De Chico Xavier a Martins Peralva, passando por inúmeros espíritas que antecederam a nossa geração, a crônica do arauto de Nova Iguaçu recupera usos e costumes do movimento espírita da época.
Contudo, detive-me na segunda parte do livro, que trata da desencarnação de Marília Barbosa, esposa de Leopoldo. Ele nos abre algumas de suas vivências, de forma transparente e corajosa.
Encurtando a história, Dona Marília desencarnou de câncer, em uma época na qual a medicina tinha parcos recursos. Durante sua doença, manteve-se viva e ativa quanto pode. Operou-se na Casa de Saúde Santo Agostinho, mantida pela Associação Espírita Obreiros do Bem. "Anestesiada a gases aspirados" viu uma estrada muito ampla, com a figura luminosa do Cristo que a chamava com o braço direito, dizendo: - Vem! Após despertar, ela disse: "Preferi viver mais, para fazer muito bem a muita gente!"
Ainda hospitalizada, recebeu a visita de Lins de Vasconcellos e Campos Vergal. Os dois e Leopoldo combinaram os planos para a realização do Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil.
Leopoldo narrou diversos eventos dos quais ela participou até a desencarnação.
Emocionou-nos o episódio que passo a transcrever:
"Uma tarde, abrindo os olhos de um ligeiro sono narcótico, deu conosco ao lado do seu leito, com os olhos em lágrimas.
- Você chorando? Você não é homem para choro!
- Quem pode vê-la assim, que lhe queira bem, e não chore! Perdoe, sim!
- Não pensei que você fosse tão meu amigo!"
Marília desencarnou em 1949 pedindo a Leopoldo: ..."não me deixem canonizar!"
O leitor minimamente informado vai se recordar do Lar de Jesus em Nova Iguaçu, de sua participação operosa e respeitada nesta comunidade e de sua presença silenciosa no movimento espírita.
Minha alma se cala, em sinal de respeito.