Estive procurando informações sobre Celine Japhet, e esbarrei em uma curiosidade. Na revista "The spiritualist and journal of psychological science" de 13 de agosto de 1875, Alexander Aksakof publicou um texto escrito no castelo de Krotofka, na Rússia, em julho do mesmo ano.
O texto é bastante interessante para os estudiosos de Allan Kardec, e trata das acusações de Mme. Japhet a Kardec, tendo sido reproduzido depois no livro "Nineteenth Century Miracles", escrito pela espiritualista Emma Hardinge Britten.
Uma informação nova aos interessados na biografia de Kardec é dada pelo cientista Russo: que Rivail publicou "O livro dos espíritos" com os nomes que teve em suas duas reencarnações anteriores.
Segundo Aksakof, o nome Allan foi informado por Madame Japhet e o nome Kardec pelo médium Roze.
Outro dado curioso é que Rivail foi introduzido ao círculo de Mme. Japhet por Victorien Sardou, em 1856.
Outra curiosidade é que ela trabalhava como sonâmbula e era induzida ao transe empregando objetos "mesmerizados" pelo Sr. Roustan, um magnetizador que a acompanhou em Paris desde 1846, época em que ela se tornou sonâmbula profissional.
Aksakof diz que Japhet alega ter psicografado três quartos de "O livro dos espíritos" e que um quarto se deve a Madame Boudin, médium de outro círculo. É curioso que ela chame Baudin de senhora, e que a identifique sem falar de sua irmã. No mesmo texto, Alexander apresenta a indignação de Madame Japhet, que desejava ter notoriedade a partir da publicação de O Livro dos Espíritos. Ele lamenta que ela tenha sido lembrada por Kardec apenas na última página do primeiro número da Revue Spirite.
Fui lá conferir, e encontrei uma versão um pouco diferente dos lamentos da médium para o pesquisador russo.
"Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho foram as senhoritas B..., cuja boa vontade jamais nos faltou. O livro foi quase todo escrito por seu intermédio e em presença de numeroso público que assistia às sessões, nas quais tinha o mais vivo interesse. Mais tarde os Espíritos recomendaram uma revisão completa em sessões particulares, tendo-se feito, então, todas as adições e correções julgadas necessárias. Essa parte essencial do trabalho foi feita com o concurso da Senhorita Japhet, a qual se prestou com a melhor boa vontade e o mais completo desinteresse a todas as exigências dos Espíritos, porque eram eles que marcavam dia e hora para suas lições. O desinteresse não seria aqui um mérito especial, desde que os Espíritos reprovam qualquer tráfico que se possa fazer da sua presença; a senhorita Japhet, que é também uma notável sonâmbula, tinha seu tempo utilmente empregado: mas compreendeu que lhe daria uma aplicação proveitosa ao se consagrar à propagação da doutrina." Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1858.
Na publicação da segunda edição de "O livro dos Espíritos", Kardec escreveu na Revista Espírita de março de 1860, que as mudanças anunciadas no artigo de janeiro de 1858 foram efetivamente realizadas na segunda edição do livro, o que mostra que, de fato, Japhet deu um grande concurso à revisão e ampliação de O livro dos espíritos, mas ela parece superestimar sua participação como médium.