Uma amiga contou-me que em seu grupo de mocidade, há muitos anos, cantava-se "pintinho amarelinho". Outra disse-me que não gosta de música que vem com a alcunha de espírita, por sua baixa qualidade. Pessoalmente, cantei em coral espírita na juventude e tive contato com diversas músicas e canções, e até hoje algumas me emocionam.
Um grande incentivador da música no meio espírita foi Leopoldo Machado. Na metade do século passado, a questão de cantar-se ou não no meio espírita era imensamente polêmica, e chegou-se a escrever um livro de entrevistas sobre esta questão. Grandes espíritas manifestaram-se, uns a favor e outros contra. Bons tempos. Recordo-me de uma das tiradas do Leopoldo, que dizia com outras palavras: "Para enfrentar aquelas preces quilométricas, que demoram minutos a fio e parecem não encerrar nunca, só com música!"
Tim e Vanessa são dois intérpretes e compositores de Minas Gerais. Gosto de muita coisa que eles produzem, e esta música, em especial, é emocionante.
A letra, aos moldes dos Paralamas do Sucesso, contam uma história, a do apóstolo Pedro. As metáforas dão vida aos diálogos, que ficam evidentes com o jogo de vozes entre Tim e Vanessa. Quem conhece os episódios que vão se sucedendo vê que não é uma história linear, mas vai e volta, como uma onda, entre a conversão e os testemunhos.
"Vem que eu te farei um pescador de homens"
"Depois do mestre, martírios são troféus"
"Sou pequena ovelha, atemorizada, balindo negação"
"Pedro, tu me amas; Pedro, tu me amas; Pedro, tu me amas?"
"Ouve Simão Pedro, morrerás em cruz. Não, eu não mereço essa distinção"
"As mãos que Ele tocou, os pés que Ele lavou, apontarão os céus"
"Volvo à vida e tomo pela tua mão"
"E tu que és rocha, constrói a minha casa, no coração do irmão"
O arranjo é belíssimo, melodioso, e a voz de Vanessa arrepia.
Quem pode ser simpatizante do cristianismo e não emocionar-se com uma melodia dessas?