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14.4.13

AS POTÊNCIAS DA ALMA





Léon Denis foi um dos continuadores da obra de Allan Kardec. Filho das classes operárias, desde jovem interessou-se pelo espiritismo e por uma França mais justa. Um dos trabalhos que prestou foi participar da Liga de Ensino, de Jean Macé, fundou bibliotecas pelas cidades em que passava profissionalmente e trabalhou pela criação do ensino "obrigatório, gratuito e leigo". Interessado no socialismo, ficou chocado com o crescimento do materialismo nos grupos socialistas franceses.


Parte ativa do movimento espírita, estava sempre atualizado com relação às publicações espíritas, espiritualistas, de pesquisa psíquica e outras relacionadas ao espiritismo. Ele trabalhou pela ideia de Kardec, de acompanhar o desenvolvimento das ciências e das filosofias de sua época. Sua obra é sempre uma articulação entre o novo e o pensamento kardequiano, um desenvolvimento do que ele estudava e das matérias de suas conferências.

Sua admiração pelo mestre é patente em todos os seus livros. 

Passei a ler, depois de alguns anos, de forma mais atenta, as introduções e apresentações dos livros de Denis. Ele não era apenas um compilador, mas um pensador espírita em seu tempo. Ele sempre dá notícias das razões de ter escrito os livros, que nunca são "mais do mesmo". 

As potências da alma, que foi objeto do meu trabalho em Formiga-MG, é a terceira parte do livro "O problema do ser, do destino e da dor", escrito em 1908. Ele foi escrito para a juventude francesa da época, que tinha por influência o pensamento positivista e cético. Denis avaliava que os jovens haviam ficado um tanto inertes, pela falta de ideais nobres e espírito de trabalho e transformação. Esta parte do livro, escrita após uma defesa da concepção espírita do homem e da reencarnação, é quase uma exortação à avaliação de si mesmo, e à transformação do mundo interior.

Com os termos próprios do pensamento da época, Denis se volta a mostrar as capacidades que o mundo interior oferece ao homem, especialmente se este não se nega a entrar em contato com seu sentido íntimo, se se propõe a empregar a vontade na superação dos limites, se amplia a consciência para além da superficialidade dos sentidos, se disciplina o pensamento e reforma o caráter, se não se nega ao amor e se lança nova visão sobre a dor inevitável em sua trajetória.

Em uma época ainda mais sombria, passados mais de cem anos, na qual progrediu o relativismo filosófico, onde ainda se vê um ceticismo doutrinário, militante e antireligioso, mais que metodológico, influenciar a juventude; o brado latino de Denis ainda soa e fala alto para as mocidades espíritas. Releiamos Denis.