O livro traz informações importantes para o entendimento da História do Espiritismo Brasileiro
UM POUCO DE HISTÓRIA
Canuto Abreu, em seu livro “Bezerra de Menezes”, situa o Grupo Confucius como a primeira instituição espírita do Brasil, criada em 1873 com a finalidade “dirigir o Espiritismo e orientar a propaganda”. Ele perdurou por menos de três anos, e nele se fez a primeira tradução de “O Livro dos Espíritos”, atribuída a Joaquim Carlos Travassos. Nele o espírito Ismael defendeu como diretriz para o Espiritismo Brasileiro a frase “Deus, Cristo e Caridade”.
Do processo dissolução do Confucius surgiram inúmeros grupos de estudo nos lares de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o que fez surgir, em 26 de abil de 1876, a “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”, da qual um dos dirigentes ainda conhecido nos nossos dias foi Bittencourt Sampaio.
Houve discórdia dentro da Sociedade, associada às diferenças entre os alcunhados “místicos” e os “científicos”. Os primeiros fundaram em março de 1880 a Sociedade Espírita Fraternidade e os outros fundaram a “Sociedade Acadêmica Deus Cristo e Caridade” em 3 de outubro de 1879.
A TRADUÇÃO DE A GÊNESE
A Gênese que tenho em mãos é fruto de uma decisão do Centro, como se lê impresso, em agosto de 1881. Não sei dizer se a Sociedade Acadêmica atribuiu-se esta função ou se já existia uma tentativa de integração dos grupos existentes. Consta que foi traduzida em 1882 da oitava edição francesa.
Os editores fizeram informar no verso da capa que a Sociedade Acadêmica adotava cinco livros de Allan Kardec para seus estudos. São eles, com as respectivas classificações: O Livro dos Espíritos (parte filosófica), O livro dos Médiuns (parte experimental), O Evangelho Segundo o Espiritismo (parte moral), O Céu e o Inferno (parte doutrinária) e A Gênese (parte científica).
Os livros eram estudados em francês e suas traduções só eram aprovadas depois de cotejadas com o original. A tradução que tenho em mãos foi aprovada pela Sociedade Acadêmica.
O PREFÁCIO
A Sociedade faz escrever um prefácio ao livro de Kardec que cognominam “o colecionador” e, como os franceses, “o Mestre”.
Eles afirmam que alguns dos participantes da Sociedade queriam fazer modificações no livro, pela influência da obra de Roustaing, mas eles foram contrários:
“...publicamos a presente tradução da Gênese, sem a mínima alteração, e mesmo sem anotações; não concordamos que fosse aumentada, ou alterada...”
“A Sociedade Acadêmica julga que não lhe assiste, como a ninguém, o direito de alterar o plano e menos ainda as bases fundamentais, as teorias, a doutrina das obras publicadas pelo nosso Mestre...”
Alerta-se o leitor sobre a propaganda que se faz da Revista da Sociedade Acadêmica em substituição à da Revista de Paris (possivelmente a Revue Spirite), devido à facilidade de acesso para os leitores.