As Universidades têm se interessado pelo Espiritismo em diversos aspectos. Uma das abordagens mais produtivas tem sido a antropológica. Contam-se às dezenas os livros e teses escritas sobre o movimento espírita no Brasil e na França.
Um dos trabalhos mais comentados, agraciado com o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa de 1995 foi a tese, depois publicada como livro com o seguinte título: "O Cuidado dos Mortos: Uma História da Condenação e Legitimação do Espiritismo." Foi escrita pelo professor Emerson Giumbelli, hoje na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fui presenteado pelo Milton Piedade, a quem agradeço de coração, e depois tive contato pessoal com o autor na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.
O livro é muito rico para ser apresentado por uma publicação de "blog". Giumbelli fez um estudo histórico e etnográfico buscando compreender a delimitação de fronteiras e identidades entre o Espiritismo, tendo por objeto a Federação Espírita Brasileira, no período entre 1890 e 1950, no Rio de Janeiro, e o conflito com outras instituições, como a policial, a jurídica e a medicina.
Deixo o leitor com o parágrafo de justificativa do autor:
"A impressão a que se chega depois de uma incursão pela literatura antropológica, sociológica e historiográfica dedicada ao Espiritismo é a de sua insuficiência diante de sua importância cultural, social e histórica do assunto em questão. Estatísticas oficiais e outras estimativas apontam a existência de 2 a 4 milhões de adeptos espíritas no Brasil, reunidos em torno de milhares de centros de culto, sem contabilizar os outros milhões de pessoas que, mesmo não se identificando como tal, frequentam suas práticas. Sabe-se também do grande número de iniciativas e instituições filantrópicas organizadas e conduzidas por espíritas, cujos benefícios, ainda pouco avaliados, atingem um contingente significativo de pessoas. Conhece-se o extraordinário volume de publicações espíritas - desde periódicos até as mais diversas obras doutrinárias - que inundam mesmo as mais desconhecidas livrarias e o imenso prestígio e carisma que detém personagens como o "médium" mineiro Chico Xavier, cuja fama ultrapassa as fronteiras nacionais." (GIUMBELLI, Emerson. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1977. 326 p.)
Opa! Esse me interessa!
ResponderExcluirJáder, qual o caminho pra se conseguir este livro?
Abraços.
Papa.
Papa,
ResponderExcluirO melhor é escrever para o Arquivo Nacional: Rua Azeredo Coutinho 77. 20.230-170
Rio de Janeiro - RJ
O ISBN do livro é 85-7009-022-6
Um abraço
Jáder
Olá,desculpa se o tema do meu comentário fugir do tema do post: eu sou formada em Ciências Sociais e na faculdade tive um certo conflito com a antropologia, devido ao relativismo cultural. Será que as características da antropologia de hoje, como a relativismo cultural,se chocam com a doutrina espírita ou não ? Desde já,agradeço pela resposta.
ResponderExcluirKatlyn,
ResponderExcluirSe por relativismo cultural entendermos que há sociedades com diferentes valores, e que elas devem ser compreendidas e respeitadas pelas demais, acho que não há conflitos com o espiritismo, que entende que se deve respeitar as crenças sinceras.
Se for uma oposição à hierarquia de valores, ao que entendo, o espiritismo valoriza determinados princípios morais, e os entende como superiores a outros. Citando um exemplo extremo, o nazismo, no que se refere à superioridade da raça ariana às demais e à implementação de uma política de "solução final" para as populações judaicas, é claramente contrário a qualquer dos princípios dos direitos humanos.
Se for uma visão extrema de relativismo, em que tudo é válido em determinada circunstância, que não se pode criticar os valores de outras culturas e religiões, mesmo conhecendo bem o sofrimento que elas geram nas pessoas, as assimetrias sociais entre outros problemas, penso que o espiritismo é contrário.