23.10.07

Video Spirite Lança DVD Sobre Chico Xavier


A Versátil Home Vídeo lançou um documentário sobre Chico Xavier, gravado em 1983 e não divulgado nos meios de comunicação. Além do documentário, com o objetivo de preservar e divulgar a memória espírita, há diversos vídeos que foram inseridos como "extra" no conjunto de dois DVDs.
Como mineiro, emociona ver personagens de quem ouvimos falar ou com quem convivemos, na força da juventude ao redor do médium de Pedro Leopoldo: Rubens Romanelli, Martins Peralva, Dona Neném, Newton Boechat, Arnaldo Rocha, Badi Elias Cury, etc. As imagens do Colégio Precursor, que conheci na fase de decadência, são imponentes e explicam a importância que os espíritas de outras localidades deram à instituição.
Emocionei-me também com o discurso de Chico Xavier no Pacaembu, ao receber o título de Cidadão Honorário da Cidade de São Paulo. Apesar das compreensíveis falhas no vídeo, fruto de um armazenamento inadequado, as imagens e sons da voz rouca do médium brasileiro, vão marcando os presentes. Quanta erudição! Dados do nascimento da cidade vão surgindo em seu discurso, uma fala contra o absolutismo, que pode ser interpretada como uma alfinetada à ditadura militar, seguida da citação nominal das mulheres notáveis da cidade que não pára. Chico relembra sua amizade com Tarsila do Amaral, em um período no qual já pintava sobre cadeira de rodas. Espíritos e personalidades encarnadas se encadeiam na sua fala, que consolida a grande proposta do Espiritismo. Até mesmo o repórter que cobria o evento dá mostras de emoção no final do discurso, que revela a imensa capacidade intelectual do médium. Mão sobre o peito, olhar para o público que lotava o estádio, Chico fala sem nem uma página escrita nas mãos. O vídeo é uma fonte importante contra uma imagem social pejorativa que foi construída sobre a pessoa do médium mineiro.
O documentário em si é um pouco arrastado para os nossos dias, muitas entrevistas, algumas longas e sem muito conteúdo a acrescentar à biografia do médium, contudo, ressalto a intenção do diretor em resgatar o lado humano de Chico Xavier. Ele se detém nas pessoas que o circundavam, na cidade de Pedro Leopoldo, nas agruras da sua existência, dificuldades que hoje seriam consideradas criminosas e que o Chico enfrentou, num misto de tragédia e superação.
A visita de Pietro Ubaldi é curiosa e o olhar reticente do filósofo italiano, ao lado do entusiasmo explícito dos espíritas àquela época, estão abertos ao entendimento dos que se interessam pela obra de Ubaldi nos dias de hoje.
Recomendo que o leitor não espírita ou com pouco conhecimento sobre o movimento espírita mineiro, leia "As Vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, "Chico Xavier: Uma Vida de Amor", de Ubiratan Machado e "Trinta Anos com Chico Xavier" de Clóvis Tavares, antes do vídeo.

20.10.07

Reunião Prévia da Comissão Organizadora da XVIII COMECON

Jovens das mocidades de Contagem e região se preparam para a realização da XVIII Confraternização das Mocidades Espíritas de Contagem, através de uma reunião prévia sobre o assunto ao redor do qual ocorrerão as atividades do evento. O tema escolhido foi "150 Anos de O Livro dos Espíritos".



11.10.07

Espírita Norte-Americana Apresenta Trabalho em Congresso Espiritualista

Yvonne Limoges, do "The Spiritist Society of Florida", comunicou através do boletim de sua instituição uma conferência intitulada "Espiritismo" realizada na Federação Espiritualista Internacional (ISF), nos Estados Unidos.

Como sabemos, o Espiritualismo Moderno ou Novo Espiritualismo é um movimento anglo-saxão, hoje espalhado por diversos países do mundo, que se consolidou a partir dos estudos com médiuns realizados inicialmente no século XIX. É um movimento anterior ao Espiritismo de Kardec, mas com muitos pontos de contato com a Doutrina Espírita.


O encontro foi realizado em Rochester - New York, cidade próxima aos primeiros eventos mediúnicos das então adolescentes irmãs Fox. A ISF é uma instituição octogenária, funciona desde 1923.




Figura 2: Mesa do Encontro da ISF

Yvonne relata ter contatado neo-espiritualistas, que apesar de não terem conhecido as obras de Kardec, são reencarnacionistas, ponto de discussão que remonta os tempos do codificador.



Durante a programação do evento, os participantes puderam ir a Lily Dale, que é um centro importante dos espiritualistas nos Estados Unidos. O Reformador já publicou uma matéria sobre este núcleo.


Yvonne pertence à diretoria da Academy of Spirituality and Paranormal Studies Inc. (www.lightlink.com/arpr)
Quem desejar conhecer um pouco mais sobre a história e as pesquisas dos neo-espiritualistas ingleses e norte americanos do século XIX, recomendo o livro "O Aspecto Científico do Sobrenatural", escrito pelo naturalista Alfred Russel Wallace e publicado em português pela editora Lachâtre.

A Serena Via-Crucis de Yvonne

Agradeço à revista Universo Espírita que publicou com modificações, em outubro (no. 46) o artigo "A Serena Via-Crucis de Yvonne." de nossa autoria, aperfeiçoado pela Ana Carolina, editora da revista. Trata-se da resenha já publicada no site Espiritismo Comentado, sobre o livro "Pelos Caminhos da Mediunidade Serena", organizado por Pedro Camilo. (clique no título)

O número traz artigos muito interessantes e polêmicos, como o trabalho de Paulo Urban, psiquiatra, mostrando a trajetória dos antidepressivos e dos conceitos psiquiátricos, da Psicanálise ao DSM-IV.

Há um conto imperdível de Monteiro Lobato, retirado do livro Negrinha, de sua autoria, no qual ele trata de um milionário "pão-duro", dirigido pela "força" e interessado em reencarnação.

A revista noticia o prêmio Jabuti, ganho por Laura Bergallo, espírita, com o livro Alice no Espelho, que trata da anorexia, e muitas outras notícias, informações e livros do interesse do movimento espírita.


10.10.07

Psiquiatras e Parapsicólogos Escrevem Sobre Espiritualidade

A conhecida Revista de Psiquiatria Clínica, da não menos conhecida Universidade de São Paulo publicou um número suplementar sobre Espiritualidade e Saúde Mental. A edição foi organizada pelo Dr. Alexander Moreira-Almeida, que conseguiu agrupar trabalhos de pesquisadores famosos nas áreas de psiquiatria e parapsicologia. Stanley Krippner, Carlos Alvarado, Harold Koenig, Bruce Greyson e Ian Stevenson são alguns dos convidados internacionais.

Há muito o que dizer sobre a revista, mas na impossibilidade de fazê-lo em um blog, deixo apenas a recomendação expressa aos interessados do artigo "Metade de uma Carreira com a Paranormalidade", no qual o Dr. Stevenson relata sua trajetória na pesquisa não apenas da reencarnação mas de diversos temas de conexão com a espiritualidade.

7.10.07

Leandro Cosme Couto

A partir de hoje, o Espiritismo Comentado passa a publicar trabalhos do companheiro Leandro Cosme Couto. Prosa poética, visão profunda, humor com emoção. Poucas palavras que nos fazem pensar.

CAMPANHA DO QUILO

Àqueles que querem emagrecer, o Ministério da Saúde poderia advertir: "Campanha do Quilo é um exercício recomendável para a saúde humana: você ganha alguns quilos enquanto perde outros e ainda faz bem a muitos corações!"
Leandro Cosme Couto

2.10.07

Visita ao Lar da Criança Emmanuel em São Bernardo

Manhã de sexta-feira. Graças à atenção simpática da Izabel, chegamos ao Lar da Criança Emmanuel em São Bernardo do Campo. É uma creche quase cinquentenária, que atende a quase 200 crianças da região. (Clique no título deste post e conheça mais sobre ela) Foi fundada no meio de uma mata fechada, fruto da doação de uma chácara.


Foto 1: Vista frontal do Centro Espírita Pátria do Evangelho, no complexo do Lar da Criança Emmanuel

Uma turminha brincava no parquinho da creche. Areia, aparelhos e monitoras atentas à energia que os pequenos gastavam, sem se importar com o clima ou o sol. Crianças bem vestidas, bem alimentadas, saudáveis, diferentes da imagem miserável que minha geração guarda na memória das crianças de creche popular de trinta/quarenta anos atrás.


Foto 2: Crianças brincando no parquinho


Passados alguns minutos e a câmara atraiu todas as crianças, que desejavam ser fotografadas e ver-se no visor. Egocentrismo da primeira infância, diria minha antiga mestra de Psicologia do Desenvolvimento, sinal de saúde mental e mais preocupação para as monitoras.


Foto 3: Crianças, Crianças e Crianças...


Além de brincar, comer. Uma cozinha quase industrial funciona sob as regras de higiene e cuidado, para repor as energias das pequenas e dos funcionários.

Foto 4: Funcionária antiga da creche, Tia Lolô (Leonor) trabalhando ativamente com as refeições

Em alguns minutos, as crianças estão em fila, servindo-se sob os olhares cuidadosos da funcionária. A seguir assentam-se nas muitas mesinhas, da sua altura, para almoçar.



Na hora do almoço a máquina fotográfica já não faz muito sucesso, mas ainda atrai as crianças da fila.


Foto 5: Crianças servindo seu prato.



Depois de comer, dormir. Um segundo andar repleto de crianças no horário da soneca, deitadas nos colchões à meia luz, nos fez andar nas pontas dos pés. Os sapatinhos guardados ao longo dos corredores, um do lado do outro, da mesma forma que as meias de Natal, esperando o presente de Papai Noel, encantam os visitantes. Nesta hora, nenhuma foto para não atrapalhar o sono...



Foto 6: Sapatinhos...

Apesar dos avanços, as paredes da creche guardam seus segredos. Histórias de falta, de tristeza, de medo, de violência, de abandono e desconfiança. Histórias mil, ocultas por detrás de algumas horas de infância por dia. Passados os anos e apesar das aparências, o Lar é um oásis para a infância que hoje habita a selva de asfalto e solidão da periferia dos grandes centros urbanos. Um local de refazimento em um curto, mas importante período da vida.



Foto 7: Afresco....


O Lar da Criança é realmente da criança. Móveis adequados, lavatórios à altura dos clientes, afrescos com temas infantis por todos os lados demarcam o território da infância. Visto a olhos rápidos, de viajante, o lar parece a materialização de uma oração psicografada por Chico Xavier há muitos anos, intitulada "Oração da Criança ao Homem". Deus e seus agentes no mundo os conservem.

25.9.07

A Dama da Caridade em Uberaba



Imagine-se em um médico, levado pela família, com diagnóstico de gangrena e loucura e indicação de amputação da perna. Agora imagine-se viajando muitos quilômetros para ser tratado por um médium. Isto mesmo, um médium! Imagine sua perna supostamente gangrenada cuidada com água fluidificada e sua loucura reduzida à mediunidade. Por fim, imagine uma cura em alguns dias e anos a fio de dedicação à sua comunidade, tendo fundado cinco instituições. Em síntese, esta é a vida de Maria Modesto Cravo, considerada a Dama da Caridade em Uberaba-MG, que ganhou um livro biográfico publicado pela editora INEDE. Leia mais sobre o livro no site http://www.jadersampaio.uaivip.com.br/ na coluna de resenhas.

22.9.07

Semana de Espiritismo e Psiquiatria no Hospital Espírita André Luiz

O Hospital Espírita André Luiz, de Belo Horizonte, comemora 40 anos com sua já tradicional Semana de Espiritismo e Psiquiatria.

Semana de Kardec 2007

A Associação Espírita Célia Xavier está promovendo a Semana de Kardec 2007, tendo por tema os "Ensinamentos das Obras da Codificação". Veja abaixo a programação e participe. Maiores informações na secretaria da AECX 31-3334-5787.

I Simpósio Paulista de Saúde Espiritualidade e Educação

A Disciplina de Emergências Clínicas do HC-USP em parceria com a Editora Comenius está promovendo em novembro de 2007 o I Simpósio Paulista Saúde, Espiritualidade e Educação: Uma Relação Simbiótica.

Maiores informações no site do evento (clique no título do blog).

13.9.07

Como foi escrito O Livro dos Espíritos?


O Reformador deste mês publicou o artigo "Como foi escrito O Livro dos Espíritos", fruto do trabalho de pesquisa para as comemorações dos 150 anos da obra primeira de Kardec. O número traz uma entrevista sobre o Espiritismo em Sergipe, a reedição de um interessante artigo de Hermínio Miranda (que usava o pseudônimo de João Marcus) sobre poluição e muitos outros trabalhos que merecem ser lidos. Caso seja difícil ao leitor adquirir a revista, a FEB já disponibilizou o número eletrônico no endereço http://www.febnet.org.br/file/37/refset07.pdf

12.9.07

Projeto Futuro: O Programa Espírita de Rádio de Divinópolis

Aos sábados, às 10 horas da manhã, a rádio AM 1450 KHz da cidade de Divinópolis mantém um programa espírita intitulado Projeto Futuro. Mesmo sem experiência, mas apoiado por uma equipe competente e entrosada, fui ser entrevistado sobre o tema "As Curas Espirituais".

Já havia recebido uma lista com 16 questões sobre o tema. Acompanhado pelo amigo divinopolitano, chegamos cedo na rádio, enquanto ainda se irradiava o programa de músicas, bem do jeito AM de ser, música sertaneja, encomendas para os amigos e amores, locutor com voz empostada e grave cumprimentando nominalmente seu público.



Iniciado o programa, vêm as perguntas, entremeadas da divulgação dos centros espíritas da cidade, o que dá um respiro ao entrevistado. Fora da cabine de som o telefone não pára de tocar e a equipe vai anotando as perguntas e os nomes dos ouvintes, agora participantes.

Após cerca de 30 minutos respondendo às perguntas pré-elaboradas, começam as perguntas do público. Coisa mais deliciosa, democrática mesmo. Querem saber sobre "encosto" e "conclusões a que chegou o autor do estudo de revisão sobre imposição de mãos". Agradecimentos às explicações sobre hipertensão. Pedidos de orientação... Mil perguntas se formam, oriundas de ouvintes das diversas classes sociais, que se enchem de coragem e aproveitam o quase anonimato que o telefone lhes confere para interagir. As dezenas de perguntas vão sendo respondidas ou comentadas, céleres, com algum tempo para respirar, enquanto os locutores divulgam os endereços das casas espíritas.

Terminado o programa, vem algum cansaço. É uma espécie de maratona. Uma hora respondendo perguntas, pensando rápido e conversando sobre o Espiritismo com a população divinopolitana.

Apesar das limitações do entrevistado, belíssima tarefa. O Espiritismo em ondas hertzianas, alcançando quem se dispõe a ouvir e perguntar. Deus conserve esta equipe engajada no trabalho do bem.

11.9.07

Ciclo de Estudos sobre Passe na AECX




O recém criado Núcleo de Estudos Doutrinários, coordenado por Marcos Aurélio Machado, promove a partir do dia 21 de setembro um Ciclo de Estudos sobre Passes. Atendendo à demandas de dirigentes da casa, o ciclo de estudos visa preparar novos trabalhadores para o serviço de passe e discutir o assunto com profundidade, atendendo ao interesse de trabalhadores que desejam novos conhecimentos sobre o assunto.
As reuniões de estudo serão feitas na sala 7 da sede da Associação Espírita Célia Xavier, das 19:00 às 20:15 horas, a partir de 21 de setembro.
As inscrições estão abertas na secretaria da AECX, podendo ser feitas pelo telefone 3467-7181.




6.9.07

Desencarna Martins Peralva


Foi sepultado às 14:00 horas do dia 05 de setembro de 2007, no cemitério Parque da Colina, o escritor espírita José Martins Peralva.

Muitas foram as vezes em que vi Peralva representando a União Espírita Mineira em eventos espíritas, mas algumas vezes, na intimidade, encontrava-o no consultório de meu pai, sempre gentil, sempre presenteando-o com trabalhos e livros, especialmente os então recém-publicados por Chico Xavier.

Ainda esta semana tive em mãos um trabalho autografado por ele, dado a papai após um evento no estado do Rio de Janeiro.

Os feitos, cargos e realizações, o leitor deste blog poderá acessar clicando o título, que o remeterá a uma biografia publicada pela União Espírita Mineira, com base em informações fornecidas por um de seus filhos, Basílio Peralva.

O que não se lê, foi a política de apoio à mediunidade e à pessoa de Chico Xavier, da qual União Espírita Mineira sempre foi defensora e que teve Martins Peralva como seu articulador.

Em nossa casa, a Associação Espírita Célia Xavier, Peralva escreveu o livro Estudando a Mediunidade, publicada pela Federação Espírita Brasileira, na qual comenta e explica em linguagem direta e simples o conteúdo do livro "Nos Domínios da Mediunidade", de André Luiz.

2.9.07

Assista o Trailer do Filme de Bezerra de Menezes


Glauber Filho dirigiu um longa metragem sobre Bezerra de Menezes. Clique no título ou no link http://br.youtube.com/watch?v=NIsmtkniZx4 e assista o trailer no YouTube.
Orientado por Luciano Klein Filho, o filme promete. Leia um pouco sobre o projeto e o elenco no link http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/.

1.9.07

Revista Espírita


O Conselho Espírita Internacional tem publicado a Revista Espírita, criada originalmente por Kardec para divulgação do Espiritismo e que teve o nome obtido na justiça francesa após ter sido abandonado por Renaïtre 2000 por membros do movimento francês que desejavam uma maior interlocução com a Comunidade Acadêmica.

O Conselho Espírita Internacional resolveu publicá-la em espanhol, língua que tem um grande número de adeptos e simpatizantes do Espiritismo espalhados pelo mundo mas com pouca literatura disponível.

O número 13 apresenta, entre outras matérias, uma entrevista com Décio Iandoli Jr., professor titular da cátedra de Fisiologia da Universidade Santa Cecília. Uma das idéias que ele desenvolve em seu trabalho é a de que "por crer-se capaz de curar, ainda que inconscientemente, o médico acaba assumindo uma posição de superioridade com relação ao paciente, alimenta um sentimento de onipotência que se transmite de geração em geração nas escolas médicas. ... O médico que se despoja do peso da onipotência de portador do dom de curar, tira dos ombros um fardo que nunca foi capaz de carregar: a responsabilidade pelo outro. Ele se converte em irmão, companheiro, que auxilia, orienta e conforta."

Richard Simonetti discute a posição de Jesus frente à humanidade e se mostra contrário à idéia de evolução em "linha reta", que se entendida como uma evolução sem erros, situaria este espírito em uma posição semelhante às dos anjos católicos.

Ainda neste número, resgata-se uma evocação de Kardec a um chefe taitiano, já desencarnado, que foi condecorado pelo governo francês. Apesar de médium intuitivo, ele redigiu corretamente dados que desconhecia, como o agraciamento deste chefe com a comenda da Legião de Honra.

Enrique Baldovino escreveu um trabalho sobre a tradução de "Telêmaco", escrito por Fénelon, pelo professor Rivail para o francês, seu significado e implicações futuras para a codificação.

Com desenhos cuidadosos e coloridos, a revista apresenta trechos do livro "Pai Nosso", de Meimei, psicografado por Chico Xavier e publicado no Paraguai com o título "Padre Nuestro".

Uma narrativa de pressentimentos de morte, explicada pelos espíritos a Amália Domingo Soler, um trabalho de Grisot sobre a inteligência animal e uma breve dissertação sobre como o Espiritismo pode melhorar a vida das pessoas, escrita por Divaldo Franco, concluem este número.

A assinatura anual da Revista pode ser feita por módicos 20 reais nas terras brasileiras. Maiores informações podem ser obtidas no link inserido no título desta postagem.



26.8.07

O ESPIRITISMO NOS ESTADOS UNIDOS III

EC: Quais são as diferenças entre o movimento espírita brasileiro e o Norte Americano?

Antônio: Não vejo muita diferença entre o movimento espírita brasileiro e o Norte Americano, até mesmo porque o movimento espírita aqui é formado em sua vasta maioria por grupos que foram fundados e são dirigidos por brasileiros. Enfrentamos aqui os mesmos problemas que enfrentam os grupos espíritas no Brasil. Uma coisa que é um tanto quanto complicada aqui é a participação em caráter mais constante e permanente das pessoas que vão aos centros espíritas. Isto acontece em decorrência do rítimo de vida aqui ser muito agitado. As pessoas trabalham em horários não tão compatíveis com os horários em que funcionam os centros espíritas. Isto dificulta em muito a rotina de trabalho dos centros e o nível de frequência torna-se muito inconstante.

EC: Que problemas vocês têm enfrentado na cidade de Nova York para praticar o Espiritismo?
Antônio: Nova Iorque é uma cidade cosmopolita e para cá vem gente de todos os cantos do mundo. A questão de liberdade de crença aqui é uma coisa levada muito a sério pelo americano. Assim, isto contribui em muito para facilitar o exercício e a prática de qualquer filosfia, religião, seita ou culto, desde que se cumpra com as formalidades exigidas pelas leis locais. Neste particular não se enfrenta mesmo qualquer tipo de ingerência, imposição ou dificuldade. Eu diria que uma dificuldade significante que se encontra aqui é a da questão material, ou seja, tem-se um custo alto para se manter uma sede em funcionamento. Cito como referência o Spiritist Group of New York que já está em atividade desde 2001 e todas as suas atividades são realizadas em salas alugadas por hora. Isto limita e dificulta um pouco o trabalho do grupo, pois a rotatividade dessas salas é grande, em que um grupo se reúne após outro, e as salas tem que serem desocupadas imediatamente.

Figura 1: Centro Libertad del Espiritismo em NY, década de 30 (?).



EC: De uma forma geral, dê aos nossos leitores algumas informações sobre o movimento espírita nos Estados Unidos.
Antônio: De uma maneira geral, o espiritismo ainda é muito pouco conhecido pelo grande público americano. Alguns poucos grupos iniciaram um trabalho pioneiro de disseminação do Espiritismo aqui em Nova Iorque e em outras localidades, antes da aparição de centros espíritas fundados por brasileiros. Esses grupos, em sua maioria formados por espíritas de origem hispano-americana [portoriquenhos, cubanos, etc.] foram em realidade os grandes pioneiros nesta nobre tarefa. Faço referência aqui, mais uma vez, à Spiritist Society of Florida, dirigida pela amiga e confrade Yvonne Limoges. Em verdade, as origens desta casa espírita está ligada ao El Centro Libertad del Espiritismo o qual foi fundado em 1933, pelo casal Luis Perez e senhora Pilar Perez, imigrantes espíritas portoriquenhos que vieram para a cidade de Nova Iorque em 1930.

Foto 2: Membros da Sociedad Libertad del Espiritismo

Edgar Crespo, pai de Yvonne Limoges e que fundou com ela a SSF, participou das atividades daquela casa espírita desde a infância, vindo posteriormente a se transformar num dos médiuns atuantes do centro. Da mesma forma a Yvonne Limoges, nasceu e cresceu em ambiente espirita. Esta casa espírita que tinha por volta de 45 membros participantes ativos, era tão bem estruturada que chegou a adquirir uma sede, um prédio de três andares, e anualmente, durante o verão, promoviam um desfile no centro de Manhattan pela Avenida Madison [Fotos e relato histório em inglês através deste link - A Spiritist Center in New York City]. Alguns dos descendentes desses pioneiros desbravadores, participam hoje de centros espíritas dirigidos pelos irmãos hispano-americanos localizados em New Jersey, Florida e outras localidades. Assim se iniciou a disseminação do Espiritismo por essas plagas.
Foto 3: Desfile na Madison Avenue.




Posteriormente, começaram a aparecer os centros espíritas fundados por brasileiros, os quais hoje proliferam por quase todos os estados da federação americana. Conforme podemos verificar na interessantíssima biografia de Marcel Souto Maior - As Vidas de Chico Xavier, o início de tudo foi impulsionado pela visita que Chico Xavier fez aos Estados Unidos em 1965, oportunidade em que, entre outras coisas, foi feita a tradução da sua obra Ideal Espírita, cujo título em inglês ficou como The World of the Spirits, atualmente inteiramente disponível na página do SGNY. A iniciativa seguinte tomada pelo Chico Xavier e sua comitiva de acompanhantes, Waldo Vieira, Maria Aparecida Pimentel e Ireneu Alves, foi a fundação do Christian Spirit Center, cuja presidência ficou a cargo de Salim Salomão Haddad. Inicialmente a sede deste centro foi a residência do casal Salim Salomão Haddad e sua esposa, a senhora Phyllis, os anfitriões do Chico e comitiva na cidade de Washington. O casal tinha conhecido Chixo Xavier em Pedro Leopoldo, em 1956. É interessante notar que Sallim Salomão Haddad era poliglota e fez a tradução de algumas obras espíritas para o inglês. Dentre elas destacamos a mencionada acima, bem como a primeira tradução da primeira obra da série André Luiz - Nosso Lar [The Astral City], da qual existem hoje, se não me falha a memória, quatro traduções. Não tenho visto ultimamente este centro espírita nas listas existentes na internet, bem como não tenho conhecimento se ele ainda está em funcionamento e se a senhora Phyllis estaria ainda entre nós. Não tive o prazer de conhecê-la pessoalmente, mas guardo com carinho uma carta que ela me escreveu em 14 de março de 2000, carinhosamente dando-nos permissão para colocarmos a referida tradução acima na homepage do GEAE, que até hoje lá permanece. Nessa ocasião o Christian Spirit Center era sediado na cidade de Elon College, no Estado da Carolina do Norte. Segundo tenho ouvido em ocasiões diversas, não muito tempo após a visita inicial do Chico Xavier e comitiva, começaram as visitas desse que é mesmo o maior de todos os desbravadores espíritas - Divaldo Pereira Franco, que tem mantido ao longo dos anos um calendário incrível de viagens pelo mundo afora, disseminando a boa nova do espiritismo como o mais arrojado dos bandeirantes. Tenho também ouvido várias vezes que o confrade e professor John Zerio, um dos fundadores e diretor da AKES - Allan Kardec Educational Society, foi o suporte maior do Divaldo nessas suas visitas iniciais a várias localidades de diferentes estados aqui nos Estados Unidos, o que possibilitou a organização de vários grupos espíritas. A partir de então outros grupos espíritas fundados por brasileiros começaram a aparecer e novos grupos continuam a serem fundados. Com o crescimento do movimento espírita a nível internacional, sob a liderança do CEI - Conselho Espírita Internacional, criou-se também aqui nos Estados Unidos o USSC - United States Spiritist Council.


Foto 4: Membros da Spiritist Society of Florida


EC: O que aconteceu com os adeptos do "modern spiritualism"? Como é a convivência entre as sociedades espíritas, de base kardequiana e os espiritualistas?
Antônio: Não posso falar muito sobre o movimento organizado do Espiritualismo Moderno aqui, uma vez que não participando dele ativamente fica difícil entender a dinâmica do mesmo. O que posso dizer e conjecturar a respeito do assunto, tem mais uma visão sob o ponto de vista histórico que advém das leituras que habitualmente faço sobre o tema, o qual me fascina sobremaneira. A percepção que tenho é que a exagerada ênfase dada aos fenômenos físicos, especialmente a partir dos produzidos pelas irmãs Fox, em Hydesville, de uma certa forma, já de início transformou-se num obstáculo à convergência de esforços mais direcionados para a instituição de algo mais sólido que viesse efetivamente crescer harmoniosamente, fundado numa base capaz de resistir aos embates que viriam pela frente. Quando vejo a grandiosidade da literatura espiritualista, e aqui me refiro a obras de qualidade inquestionáveis, bem como o volumoso acervo de obras no campo da pesquisa psíquica, produzidas por cientistas de nomeada e pesquisadores das maiores universidades do mundo, não consigo entender como o movimento do Moderno Espiritualismo sequer foi capaz de construir uma doutrina de base sólida em torno desse interminável acúmulo de fenômenos oriundos da "invasão organizada" da espiritualidade, nas palavras mais sábias do grande escritor Arthur Conan Doyle. Ao contrário, estarrece-nos a constatação de que alguns de seus membros mais notáveis, gastaram parte substancial do seu precioso tempo, na tentativa de combater a doutrina nascente do Espiritismo, naquilo que ela tem de mais fundamental, ou seja, a reencarnação. Se o leitor se interessar por maiores informações neste particular, recomendo a leitura do Capítulo 16 [”Luzes e Sombras do Espiritualismo”] do excelente livro de Hermínio C. Miranda, cujo título é Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos. Cabe ainda ressaltar aqui, que até mesmo o maior e mais notável de todos os pioneiros dessa nova era, o profeta da Nova Revelação, Andrew Jackson Davis, que entre outras coisas previu o advento dos fenômenos que desencadeariam o surgimento do movimento do Moderno Espiritualismo, era nessa época visto com reservas pelos próprios espiritualistas, por causa das críticas que o nobre pioneiro fazia em relação a postura de excessiva ênfase e aferrado apego ao aspecto fenomênico das revelações, em prejuízo do lado filosófico e moral das mesmas. A única explicação que encontro no tocante a incapacidade por parte dos espiritualistas na construção de uma doutrina sólida a partir de toda aquela fenomenologia em curso, é que uma já estava sendo esboçada - a Doutrina Espírita, e a espiritualidade superior sabia e sabe que não precisamos de mais de uma. Em outras palavras, em time que está ganhando, não se mexe. Infelizmente, essa tendência de supervalorizar o fenômeno ainda reflete sobremaneira no meio do movimento do Espiritualismo Moderno por aqui, o que é fácil de se constatar pela forma com que a prática da mediunidade ainda é exercida. É uma profissão remunerada como qualquer outra. Não nos cabe aqui fazer julgamentos e muito menos descaracterizar os resultados benéficos que o exercício da mediunidade sadia pode trazer, mesmo nessas circunstâncias, mas convenhamos que a questão material é mesmo um entrave no exercício desta nobre faculdade que nos é dada gratuitamente e como tal deve ser devolvida aos nossos irmãos mais necessitados. Enfim, como diz o ditado popular, “o tempo é um grande remédio”. A reencarnação que não é invenção do espiritismo nem de religião alguma, muito ao contrário é uma lei natural como muitas outras, que alguns ainda resistem em aceitar a sua inexorabilidade, lenta e gradualmente cada vez mais conquista as mentes e os corações das pessoas pelo mundo afora, e o progresso espiritual que também é inexorável segue o seu curso. Assim, esperamos que os irmãos ligados ao movimento do Moderno Espiritualismo também percebam a necessidade de mudanças e se adequem a realidade dos tempos atuais corrigindo os equívocos perpetrados no caminho, para que o distanciamento entre o movimento e os que o mesmo pretende atingir, não se distancie cada vez mais. Em realidade, a convivência entre os movimentos espírita e espiritualista é quase inexistente, e eu entendo ser isto um fator de muita importância na grande convergência que todos esperamos acontença num futuro não tão distante, o que imaginamos ser este o grande desejo dos pioneiros de ambos os movimentos que nos assistem do plano espiritual, o que podemos perceber nas palavras proféticas do codificador, no fragmento da mensagem acima registrado. Foi com muita alegria e esperança que vimos a realização do evento ocorrido em julho de 2005 em Lily Dale, mencionado anteriormente, o qual reuniu pela primeira vez os dois movimentos. Aliás, foi para mim motivo de muita frustração não ter podido participar do mesmo, pelo fato de ter viajado para o Brasil um dia antes do acontecimento. Esperamos que muitos outros eventos aconteçam e o Espiritismo e o Moderno Espiritualismo venham mesmo se fundir nessa grande Filosofia natural que será adotada por todos nós num futuro não tão distante.
EC: Após o episódio das irmãs Fox, você é capaz de nos dar alguns dados históricos da trajetória do Espiritismo em Nova York?
Antônio: A não ser as igrejas espiritualistas das diferentes denominações que se vê por aí, pouco ou quase nada se ouve a respeito do movimento do Moderno Espiritualismo por aqui. Ao conversar com as pessoas em geral, nota-se que o movimento do Espiritualismo Moderno é muito pouco conhecido por aqui. Isto foi algo que nos surpreendeu. Afinal de contas, foi no Estado de Nova Iorque que surgiu a mola propulsora e o ponto de partida, através do episódio das Irmãs Fox, para a instituição e organização do movimento do Espiritualismo Moderno. Além disso e com maior justeza ainda, temos o fato de que há poucas milhas de Nova Iorque, mais precisamente na cidade de Poughkeepsie, viveu por muitos anos aquele que é considerado um verdadeiro apóstolo no âmbito dessa nova era de revelações espirituais em benefício do progresso da humanidade, tanto pelas obras que deixou como pelo exemplo de vida que foi. Isto sem falar obviamente dos grandes pioneiros que aqui viveram e deixaram trabalhos monumentais nesta seara, como é o caso do ilustre Juiz John W. Edmonds com sua famosa obra Spiritualism e o grande cientista Robert Hare com o seu Experimental Investigation of the Spirit Manifestations. Por essas e outras razões, é natural que a gente espere que o movimento fosse muito mais visível através de eventos maiores e da mídia em geral, como acontece com o Espiritismo no Brasil, o qual há poucas décadas atrás ainda era caso de polícia. Felizmente, temos a internet que propicia a todos nós uma gama enorme de material de estudo facilmente acessível nesta área. A grande maioria das obras que formam o acervo da literatura espiritualista clássica e de boa qualidade, está hoje disponível na internet. Obras novas e de boa qualidade também surgem de vez em quando, o que mantém acesa a chama do desejo do conhecimento por parte daqueles que se interessam pelo estudo dessas questões. No caso específico do episódio das irmãs Fox, mencionamos aqui uma obra bem recente de autoria de Barbara Weisberg, Talking to the Dead [Conversando com os Mortos]. Sob o ponto de vista histórico eu recomendo que o leitor interessado visite na internet as páginas de ambas as organizações que representam o Movimento do Moderno Espiritualismo, aqui nos Estados Unidos e no Reino Unido. Ai encontrarão todas as informações sobre este extraordinário movimento, desde o seu nascimento e posterior desenvolvimento, bem como relatos do sacrifício de muitos pioneiros que tanto nos legaram. São elas: National Spiritualist Association of Churches of the United States and The Spiritualists' National Union.

EC: Quantos centros espíritas você estima existirem na Big Apple?
Antônio: Bem, aqui na cidade de Nova Iorque (a Big Apple) especificamente temos apenas 3 centros espíritas no momento. São eles o Allan Kardec Doctrinal Society; o Allan Kardec Spiritist Center; e o Spiritist Group of New York. Havia um quarto, o Centro de Estudos Espíritas Boa Nova, o qual funcionou por muitos anos e com um trabalho maravilhoso, sob a liderança da Katy Meire, mas saindo um pouco para uma área de maior abrangência, conhecida aqui como tri-state region [que engloba partes dos estados de Nova Iorque, New Jersey e Connecticut], aí o número cresce para mais ou menos uns quinze. Não é um número tão pequeno, pois quando cheguei aqui, há treze anos atrás, havia mais ou menos uns cinco apenas.

EC: De que forma os espíritas brasileiros podem auxiliar os trabalhos dos espíritas novaiorquinos?
Antônio: Imagino que uma das formas seja através deste contato via internet, o que possibilita um permanente entrelaçamento e troca de informações. Eu costumo chamar o "milagre da internet", pois as possibilidades neste novo mundo globalizado são mesmo inesgotáveis. A propósito, saliente-se que graças a ela, a internet, o espiritismo está se propagando pelo mundo com muito mais rapidez do que podíamos ao menos imaginar há pouco tempo atrás. Os grupos espíritas espalhados pelo mundo afora devem mesmo utilizar esta ferramenta maravilhosa e, na medida do possível, procurar se comunicar e trocar informações e experiências com grupos de outras localiddes. Isto é muito salutar e ajuda muitíssimo o grupo em seu propósito de disseminar o espiritsmo em bases harmônicas e sólidas. E, como sabemos, os amigos no Brasil tem muito a nos dar, pois o movimento espírita aí se encontra muito mais bem estruturado e já com muito mais experiência adquirida.

11.8.07

O Véu e a República Francesa


A França votou uma lei que proíbe o uso de sinais religiosos ostensivos nas escolas e nos espaços públicos. O véu islâmico (na verdade, toda uma coleção de peças, que vão de um lenço claro à Burka, cobrindo os cabelos e às vezes o rosto) foi o principal afetado pela lei. No biênio que se seguiu à lei 44 jovens foram expulsas da escola por não aceitarem assistir às aulas sem véu.
(Foto 1: Véu islâmico colorido, preferência das afegãs. Fonte: Site da BBC Brasil)

A discussão do véu é imensa, muito maior que o pequeno espaço disponível neste blog. Alguns pontos parecem claros: uma coisa é a proibição de sinais religiosos em prédios públicos, outra coisa é a proibição das pessoas portarem ou exibirem em seus corpos sinais religiosos.

O princípio de laicidade do estado existe para que cidadãos, não importa a religião ou o credo político, possam ser tratados igualmente pelo estado, perante a lei. Quando se exige do cidadão que oculte suas convicções religiosas ou políticas, quando se entende que um véu, ou uma cruz, que sinalizariam aos demais sua identidade religiosa, não pode ser tolerado em um espaço público, é porque o Estado não conseguiu disseminar uma cultura ou mentalidade da tolerância e da diversidade. Qualquer sinal cheira a proselitismo aos olhos das autoridades...

(Foto 2: Foto do Filme Paris Je T'Aime, do site Cinco Dias)

No pouco que li, nas diferentes culturas islâmicas, os véus podem ter sentidos e significados muito diferentes, extremos até. Um véu pode ser um toque de sensualidade, pode significar proteção, pode ser um costume religioso familiar, pode ser inclusive opressão, se quem o utiliza é obrigado a fazê-lo. O Estado Francês se considera salvador das oprimidas e da laicidade, esquecendo-se das demais mulheres e jovens que usam o véu como opção religiosa, que não se sentem oprimidas pelo islamismo e sim pelo Estado Francês. Ao contrário do que se poderia esperar do Estado, ele não assegura a liberdade de crença e de expressão, mas uniformiza os indivíduos e tenta resolver diferenças políticas e sociais na esfera religiosa. Pior: o Estado estabelece qual é o significado real (perdoem-me a duplicidade de sentidos desta palavra) de um símbolo religioso, despindo-o da polissemia. Ele diz, através de lei, como deve ser interpretado um símbolo...

Pelo visto, o muçulmano tem que abrir mão dos costumes muçulmanos para ser cidadão francês, ainda que o direito lhe assegure a suposta cidadania. Pelo visto, o francês de primeira categoria usa boina ou não usa nada. Quem cobre a cabeça com outra coisa, se for francês, é de segunda ou terceira...

O que isto tem a ver com o Espiritismo? Se é verdade que uma lei contra sinais exteriores não nos atingiria, a intolerância religiosa fere a todos, especialmente se patrocinada pelo Estado. Este estado de espírito não é visível, como uma lei ou um véu, age de forma subterrânea e fere a cidadania pelas costas. Os espíritas europeus enfrentaram (e ainda hoje se enfrenta) muitas formas ocultas de desrespeito e até de perseguição.

Estamos no século XXI e ainda não está clara a diferença entre o público e o privado, o Estado e a Religião. Jerusalém continua sendo um espaço de conflito entre diferentes crenças, mais políticas que religiosas.

4.8.07

O Estado Deve Regular as Religiões?

O jornal Estado de Minas, o jornal O Globo, o Angola Press, o jornal O Povo, baseados na Agência Nova China (infelizmente não encontrei a nota no site brasileiro desta agência), noticiam que as reencarnações dos Budas Tibetanos, para serem válidas, devem ser aprovadas pelo "Gabinete de Assuntos Religiosos do Governo Chinês".

Eles noticiam também que o último lama identificado pelo Dalai Lama, em 1995, o Panchen Lama, foi recusado pelas autoridades de Pequim, retirado da sua casa por autoridades e nunca mais foi visto.



Foto 1: Tibetanos exilados em Nova Délhi fazem vigília pela libertação do Panchen Lama (Fonte: O Povo)


Como pode um estado que se considera materialista histórico criar uma agência e atribuir-lhe a capacidade de identificar reencarnações de Lamas já desencarnados? Não é preciso ser muito perspicaz para entender que se trata de um uso político da religião, e que a ação desta agência tem fins manipuladores. Seria uma criança identificada como um Lama Reencarnado uma ameaça à potência Chinesa? Seria o budismo tibetano um poder capaz de desestabilizar um governo que tem sob suas ordens um poderio bélico de primeira ordem?

A perseguição às religiões ainda não terminou no século XXI.