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21.6.21

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO? OPINIÃO DE FLAMMARION.


Flammarion publicou um livro chamado "Les forces naturelles inconnues" (As forças naturais desconhecidas) no qual ele se recorda do seu contato com Allan Kardec e da frequência às reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sobre a qual ele destaca o fato do mestre francês não se interessar por mesas girantes ou fenômenos físicos. 

Flammarion se lembra de uma mesa grande, onde médiuns escreventes psicografavam. Ele afirma que "Os ensinos dos Espíritos pareciam-lhe [a Kardec] formar a base de uma nova doutrina, de uma espécie de religião".

No famoso discurso no túmulo de Kardec, ele afirma que "o espiritismo é uma ciência da qual só se conhece o ABC", recusando o convite para presidir a Sociedade Parisiense de estudos espíritas. Não é preciso dizer que para Flammarion, o conceito de ciência se reduzia ao que propunha o positivismo, o que se constatará nos livros que ele publicou a partir da observação de fenômenos supostamente espirituais e psicológicos, e das conclusões que tirou deles.

Posteriormente, um biógrafo de Flammarion vai dizer que ele se afastou dos discípulos de Kardec, mas não se afastou dos fenômenos espirituais, e ele voltaria à cena após a virada do século para apresentar suas observações e defender a existência e sobrevivência da alma.

27.11.20

LIDERANÇAS DO ESPIRITISMO NA FRANÇA E NO BRASIL

 


Mais uma pergunta da entrevista feita pela aluna da PUC MINAS.


03- Quais são os fundadores e principais líderes do espiritismo?


Resposta de Jáder Sampaio


"A pessoa que teve um papel central na elaboração do espiritismo foi o professor H.L.D. Rivail, que adotou o pseudônimo de Allan Kardec para a obra espírita em geral. Ele era tratado pelos espíritas franceses como mestre, e pelos espíritas brasileiros como codificador, por ter realizado estudos com diversos médiuns, analisado as comunicações de diversos espíritos e escrito seus livros, além da publicação da Revue Spirite, que publicava os estudos de espíritas da França e de diversos países.

Na França, após o falecimento de Allan Kardec, outros autores se tornaram importantes para o movimento espírita, como Léon Denis, Gabriel Delanne e o astrônomo Camille Flammarion. 

A Europa passou por diversas dificuldades que afetaram o movimento espírita em geral. Regimes autoritários, como o de Franco, o de Salazar ou o da Hungria na época da cortina de Ferro proibiram a prática do espiritismo e desapropriaram imóveis. O espiritismo francês passou pelo que foi chamado de “processo dos espíritas” em decorrência de um médium que praticava fraudes, o que afetou a imagem no país de Napoleão.

As universidades francesas recusaram-se a aceitar os trabalhos de observação realizados pelos espíritas, e alguns autores europeus oriundos da psiquiatria, principalmente, tentaram explicar os fenômenos espirituais pela via da psicopatologia. As exigências feitas para o espiritismo, e depois para a metapsíquica francesa (uma corrente de pesquisas que aceita a existência de fenômenos como a telepatia, mas põe em suspenso a existência de médiuns) não foram feitas para outras áreas do conhecimento, e o espiritismo francês, após as duas guerras, ficou limitado a uma minoria e preocupado com a aceitação pela comunidade acadêmica.

No Brasil há um grande número de lideranças, expositores, autores e médiuns espíritas conhecidos, mas destacarei dois: Adolpho Bezerra de Menezes (médico e político nascido no Ceará, mas que se tornou espírita no Rio de Janeiro) e Chico Xavier (funcionário público, conhecido por sua mediunidade prolífica e pelo trabalho com as pessoas em vulnerabilidade social)."

14.2.19

DARWIN, DEÍSTA; KARDEC, CRISTÃO-ESPÍRITA





Allan Kardec tem um texto publicado em Obras Póstumas que sempre me intrigou, denominado “As cinco alternativas da humanidade”. Confesso que nunca entendi direito os deístas e porque Kardec denominou “doutrina dogmática” à dos católicos e protestantes, sem menção ao cristianismo.

Ele coloca em uma posição diversa o espiritismo, confrontando-o com as demais doutrinas, nos aspectos que selecionou delas.

Já levantamos em outra publicação do Espiritismo Comentado, a questão do panteísmo e de sua relação com o pensamento de Baruch Spinoza.

Hoje eu estou lendo o livro “Dispelling the Darkness: Voyage in the Malay Archipelago and the Discovery of evolution by Wallace and Darwin”, de John Van Wyhe, que trata do tema de forma interessante.

Ele diz que Darwin também “pensava muito sobre religião” e que foi durante a pesquisa e teorização intensa que ele fez à bordo do Beagle que ele passou a desacreditar “na cristandade e divina revelação. Não havia simplesmente nenhuma evidência. Ele desceu um nível e se tornou um deísta. Ele ainda acreditava em um criador sobrenatural que estabeleceu as leis da natureza em primeiro lugar, mas tanto quanto Darwin pensava, a natureza trabalhava de acordo com as leis naturais.”

Os deístas entendem, em geral, que se pode estudar a divindade a partir do conhecimento da natureza, e não da teologia cristã. No caso de Darwin, ele fez uma ruptura com o pensamento cristão, após começar a perceber que existia a evolução das espécies a partir da seleção natural, que induziu, assim como Wallace, da leitura de Thomas Malthus, curiosamente.

Da mesma forma que Darwin, em sua autobiografia, Flammarion rompe com o cristianismo ainda na adolescência, após estudar os avanços da ciência e os erros da Bíblia no que concerne à idade do mundo, formação da humanidade e outros temas que emergiram nas ciência no final do século XVIII e início do século XIX.

Nesse ponto, há alguma relação entre Darwin e Kardec, porque Kardec entendia as leis naturais como criadas por Deus, e por isso as chamava de “Lei Divina ou Natural”, mas Kardec propõe leis que vão além de Darwin, e aceita um providencialismo que não é divino, mas espiritual.

Outra diferença entre o deísta Darwin e o espírita Allan Kardec, é que este se entendia como cristão espírita, ou seja, ele não abriu mão do cristianismo como base ética, nem do estudo histórico do cristianismo, nem da possibilidade de explicar passagens da vida de Jesus e dos apóstolos consideradas milagres com a nova perspectiva obtida a partir dos estudos dos fenômenos espirituais.

Na classificação de Kardec, Darwin seria um deísta independente, e não providencialista.

Considerando a classificação de Kardec de espírita-cristão, o espiritismo teria uma dimensão religiosa, como entendia Flammarion em seu livro "As Forças Naturais Desconhecidas".

10.10.16

REVISTA CULTURA ESPÍRITA PUBLICA TRABALHO SOBRE FLAMMARION



A Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil - ICEB, publicou um artigo nosso que analisa a produção de Camille Flammarion sobre temas espíritas e espiritualistas. 

Discutimos como a influência do positivismo, uma escola filosófica francesa, fez com que seus livros de pesquisa se detivessem à constatação de fenômenos espirituais. Isto prejudicou que ele estabelecesse um diálogo com o pensamento kardequiano.

Aborda-se neste trabalho, também, como Flammarion usou a ficção como forma de divulgação da astronomia e do espiritismo. Muitos de seus leitores não conseguem, em quatro de seus livros, fazer a separação entre ficção e realidade, que ele mescla no texto. Ele usa, também, alteregos entre seus personagens, que são de fácil identificação para quem conhece alguns de seus dados biográficos.

A assinatura anual da revista (R$44,00) pode ser feita pelos telefones 021-2224-1060 e 021-2224-0736 ou solicitada em revistaculturaespirita@gmail.com

4.6.16

FLAMMARION, O POETA REENCARNADO

Camille Flammarion e Dom Alonso de Ercilla y Zuñiga


Karl Muller reproduziu uma história intrigante. O astrônomo Camille Flammarion publicou na Revue Spirite, em janeiro de 1925 que havia conhecido um espírito que se comunicava através de um médium em transe no século XVI, quando ele houvera sido Dom Alonso de Ercilla y Zuniga (1533-1594).

Flammarion leu a biografia do poeta e viu que ele havia sido condenado por decapitação, quando estava no Chile, e que sua sentença havia sido revogada. Ele lembrou-se, depois disto, que tivera pesadelos nos quais desejavam decapitá-lo, e acordava perturbado, mas nunca sonhara que havia sido realmente decapitado.

Neste episódio não se pode falar em provas de reencarnação, mas muito provavelmente a revelação espiritual causou forte impressão em Camille, em função de seus sonhos. Embora alguns tipos de sonhos sejam comuns, como sonhar que se está voando, na literatura que estudei sobre este fenômeno psicológico, nunca vi relacionado como sendo comum um sonho de decapitação, ou o medo de ser decapitado. 

Zuñiga era poeta, chegando a ser destacado por Cervantes. Até onde sei, Flammarion não publicou poesias, mas era um cientista curioso, porque escrevia romances e narrativas, ao contrário de seus colegas, cuja grande maioria aprende a escrever segundo as regras das ciências, que exige objetividade e reprime a imaginação, obriga abandonar as figuras de linguagem pela comunicação direta e sem polissemia, além de condenar outros recursos usados pelos literatos.

Flammarion e Zuñiga lutaram em guerras. O espanhol viajou ao Peru e ao Chile, onde lutou por sua pátria contra os Mapuches, e Flammarion participou da Guerra Franco-Prussiana como capitão. Seu papel e de seus companheiros era observar com lunetas, do alto de um castelo, as posições dos alemães e sua artilharia, identificando posições do inimigo.

Conhecemos pouco de Dom Alonso para fazer qualquer comparação entre sua personalidade e a de Camille, que é mais conhecida em função de suas publicações autobiográficas.

Ainda não tive acesso à Revista Espírita citada, porque a Encyclopedie Spirite, que tem publicado em francês os números posteriores a Kardec, encontra-se ainda em dezembro de 1924, um mês antes do artigo de Flammarion citado por Karl Muller.

Fonte: Muller, Karl. A reencarnação baseada em fatos. 4 ed. São Paulo, Edicel, 1986.p. 242

23.6.14

FOTOS DE CAMILLE FLAMMARION


Foto: Observatório de Juvisy

Flammarion foi um astrônomo francês muito laureado por seus trabalhos de divulgação da astronomia junto à sociedade e pela fundação do Observatório de Juvisy, para onde foi após desligar-se do observatório de Paris.

Ele, contudo, ficou conhecido por suas ligações com Allan Kardec e com a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde trabalhou como médium psicógrafo durante algum tempo. Tomado de incertezas quanto a sua mediunidade, afastou-se temporariamente do movimento espírita, mas nunca deixou de pesquisar e publicar sobre os fenômenos da vida após a morte. Dois livros interessantes, com o resultado de pesquisas que ele fez sobre relatos de mediunidade são: A morte e seu mistério e O desconhecido e os problemas psíquicos.

Além dos livros de pesquisa, Flammarion escreveu ficções com temas entre a astronomia e o espiritualismo, para divulgar o pensamento espírita. Como os espíritas costumam ser hiperrealistas, nas palavras do Dr. Alexandre Caroli, eles costumam não entender a finalidade e o papel de livros como Stella, O fim do mundo, Urânia, entre outros.

Chrystiann Lavarini me enviou recentemente um site francês com diversas fotos de Flammarion, pouco conhecidas pelo movimento espírita brasileiro. Confiram!

20.7.12

BEZERRA DE MENEZES RECOMENDANDO COMPRA DE LIVROS?



Qual é o limite das responsabilidades entre encarnados e desencarnados? Os assuntos da administração do movimento espírita, de forma geral, são de responsabilidade dos espíritas. Responsabilidade significa escolha, decisão e arcar com os resultados das escolhas.

As orientações espirituais, via de regra, envolvem estímulo, reserva, reflexões morais, sempre respeitando as escolhas de pessoas e grupos. Espíritos que se tornam diretivos da vida de terceiros nos deixam preocupados sobre sua condição. Já vi alguma posição mais assertiva ante consulta e em particular (dentro de um grupo).

Recebi por estes dias uma notícia de uma confraternização na qual um médium dá uma comunicação, na qual Bezerra de Menezes sugere que se estude um livro do próprio médium como tema central do próximo evento, com a renda do livro voltada "à região e à divulgação do Espiritismo". Difícil crer que Bezerra de Menezes se prestasse à condição de garoto propaganda, especialmente se considerarmos a situação do evento, no qual as pessoas estão emocionadas e estabeleceu-se um vínculo de simpatia com os expositores.

Lembrei-me de uma situação muito singular narrada por Camille Flammarion, no livro "O Desconhecido e os problemas psíquicos", no capítulo intitulado "Os Crédulos". Ele conta a história de um senhor que busca uma médium em busca de notícias da esposa desencarnada. Tratava-se de alguém "bem apessoado" e com recursos financeiros, que talvez seria considerado um "bom partido" nos dias de hoje.

A médium disse ao consulente que a esposa estava bem, mas muito preocupada com ele, porque estava sozinho e que deveria procurar uma nova companheira, quem sabe a própria médium.....

15.3.12

DUAS CARTAS PARA UM MAGISTRADO


Imagem de uma carta escrita à mão
Você escreveria uma carta para um juiz de direito dando declarações falsas sobre a morte de seu cônjuge? Acha que sua sogra o faria?

Camille Flammarion escreveu diversos livros com o material que ele recebeu sobre fenômenos psíquicos em geral de toda parte do mundo. Deste material, ele escreveu diversos livros e exemplificou em outros, como é o caso de "A Morte e Seu Mistério", publicada em três volumes pela FEB (Antes da Morte, Durante a Morte e Depois da Morte).

No volume III, Flammarion transcreve um estudo publicado nos Annales des Sciences Psychiques, de 1919 (pág. 67)

Ele narra a desventura do Conde Ubaldo Bêni, que empregou o jovem Garibáldi Veneziâni. Este último passou a desviar-lhe dinheiro e foi descoberto. Em viagem de negócios no dia 24 de agosto de 1916, já retornando de Lucera para Montecorvino, em um tílburi (uma charrete de duas rodas e dois assentos), foi assassinado pelo empregado.

No inquérito descobriu-se a fraude de Garibáldi, através dos vales e recibos dos correios, e este confessou o crime, sendo preso e acusado em juízo.

O inquérito estava para terminar, quando o juiz recebeu do delegado de polícia de uma cidade da Úmbria (Itália) duas cartas.

A primeira, da Condessa Bêni-Gasparini, afirma o seguinte:

"Atesto que na noite de 24 do corrente, quando esperava ansiosa a volta de Ubaldo, vi diante de mim meu marido, que me disse: 'Olha, tiraram-me das mãos as rédeas do cavalo. Procura o traidor. O culpado tem uma mancha na vista' " Ana Bêni

A segunda, da Condessa Catarina Bêni, mãe de Ubaldo, assim o diz:

"Na manhã do dia 26 do corrente, tenho a certeza que vi praticarem o crime que matou meu pobre filho Ubaldo. Pareceu-me vê-lo chegar no seu tílburi, por uma estrada deserta, quando foi atacado. O agressor tinha um sinal especial, pequena mancha numa das vistas. Meu pobre filho, ao cair ao chão na parte baixa da estrada, fez um movimento e o assassino fugiu precipitadamente." Catarina Béni.

(Flammarion, Camille. A morte e seu mistério. vol III. Rio de Janeiro: FEB, 1982. pág 167-168.)

Conspiração ou comunicação espiritual de Ubaldo Bêni? Deixo as conclusões ao leitor.



4.10.09

FUENTÈS ANALISA ARQUIVOS DE CAMILLE FLAMMARION

Figura 1: Última foto de Camille Flammarion

Pretendo publicar alguns comentários baseados no texto de Patrick Fuentès, intitulado "Camille Flammarion et les forces naturelles inconnues" (Camille Flammarion e as Forças Naturais Desconhecidas), publicado em 2002 como capítulo do livro "Des savants face à l'occulte", publicado pelas Éditions La Découverte, em Paris. Aproveito a gentileza e a atenção do Dr. Alexandre Caroli Rocha, que me deu acesso ao texto.
Flammarion se afasta da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
O trabalho de Fuentès traz uma nova versão para o afastamento de Flammarion do movimento espírita, especialmente dos seus "discípulos". Sabe-se que Kardec tinha um respeito especial por Flammarion. Quando ele desencarnou, sua esposa pediu aos membros da SPEE que o convidassem para a presidência, o que ele declinou respeitosamente.
Fuentès atribui o afastamento de Flammarion do movimento espírita em decorrência da publicação dos livros relacionados ao Cristianismo por Kardec. Ele não os apresenta, mas certamente é a obra após 1864, "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A Gênese".
A afirmação de Fuentès entra em choque com dois pontos importantes: a autobiografia de Flammarion e a obra de Kardec anterior ao período que ele aponta.
Na autobiografia, Flammarion dá a entender que ele ficou em dúvida quanto à origem das mensagens que recebia. Ele não sabia distinguir o que era oriundo da própria mente e o que proviria da mente dos espíritos. A insegurança falou mais alto que o método desenvolvido por Kardec para a seleção dos conteúdos oriundos das comunicações espirituais.
Outro ponto favorável à minha posição é que Kardec publica na Revista Espírita e em "O Livro dos Espíritos", sua obra primeira, comentários e respostas na defesa do pensamento cristão, mesmo ante a posição tolerante para com outras tradições religiosas, como é o caso do Islamismo e do Druidismo (Revue Spirite 1858?).
Na autobiografia, Flammarion apresenta a desconstrução que seus mestres dos estudos na infância fizeram dos dogmas católicos aceitos à época, como o tempo da criação do mundo e outros, mas não se posiciona contrário à ética cristã.
Assim, apesar de ter utilizado fontes desconhecidas por nós, como o arquivo pessoal do astrônomo francês, Patrick Fuentès fica devendo a citação de uma ou mais fontes que fundamentem sua opinião.