou há semanas por um médium, volta a falar por outro.
A mulher vinha nos comunicar que iria reencarnar. Ela identifica sua história, que Ana não conhecia. Na “terceira parte”, Alex iria dizer que ela havia se comunicado há algumas semanas através dele.
Ela agradece. Agradece o carinho do grupo, o acolhimento, a dedicação. Ela nos diz que fala em nome de muitos espíritos que lá estavam presentes, que também foram beneficiados pelos nossos trabalhos. Ainda pela voz da mulher, antes identificada como prostituta, vem o recado de um de nossos dirigentes espirituais, ainda anônimo, mesmo após tantos anos de trabalho.
Acompanha uma sensação de estar fazendo a coisa certa, uma alegria com a gratidão! Quão poucos se dedicam a ajudar o próximo sem nunca receber um muito obrigado! Dos dez leprosos, ensina o Novo Testamento, apenas um voltou para agradecer.
Lembrei imediatamente do Natal. Não foi Jesus quem escolheu a "apóstola dos apóstolos", talvez injustamente considerada como prostituta por uma autoridade eclesiástica medieval, para dar a notícia aos apóstolos que ele continuava vivo após a morte do corpo? Não foi Maria, a de Magdala, a mulher corajosa cujas histórias foram contadas pelos evangelistas? Não foi ela a companheira da outra Maria, no sombrio momento do Gólgota, que enfrentou sem medo a soldadesca romana com sua presença claramente favorável ao Rabi Galileu?
E eis que do plano espiritual veio uma voz de mulher que nos agradeceu e comunicou que voltaria à vida, no mês em que lembramos que Jesus também reencarnou para nos instruir e ensinar o amor.
Feliz Natal a todos os que acompanham o Espiritismo Comentado! Possa a paz do aniversariante e a alegria dos pais invadir todas as casas nas celebrações da vida, da fé e da família.