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25.1.24

OS MENSAGEIROS

 

O filme estreou hoje nos cinemas.

Estive  hoje no Shopping Boulevard, em Belo Horizonte-MG, e aproveitei para ver "Nosso Lar 2: Os Mensageiros" no primeiro horário disponível, o das 14 horas.

Um filme feito a partir de uma obra é passível de diversos comentários, como a proximidade ou não do livro original, a coerência doutrinária e outros, mas, honestamente, não pretendo tratar a partir dessa perspectiva.

A finalidade deste texto é compartilhar minhas percepções e sentimentos ao assistir o filme com o leitor, e desafiá-lo a compartilhar também, na parte de comentários ou no grupo do Facebook "Espiritismo Comentado", suas próprias impressões.

Um comentário que alguns amigos fizeram, meio maldoso, foi por que as peças de divulgação destacaram o ator Edson Celulari, e não Renato Prieto, que é André Luiz, e. portanto, protagonista da narrativa. Bem, a resposta é simples: Edson Celulari é Aniceto, o instrutor de André Luiz, e a narrativa foi construída ao redor dele, ou seja, ele é o protagonista desse filme. 

No começo do filme senti um pouco de confusão. Gastei um tempo para perceber quem era encarnado e desencarnado, o que estava acontecendo e o que era recordação do passado, o que acontecia no plano espiritual e o que acontecia no plano material, apesar do esforço da equipe em criar imagens distintas. Mesmo tendo lido os livros de André Luiz há muitos anos, e reconhecendo Aniceto, André Luiz e Vicente, alguns eventos do filme me deixaram inicialmente confuso. 

Como são apenas duas horas, a história teve que ser reduzida e um pouco alterada, incluindo cenas da série de outros livros e cortando eventos de "Os Mensageiros". Isso significa que quem gostar do filme, vai se interessar por ler o livro, e quem vai ler Os Mensageiros, precisa ter lido antes Nosso Lar, para se ambientar com os personagens e suas histórias.

A essência do filme traz bem as sementes plantadas por Chico Xavier e dos espíritos que se comunicam através deles. Somos falíveis, fazemos planos que nem sempre se concretizam, esses planos vêm conosco e os intuímos ao longo da vida, nossa vida tem um sentido maior que nossa mera existência, esse sentido foi construído por ninguém menos que nós mesmos,  antes do nascimento, e não estamos sós. Somos passíveis de cometer erros, atrair desafetos, viver dilemas e conflitos, mas há quem nos ame e pode haver ajuda de onde menos esperamos.

O transcendente está imbricado com a vida ordinária, de tal forma que às vezes não é fácil desfazer a rede de ligações que se estabelece entre os espíritos e nós.

O filme me fez perceber que vivemos em uma anti-utopia prevista por Allan Kardec. Há mil chamamentos para nos envaidecer do que conquistamos no mundo, mil distrações e atrações ao conforto, ao trabalho e ao dinheiro, e é muito fácil ser visto como tolo em no mundo platônico das aparências em que vivemos. Contudo, como a vida não finda, e a vida no mundo dá voltas, sempre podemos arrepender do que vimos fazendo e escolher um novo rumo no mundo.

Achei belíssima a imagem que o roteirista e cineasta construiu do papel das casas espíritas. Elas são uma espécie de continuum entre o aqui e o além, suas atividades vão muito além do que somos capazes de avaliar, e sua participação na vida das pessoas pode fazer a diferença.

Num momento de tanto ataque político às religiões, em nosso país, foi muito reconfortante ver que a leitura que o espiritismo faz da sociedade e das relações humanas, muito marcado pelo cristianismo, se volta à necessidade de um mundo menos desigual, mais fraterno e mais consciente das consequências do uso da liberdade que temos.

Tropeçar, cair e levantar, essa repetição contínua do bebê que está aprendendo a andar, me emocionou em alguns momentos do filme, especialmente quando os caídos aceitam a mão de quem lhes oferece.

Aniceto não é o "todo poderoso", ou o herói que não falha, mas o mensageiro, ser humano transcendente que nem sempre consegue atingir o que deseja, porque está sempre diante da liberdade concedida pelo criador aos seus filhos, que a empregam conforme suas crenças e sua consciência nem sempre clara diante da lei universal.

Gostei dos personagens "encarnados" pelos atores que lhes conferiram humanidade, mais que angelitude. Uma grande contribuição à narrativa.

Não esperem um filme aos moldes de Hollywood, mas se conhecem alguma coisa do espiritismo e da vida, preparem-se para as emoções que o filme desperta em quem vê um pouco mais do que a história contada.

9.3.17

MEDIUNIDADE E CIRCUITOS ELÉTRICOS



Gerador de corrente contínua tipo shunt



O jornal de estudos espíritas acaba de publicar um artigo que explica a analogia que André Luiz fez entre circuitos elétricos e mediunidade no livro "Mecanismos da mediunidade", publicado originalmente em 1959. O livro foi psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira. Os capítulos pares foram psicografados pelo Chico e os ímpares por Waldo. Como muitos dos conceitos de eletricidade ensinados por eles não são estudados na escola em nível de ensino médio, o livro é de difícil leitura e interpretação pela maioria das pessoas de boa vontade que frequentam a casa espírita.

O autor do artigo, Alexandre Fontes da Fonseca, é físico e professor da Unicamp. Ele tenta explicar de forma didática e compreensível o que diz André Luiz sobre mediunidade em alguns dos capítulos do livro.

Sua primeira contribuição é mostrar que o livro faz apenas analogias com eletricidade e hipnose. Ele não faz física do  mundo espiritual, como pensam alguns leitores. Embora André Luiz fale de ondas mento-eletromagnéticas, ele não diz que a mente produz ondas eletromagnética, mas que algumas das características das ondas eletromagnéticas como a variedade de frequências, a transmissão sem a necessidade de fios, sua recepção à distância e sua capacidade de gerar correntes elétricas em condutores com características especiais são muito parecidas com um espírito comunicante que produz o fenômeno mediúnico pelo pensamento, sem que ninguém seja capaz de percebê-lo com os cinco sentidos.

Algumas das comparações explicadas por Alexandre no artigo

Diferença de potencial: a existência de pensamentos distintos entre espírito e médium, para que seja possível a comunicação.

Capacidade de junção: combinação de fluidos entre médium encarnado e comunicante desencarnado (conceito kardequiano)

Fios do gerador: atitude de aceitação ou adesão do médium

Circuito mediúnico: Na combinação de fluidos citada acima, circula uma "corrente mental" (isto também é uma analogia, e não uma descrição física)

Gerador "shunt": Tipo de circuito no qual uma bobina corretamente instalada aumenta a corrente do gerador, e instalada de forma errada, diminui a corrente do gerador. É uma analogia do papel da concentração do médium durante a comunicação, segundo o articulista. 


Quem estiver interessado em entender melhor o artigo dele, basta acessar o Jornal de Estudos Espíritas no link a seguir:
https://drive.google.com/file/d/0BwP5l2F8N4s3TWJoMmRKWTRQaVk/view

29.10.14

MENSAGEM DE ANDRÉ LUIZ?




Acabo de receber uma mensagem atribuída a Chico Xavier, veiculada no calor do processo eleitoral. Quem está acostumado a ler André Luiz sabe que ele não usa este estilo profético em seus textos. André faz reflexões rápidas em frases curtas, como em Agenda cristã, ou um texto do tipo narrativo, intercalado com falas extensas, do tipo palestras, que são proferidas por instrutores no mundo espiritual, como no livro Missionários da luz.

Mesmo já tendo sido psicografado por médiuns diferentes, como Waldo Vieira, ele mantém, grosso modo, seu estilo literário. Outro ponto é a ausência de alinhamento com o objetivo moral e a lógica doutrinária espírita, que encontramos em toda a obra psicografada por Chico Xavier. Conversei com estudiosos da obra de Chico Xavier, que concordam comigo nesta pequena análise.

Pesquisei trechos da mensagem na internet e encontrei um impacto maior em blogs não espíritas do que em espíritas. Algumas pessoas declararam gostar do médium espírita. Todavia, nesta análise notamos que esta mensagem parece ter sido inventada e usada por pessoas inescrupulosas, com intenções políticas para fins eleitoreiros, tendo por alvo a população em geral, o que não está de acordo com a ética espírita.

Com relação ao movimento espírita, entendo que hoje, como sempre, temos que assumir nossos destinos, responsabilizarmo-nos por nossas escolhas e agir na transformação para melhor da sociedade em que vivemos, sem delegar aos médiuns e espíritos o papel de condução das decisões que cabe a nós mesmos tomar.

Abaixo está o texto enviado:

"Mensagem de Natal de André Luís, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, no Centro Espírita Jesus de Nazareno, em Congonhas-MG, no dia 23 de dezembro de 1952.


"NO MEIO À CRISE VIRÁ UM HOMEM DA TERRA DO MÁRTIR TIRADENTES E, APESAR DAS PRESSÕES, MUITO FARÁ PELO BRASIL, INCLUSIVE QUE SERÁ O CRIADOR DE UMA CIDADE JARDIM TAL QUAL O ÉDEN, DIFERENTE DE TODAS AS CIDADES. TEMPOS DEPOIS, QUANDO AS TREVAS DO CALABOUÇO AUTORITÁRIO SE DISSIPAR, A ELE SE SEGUIRA UM OUTRO MINEIRO, QUE PROJETARÁ A ESPERANÇA, CONQUISTARÁ O POVO TRAZENDO UMA NOVA ONDA DE PATRIOTISMO PARA O PAÍS. MAS QUE NÃO TOMARÁ POSSE. MORRERÁ ANTES. SERÁ SUBSTITUÍDO POR OUTRO QUE MUITA CONFUSÃO IRÁ CRIAR E, NA SUA SAÍDA, VAI DEIXAR A NAÇÃO ABALADA; E DESTE ABALO VAI COMEÇAR O PERÍODO CRÍTICO, POR ANOS E ANOS. ATE´QUE, NA SEGUNDA DÉCADA DE UM NOVO MILÊNIO, O HOMEM DE PATRIOTISMO, VINDO TAMBÉM DA TERRA DE TIRADENTES, IRÁ CERCAR-SE DE OUTROS E VÃO DERRUBAR A VIGA MESTRA DA CONFUSÃO. E ENTÃO MUITA COISA NOVA VAI ACONTECER. MUITAS NAÇÕES PASSARÃO A DAR CRÉDITO E RESPEITO AO BRASIL."


Agradeço a Waldemar Krepke Duarte pela leitura e sugestões.

11.3.14

ANDRÉ LUIZ EXPLICADO PELO DR ALEXANDRE FONSECA - BELO HORIZONTE MG



Prezados Leitores


Estamos trazendo o Prof. Dr. Alexandre Fontes da Fonseca, de Campinas-SP, a Belo Horizonte - Minas Gerais, para tratar do livro Mecanismos da Mediunidade. Alexandre tem alguns pós-doutorados em Física, inclusive no exterior, e já publicou na conceituada revista Science, tendo, portanto, uma formação sólida para nos explicar com clareza os conceitos de física utilizados por André Luiz para fazer metáforas aos mecanismos da mediunidade.

Não temos muitas vagas, porque o seminário é uma ação para a qualificação dos médiuns da Associação Espírita Célia Xavier, mas concordamos em abrir para o movimento espírita em geral, para que todos possam aproveitar a vinda do Alexandre. Peço, contudo, aos interessados, para não deixar a inscrição para a última hora. Informações podem ser feitas na secretaria da AECX - 31 - 3334-5787. O endereço é Rua Coronel Pedro Jorge, 314, Prado, Belo Horizonte-MG.

O evento será no auditório da Associação Espírita Célia Xavier, no Prado, que tem capacidade para cerca de 150 pessoas, apenas.

Recomendo aos participantes fazer uma leitura prévia do livro e levar questões, para que o evento seja proveitoso.

Bem-vindos à nossa casa

Jáder Sampaio

Mais informações podem ser obtidas no site http://www.aecx.org.br


14.3.09

OS SONHOS NA OBRA DE KARDEC

Sonho de uma noite de verão, de Edward Hughes

Cada vez mais espíritas iniciam-se no estudo do Espiritismo através de obras contemporâneas. Em Minas Gerais, André Luiz é um autor muito discutido nas casas espíritas, dado o prestígio da mediunidade, vida e obra de Chico Xavier.

Não obstante, muitos núcleos têm perdido o hábito de estudar os livros de Kardec e dos espíritas do século XIX, que tiveram o interesse de desenvolver uma teoria espírita mais ampla, em diálogo com os espíritos.

Um dos resultados inesperados, são os equívocos que a geração sem Kardec vai cometendo, de boa fé, por falta de conhecimento do corpo teórico do Espiritismo. Um dos casos ilustrativos desta situação é a visão que se tem dos sonhos.
Ao longo de sua obra, algumas vezes André Luiz narra e explica sonhos de personagens que tinham percepções do mundo espiritual, que passavam por alguma vivência com outros espíritos, e o ex-médico mostra as deformações de conteúdo entre a percepção espiritual do espírito do sonhador e as imagens oníricas, as quais ele recordaria após despertar.
Isto levou muitos espíritas dedicados a reduzirem os sonhos às vivências do espírito encarnado temporariamente liberto do corpo.


O Sonho, de Pablo Picasso

Embora Allan Kardec aceitasse esta possibilidade, ele propõe um quadro muito mais amplo.
Em "O Livro dos Espíritos", no capítulo intitulado "Da Emancipação da Alma", Kardec conclui que muitas podem ser as causas das imagens oníricas percebidas pela pessoa que dorme. Irei apenas listar e citar as origens dos sonhos propostas pelo codificador:

1) A recordação do passado (questão 402)

2) A recordação de encarnações anteriores (comentário da questão 402)

3) A previsão do futuro (questão 402)

4) O pressentimento do momento da morte (questão 410)

5) A comunicação com espíritos desse mundo (questão 402)

6) A comunicação com espíritos encarnados (questão 404)

7) A comunicação com espíritos de outros mundos (questão 402 e comentários)

8) A percepção do que se passa em outros lugares, para onde a alma se transporta (questão 404)

9) A representação de preocupações do estado de vigília, efeito da imaginação (questão 405)

Não satisfeito com a abordagem do tema, Allan Kardec o retoma em "A Gênese". Neste novo texto ele adicionaria: a percepção de "criações fluídicas do pensamento" do próprio sonhador, causadas possivelmente pela "exaltação das crenças, por lembranças retrospectivas, por gostos, desejos, paixões, temor, remorsos, pelas preocupações habituais, pelas necessidades do corpo ou por um embaraço nas funções do organismo; finalmente, por outros espíritos, com objetivo benévolo ou malévolo, conforme sua natureza." (páginas 292 a 293 da edição de 1973)

Como se pode ver, Kardec propõe causas orgânicas, psicológicas, parapsicológicas e espirituais dos sonhos, três décadas antes de Freud escrever "A Interpretação dos Sonhos".