Juana Inés de La Cruz
Influenciado pela série sobre Juana de la Cruz, da Netflix, decidi ler
alguns de seus poemas que comprei há mais de uma década. Tenho o volume 1 das
Obras Completas, intitulado “Lírica Personal”. Um dos primeiros poemas trata do
conhecimento, para minha surpresa.
Juana trata uma questão muito curiosa: o saber como vício.
Ela fala de pessoas que vivem em busca do saber e pouco produzem com ele. Faz
belas imagens em seu poema, como a dos campos floridos:
“Em amenidad
inútil,
¿qué importa al florido campo,
Si no
halla fruto el Otoño,
Que ostente
flores el Mayo?”
Ela se
indaga acima qual é a importância de um campo florir-se todo em maio, se não
trouxer frutas no outono.
Creio que o
raciocínio é muito semelhante a uma história que me foi ditada pelo
Conselheiro, chamada “Os evangelhos de João Ângelo”, que cria um personagem que
dedica a vida a pesquisar a interpretação dos textos evangélicos e negligencia
seu próprio filho, em casa, não percebendo os sinais de socorro que ele lhe
endereça.
Não creio
que Juana, erudita como era, se ponha contra a aquisição do conhecimento, mas
contra o vício de conhecer por conhecer, de acumular informações e teorias sem
ser capaz de dar sentido à realidade ou, como diria Kardec, em ter conhecimento
sem desenvolver sabedoria.