Cometi um erro em Sapucaia do Sul que peço aos amigos que
corrijam, se possível. Ao falar do conceito de aparição em Kardec, fiz uma
distinção entre aparição e materialização. Estava equivocado.
Kardec só utiliza a palavra materialização nos seus escritos
como um estado dos fluidos, como oposição ao estado de eterização. É posterior
a Allan Kardec o uso de materialização como sinônimo de aparição tangível.
Encontrei no vocabulário da primeira edição de “O Livro dos
Médiuns”, posteriormente traduzido como “Definições Espíritas”, pela Lachâtre,
um verbete de quase uma página sobre aparições, escrito pelo próprio fundador
do espiritismo. Está tão claro, que peço a licença dos leitores para
transcrevê-lo:
“Aparição: Fenômeno pelo qual os seres do mundo incorpóreo
se manifestam visíveis.
Aparição vaporosa ou etérea: aquela que é impalpável, que
não pode ser agarrada e não oferece qualquer resistência ao toque.
Aparição tangível ou estereotita: aquela que é palpável e apresenta a
consistência de um corpo sólido.
A aparição difere
da visão pelo fato de que ela tem
lugar no estado de vigília pelos órgãos visuais, quando o homem tem plena consciência
de suas relações com o mundo exterior. A visão acontece no estado de sono ou
êxtase, e também no estado de vigília pelo efeito da segunda vista. A aparição
nos chega pelos olhos do corpo, produzida no próprio lugar onde nos
encontramos; a visão tem por objeto coisas ausentes ou afastadas, percebidas
pela alma em seu estado de emancipação e enquanto as faculdades sensitivas
estão mais ou menos suspensas.” (Allan Kardec, Definições Espíritas. Niterói,
Lachâtre, 1997)
Em outras palavras, aparição em Kardec é o que chamamos hoje
de materialização, podendo ser esta vaporosa ou tangível.