Foto: Richard Hodgson
O pesquisador Carlos Alvarado, Phd em Psicologia, com
mestrados em história e parapsicologia, publicou em 2010 um artigo sobre
pesquisas com “mediunidade mental”, conceito que parece equivaler-se ao de
mediunidade de efeitos inteligentes, que empregamos hoje sob a influência de
Kardec e André Luiz.
Essencialmente ele discute uma série de variáveis associadas
ao fenômeno mediúnico que foram analisadas pontualmente na literatura da
pesquisa mediúnica, mas que podem ser mais profundamente discutidas e melhor
compreendidas.
Eu me deterei nesta matéria apenas na questão do transe.
Alvarado entende que esta palavra é problemática, porque
“além de ser usada para se referir a uma variedade de estados de consciência
aparentes”, tem-se que levar em consideração que “pode se manifestar em graus”.
Pekala e Kulmar, citados por ele, afirmam que, em hipnose, o conceito é mal
definido e não foi devidamente operacionalizado. Já li alguma coisa sobre o
assunto, e há uma tentativa de delimitação dos graus de transe, como, por
exemplo, em um transe profundo, a não reatividade do sujeito em um determinado
grau à dor, que é produzida por picadas de alfinete na pele, por exemplo, mas
desconheço estudos recentes que analisem estes critérios.
Hyslop, pesquisador da American Society for Psychical
Research, afirmou que no transe, o médium “mais ou menos exclui sua própria mente ou pensamentos, seja do entrelaçamento ou seja do controle da mensagem”.
Ele se detém em um episódio descrito com a Sra. Piper,
médium norte-americana, que apresentava convulsões no início de seus transes e
houve descrição deste comportamento no final deles. Carlos Alvarado sugere que
se estude a prevalência desta reação entre os médiuns, uma vez que não é comum.
Hodgson descreveu estágios de transe em Piper. No estágio
inicial, ela estaria consciente do consulente e dos espíritos. Depois ela teria
consciência de estar “em relação direta com um outro mundo”. Em uma terceira
fase, ela perderia capacidade de controlar seu corpo e esta função ficaria a
encargo da “consciência supraliminar” (acima da consciência dos estímulos,
termo criado por Myers). Em linguagem espírita, ele estaria se referindo ao que
André Luiz chama de fenômenos de incorporação, e Kardec de possessão, em A
Gênese? Depois o pesquisador descreve que estes estágios vão acontecendo ao
contrário, no término do transe.
Alvarado conclui esta parte de seu texto, sugerindo o
emprego de técnicas psicofisiológicas modernas no estudo dos estados de transe
dos médiuns.
Alvarado, Carlos. Investigating mental mediums: research suggestions from the historical
literature. Journal of scientific
exploration, vol. 24, n. 2, p. 197-224, 2010.