No afã de ler novos romances, os grandes autores espíritas vão ficando esquecidos pelo público espírita em geral. A história do espiritismo na Espanha é um capítulo especial, e deveria ser conhecido por todos.
Talvez a "pedra preciosa" da coroa do espiritismo espanhol seja Amália Domingo Soler. Uma mulher solteira, em uma sociedade na qual se desejava que ela casasse ou se tornasse freira, intelectual (mesmo que sem acesso à escolaridade formal), pobre, mas imensamente dedicada. Hoje, Amália é reconhecida como grande escritora espanhola de sua época, e há teses acadêmicas dedicadas a ela, como escritora e mulher.
Ainda hoje, o livro "Memórias do Padre Germano", ditado psicofonicamente pelo médium Eudaldo Pagés e escrito por ela, inicialmente em forma de contos, depois em forma de romance, é um dos mais impressionantes livros da literatura espírita.
O que ela escreveu? Como era o espiritismo na Espanha do século 19? Com quem debateu em sua época? Como se tornou uma mulher tão iminente em uma sociedade católica e masculina? Como lutou com a cegueira? Como se tornou um ponto de conexão entre o espiritismo na península ibérica e o nascente movimento espírita latino-americano? Ela era membro da maçonaria, mesmo sendo mulher?
Essas e muitas outras perguntas foram respondidas por Débora Zambalde Vitorino, tradutora dos textos ainda inéditos em português por Amália. São mais de dez anos recuperando material em língua espanhola, estudando, traduzindo, escrevendo e falando sobre Amália. Uma aula de erudição e recuperação da memória da jovem Sevilhana, cuja admiração pelos europeus superou o século, a cultura e até mesmo a religião.
Assista abaixo a entrevista:
Segue abaixo o link para os anais do Congresso Espírita Internacional de 1888, na Espanha, citado no programa acima: