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22.5.09

FOURIER E O ESPIRITISMO

Quando se trata da história do Espiritismo, talvez pela ampla divulgação do livro de Conan Doyle, que, na verdade, escreveu sobre a história do espiritualismo moderno, há uma ilustre omissão que descobri por acaso, lendo a Revista Espírita de Allan Kardec.

Antes de serem criticados e quase proscritos pelos materialistas (Marx, por exemplo, os estigmatizou como utópicos), os socialistas idealistas tinham grande influência em meios sociais que buscavam alternativas à sociedade republicana do iluminismo e da revolução francesa.


Projeto de Falanstério desenhado por Fourier

Charles Fourier foi fundador de um movimento que ganhou dimensões internacionais, no qual tentava organizar os interessados em falanstérios ou falanges, uma espécie de comunidade autônoma e autosuficiente, na qual as pessoas pudessem trabalhar segundo suas características pessoais e na qual não houvesse diferenças acentuadas. Esta comunidade seria ao mesmo tempo urbana e rural, na tentativa possível de não necessitar de trocas comerciais com a sociedade, mas Fourier era avesso à industrialização e às máquinas.



Familistério de Guise

Foge ao objetivo de um texto de weblog fazer uma análise detalhada das semelhanças e diferenças entre o Fourierismo e o pensamento de Kardec, mas asseguro que há diferenças muito marcantes e algumas idéias quase delirantes e excessivamente detalhistas em Fourier, como pude verificar no livro “Os Socialismos Utópicos” de Jean-Christian Petitfills, publicado pela antiga Zahar.

O que praticamente não se conhece (ou se omite) é que Fourier era reencarnacionista e que tinha idéias de alguma forma próximas às espíritas.

Na Revue de dezembro de 1862 Kardec publica uma síntese das idéias de Fourier obtidas em uma carta enviada por um fourierista contemporâneo ao codificador. Ele afirma sua surpresa ao ler as obras espíritas e encontrar semelhanças.

“(...) reconheci toda a teoria de Fourier sobre a alma, a vida futura, a missão do homem na vida atual e a reencarnação das almas”

O autor da carta prossegue com a seguinte passagem:

"O homem está ligado ao planeta; vive sua vida e não a deixa mesmo morrendo. "Há duas existências: a vida atual, que Fourier compara ao sono, e a vida que ele chama aromale, a outra vida em uma palavra, que é o despertar. Sua alma passa alternativamente de uma vida para outra, e periodicamente volta a se reencarnar na vida atual. Na vida atual, a alma não tem o sentimento de suas vidas anteriores mas da vida aromale tem a consciência e vê todas as suas existências precedentes. As penas na vida aromale são os temores que sentem as almas por estarem condenadas, reencarnando-se na vida atual, de vir animar o corpo de um infeliz; porque, disse Fourier, vêem-se todos os dias pessoas virem pedir a caridade à porta dos castelos dos quais foram proprietárias em suas vidas precedentes, e acrescenta: Se os homens estivessem bem convencidos da verdade que trago ao mundo, todos se apressariam em trabalhar pela felicidade de todos."

Como os leitores e comentaristas têm sempre que fazer escolhas sobre o que desenvolverão em seus textos e a reencarnação aparenta ser apenas mais uma idéia singular (para não dizer esdrúxula) aos olhos de um estudioso da História ou da sociedade, elas vão sendo omitidas nos textos contemporâneos, à espera de alguém que considere o espiritualismo e o espiritismo como elementos do cenário social dos séculos XIX e XX e não apenas uma “seita imigrante”.

Falanstério de Saí

Por falar em imigração, um dos precursores do Espiritismo Brasileiro, Benoit Jules Mure, tentou construir uma comunidade fourierista em Santa Catarina (Colônia Industrial de Saí), antes de voltar ao Rio de Janeiro e dedicar-se à homeopatia e ao magnetismo de Mesmer. Não consegui uma localização precisa do local, mas parece ficar nas cercanias de Joinville.

5.12.08

O que podemos fazer?

Muitos leitores do Espiritismo Comentado sensibilizaram-se com a nossa última matéria. Muitos não tem como disponibilizar grandes quantidades de recursos pessoais, então vamos dar algumas dicas simples de formas de ajudar.




1. Estamos no início do mês. Se você vai fazer sua compra do mês, escolha um supermercado que está participando das campanhas e compre um item a mais na sua lista. Pode ser um pacote de arroz, uma embalagem de absorventes, água, um brinquedo, ou outro produto necessário para quem necessita de tudo.


2. O natal está chegando. Como será o seu natal? Você espera ganhar roupas, suas crianças ganharão brinquedos, você vai se dar de presente algo que já tem? Então prepare sua casa para receber coisas novas, doando aquele sapato que já saiu de moda e que você insiste em guardar (quer dizer, ocupar espaço) no guarda roupa, dê uma vasculhada em suas roupas e separe as que tem usado pouco, converse com suas crianças e separe brinquedos que não são mais do interesse delas. Não doe roupas e brinquedos em mau estado, entregue-as lavadas e secas, para que sua doação não seja, na verdade, mais um problema para quem recebe.



3. Seu Centro Espírita está fazendo campanha de natal? Converse com os dirigentes de sua casa e veja a possibilidade de reservar um percentual das cestas para ajudar as vítimas de Santa Catarina. Se a campanha estiver muito aquém da meta, separe pelo menos uma cesta.

4. Você é dirigente de reunião pública? Converse com os frequentadores escolha um item qualquer e peça a eles. Um pacote de um quilo de feijão não vai deixar ninguém em situação crítica, mesmo que a casa esteja fazendo campanha de natal.

5. Fotografem o resultado da campanha e divulguem no mural do Centro Espírita.

6. Enviem fotos da doação para o Espiritismo Comentado. Expliquem em um parágrafo o que fizeram e que instituição frequentam. Vamos publicar as fotos. Elas podem ser contagiosas.

7. Faça uma prece pelas vítimas, pelos desempregados, pelos que perderam seus negócios, pelos que ainda sofrerão os efeitos da enchente durante o ano. Peça inspiração do mais alto e idéias simples sobre o que fazer.

8. Diga aos colegas de trabalho que está recebendo doações para as vítimas de Santa Catarina, se eles tiverem alguma coisa a doar, informe o dia em que levará o resultado da campanha para um dos postos de coleta. Junte no porta-malas do carro as doações e quando for entregar, fotografe. Fixe em sua sala o resultado das doações.

9. Se você é de Belo Horizonte, clique no título da última publicação e leia os comentários. Neles se encontra alguns endereços de postos de coleta, sites e contas bancárias fornecidas pela Coordenadoria de Ação Comunitária da UFMG. (Confiram os dados, se houver algum equívoco, me avisem, por favor).

10. Informe-se sobre o que as pessoas estão precisando. Se vamos doar pouco, que possamos doar certo. Se descobrirem algo que não falamos, comentem nesta publicação.

1.12.08

Que estamos fazendo?

Figura 1: Fotos da enchente disponibilizadas pelo Blog "Falando Claro"


O estado de Santa Catarina passa por momentos muito difíceis. Pessoas desabrigadas, que perderam suas residências, cidades em estado de calamidade e mortes.


Os problemas com chuvas não são recentes no Brasil, mas o que aconteceu no belo estado de Santa Catarina é uma tragédia sem antecedentes. Pelo que declararam especialistas houve uma concentração de chuvas em um curto período de tempo. Vimos que em uma noite choveu 125 mm, o que, segundo a meteorologista, é o equivalente a 125 litros de água por metro quadrado. Por esta razão vimos na televisão o terreno de áreas totalmente cobertas por florestas e matas cederem.


As instituições da sociedade brasileira se mobilizaram para atenuar o sofrimento. Defesa Civil, Exército, Cruz Vermelha e voluntários de todo o país trabalham para enviar roupas, alimentos e medicamentos para os desabrigados, fornecer atendimento médico e outras ações que se fazem urgentes.


Temos uma rede de centros espíritas de cerca de dez mil instituições. Além de incentivarmos os membros a participar das iniciativas e de disponibilizar informações sobre como ajudar, como podemos utilizar esta rede para aliviar o sofrimento de nossos irmãos catarinenses?