31.3.14

ESGOTADAS AS INSCRIÇÕES DO SEMINÁRIO "MECANISMOS DA MEDIUNIDADE"


Esgotaram-se as inscrições do Seminário Mecanismos da Mediunidade, antes da data prevista. Confirmaram presença membros das seguintes sociedades espíritas listadas abaixo:


Associação Médico-Espírita de Minas Gerais
Casa do Caminho - Sabará 
Casa Espírita Chico Xavier     
Casa Espírita Francisco de Assis             
Casa Fraterna Irmão Ismael
Centro Espírita Jesus de Nazaré - Oliveira/MG
Centro Espírita André Luiz
Centro Espírita Casimiro Cunha
Centro Espírita Divino Mestre - S. José dos Campos/SP
Centro Espírita Irmão Mateus
Centro Espírita Luz e Humildade            
Centro Espírita Manoel Felipe Santiago
Centro Espírita Maria de Nazaré  
Centro Espírita Oriente – Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla
Fraternidade  Espírita Irmãos Jacó e Mateus
Fraternidade Espírita Irmão Glacus                      
Fraternidade Luz e Esperança 
Fraternidade Maria Quitéria da Luz
Fundação Espírita Cárita
GEFA - Contagem/MG
Grupo da Fraternidade  Espírita Francisco de Assis
Grupo Emmanuel
Grupo Espírita Allan Kardec
Grupo Espírita da Fraternidade Albino Teixeira
Grupo Espírita Raios de Luz - Lagoa Santa/MG
Grupo Espírita Virgílio Pedro de Almeida
Hospital Espírita André Luiz           
INEDE
Sociedade Espírita Allan Kardec - Montes Claros-MG       

União Espírita Mineira

Sejam todos bem-vindos!


29.3.14

QUEM EVANGELIZA NÃO IMPROVISA!



As atividades de formação da evangelização infantil devem ser planejadas com antecedência, e não improvisadas, semana a semana. O que isso significa?

  1. Uma visão de todo, ou seja, uma escolha de temas e assuntos adequados às idades, que possibilitem a aquisição de uma visão de todo do espiritismo e uma reflexão dos conflitos e problemas que se enfrenta no desenvolvimento infantil e nos relacionamentos.
  2. Um plano de temas para o respectivo ano, não tão fechado que exija um assunto por aula, nem tão amplo que deixe os evangelizadores à deriva nos interesses de sua turma.
  3. Um planejamento de tarefas concomitantes às atividades dentro de sala: a turma de 11 e 12 anos de nossa casa, por exemplo, auxilia anualmente o preparo da festa junina, visita outras unidades de evangelização infantil (nossa casa tem unidades em três cidades), participa de uma atividade anual na qual os próprios alunos apresentam trabalhos que prepararam em grupo, em casa, reúnem-se uma vez ao ano na casa dos evangelizadores para ver um filme, comentar e divertirem-se.
  4. Um planejamento anterior, e de preferência coletivo, das aulas. Temos dois ou três voluntários por sala de aula de evangelização, por pura necessidade. Como é uma atividade voluntária, é preciso que não seja pesada aos responsáveis. Isso significa que eles serão responsáveis por uma ou duas aulas por mês, o que diminui a carga de preparo das aulas. Contudo, precisam reunir-se para que as aulas não fiquem desarticuladas, e para que a experiência de todos seja computada na elaboração das aulas.
  5. Um acerto prévio da logística: que material será necessário levar para a sala de aula? Como fazer o transporte dos alunos? Como obter autorização dos pais para atividades externas? Divulgaremos os aniversários dos alunos?
  6. Projetos de ação mais estrutural: há modificações e demandas que podem ser conversadas com as diretorias dos centros espíritas para serem implantadas em médio prazo (a construção de uma área ao ar livre para atividades, por exemplo, a obtenção de mobiliário adequado às crianças, a instalação de redes de wi-fi para a evangelização, aquisição de data-shows e monitores de televisão, a criação de espaços de leitura de literatura infantil nas bibliotecas, etc.)
  7. Avaliação das aulas: depois de realizada a aula ou conjunto de atividades, atingiram-se os objetivos? Houve entendimento do tema? Houve tematização de vivências da realidade dos participantes? Houve problemas com algum aluno? Alguma estratégia de ensino-aprendizagem foi inadequada ou mal executada? Como fazer melhor da próxima vez?

Por tudo isso, aquela ideia infeliz de procurar na internet uma aula pronta na véspera do dia do encontro da turma, ou de chegar esbaforido no centro espírita para ver o que poderia ser usado para a aula, deve ser evitada a todo custo, para que um trabalho seja efetivo e prazeroso para todos.

25.3.14

NA SALA DE AULA DE EVANGELIZAÇÃO


Imagem: Capa do livro Autismo, de Hermínio Miranda.


A jovem chegou na sala de evangelização, indicada pelo médico espírita. Já tinha 15 anos, mas, após conversa com a coordenação do trabalho, os pais a levaram para a turma de 11 e 12 anos.

O primeiro dia foi particularmente difícil para todos os envolvidos. Os pais ficaram no corredor, do lado de fora da sala. Tudo era muito novo para a nossa jovem e para a turma, que em grande parte já se conhecia. Os evangelizadores perguntavam-se se daria certo. Eles se perguntavam qual seria o benefício para a nossa nova aluna. Será que ela aprenderia?

Ela se portou de forma quase irrepreensível. Ficou quietinha, no seu cantinho. Entrou em luta interna para estar presente naquele ambiente estranho, diferente. Não permitiu que ninguém encostasse nela, e desviou-se silenciosamente das mãos dos passistas ao final da aula, mas não gritou, nem destratou ninguém.

Outro dia, ela não quis levar o trabalho que fizeram em sala para casa. Exerceu seu direito cidadão de deixá-lo na sala de aula, mesmo informada que era seu. Mas o trabalho foi feito por ela. É uma vitória, algo a ser comemorado internamente pelos envolvidos, sem alacridade, apenas respeito. Respeito, por sinal, não falta na relação dos colegas para com ela. É uma colega diferente, mas é colega como outra qualquer. Eles têm um cuidado caprichoso, quase carinhoso, de não fazer o mesmo tipo de brincadeiras, às vezes provocativas, que fazem uns com os outros. Não há queixas, nem perguntas indiscretas sobre a presença dela. Acho que é uma aula de vida para eles, na qual ela dá mais que recebe. E eles recebem com elegância. Quem sabe, um dia, não terão a honra de receber alguém em sua vida com as mesmas necessidades especiais de sua colega?

Passaram-se as semanas e o comportamento só melhora. Ela já se sente meio em casa na sala de aula. Assiste as aulas, com seu silêncio, ora com o olhar introspectivo, ora com o olhar de quem se interessa, mas fica “na sua”.

O passe já faz parte da rotina da aula, e ela vai tomar o copo de água fluidificada, espontaneamente, após o passe. Já não é mais necessário desviar das mãos dos passistas. Como será que ela registra o passe? Será que ela se beneficia das sensações e emoções que o passe desperta em quem está em oração? Talvez.


Vale a pena o esforço dos pais? Levá-la semanalmente, confiar nos evangelizadores e na turma, deixar sua pérola com eles?  Vale, sim. Vale muito. 

Oxalá outros pais despertem para a importância da evangelização inclusiva, e nós aprendamos também cada vez mais a conviver com as diferenças e a apreender as vitórias que passam despercebidas ao mundo.

24.3.14

ABERTAS AS INSCRIÇÕES DO SEMINÁRIO - NÃO DEIXE PARA AMANHÃ.

Estão abertas as inscrições no site da Associação Espírita Célia Xavier para o seminário "Mecanismos da mediunidade e suas relações com a física e o hipnotismo". 

Basta acessar http://www.aecx.org.br e clicar em inscrição on-line. 

Há um formulário pequeno, fácil de preencher e a inscrição está pronta.

Não deixe para amanhã, são apenas 150 vagas e já começaram a ser preenchidas, pelo que acabei de conversar com a secretaria da Associação.

11.3.14

ANDRÉ LUIZ EXPLICADO PELO DR ALEXANDRE FONSECA - BELO HORIZONTE MG



Prezados Leitores


Estamos trazendo o Prof. Dr. Alexandre Fontes da Fonseca, de Campinas-SP, a Belo Horizonte - Minas Gerais, para tratar do livro Mecanismos da Mediunidade. Alexandre tem alguns pós-doutorados em Física, inclusive no exterior, e já publicou na conceituada revista Science, tendo, portanto, uma formação sólida para nos explicar com clareza os conceitos de física utilizados por André Luiz para fazer metáforas aos mecanismos da mediunidade.

Não temos muitas vagas, porque o seminário é uma ação para a qualificação dos médiuns da Associação Espírita Célia Xavier, mas concordamos em abrir para o movimento espírita em geral, para que todos possam aproveitar a vinda do Alexandre. Peço, contudo, aos interessados, para não deixar a inscrição para a última hora. Informações podem ser feitas na secretaria da AECX - 31 - 3334-5787. O endereço é Rua Coronel Pedro Jorge, 314, Prado, Belo Horizonte-MG.

O evento será no auditório da Associação Espírita Célia Xavier, no Prado, que tem capacidade para cerca de 150 pessoas, apenas.

Recomendo aos participantes fazer uma leitura prévia do livro e levar questões, para que o evento seja proveitoso.

Bem-vindos à nossa casa

Jáder Sampaio

Mais informações podem ser obtidas no site http://www.aecx.org.br


8.3.14

ORÍGENES, REENCARNACIONISTA CRISTÃO?






Continuo publicando textos derivados da leitura que estou fazendo sobre os cristãos primitivos, e hoje comento a vida e duas propostas de Orígenes, similares à proposta espírita. Roque Frangiotti fez uma busca nas fontes disponíveis sobre a vida de Orígenes e se tornou nossa principal fonte nesta pequena biografia, assim como o texto filosófico de Giovanni Reale.

Vida de Orígenes

Cristão de Alexandria, de 185 d. C., Orígenes nasceu em família cristã e viu seu pai ser martirizado em 202, por ordem de Lúcio Sétimo Severo (imperador romano). Este evento tornou o jovem Orígenes, com 18 anos, responsável por mãe e irmãos, sem os bens da família, que foram confiscados pelo império. Ele passou a sustentá-los com aulas de gramática, que havia aprendido com o pai e desenvolvido com esforço próprio.

Com a perseguição romana, os catequistas haviam fugido de Alexandria, e Orígenes aceitou o convite do bispo Demétrio para realizar este trabalho, dirigindo a escola de catequese de Alexandria, quando passou também a acompanhar e exortar os mártires.

Nesta época, o cristianismo era alvo de críticas de cunho filosófico e de disputas internas entre doutrinas que se desenvolveram a partir de pontos conflituosos da fé cristã. Giovanni Reale (p.45) afirma que Orígenes combateu gnósticos, adocionistas e modalistas.

Este trabalho só foi possível porque Orígenes criou o Didaskaleion, um “centro de ensino superior”, considerado “o primeiro esboço daquilo que será a universidade na Idade Média” (Frangiotti, p. 11). Era um lugar que ensinava não apenas a doutrina cristã e as escrituras, mas também as diversas áreas da cultura chamada profana. Esta iniciativa possibilitou ao alexandrino o estudo da filosofia.

A Héxapla

Orígenes fez viagens de estudos, em busca das diferentes versões da Bíblia, para poder fazer estudos comparativos. Um de seus trabalhos é a Héxapla e que é uma Bíblia em seis colunas, a saber:
  1. O texto hebraico com caracteres hebraicos
  2. O texto hebraico com caracteres gregos
  3. A versão bíblica de Áquila
  4. A versão bíblica de Símaco
  5. A versão bíblica de Teodicião
  6. A versão bíblica da Septuaginta (os setenta)
Seu sucesso e reconhecimento por cristãos e autoridades cristãs de diversas partes do mundo parece ter despertado a inveja de Demétrio, que o destituiu do magistério e do presbiterato, além de excomungá-lo.

Orígenes foi para Cesaréia da Palestina, onde passou seus últimos vinte anos. Lá ele continuou a ensinar e organizou um centro de estudos, além de uma biblioteca que se tornou célebre e na qual trabalharam no futuro “Pânfilo, Eusébio e São Jerônimo” (Frangiotti, p. 15) Ele também passou a pregar e comentar diariamente a escritura para os cristãos.

No governo do imperador Décio iniciou-se uma nova perseguição aos cristãos, quando Orígenes foi preso e torturado, desencarnando anos depois.

Eusébio de Cesaréia afirma que Orígenes escreveu cerca de 2.000 livros, e Jerônimo fez um levantamento de 800 títulos. Muito se perdeu do que Orígenes escreveu porque algumas de suas doutrinas e ideias foram condenadas pelo II Concílio de Constantinopla, em 553, o que “provocou o desaparecimento sistemático de sua imensa obra”. (Frangiotti, p. 17)

A Hierarquia Deus – Jesus e o Espírito Santo

Seria muito difícil comentar a obra de Orígenes como um todo, então deter-me-ei em dois pontos que interessam a nós, espíritas.

Ao estudar o espírito santo, Orígenes faz uma hierarquia entre Deus, Jesus e o espírito santo. Ele defende a homoousia (Jesus foi emanado de Deus, e tem a mesma natureza do Pai), que nos é estranha, porque entendemos Jesus como espírito superior e distinguimos a natureza de Jesus da de Deus, em função das características divinas discutidas por Kardec. Contudo ele admite alguma subordinação do filho ao Pai (Reale, p. 45) Já o espírito santo teria um papel santificante.

Até o momento, em boa linguagem espírita, entendo que Jesus, após a desencarnação continua acompanhando o movimento cristão através da mediunidade dos profetas cristãos e de outros médiuns das comunidades. Entendo também que outros espíritos superiores, missionários de Jesus, tinham o seu papel junto a estas comunidades, sendo identificados como o Espírito, como diz Denis, ou o Espírito Santo, como afirma a tradição católica. Reale afirma que Orígenes via no Espírito Santo uma “função específica na ação santificante”.

Preexistência e Reencarnação

O segundo ponto que nos interessa é a defesa da preexistência do espírito antes da concepção. Orígenes entende que os espíritos preexistem e quando cometem pecado, nascem, ou seja, encarnam.  É uma leitura muito próxima da de Kardec que entende que o ciclo das encarnações é necessário ao desenvolvimento dos espíritos e que possibilita a reparação das faltas cometidas.

Outra similitude, que encontrei em Reale (p. 46) diz respeito à reencarnação. Para que o leitor não pense que estou inventando ou lendo mal, passo a citar textualmente:

“É doutrina típica de Orígenes (derivada dos gregos, embora  com notáveis correções) a que segundo a qual o “mundo” deve ser entendido como série de mundos, não contemporâneos, mas subsequentes um ao outro. Tal visão relaciona-se estreitamente com a concepção origeniana segundo a qual, no fim, todos os espíritos se purificarão, resgatando suas culpas, mas, para se purificarem inteiramente, é necessário que sofram longa, gradual e progressiva expiação e correção, passando, portanto, por muitas reencarnações em mundos sucessivos.” (Reale, p. 46)

Vê-se, portanto, que Léon Denis leu acertadamente quando escreveu em seu “Cristianismo e Espiritismo”

“De todos os padres da Igreja, foi Orígenes quem afirmou do modo mais positivo, em numerosas passagens dos seus princípios (Livro 1º.), a reencarnação ou renascimento das almas. É essa a sua tese: “A justiça do Criador deve patentear-se em todas as coisas”.

Referências Bibliográfica

Denis, Léon. Cristianismo e espiritismo. 7 ed. Rio de Janeiro, FEB, 1978.
Frangiotti, Roque. In: Orígenes. Contra Celso. São Paulo, Paulus, 2004.
Reale, Giovanni, Antiseri, Dario. História da filosofia. Patrística e Escolástica. 4 ed. São Paulo, Paulus, 2011. Vol. 2.