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25.5.21

RESPOSTA ÀS ACUSAÇÕES DE BERTHE FROPO EM "MUITA LUZ"

 

Há alguns anos foi recuperado o livro Muita Luz (Beaucoup de Lumière), no qual a autora Berthe Fropo, que se tornaria, futuramente, vice-presidente da União Espírita Francesa, faz diversas acusações a Pierre G. Leymarie, então responsável pela instituição que deu continuidade à Sociedade Anônima do Espiritismo (Sociedade para a continuação das obras de Allan Kardec) e pela Livraria Espírita.

Mais recentemente, foi traduzido para o português o livro "Ficções e Insinuações" que foi publicado em 1884, assinado pelo comitê (ou conselho ou comissão) de fiscalização da Sociedade Científica do Espiritismo. Nesse livro se responde cada crítica (e em alguns momentos, cada acusação) feita por Fropo.

Além da tradução, feita por Ery Lopes, o livro contém uma série de verificações realizadas por Carlos Seth, que procurou os documentos citados no livro pela internet, em documentos primários do museu Allan Kardec On Line - AKOL e em documentos digitalizados do Arquivo Nacional da França. No escopo do que ele conseguiu encontrar, quase todos os argumentos apresentados pela comissão são sustentados.

Considerando o impacto sobre a imagem de Leymarie, construída em cima do discurso de uma das fundadoras da União Espírita Francesa, esse episódio nos faz lembrar de uma velha recomendação acadêmica: a de estudar os diversos lados de uma questão antes de escrever e concluir.

Recomendo a leitura a todos os interessados na história do espiritismo francês pós-Kardec. Mesmo mantendo minha simpatia pela União Espírita Francesa e por alguns de seus trabalhadores notáveis como Denis e Delanne, vê-se que sua institucionalização foi criada em um ambiente de insatisfação, no qual as críticas nem sempre são justas com a parte da qual se deseja separar, assim como em um divórcio. Cabe a quem está "de fora" buscar um afastamento e entender as razões das duas partes que se rompem, sem tomar partido.

15.8.18

A LIVRARIA QUE ALLAN KARDEC NÃO FUNDOU



O Espiritismo Comentado tem se dedicado no último mês a divulgar os trabalhos do 14o. Encontro Nacional da LIHPE, mas muitas coisas vêm acontecendo que demandam um diálogo com os leitores. Hoje gostaria de conversar sobre a proposta de transformação de uma livraria na França em Museu Allan Kardec, feita pela blogueira Mari, sob o título: "Salve a livraria fundada por Allan Kardec em Paris". Quem quiser assistir o trabalho acesse: https://tipsparis.com/

Visivelmente emocionada, a blogueira ficou conhecendo a Livrairie Leymarie, e de boa fé veiculou diversas informações falsas, inclusive a que vai no título do post: Essa livraria não foi fundada por Allan Kardec! Lá também não aconteceram fenômenos de mesas girantes. Allan Kardec, encarnado, nunca esteve nesse endereço físico...

Na placa da frente do imóvel na "Rue de Saint Jacques" se lê: Ocultismo - Livraria. No vidro acima da porta está escrito: Edições Leymarie Ciências Psíquicas - Astrologia. 

Pelo que se vê no filme, há um grande quadro de Allan Kardec, dentro da livraria, o que pode ter contribuído para que a população na França associasse espiritismo a ocultismo e outras ideias místicas. A foto está em https://scontent.fplu9-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/39162740_1799746120062921_3862815477747154944_n.jpg?_nc_cat=0&oh=e5dec6ddbb85fc6a14f40383a516f46f&oe=5C142978

Kardec fundou uma livraria na Rue Lille 7, em 1869, e não em 1858, como se acha no Facebook da Librairie Leymarie. 1858 é o ano da pubicação da Revista Espírita (Revue Spirite), cujo título ficou sob a responsabilidade de Leymarie, alguns anos após a desencarnação de Allan Kardec. https://www.facebook.com/pg/librairieleymarie/about/?ref=page_internal

A trajetória de espaços físicos e livrarias que sucederam a desencarnação de Allan Kardec podem ser lidas resumidamente, na publicação que o blog Espiritismo em Movimento fez: https://espiritismoemmovimento.blogspot.com/2018/08/a-livraria-espirita-e-livraria-leymarie.html?m=1

Para uma leitura mais detalhada, temos livros bem fundamentados em pesquisa documental:

- O legado de Allan Kardec - autora: Simoni Privato
- Madame Kardec - autor: Adriano Calsone

São dois textos muito fáceis de se ler, bem escritos e interessantes (para quem deseja conhecer o movimento espírita francês após Kardec).

3.10.08

Florentino Barrera traduzido para o português

A Madras Espírita, em parceria com a USE-SP lançaram "O Processo dos Espíritas - A História de uma Injustiça", escrito pelo espírita argentino Florentino Barrera.

O tema não é novo. Hermínio Miranda fez uma tradução do livro escrito por Marina Leymarie (esposa do então presidente da Sociedade para a Continuação das Obras de Kardec), que teve seu marido preso por uma acusação de estelionato envolvendo-o em conjunto com o Sr. Buguet (o fotógrafo médium) e o Sr.Firman.

O livro de Barrera traz novas informações obtidas em fontes de língua espanhola, que desconhecíamos. Ele mostra a possível influência clerical nas origens do processo, não deixa dúvidas sobre a intencionalidade em atingir Leymarie e dá detalhes do processo, como o conteúdo das testemunhas de defesa, que mostram que as fotografias não poderiam ter sido montadas com bonecos, como o afirmou o Sr. Buguet (que ganhou a liberdade com esta mentira).

Há uma biografia de Leymarie, contando sua infância e juventude, contribuição importante para o conhecimento de um personagem vilipendiado pela sociedade francesa no século XIX.

O leitor terá a oportunidade de ver a carta que Buguet escreveu para Leymarie pedindo desculpas pelas calúnias dirigidas e ele, peça fundamental para a libertação do espírita francês no recurso que ele encaminhou a uma corte superior.

Uma curiosidade, o livro apresenta uma foto atribuída a Jesus de Nazaré, obtida na sede da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Esperamos que a Madras melhore a qualidade das inúmeras fotografias que enriquecem o texto de Barrera nas próximas edições, mas recomendamos aos interessados na históra do espiritismo após Kardec sua leitura imediata.