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13.9.23

A TAREFA DOS ENXOVAIS NA CASA DA GALILEIA



"A tarefa dos enxovais" é o título de um livro organizado pela editora Lachâtre que apresenta uma atividade similar à que entrevistamos no "Esquina do Célia", realizada pelos colegas de reunião mediúnica de Hermínio Miranda. Publicado em 2017, continua sendo muito demandado à editora, porque Hermínio aproveita o texto para mostrar aparentes "coincidências" e impactos de um gesto de desprendimento na vida de inúmeras pessoas. 

Hermínio mostra através de pequenas histórias o impacto dos enxovais. Um marido entregue ao alcoolismo que se emociona ante a qualidade do enxoval e decide parar de beber e empregar-se. Não vou contar mais histórias, senão acabo com a emoção do livretinho,

Aqui em Belo Horizonte, as histórias não são muito diferentes, embora haja um grupo que se encontra na casa de Elmara há quase (muito quase!) cinquenta anos para confeccionar os enxovais. As histórias também se repetem. Como diz Elmara, "um enxoval não é capaz de tirar alguém da difícil situação em que se encontra, mas não deixa de ter um significado especial". 

Como vimos com Hermínio, ele faz despertar novo ânimo em quem o recebe, valoriza a maternidade, faz reavivar o sentido de ser família, não importa de que formato.

Recomendo a todos que assistam a entrevista, que emociona, e leiam o livro, que na sua simplicidade emociona ainda mais. Talvez eles façam descobrir um lado da humanidade que anda esquecido nos nossos dias.

A tarefa dos enxovais - Hermínio C. Miranda

Novos e Usados: Amazon - https://www.amazon.com.br/tarefa-dos-enxovais-Herm%C3%ADnio-Miranda/dp/8582910592 (a partir de R$20,17, novos)

Usados: Estante Virtual -  a partir de 15 reais (https://www.estantevirtual.com.br/busca?q=A%20tarefa%20dos%20enxovais)

11.10.22

ESQUINA DO CÉLIA TRAZ FILHA DE HERMÍNIO MIRANDA PARA FALAR DE RECORDAÇÕES

 


Há nove anos desencarnava o escritor Hermínio Corrêa de Miranda, no dia 08/07/2013. Passados mais de nove anos, conseguimos entrevistar a filha para falar do Hermínio-Pai e das suas memórias sobre o Hermínio-Escritor Espírita.

Foi pouco mais de uma hora de entrevista na qual ficamos sabendo de muitos acontecimentos na vida do nosso herói intelectual. Os livros Os Procuradores de Deus, Os senhores do mundo, Nossos filhos são espíritos e A diversidade dos Carismas são os que aparecem nessa conversa, mais parecida com um café na boca do forno à lenha que com as sizudas entrevistas técnicas que vemos em muitos canais de televisão.

Se você já leu e gosta do Hermínio, essa entrevista é um presente, Não deixe de assistir! Ela está no endereço eletrônico: https://youtu.be/p52GQDPdANI

11.1.21

CARTA DE HERMÍNIO C. MIRANDA À LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO - LIHPE

Hermínio C. Miranda


Agora há pouco o amigo Pedro Nakano pediu que eu recuperasse a carta escrita por Hermínio C. Miranda à Liga de Pesquisadores do Espíritismo, por época de seu 7º encontro nacional. O tempo é pródigo em enevoar as memórias, e quando finalmente consegui, no portal "Espiritualidade e Sociedade" não consegui não reler o documento.

Ele foi obtido pela amiga e trabalhadora de sempre, a Dra Nadia Luz Lima, que teve contato mais próximo do "escriba" quando utilizou alguns de seus conceitos, como o de "simetrias históricas", em sua tese de doutoramento em história.

São curiosos a modéstia e o afeto do escritor pela proposta do Enlihpe. Como estamos em época de "chamada de trabalhos" para o 16º encontro, após um ano sem evento, devido à pandemia, gostaria de relembrar aos leitores do Espiritismo Comentado essa mensagem curiosa, de coração para corações.

Jáder Sampaio


Aos estudantes e participantes do 7º Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo


Meus jovens amigos e amigas de ontem, de hoje, de amanhã e de sempre:

Gostaria de estar pessoalmente aqui, para viver este momento com vocês. De certo modo, contudo, é bom que eu não esteja. Sou um sujeito emotivo e até a minha cardiopatia é tida pelos médicos como de natureza emocional. Como iria eu administrar minhas emoções, ao partilhá-las com vocês?

Alegra-me sobremodo ver vocês trabalhando na realização do impossível. Digo isto ao me lembrar de Sir Winston Churchill, que costumava dizer mais ou menos assim: “Difícil é aquilo que a gente pode fazer imediatamente. O impossível é que demora um pouco mais.”

As leis divinas me concederam generosamente, tempo para realizar algumas impossibilidades pessoais, superando pretensos obstáculos e supostos limites, que misteriosamente desmaterializavam-se e me deixavam passar.

Foi assim que me tornei até um escritor. Imaginem só: eu, escritor!

Somente agora estou percebendo que os “impossíveis” começaram a acontecer, depois que tomei conhecimento da abençoada Doutrina dos Espíritos, nos idos de 1957.

De algum tempo para cá passei a perceber algo singular. Ou seja: como é que a gente assiste em certo nível de indiferença ao doloroso espetáculo do estrangulamento do processo evolutivo da humanidade pelos implacáveis punhos do materialismo dominante? É claro que, no decorrer de tal ditadura ideológica, avançamos consideravelmente nas badaladas e

sofisticadas conquistas tecnológicas. Mas, não é a esse aspecto que me refiro. Desejamos mais do que isso, muito mais. E para toda a comunidade humana onde quer que ela esteja pelas dobras infinitas do espaço imenso.

Será que não podemos mudar – pacificamente e sem dores, pelo amor de Deus! --os modelos políticos, sociais, econômicos, religiosos e culturais? Claro que sim. Não apenas podemos, mas devemos mudá-los.Temos de mudá-los.

Vocês já estão trabalhando no projeto de reformatação do mundo em que vivemos e no qual, viveremos ainda, não sei quantas vidas. Estão levando para o autorizado foro de debates do meio acadêmico, a desprezada realidade de que não somos meros corpos físicos perecíveis, mas espíritos imortais, pré-existentes, sobreviventes e reencarnantes.

Convém lembrar, ainda, que, ao separar didaticamente o território das coisas materiais, do espaço reservado às imateriais, Mestre Aristóteles certamente não pretendeu demonizar a Metafísica. Quis apenas chamar a atenção para o fato de que esses vetores de conhecimento exigem abordagem e tratamento diferenciados e despreconceituosos de gente que se disponha honestamente a aprender com os fatos.

Decorridos mais de dois milênios, ainda ouvimos dizer que os componentes metafísicos da vida são, crendices e fantasias pré-científicas, indignas da atenção de intelectuais que se prezam. O que desejamos é presença de gente qualificada que nos ouça e ajude a retirar o estigma que pesa sobre realidade espiritual. O resto virá por acréscimo.

Parodiando o ex-Presidente Kennedy, não aspiremos ao que mundo pode fazer por nós, mas ao que podemos fazer pelo mundo.

Que Deus nos abençoe. E nos inspire sonhos como este, dado que, se não sonharmos, como é que nossos sonhos vão se realizar?

Eis o singelo recado do velho escriba.

Hermínio C. Miranda

Agosto de 2011

28.4.20

CONVERSANDO SOBRE HERMÍNIO


Um bate papo sobre o escritor Hermínio Correia de Miranda em comemoração ao centenário de seu nascimento.
Publicado por Grupo Espírita Renovação e Paz - GEPAZ em Sábado, 25 de abril de 2020


Após a conversa, fiquei pensando se os livros do Hermínio estão ainda em catálogo e se os interessados teriam acesso a eles. Entre livros escritos, traduzidos e coautorias, encontrei cinquenta títulos. Desses, encontrei nos catálogos de editoras os seguintes:

Livros do Hermínio em catálogo. 
 FEB 

- Candeias da noite escura 
- Diálogo com as sombras 
- Estudos e crônicas de Hermínio Miranda 

Correio Fraterno 

- Os procuradores de Deus 
- A feira dos casamentos (Rochester) Tradução do Hermínio Miranda 

Lachâtre 

- Tal pessoa, tal médium (em parceria)
- Os obsessores, gente como a gente (em parceria)
- A tarefa dos enxovais (em parceria)
- Os senhores do mundo 
- Memória cósmica 
- Nuestros hijos son espiritus 
- Os cátaros e a heresia católica 
- Autismo, uma leitura espiritual 
- Arquivos psíquicos do Egito 
- Alquimia da mente 
- Guerrilheiros da intolerância 
- A noviça e o faraó 
- Diversidade dos carismas 
- O pequeno laboratório de Deus 
- Condomínio espiritual 
- As sete vidas de Fénelon 
- Nossos filhos são espíritos 
- As duas faces da vida 
- A memória e o tempo 
- O evangelho gnóstico de Tomé 

O Clarim – Editora 

- Cristianismo a mensagem esquecida - 

Kindle – Amazon (e-book)

- Cristianismo, a mensagem esquecida
- Os procuradores de Deus 
- Diálogo com as sombras 
- Estudos e crônicas 
- Candeias da noite escura 
- Nossos filhos são espíritos - A feira dos casamentos

22.4.20

UM HERÓI NORTE-AMERICANO QUE NÃO PEGOU EM ARMAS.




1864. A guerra de secessão norte-americana está em curso. Uma criança negra, filha de dois escravos, acaba de nascer. Ela é sequestrada com a mãe e resgatada por um mateiro, ficando órfã e sendo inicialmente criada pelos donos de sua mãe. A criança é franzina e frágil.

Em um ano, Abraham Lincoln assina a abolição da escravatura, mas o pequeno órfão está no estado escravocrata do Missouri. Não há escola fundamental para afrodescendentes, o trabalho para os recém libertos é manual e mal remunerado, a segregação racial é considerada legal.

Como esta criança poderia se tornar uma pessoa influente na sociedade americana, sem optar pela via da política, nem pela via empresarial? Qual foi a trajetória dessa criança? A ecologia poderia ser antevista no século 19, em um meio agrícola de monocultura de algodão?

Esta é a história real de um herói negro que Hermínio Miranda resolveu contar, como se o leitor estivesse assentado em sua frente em um ambiente com lareira acesa. Eu o li em apenas um dia, e você?

O pequeno laboratório de Deus

Hermínio Miranda

Lachâtre

320 páginas


ALERTA DE SPOILER: Só assista o vídeo abaixo depois de ler o livro.

3.4.20

REVISTA GRATUITA COMEMORA CENTENÁRIO DE HERMÍNIO MIRANDA




O Instituto Lachâtre publicou um exemplar gratuito da revista Leitura Espírita, comemorando o centenário de nascimento do escritor Hermínio C. Miranda.

O sumário está muito interessante e traz novas informações sobre o escritor.

Apresentação
Um homem bom – Marta Chiarelli de Miranda
De Bernardo a Hermínio – Mauro Camargo
O desafio das religiões – Hermínio Miranda –
Confia em Jesus! – Lygia Barbiére
Lembranças e previsões do futuro da humanidade – Carlos Villarraga
O cristianismo espírita de Hermínio Miranda – Jáder Sampaio
Uma crônica para um escriba – Eduardo Lima
O embrulhinho morno – Ana Maria Miranda

Marta e Ana Maria são as filhas do escritor e fazem dois textos muito pessoais e humanos.

Para obter a revista, basta clicar no link abaixo, fornecer nome, e-mail e telefone e baixar o arquivo em notebook ou smartphone.

https://leherminioapp.gr8.com/

31.10.18

FALANDO DE UM LIVRO ESGOTADO E UMA MÉDIUM QUASE ESQUECIDA



Tenho estado às voltas com a produção do espírito Patience Worth e com sua médium Pearl S. Curran, cuja curiosidade existe desde há muito tempo, quando fiz uma apresentação sobre as hipóteses não espíritas para o fenômeno mediúnico e me baseei nas observações de Ernesto Bozzano para a defesa das explicações espíritas.

Depois reencontrei a dupla Patience/Pearl nas crônicas de Hermínio Miranda, e acompanhei seus comentários, até saber pelo Alexandre Rocha que ele havia encontrado e estava traduzindo a História Triste.

A série ficou encostada durante alguns anos na minha biblioteca, porque a leitura inicial era difícil, e saiu em um período difícil para minha saúde. Há alguns meses, conversando com meu amigo Waldemar Duarte, ele recomendou expressamente a leitura e indicou especialmente os dois últimos livros.

Recordei-me que Hermínio publicou o livro “O mistério de Patience Worth”, no qual fala da história da médium e faz referências a dois autores que a biografaram: Casper Yost e Litvag. Leitura fácil, rápida e interessante.

Para esta publicação resolvi retirar deste livro um dos testes que os curiosos-céticos fizeram com a médium. 



O Juiz Corliss perguntou ao grupo da Sra. Curran se eles sabiam o que significava a palavra sockman. Ninguém sabia, por se tratar de inglês antigo. Ao perguntar para o Espírito, veio à mente da Sra. Curran a seguinte imagem:

“... um homem caminhando atrás do tosco arado, enquanto o sangue lhe escorria das mãos.”  (pág. 34)

Hermínio não encontrou a palavra em seu Webster, dicionário inglês conhecido pela enormidade de verbetes. Aproveitando o acesso à internet, no Webster encontrei o seguinte:

A palavra sockman seria uma variante arcaica de socman e essa última de sokeman. Sokeman é um homem que está sob o direito feudal das terras de outro.

Ainda não está clara a relação entre a imagem e o significado, apesar da relação. Então encontrei em outro dicionário outra rede de sentidos que chega na palavra socage: “na idade média (e principalmente, mas não exclusivamente na Inglaterra medieval), um sistema legal através do qual um locatário de terras (tenant) pagaria o aluguel ou faria algum trabalho agrícola para o seu senhor” 

(https://www.wordhippo.com/what-is/the-meaning-of-the-word/socage.html)

No Webster há ainda a dissociação, no socage da obrigação de qualquer serviço militar.



A questão do juiz fazia muito sentido porque o Espírito Patience mostrava conhecimento da Inglaterra medieval em outras produções suas, e ao contar sua história para os membros da reunião nas terras norte-americanas. Chama nossa atenção uma resposta feita através de uma imagem, e não com linguagem, com uma definição. Para nós, espíritas, é um sinal que as imagens que aparecem na mente dos médiuns durante as reuniões devem ser comentadas de alguma forma, podendo fazer parte de um entendimento maior daquilo que os Espíritos estão tentando nos comunicar, ou, mesmo, ser uma criação do próprio médium.

22.1.14

JOVEM UNIVERSITÁRIO FALA DE UM LIVRO DE HERMÍNIO MIRANDA



Capa do livro com foto de George Washington Carver

Cada dia mais eu gosto do lado luminoso da internet. Hoje eu trouxe para vocês o Lucão, jovem universitário, sem qualquer ligação com o Espiritismo, mas também sem preconceitos contra os espíritas, que está comentando o livro "O Pequeno Laboratório de Deus", de Hermínio Miranda. 

Minha velha amiga, que já fez a grande viagem, Dona Ada Eda, adorava este personagem, cuja história leu antes de Hermínio publicar seus artigos e depois o livro.


9.7.13

DESENCARNA HERMÍNIO MIRANDA


Hermínio (05/01/1920 - 08/07/2013)

"O pássaro agora voa liberto. Nós, que não mais podemos vê-lo, já sentimos saudades do seu canto."

Jáder Sampaio

Na década de 80 a União Espírita Mineira, em associação com a Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte, trouxe três estudiosos do espiritismo para um seminário sobre mediunidade. Jorge Andréa dos Santos, Suely C. Schubert e Hermínio C. Miranda.

Hermínio estava incomodado com o púlpito. Não era expositor, dizia, apenas escritor. Assentado, com um maço de páginas nas mãos, começou a ler seu discurso. E que discurso! Superado o impacto inicial de ouvir uma leitura, as palavras dele criavam vida após sair do papel. Eram tantas informações e com tanta elegância, que eu me dividia entre as anotações furiosas que fazia e a atenção necessária para acompanhar cada nuance, cada expressão, cada frase. Se ele temia o público, arrisco minha opinião póstuma: ele fez bonito!

Hermínio era reservado, tinha uma personalidade anglo-saxônica. A esposa completava-lhe o que lhe faltava. Recordo-me dela expansiva, simpática, calorosa. Os dois formavam um belo casal, cada um admirado por suas qualidades díspares.

Hermínio já era nonagenário, com extensa contribuição ao espiritismo e ao movimento espírita. Durante anos manteve uma coluna no Reformador, chamada "Lendo e Comentando". Ela trouxe aos trópicos de forma sistemática o que se pesquisava sobre comunicação dos espíritos e reencarnação nas terras anglófonas. Creio que das páginas do Reformador saiu o material para a composição dos livros "Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos" e "Reencarnação e Imortalidade".

Um de seus trabalhos sistemáticos foi com o atendimento aos espíritos. Apesar da personalidade reservada, ele mostrava um senso de percepção incomum e uma capacidade de diálogo transformadora. Como gravasse seus atendimentos, pode nos oferecer uma quadrilogia de livros intitulada "Histórias que os espíritos contaram", hoje publicada pela editora Correio Fraterno. A teoria do seu trabalho diferenciado, no qual incluiu técnicas dos magnetizadores do século XIX, encontra-se em dois livros: Diálogo com as sombras (FEB) e Diversidade dos Carismas (Lachâtre).

As incursões pelo magnetismo não se restringiram ao mundo das sombras, e ele fez sessões de regressão de memória com algumas pessoas. Luciano dos Anjos foi um sujet pleno de recordações da França revolucionária, que ele registrou no livro "Eu sou Camille Desmoulins", publicado em 1989, no bicentenário da revolução francesa, com uma explicação do autor que assegurava não ter podido publicar antes, e não estar se aproveitando das comemorações. Para quem agora escreve, seria uma simetria histórica.

Simetria histórica é um dos conceitos que ele desenvolveu e que foi empregado em muitos dos seus livros. As Marcas do Cristo (FEB), é um exemplo deste tipo de trabalho, no qual Hermínio compara a personalidade e história de Paulo de Tarso com a de Martinho Lutero. Este conceito seria empregado pela Dra. Nadia Luz, em sua tese de doutoramento em história, publicada na coleção Espiritismo na Universidade.

As biografias foram também uma de suas paixões. Ele publicou diversas, recuperando para o movimento espírita personalidades que passariam despercebidas nos dias de hoje, apesar de sua relevância. Guerrilheiros da Intolerância (Lachâtre), Hahnnemann, apóstolo da medicina espiritual (CELD), O pequeno laboratório de Deus (Lachâtre) e Swedenborg, uma análise crítica, são alguns dos exemplos.

Um de seus interesses era com a psicologia, na sua interseção com os fenômenos espirituais. Um de seus livros neste campo tornou-se best seller: Nossos filhos são espíritos (Lachâtre). Autismo, uma leitura espiritual (Lachâtre) e Condomínio Espiritual (Lachâtre) são alguns dos trabalhos com este perfil.

Creio que um dos temas que mais o intrigava era a transformação do cristianismo. Ele contribuiu com Os cátaros e a heresia católica (Lachâtre), Cristianismo, a mensagem esquecida (Lachâtre), Candeias da noite escura (FEB) e O evangelho gnóstico de Tomé (Lachâtre).

Das traduções, sua obra prima, é A história triste, de Patience Worth, que desenterrou do esquecimento juntamente com Memória Cósmica, cuja tradução está perdida em seu hard-disk.

Os livros do egito, que povoa suas recordações de além cérebro, o Edwin Drood, o livro de Dickens completado pela mediunidade e igualmente desenterrado por Hermínio, O processo dos espíritas, que reconta a injusta perseguição da sociedade francesa a um dos continuadores de Kardec, Leymarie, e muitos e muitos livros que não vou ficar citando, trazem seu nome e são frutos das suas horas de trabalho sério.

Voa, meu amigo, voa. Vai conhecer novos mundos, recordar mais vivências, reviver os tempos do Cristo. Voa bem alto, para que um dia possa retornar falando das luzes e do futuro.


27.11.12

HISTÓRIAS QUE OS ESPÍRITOS CONTARAM


Montagem fotográfica com as capas da nova coleção

Herminio Miranda escreveu durante anos em "Reformador", publicando artigos sobre temas diversos, especialmente publicações relacionadas à imortalidade da alma, reencarnação e mediunidade que saíam em países de língua inglesa. Creio que a obra que mais o projetou, após esta fase, foi "Diálogo com as sombras", publicada pela FEB próxima dos anos 80, que mostra suas recomendações e experiências com o atendimento aos espíritos desencarnados.

Chamou muita atenção o uso da técnica de indução de regressão de memória no atendimento, o que era praticamente desconhecido, mas penso que sua maior contribuição foi a desconstrução do papel do doutrinador, como alguém que instrui em doutrina, que fica explicando aos espíritos como é o seu mundo, a moral cristã e as leis de Deus, na esperança que a razão os retire da condição que a perturbação emocional os situou.

A explicação é útil aos espíritos ignorantes, de boa fé, tem seu papel junto a alguns sofredores, mas é bastante limitada para os que agem como psicopatas do mundo dos espíritos ou aos que têm conflitos intensos, como ódios, ciúmes, e outras emoções perturbadoras. Os espíritos inteligentes e maus se riem da precariedade de nossos conhecimentos sobre o mundo deles.

Assim apresento um conjunto de livros que ele publicou pelo Correio Fraterno e que foram muito importantes para nosso grupo mediúnico. Ficou conhecido como "Coleção Histórias que os Espíritos Contaram". O grupo de Herminio é um dos poucos que conheço que seguiu a orientação de André Luiz em "Desobsessão", de gravar as sessões. A disciplina valeu a pena e anos depois ele desarquivou as fitas de rolo e transcreveu com mínimas mudanças os diálogos realizados com os espíritos em um pequeno grupo mediúnico.

Nos livros da ilustração acima, o leitor pode se encantar com as narrativas das histórias, mas chama-me atenção a forma como o atendente trata seus interlocutores. Ele os escuta, talvez pela influência das pequenas incursões que o autor fez na psicanálise de Freud e na regressão a vidas passadas de Albert de Rochas e outros. Quando digo que os escuta, significa que valoriza que os espíritos contem suas histórias e os auxilia a perceber seus conflitos, os momentos em sua história nos quais, influenciados por suas emoções em desalinho, decidiram-se por adotar uma persona vingativa, às vezes fria e calculista, mantida às custas de um afastamento com suas emoções mais profundas.

Sua cultura possibilita que ele dialogue sobre realidades diferentes no tempo e na história, sem perder-se na curiosidade vã. O atendente não se afasta da experiência e do sentido dado pelo espírito comunicante para pedir-lhe que dê detalhes de sua experiência passada, mas acolhe aquilo que ele se dispõe a trazer. Naquele momento, o mais importante é auxiliar a pessoa que se apresenta para conversar, fazendo-a abandonar suas defesas rígidas e mostrar-lhe o quanto são insatisfatórias para sua vida, trajetória futura e felicidade.

A editora Correio Fraterno fez uma bela reedição da coleção. Papel Lux Cream, muito confortável aos olhos, capas belíssimas, ilustrações sugestivas e sóbrias, o trabalho de edição nos entregou uma coleção primorosa. Só lamento que no Brasil não se façam pequenas edições com capa dura, que tornam os livros muito mais duráveis, mas de preço mais elevado.

Recomendo, portanto, aos interessados na mediunidade, a leitura dos quatro livros, que se tornaram referência importante para o aperfeiçoamento dos que se voluntariam neste tipo de trabalho.


2.8.08

Espiritismo Comentado na Universo Espírita


O número 55 da revista Universo Espírita publicou a matéria "Doutrinação ou Atendimento?" do nosso blog. Além do que o leitor já conhece, há uma apresentação sintética da vida e obra de Hermínio Miranda, autor do livro "Diálogo com as Sombras", publicado pela FEB.

Leia também muitas outras matérias, que tratam de Stanislav Grof, Dependência Química, do episódio das fotografias de fadas que ludibriou Conan Doyle e diversas matérias sobre as associações de profissionais da área de direito e o Espiritismo.

12.2.08

Doutrinação ou Atendimento?

Foto 1: Capa da Primeira Edição do Diálogo com as Sombras

Élcio Pires nos enviou a seguinte questão:
Gostaria de ouvir você sobre nossa ação numa reunião mediúnica. Como médium, DOUTRINAMOS, ou ESCLARECEMOS um Espírito que se manifesta a procura de ajuda? O termo “doutrinar”, pode levar a idéia de impor “algo a alquém”? Ou, nesse ato, “doutrinar ou esclarecer” acabam tendo o mesmo sentido? Qual sua opinião?

Hermínio Miranda no livro "Diálogo com as Sombras" (FEB) afirma que doutrinar é "instruir em doutrina ou , simplesmente, ensinar". Na página 67 ele discorre sobre os problemas que o termo doutrinador traz:

- "... o espírito que comparece para debater conosco os seus problemas e aflições, não está em condições, logo aos primeiros contatos, de receber instruções doutrinárias, ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente familiarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um Espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidência que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus.(...)
Portanto, o companheiro encarnado, com quem estabelece o diálogo, não tem muito a ensinar-lhe, em termos gerais de doutrina. "

Ele continua o capítulo tratando das qualidades e perfil do doutrinador. Apesar de criticar o termo, não o substitui.

Em nosso grupo, insatisfeitos com o termo doutrinador, utilizamos a palavra atendente e atendimento, que é mais próxima da idéia de atendimento psicológico e que tem suporte nas obras de André Luiz, que faz uso do termo atendente. Entendemos que o papel da pessoa que conversa com os espíritos é atendê-los, como faz um psicólogo em sua clínica. Devemos às vezes esclarecer, raramente instruir em doutrina, evitando a posição professoral ou do sacerdote exorcista.

Quanto à etimologia da palavra doutrinar, ela pode assumir o sentido de ensinar compulsoriamente e até mesmo punir, como nos mostra o mestre Houaiss:
v. (1344 cf. IVPM) 1 t.d.int. formular, transmitir, pregar doutrina ou nela instruir alguém; ensinar 2 t.d. incutir em (alguém) opinião, ponto de vista ou princípio sectário; inculcar em alguém uma crença ou atitude particular, com o objetivo de que não aceite qualquer outra 3 t.d.int. ant. educar, corrigir com castigo 4 t.d. ant. fazer adestramento de; amansar, amestrar ¤ etim doutrina + -ar; ver doc(t)- ¤ sin/var adoutrinar; ver tb. sinonímia de instruir ¤ ant desdoutrinar ¤ par doutrinaria(1ª3ªp.s.)/ doutrinária(f.doutrinário[adj.s.m.])

Tenho certeza que com todo este cuidado linguístico, não adianta nada dizermos que atendemos se continuamos a impor pontos de vista ou ensinar doutoralmente e não há problema em se dizer que se doutrina espíritos, desde que o sentido esteja associado ao exercício do Ágape Paulino.

Figura 2: Dedicatória do Livro feita pelo autor a José Mário Sampaio