Mostrando postagens com marcador Unificação do Movimento Espírita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Unificação do Movimento Espírita. Mostrar todas as postagens

25.6.11

FEDERAÇÃO ESPÍRITA PORTUGUESA PUBLICA MAPA DE ATIVIDADES


Figura 1: Mapa de Atividades (clique para ampliar)

Durante a ditadura de Salazar o movimento espírita português foi fortemente reprimido e perseguido em Portugal. Ainda se arrasta na justiça (ao que sabemos) um processo tentando obter a propriedade e posse da sede da antiga Federação Espírita Portuguesa, desapropriada arbitrariamente pelo estado português.

Como na idade média, estado e religião deram-se as mãos e a paranóia ditatorial-militar proibia quaisquer reuniões, com medo de reações a um regime mantido pela força.

Durante muitos anos, o movimento português agiu na clandestinidade. Temos notícias de brasileiros corajosos, como Divaldo Franco, que mantiveram agregados e ativos os espíritas que resistiram à imposição ideológica do estado militar.

Hoje, passados os anos o movimento floresce mais uma vez, como uma árvore que perdeu todas as suas folhas para enfrentar o longo inverno da incompreensão, mas manteve firmes suas raízes sob o solo branco e a temperatura glacial.

Segue acima uma iniciativa interessante e agregadora. A Federação publicou um mapa de atividades, no qual se visualizam as iniciativas da FEP e de outras organizações portuguesas.

O Brasil tem um movimento mais institucionalizado que Portugal, em função da sua história. Assim, federativas e centros espíritas promovem eventos continuamente, muitas vezes sem que um consulte a disponibilidade dos outros, o que causa esvaziamento.

Um bom exercício federativo seria as sociedades espíritas trocarem seus calendários e acordarem entre si uma data ou duas por período (semestre ou ano) para participarem juntas de algum evento promovido pela Federativa, o que seria um sinal de prestígio e união, de esforços conjuntos das entidades participantes de um movimento maior que elas próprias.

A federativa, por sua vez, ficaria com o encargo de organizar e receber uma grande massa de espíritas, e promover um evento pontual mas atraente. Não apenas aprender ou discutir, mas confraternizar e conhecer uns aos outros seria um passo importante contra uma tendência de ação amorfa e inexpressiva da divulgação, como já antevira no final do século XIX o célebre Bezerra de Menezes.

Figura 2: Mapa de Atividades para o segundo semestre de 2011 (clique para ampliar)

15.3.08

Entrevista com o Dr. Ailton F. Dias




Muito se fala no movimento espírita em Unificação, desde Bezerra de Menezes. Outras possibilidades de aproximação entre as instituições espíritas existem e poderiam ser mais utilizadas pelo Movimento Espírita, diminuindo as diferenças regionais e locais. Entrevistamos o Dr. Ailton F. Dias, assessor da presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear para falar de apadrinhamento e emparelhamento institucionais.

EC: Dr. Ailton, você viveu alguns anos na França. Que formas de associação temporária entre instituições você viu nesse país?
Dr. Ailton: Há o apadrinhamento (parrainage, em fr) ou a "jumelage" (geminação, emparelhamento) são conceitos muito usados na Europa.


EC: Explique melhor a “jumelage”.
Dr. Ailton: A "jumelage" consiste numa espécie de acordo de cooperação mútua, onde duas instituições se predispõem a colaborar em temas comuns, compartilhando experiências, promovendo intercâmbios. É muito comum entre cidades européias. Nesse caso, consiste numa relação entre pares, pois procura-se identificar semelhanças culturais, históricas ou sociais que justifiquem e potencializem tal aproximação.

EC: Você pode citar algum exemplo de “jumelage” entre cidades européias?
Dr. Ailton: Uma das cidadezinhas que morei na França (Saint-Maurice) tem três cidades "jumelées": Saint-Maurice d´Agaune, na Suíça (desde 1957), Erlenbach, na Alemanha (desde 1992) e Curtarolo, na Itália (desde 1996). Todos os anos, a prefeitura organiza encontros escolares e intercâmbios familiares que permitem a cerca de 60 jovens de Saint-Maurice descobrir outras culturas e outros modos de vida. A Prefeitura apóia esses intercâmbios assumindo metade do custo de transporte dos jovens bem como todas as atividades oferecidas em Paris aos jovens convidados das "cidades-gêmeas".

EC: Você se lembra de alguma outra ação ligada à “jumelage”?
Dr. Ailton: Desde 1997, Saint-Maurice apadrinha um navio da Marinha Francesa, o Caçador de Minas "Verseau". O objetivo dessa "jumelage" ou "parrainage" (mais correto) é reforçar os laços entre as forças armadas francesas e os cidadãos, bem como sensibilizar os jovens quanto às diferentes missões de segurança das forças armadas. O "Verseau" já embarcou vários grupos de jovens da cidade. Em 2002, uma turma do ensino fundamental (4a. série) da escola elementar de Gravelle correspondeu-se por email com os tripulantes do navio que estavam numa missão no Oceano Índico. Esse apadrinhamento permitiu que vários grupos de jovens da cidade aproveitassem da experiência singular de embarcar num navio desse tipo.

Site:
http://www.ville-saint-maurice.com/rubrique.php3?id_rubrique=50

EC: Fale um pouco sobre o apadrinhamento ou “parrainage”.
Dr. Ailton: O apadrinhamento tem sido utilizado no Brasil, p. ex., entre os cursos de pós-graduação nível 7 na Capes e os cursos recém-criados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, sob uma certa forma de tutela. Algumas empresas, dentro de projetos relacionados ao badalado tema "Responsabilidade Social" têm apadrinhado diversas instituições.


EC: Você sugeriu o conceito de apadrinhamento para uma escola que visitávamos. Como você visualizava a aplicação da idéia?
Dr. Ailton: Quando eu falei de apadrinhamento no Instituto
[1], eu pensei na possibilidade de se eleger algumas poucas escolas (no máximo três) públicas ou privadas em regiões carentes, mas caracterizadas por uma administração séria e comprometida, para receber apoio material e pedagógico por parte da comunidade do Instituto.

EC: Você acha que estas idéias podem ser utilizadas em Sociedades Espíritas e, especialmente, nas suas atividades ou instituições beneficentes?
Dr. Ailton: No caso de instituições beneficentes, o mesmo conceito poderia se aplicar, onde uma instituição melhor estruturada pudesse apoiar instituições promissoras seja na processo de gestão ou mesmo na cessão de eventuais excedentes materiais.
A idéia consiste em estruturar uma rede que assegure transferência de conhecimento, otimização de recursos e aumento da capilaridade no trabalho social.
Desta maneira, o apadrinhamento pressupõe uma "certa hierarquia" onde uma instituição mais forte, melhor estruturada, apóia outra ainda em processo de consolidação.


Espiritismo Comentado entrevistou Ailton Fernando Dias. Ailton é graduado em Engenharia Elétrica, Mestre em Ciências da Computação e Doutor em “Architectures Parallèles” pela Universidade de Paris XI, na França. Atualmente é assessor da presidência da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), no Rio de Janeiro.

[1] Instituto Coração de Jesus – ICJ, em Belo Horizonte.

1.3.08

Bezerra de Menezes escreve no Reformador em 1895


Canuto Abreu transcreveu e comentou o editorial do Reformador escrito por Bezerra em 1895, período em que os espíritas se dividiam por questões de interpretação do caráter do Espiritismo. O tema dá o que pensar nos dias de hoje, por esta razão, passo a transcrever o editorial do então Presidente da FEB.

"É para lastimar que, tendo-se difundido admiravelmente no Brasil as idéias espíritas de modo a não haver ninguém que não as aceite, seja a sua propaganda feita sem ordem nem sistema.

Nos Estados há grupos dispersos... Na Capital as associações estão desligadas... Empregam-se, nos Estados principalmente, métodos inconvenientes, tudo à falta de unidade de vistas... Cada grupo tem sua orientação...

Tudo progride e parece-nos que já é tempo de entrar o Espiritismo, entre nós, em nova fase analítica de que deverá subir à sintética, que unificará o Espiritismo no Brasil com o de todo o mundo.

Para passarmos do estado de confusão, em que nos achamos, ao de ordem bem regulada, para chegarmos ao de sistema que será o último trabalho humano, faz-se mister uma séria e bem compreendida organização.

Sem harmonia de ação, sem o concurso harmônico dos grupos entre si, o Espiritismo não fará mais progresso no Brasil, não passará de uma crença sem base, variante de indivíduo a indivíduo.

A união faz a força. Organização e organização, é a palavra que parte de todos os lábios, é a idéia que paira em todos os pensamentos, porque é chegada a hora de passarmos da fase sincrética à fase analítica, como acima indicamos.

Aceitamos, pois, de boa vontade, como nos cumpre, as inspirações que nos dão os prepostos do Senhor, incumbidos de desenvolver o Espiritismo no Brasil. Organizemos.

Para organizarmos é preciso, primo, ligar em uma grande falange os trabalhadores: segundo, regularizar metodicamente o seu trabalho. No próximo número daremos o plano de organização."

(Extraído do livro Bezerra de Menezes: Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895. Escrito por Silvino Canuto Abreu. Edições FEESP)