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8.12.14

MAIS UM ARTIGO CIENTÍFICO SOBRE O ESPIRITISMO: ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO

Gismair


Gismair Teixeira, doutorando em letras pela Universidade Federal de Goiás, publicou na Revista Fragmento de Cultura o artigo “O intertexto mediúnico de uma dissertação de mestrado e a discursividade espírita.”

O autor parte de um relato envolvendo o renascentista Benvenutto Cellini, que teria participado de uma conjuração de mortos, tendo comunicado Giácomo Lorenzo Bembo, que se apresenta como um representante das trevas, que apareceria dentro de uma garrafa. Este episódio é empregado na literatura por Alexandre Raposo, escritor, no seu livro “Memórias de um diabo de garrafa”.

O trabalho de Gismair interessa a nós, por discutir outro episódio, a evocação de Cellini por Allan Kardec.. Ciente da história, Kardec evocou o espírito de Cellini na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e publicou na Revista Espírita em 1859. Após a leitura do texto ao espírito, que não se recordava bem deste trabalho, o codificador perguntou o que haveria de verdadeiro na cena, ao que lhe foi respondido:

“O necromante era um charlatão, eu era romancista e Angélica minha amante.”

Gismair recorda o leitor da afirmação prepotente de Freud sobre o espiritismo no seu famoso texto “Futuro de uma ilusão”: “... Eles evocaram os espíritos dos maiores homens, dos mais destacados pensadores, mas todas as manifestações e notícias que deles receberam foram tão tolas, tão inconsolavelmente ocas, que não se pode acreditar em outra coisa senão na capacidade dos espíritos de se adaptarem ao círculo de pessoas que invoca.”

O autor do trabalho em resenha, contudo, aponta de forma surpreendente paradoxo claro entre o texto de Kardec e a opinião desfavorável de Freud sobre as evocações espíritas:

O contexto “apresenta a singularidade já mencionada de um paradoxo em que o sobrenatural (o fenômeno mediúnico) desmente o caráter sobrenatural de um acontecimento (a conjuração de demônios), sendo que este último é aproveitado no universo do imaginário literário para a composição de uma narrativa instigante.”


Recomendo a leitura do texto pelo leitor do EC em: