25.12.09
SOCIEDADES ESPÍRITAS NOS ESTADOS UNIDOS
BILAC: DE TARDE AO PARNASO
Mesmo não tendo formação em Letras, como o autor, estou calejado com a leitura de trabalhos e monografias, uma das atividades cotidianas de um professor universitário.
Benedito impressiona pela originalidade e pela coragem. Ele dá mostras de conhecer as infindáveis regras do metro parnasiano, descreve à exaustão as características da poesia para realizar um trabalho até então incompleto e recorrente nas mentes que conviveram com a obra primeira de Chico Xavier: há uma assinatura poética dos autores que escrevem através de suas mãos? Há elementos identitários das personalidades dos poetas tão conhecidos?
Benedito escreveu em seu trabalho três capítulos cruciais. Inicialmente ele apresenta Chico Xavier ao seu leitor, usando principalmente Souto Maior, mas também Elias Barbosa e alguns dos autores que estudaram o médium no contexto acadêmico, como Bernardo Lewgoy. Ainda neste capítulo, ele retoma a obra de Olavo Bilac, que divide em dois momentos. O livro Tarde é escolhido como base para a comparação dos poemas de Bilac em Parnaso de Além Túmulo.
Pereira compara inúmeras características dos poemas: vocabulário, uso de adjetivos e verbos, de substantivos e de advérbios. Ele se detém no preciosismo de Bilac vivo e morto. Benedito Pereira analisa também o ritmo na palavra, no verso e na estrofe, discute o enjambement, a direção do movimento rítmico e a rima, as figuras de efeitos sonoros, a correção gramatical e as figuras de linguagem.
Neste ponto do trabalho já vemos que existe por trás um orientador rigoroso e um aluno dedicado. Quais seriam as conclusões finais? Bilac encarnado é o mesmo que ditou dez poemas do parnaso para Chico Xavier? Deixo a dúvida no ar, para que as pessoas queiram conhecer e ler o trabalho de Benedito Pereira, escrito em 2008 para a Universidade do Vale do Sapucaí, em Pouso Alegre-MG.
http://docplayer.com.br/15569611-Benedito-fernando-pereira-psicografia-e-autoria-um-estudo-estilistico-discursivo-em-parnaso-de-alem-tumulo.html
23.12.09
DESENCARNA DONA APARECIDA, DO HOSPITAL DO FOGO SELVAGEM EM UBERABA
Quando era enfermeira em um Hospital de Uberaba, prestes a fechar, ela levou todos para sua casa. Ao chegar a família se assutou! O marido não aceitava, nem os filhos, daí disseram à ela: ” Ou nós ou eles” e dona Cida disse: ”Vocês já estão todos grandes e criados, eles não tem ninguém, eu fico com eles”. Foram embora de casa... mas depois voltaram, compreenderam a tarefa e passaram a ajudá-la.
Um espírito abnegado, sem dúvida. Disse-lhe Chico Xavier que ela estava tentando resgatar seus débitos porém sem sucesso, mas desta vez conseguiu reencarnando negra, pobre e cheia de filhos doentes para cuidar. Os insultos, preconceitos, descasos foram inúmeros. Também, em suas conversas, dizia que Chico Xavier havia lhe contado que ela viveu no tempo da fogueira, da inquisição, e aquelas pessoas também. Ela perguntou à ele: “Chico, o que eu era?” Ele respondeu: “Você, minha irmã, era a mandante”.
Não recordo de tantos outros trabalhadores da Seara do Cristo com este desprendimento. Com certeza existem, pois o trabalho não precisa ser com alarde, Jesus espera de nós apenas o trabalho de amor ao próximo. Naturalmente um se projeta mais que outro. Podemos citar, logo ali perto de Uberaba, Irmão Tadeu, da Casa do Caminho, em Araxá-MG. Tadeu, em visita recente a RBN, disse que foi visitá-la. As pessoas sempre diziam: “Tadeu, Dona Aparecida fala que o senhor é um brancão orgulhoso que nunca foi lá na casa dela”.
Após a desencarnação de Chico Xavier as doações diminuíram porque as caravanas aproveitavam a visita ao Grupo da Prece e passavam por lá deixando alimentos, produtos de higiene e limpeza. As doações em dinheiro serviam para pagamento de funcionários, contas de água, energia elétrica e telefone. Agora é preciso usar também a mesma verba para comprar alimentos, o que gera um gasto maior para a instituição.
Tantas histórias ela contava aos que visitavam o Hospital, alegrias, desapontamentos, dores do passado como o dia que foi presa em São Paulo, acusada de pedir dinheiro para si, que Uberaba já a ajudava. Ela sempre disse, que “não fosse o povo de São Paulo e outras cidades também, mas principalmente o povo de São Paulo, não teria chegado onde chegou”.
Esta era Dona Cida... que retorna à Grande Pátria amparada pelos mais abnegados irmãos espirituais.
Logo pela manhã o médium Divaldo Pereira Franco disse: "Recebida com júbilos por verdadeira multidão capitaneada pelo apóstolo Chico Xavier, mais uma estrela retorna ao zimbório espiritual para iluminar a noite das almas errantes e sofredoras na Terra."
O velório será realizado no Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem. Mais informações: (34) 3318-2900.
Que possamos enviar nossas vibrações de amor a nossa querida irmã que seguirá sua jornada, agora na espiritualidade.
Jornalismo RBN
FONTE: http://www.radioboanova.com.br/noticia.php?id=7413
18.12.09
FEB DISPONIBILIZA TESES, DISSERTAÇÕES E ARTIGOS DE TEMÁTICA ESPÍRITA EM SEU SITE
Já é possível aos interessados fazer download de teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos publicados em revistas científicas relacionados ao Espiritismo. A Federação Espírita Brasileira disponibilizou este recurso antes mesmo do acesso às obras raras via internet.
ALMEIDA, Angélica Aparecida. Tese de Doutorado (Unicamp, 2007).
“Fábrica de loucos": Psiquiatria x Espiritismo no Brasil (1900 – 1950) (Uma).
ANDRADE, Mário Celso Ramiro de. Tese de Doutorado (USP, 2008).
Gabinê fluidificado e a fotografia dos Espíritos no Brasil: a representação do invisível no território da Arte em diálogo com a figuração de fantasmas, aparições luminosas e fenômenos paranormais (O).
ARAÚJO, Ana Catarina. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 2005).
Programa de Treinamento sobre a Intervenção Terapeutêutica, Relaxamento, Imagens Mentais e Espiritualidade (RIME) para re-significar a Dor Espiritual de Pacientes Terminais.
ARAÚJO, Ana Catarina. Tese de Doutorado (UNICAMP, 2001).“Relaxamento Mental, Imagens Mentais e Espiritualidade na Re-significação da Dor Simbólica da Morte de Pacientes Terminais".ARAUJO, Eveline Stella de. Dissertação de Mestrado (UFPR, 2007).Médicos, Médiuns e Mediações: um estudo Etnográfico sobre Médicos-Espíritas.
ARRIBAS, Célia da Graça. Dissertação de Mestrado (USP, 2008).
Afinal, espiritismo é religião?: a doutrina espírita na formação da diversidade religiosa brasileira.
CAROLI, Alexandre. Tese de Doutorado (Unicamp, 2008). Caso Humberto de Campos: Autoria literária e mediunidade (O).
CAROLI, Alexandre. Dissertação de Mestrado (Unicamp, 2001). Poesia transcendente de Parnaso de Além-túmulo (A).
DAMAZO, Alessandra. Dissertação de Mestrado (UNESP, 2006). Análise de assunto de conto espírita por meio do percurso figurativo e do percurso temático.
FERNANDES, Paulo César. Dissertação de Mestrado em Sociologia (UNB, 2008).
Origens do espiritismo no Brasil: diálogo, razão e resistência no início de uma experiência (1850-1914).
GIL, Marcelo Freitas. Dissertação de Mestrado (UFPEL, 2008). Movimento Espírita Pelotense e suas raízes sócio-históricas e culturais (O).
GODOY, Marino Luís. Dissertação de Mestrado (UFPR, 2007). Espiritismo em Ponta Grossa – PR: perspectivas de um Espaço do além e para um além do espaço (O).
GUARNIERI, Maria Cristina. (PUC- SP, 2001). Morte no Corpo, Vida no Espírito - O processo de luto na prática espírita da psicografia.
LEÃO, Frederico Camelo. Dissertação de Mestrado (USP, 2004). Uso de práticas espirituais em instituição para portadores de deficiência mental.
MACHADO, Murilo. Dissertação de Mestrado (UNICAMP, 1998). Extase: entre a imagem e a palavra : estabelecimento de um modelo descrititvo para o estudo antropologico das manifestações extásicas (O).
MOREIRA, Alexander. Tese de Doutorado (FMUSP, 2004). Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de Médiuns Espíritas.
PEREIRA, Rafael. Monografia (Unicamp, 2006). Estudo sobre a pedagogia Espírita e seus pressupostos filosóficos (Um).
PUTTINI, Rodolfo Franco. Tese de Doutorado (UNICAMP, 2004). Medicina e religião no espaço hospitalar.
SACRAMENTO, Gleide. Dissertação de Mestrado (UFBA, 2006). Eu e o Outro: uma reflexão acerca dos processos de identificação no Espiritismo.
SANCHEZ, Zila. Tese de Doutorado (USP, 2006). Práticas religiosas atuando na recuperação de Dependentes de drogas: a experiência de grupos Católicos, evangélicos e espíritas (As).
16.12.09
14.12.09
FEB DISPONIBILIZA A REVISTA ESPÍRITA EM SEU SITE
9.12.09
DISSERTAÇÃO DO MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DA PUC-SP TRATA DAS FEDERATIVAS ESPÍRITAS
http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9939
8.12.09
ESPÍRITAS FAZEM TEATRO DE FANTOCHES NO JAPÃO
A geração que antes de alfabetizar-se já está em contato com os mais sofisticados aparelhos, mostra interesse e atração pelos bonecos construídos com madeira, pano e espuma. Eles testemunham o milagre de objetos tão comuns darem vida a bonecos, e por um momento se deixam levar e interagem com os personagens.
A peça é do Grupo Espírita de Teatro de Fantoches de UEDA, e representa uma arte milenar, portadora de uma mensagem apenas centenária. Ela já foi vista em Tóquio, em Gunma e no último dia 29 foi apresentada em Nagano-Ken.
Sou da terra de Álvaro Apocalypse, que se notabilizou mundialmente por construir fantoches que representaram e levaram à infância belo-horizontina e mundial as narrativas mais famosas do mundo, como a peça russa "Pedro e o Lobo" ou construções cheias de regionalismo. Tomara que a iniciativa dos espíritas japoneses, associada à disponibilidade de expertise, possa fazer surgir pessoas por aqui, interessadas nesta forma de arte, educação, socialização e prazer.
6.12.09
AÇÃO SOCIAL ESPÍRITA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI
Quando se pensa em assistência social, promoção social ou ação social espírita, acredito que se trata de um jogo de gato e rato com o Estado. Neste jogo, nós somos o rato, ou seja, estamos onde não está o Estado.
Todos conhecem a mensagem do espírto Cáritas em "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Ela passeia pelos subúrbios de Paris, à época, uma capital européia sem políticas sociais. O espírito fica sensibilizado com famílias que não tinham o mínimo para sobreviver ou enfrentar o rigoroso inverno Europeu. Kardec preocupava-se em montar uma caixa de assistência, no seu projeto de 1868, período em que a Sociedade Parisiense deixara de ser um grupo de estudos para tornar-se uma espécie de associação comunitária, caráter que marcou muitos dos centros espíritas do Brasil.
Se Cáritas estivesse hoje, fazendo sua ronda em Belo Horizonte, ela teria algumas outras preocupações.
Vivemos em uma sociedade múltipla (pessoas abaixo da linha da miséria, pessoas pobres, pessoas de classe média e pessoas ricas ou muito ricas) com alguma ação do Estado contra a pobreza, a doença e a ignorância.
Uma família pobre, geralmente constituída de mãe e filhos, outras de mãe, companheiro temporário e filhos, e uma minoria de mãe, pai e filhos, tem acesso a direitos sociais, como posto de saúde, alguns medicamentos, escola pública e mais recentemente uma minguada, mas útil, bolsa escola.
As mães pobres não são apenas cuidadoras, mas provedoras, e muitas trabalham fora de casa, o que justifica o sistema de educação infantil (creches). Os dados oficiais informam que há 60 instituições publicas de educação infantil e 193 creches conveniadas, totalizando o cuidado de cerca de 38.500 crianças. Não consegui saber quantas são as crianças em situação de risco de 0 a 6 anos, mas em uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, com certeza faltam vagas para educação infantil.
Penso que Cáritas também se incomodaria com o analfabetismo funcional dos pais. Ela veria crianças que não conseguem aprender e pais que chegam tarde em casa e não podem ensinar, porque têm o trabalho doméstico para fazer e porque não sabem.
Ela se preocuparia muito com o futuro destas crianças, porque sabe que para ganhar um salário que as sustente, elas precisam concluir o ensino médio, saber ler, escrever e dominar as matemáticas, pelo menos a álgebra.
Cáritas também veria traficantes a distribuir cestas básicas para ser aceitos pela comunidade e a recrutar crianças para sua organização, que dissemina o vício e leva à morte prematura. Ela veria as crianças com baixa auto-estima e núcleo familiar fragilizado como vítimas preferenciais do crime organizado e da violência familiar.
Quem, então, este espírito destacaria? Se fosse no movimento espírita, Cáritas, com certeza, valorizaria quem promove o reforço escolar, regado a lanche e brincadeiras (há que se lutar pela infância). Ela valorizaria quem recebe estas crianças fora do período escolar e as retiram da rua, que tornou-se espaço de risco social.
O espírito que foi martirizado em Roma, valorizaria quem ensina estas crianças e seus pais a acreditarem no futuro, trazendo pessoas que enfrentaram e venceram a pobreza sem optar pela via do crime.
Cáritas também valorizaria quem educa as jovens mães, para que aprendam a cuidar dos filhos.
Ela se emocionaria com a juventude espírita, se a encontrasse retirando algumas horas da sua semana, já atribulada, para ensinar àquelas crianças o que os pais não conseguem.
Ela escreveria pelos que montam bibliotecas comunitárias e pelos que facilitam o acesso ao material escolar, especialmente quando este não é disponibilizado pelas autoridades.
Acho que Cáritas pediria aos grupos de costura para fazerem e consertarem uniformes escolares, despesas relativamente altas para as famílias que mal conseguem comer, bancarem com seus salários minguados.
Os princípios cristãos continuariam intocáveis, mas a ação no mundo modificaria, porque o mundo mudou, e sempre que o governo conseguisse erradicar da nossa sociedade um mal social, os espíritas, influenciados por Cáritas, modificariam sua prática, porque ainda falta muito para vivermos em um mundo feliz.