28.3.16

O QUE UM PAPEL KRAFT TEM A VER COM DEUS?




A segunda aula de Antonina foi um desafio. O programa indicava “atributos da divindade” como tema. Como ensinar um tema tão filosófico e tão abstrato a um grupo de meninos que ainda estava no pensamento operacional-concreto?

- Que tal fazermos alguma atividade lúdica e física para abordar o tema? Pensou Antonina.

O planejamento da aula ficou assim: os atributos da divindade foram escritos em fichas, com letras grandes, e as crianças brincariam de “corre-cutia”.

Quem ficasse com o papel, tentava explicar o significado da palavra.

Depois uma atividade igualmente lúdica para ver se haviam apreendido as palavras novas. Um grande caça-palavras, em uma folha de papel Kraft foi feito.

Começou a aula. Os alunos já traziam a ideia repetida nos anos anteriores de que “Deus é nosso pai e Jesus é nosso irmão”, e sabiam que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas (criador).

Antonina perguntou:

- Vocês conhecem uma brincadeira chamada “corre cutia”?

Um aluno replicou de imediato:

- Ih, tia! Tem um tempão que a gente não brinca disso!

Acendeu o sinal amarelo. Isso podia significar que a brincadeira é de meninos pequenos e que eles não aceitariam fazê-la. Infelizmente, foi isso mesmo que aconteceu. Eles começaram, mas não queriam continuar com o jogo.

Nestes momentos, um pouco de intuição, na falta de um plano B, é muito importante. Em vez de insistir e confrontar, Antonina aceitou o que sinalizou a turma.

- Já que vocês não querem, então vamos sentar e ver uma a uma as fichas que eu trouxe.

Deu certo! Apesar das provocações contínuas, uns com os outros, os alunos se interessaram pelas palavras e seus significados. Não deu, e era esperado, para fazer as demonstrações que Allan Kardec faz em O livro dos espíritos e A gênese. Demandaria lógica e noções de filosofia. Pedir demais para crianças na segunda infância.

Parte final da aula. A evangelizadora abriu um grande papel kraft, contendo todas as palavras estudadas, na vertical e horizontal, ocultas. Cada aluno ganhou um pincel atômico de uma cor, e passaram todos a tentar descobrir no mesmo caça-palavras, os atributos da divindade.

Não havia como consultar as palavras. Eles teriam que pelo menos reconhecer e recordar para conseguir identifica-las. Algumas delas, como onipotente e onisciente eram totalmente desconhecidas antes da aula. De repente, começou uma nova brincadeira, desta vez criada por eles.

Meninos desta idade são competitivos. E eles começaram a disputar quem achava mais palavras. As reações foram interessantíssimas.

- “Nu, véi!” Que palavra grande!

As palavras inteligência suprema ocupavam uma linha inteira do caça-palavras, de um lado a outro.

Os atributos foram sendo desvendados, um a um. A evangelizadora não interferiu, nem ajudou. As palavras eram recordadas, como se fossem objetos preciosos. Aos poucos a disputa ficou entre dois dos alunos. Quem ganharia?
Uma das palavras foi descoberta pelos dois ao mesmo tempo! Antonina virou árbitro. Então ela disse:

- Os dois descobriram ao mesmo tempo. Então a palavra vai ficar com as cores dos dois, ambos a circularão.

A última palavra era como um saci. Escondida! Ninguém achava. Ela poderia empatar ou desempatar a disputa recém criada.

Deu empate. Mas não teve revolta, o resultado foi justo.


Antonina saiu surpresa com a turma. Eles aprenderam novas palavras e eram capazes de dizer quais eram os atributos de Deus.

21.3.16

UMA HISTÓRIA DE AMOR E MÚSICA







Plínio Oliveira é um músico que tem usado seu talento para causas sociais e espirituais. A influência de Chico Xavier e de Divaldo Franco aparecem em suas palavras e escolhas. 

Já publicamos no Espiritismo Comentado um vídeo com uma das canções da sinfonia que ele compôs e apresentou com orquestra em homenagem a Chico Xavier. http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/2013/01/sinfonia-do-amor.html

A sinfonia também foi utilizada para o musical "No céu da vibração", que também noticiamos aqui. http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/2015/06/no-ceu-da-vibracao.html

Espero que gostem da história e da música.

18.3.16

ESPIRITISMO DE OITIVA?




Estamos estudando ainda o livro “À luz do consolador”, de Yvonne Pereira, que é constituído de artigos que ela publicou na revista Reformador, entre as décadas de 1960 e 1980, a maioria sob o pseudônimo de Frederico Francisco.
Ela escreveu o seguinte:

“Está-nos a parecer, pois, que determinados leitores desprezam o verdadeiro estudo doutrinário, preferindo aceitar o espiritismo por ouvirem dele falar.” (PEREIRA, 2014, p. 145)

Lembrei-me  de um expositor que trabalhava em nome de uma federativa. Fiquei muito amigo dele e o estimava muito, mas ele só falava de oitiva. Quando alguém perguntava ou questionava algo, ele dizia: fulano disse assim, ou é a opinião de beltrano.

Uma vez alguém tomou a liberdade de falar com ele que ele deveria ler, para conhecer a origem e o sentido claro daquilo que ele falava. Ele redarguiu:

- Tenho um filho pequeno que exige minha atenção, por isso não posso ler.

Fiquei pensando como alguém pode expor sem estudar, com todo o respeito à dedicação do companheiro.

Uma das primeiras críticas que recebi na vida acadêmica veio de uma professora muito experiente, que analisou meu texto e questionou se algumas coisas que eu houvera escrito não eram “de oitiva”. Tive que rever e citar corretamente as fontes das partes do texto analisado.

O espiritismo não pode ser conhecido apenas por “ouvir falar”. No Brasil o movimento espírita sempre promoveu a divulgação do livro impresso, montou livrarias, criou bibliotecas, inventou “feiras do livro espírita”, fez edições populares para dar acesso aos que tinham poucos recursos financeiros. Nosso grupo de mocidade tinha um “mimeógrafo” à tinta, onde se imprimiram muitos textos de apoio aos estudos, apostilas, jornaizinhos entre outros.

Yvonne tem razão. É preciso que os centros espíritas prezem o incentivo à leitura, principalmente dos clássicos, cujo tempo tornou a linguagem mais distante da empregada hoje, para que o movimento não fique à mercê de opiniões.


15.3.16

O QUE UMA BOLA TEM A VER COM O ESPIRITISMO?



Jáder Sampaio

Mais um ano letivo se iniciou para a evangelização em uma das cidades satélite de Belo Horizonte, num bairro de classe média baixa. A jovem professora ia trabalhar pela primeira vez com a turma de alunos de 9 e 10 anos de idade. No primeiro dia, apenas duas crianças na sala, o que fez com que a turma se unisse à de 11 e 12 anos.

As professoras encontraram três crianças assentadas com a cabeça baixa, desviando o olhar em sinal de vergonha.

- Bom dia. Eu me chamo Antonina! Qual é o seu nome?

As respostas eram como um resmungo triste, um sussurro cheio de vergonha.
Preocupada, Antonina tirou sua arma secreta. Uma bola vermelha, meio rosa, de plástico, comprada por dois reais.

Os meninos ergueram o olhar e perguntaram assombrados:

- Mas já??

A monótona organização das aulas geralmente tem formato fixo. Prece, música, exposição dialogada e atividade de fixação. Quanto maior a dificuldade na escola, maior a dificuldade com a exposição, especialmente se não for interativa. Talvez uma história possa chamar a atenção, mas nada pior para uma criança de nove anos que ser confundida com uma de cinco.

O objetivo da aula era fazer uma avaliação diagnóstica das crianças. O que elas eram capazes de fazer? Quem eram? Onde moravam? O que gostavam/não gostavam de fazer? Com estas e muitas outras respostas, poder-se-ia planejar melhor as atividades do futuro.

Antonina respondeu:

- Aqui é assim. Viemos para brincar e aprender!

Fizeram uma rodinha, talvez um pentágono, já que eram apenas cinco (três alunos e duas evangelizadoras). Feita uma pergunta, a pessoa que tinha a bola respondia e escolhia outra para responder, para quem a lançava. Atividade simples, mas os olhos brilhavam.

As informações foram surgindo. Primeira descoberta bem verbalizada: eles não gostavam de ficar sentados ouvindo! Sinal amarelo para uma exposição que não fosse dialogada. Moderação com os slides de powerpoint.

Segunda descoberta: eles gostavam de massinha! Achei meio extemporâneo, mas não é hora de psicologia do desenvolvimento, e sim, de valorizar o interesse dos meninos.

A escolha das cores, como eram todos meninos, já estava irremediavelmente associada às camisas dos seus times de futebol preferidos. Quando se falou da família, outra vergonha apareceu; alguém morava com os avós. Avós, irmãos mais velhos, apenas mãe e irmãos, não ter mãe e pai faz com que se considerem pessoas menores. Sinal amarelo para as aulas comemorativas da família, baseadas apenas na família nuclear. Talvez seja preciso fazer um poema da gratidão, semelhante ao de Amélia Rodrigues, para se valorizar que eles tenham um avô ou avó, um irmão mais velho que cuida, até um vizinho.

As mais de quinze perguntas foram se esgotando rapidamente, e veio a pergunta que não queria calar: podemos brincar com a bola?

Assim terminou a história, ou quase. Na outra semana, quando Antonina chegou, os meninos perguntaram:

- Hoje vai ter bola?

Bola não teve, mas teve massinha. Esta história eu conto depois.

11.3.16

ESPIRITISMO COMENTADO FAZ NOVE ANOS!



Há nove anos, na mesma hora da publicação desta matéria, saía a primeira página do Espiritismo Comentado. O blog havia sido criado apenas para divulgar o site com o mesmo nome, mas a acessibilidade fez o blog crescer e o site desaparecer. 

Aprendemos a escrever textos menos extensos e mais diretos com linguagem mais clara e cotidiana. Durante sua trajetória, foi criado um grupo no facebook com o mesmo nome, que tornou mais fáceis as participações e diálogos com os participantes. Ate o momento já foram 922 publicações, com uma média de 650 leituras por matéria (calculado por baixo)!

Quero agradecer aos 1700 leitores os que mantiveram acesa a luz da motivação para esta modesta realização. Se desejarem dar um presente ao projeto, convidem algum amigo espírita ou simpatizante para seguir o blog ou o grupo no facebook.

10.3.16

AMEBH PUBLICA AME MAIS





A Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte, órgão federativo que congrega as casas espíritas da capital mineira, publicou recentemente o Jornal Ame Mais, onde dá notícias de eventos da capital, divulga textos de escritores espíritas, trata da memória, publica textos psicografados e quadrinhos, com os personagens Leo e Amélia, criados por Adriano Alves.

O jornal pode ser gratuitamente acessado no endereço: https://drive.google.com/file/d/0By6-j12GeL-ib1h1UFhQNU5Rc1k/view?usp=sharing 

Ele é um dos primeiros frutos da nova direção da AMEBH, e dá mostras de disposição para diversas realizações. Recomendo a leitura da matéria sobre a nova diretoria. Entre outros objetivos, há a intenção de construir uma sede própria para a AMEBH.


5.3.16

APRESENTAÇÃO DE TRÊS TRABALHOS DO REFORMADOR



Leitores do Espiritismo Comentado,

Na revista Reformador de março de 2016 foram publicados três artigos de participantes da LIHPE (Liga de Pesquisadores do Espiritismo):
1. Atualidade do termo fluido ao espiritismo (Alexandre Fontes da Fonseca)
O termo fluido deveria ser substituído pelo termo campo, citado por André Luiz no livro Mecanismos da Mediunidade?
2. Antônio Schiliró (Júlia Nezu)
Desencarna aos 98 anos um dirigente espírita importante para o movimento espírita do estado de São Paulo
3. Uma história esquecida: Fernando de Lacerda, Camilo Castelo Branco e Silva Pinto. (Jáder Sampaio)
O espírito de um suicida português começa a enviar diversas mensagens a um amigo encarnado, tentando ser identificado e tentando defender a ideia de que o suicídio é um equívoco. Por que ele estaria insistindo tanto?
O Reformador pode ser lido impresso ou em formato digital. Informações:http://www.souleitorespirita.com.br/reformador/