10.8.09

A GÊNESE EM PORTUGUÊS ANTES DA FEB

Tive em mãos um exemplar raro de uma tradução praticamente perdida de “A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. Foi publicado em 1882 pela famosa livraria Garnier, do Rio de Janeiro, então capital do “Império do Brazil”.

O livro traz informações importantes para o entendimento da História do Espiritismo Brasileiro



UM POUCO DE HISTÓRIA

Canuto Abreu, em seu livro “Bezerra de Menezes”, situa o Grupo Confucius como a primeira instituição espírita do Brasil, criada em 1873 com a finalidade “dirigir o Espiritismo e orientar a propaganda”. Ele perdurou por menos de três anos, e nele se fez a primeira tradução de “O Livro dos Espíritos”, atribuída a Joaquim Carlos Travassos. Nele o espírito Ismael defendeu como diretriz para o Espiritismo Brasileiro a frase “Deus, Cristo e Caridade”.

Do processo dissolução do Confucius surgiram inúmeros grupos de estudo nos lares de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o que fez surgir, em 26 de abil de 1876, a “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”, da qual um dos dirigentes ainda conhecido nos nossos dias foi Bittencourt Sampaio.

Houve discórdia dentro da Sociedade, associada às diferenças entre os alcunhados “místicos” e os “científicos”. Os primeiros fundaram em março de 1880 a Sociedade Espírita Fraternidade e os outros fundaram a “Sociedade Acadêmica Deus Cristo e Caridade” em 3 de outubro de 1879.



A TRADUÇÃO DE A GÊNESE

A Gênese que tenho em mãos é fruto de uma decisão do Centro, como se lê impresso, em agosto de 1881. Não sei dizer se a Sociedade Acadêmica atribuiu-se esta função ou se já existia uma tentativa de integração dos grupos existentes. Consta que foi traduzida em 1882 da oitava edição francesa.

Os editores fizeram informar no verso da capa que a Sociedade Acadêmica adotava cinco livros de Allan Kardec para seus estudos. São eles, com as respectivas classificações: O Livro dos Espíritos (parte filosófica), O livro dos Médiuns (parte experimental), O Evangelho Segundo o Espiritismo (parte moral), O Céu e o Inferno (parte doutrinária) e A Gênese (parte científica).

Os livros eram estudados em francês e suas traduções só eram aprovadas depois de cotejadas com o original. A tradução que tenho em mãos foi aprovada pela Sociedade Acadêmica.

O PREFÁCIO

A Sociedade faz escrever um prefácio ao livro de Kardec que cognominam “o colecionador” e, como os franceses, “o Mestre”.

Eles afirmam que alguns dos participantes da Sociedade queriam fazer modificações no livro, pela influência da obra de Roustaing, mas eles foram contrários:

“...publicamos a presente tradução da Gênese, sem a mínima alteração, e mesmo sem anotações; não concordamos que fosse aumentada, ou alterada...”

“A Sociedade Acadêmica julga que não lhe assiste, como a ninguém, o direito de alterar o plano e menos ainda as bases fundamentais, as teorias, a doutrina das obras publicadas pelo nosso Mestre...”

Alerta-se o leitor sobre a propaganda que se faz da Revista da Sociedade Acadêmica em substituição à da Revista de Paris (possivelmente a Revue Spirite), devido à facilidade de acesso para os leitores.





A DÚVIDA

Os acadêmicos publicaram uma página de homenagem à União Espírita Universal. Tratar-se-ia da União Espírita Francesa, proposta por P. G. Leymarie em assembléia futura (24/12/1882) que já estaria sendo debatida nos meios espíritas?

5 comentários:

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  2. DIA 10
    1888 – Nascimento de Faustino Monteiro Esponsel mais conhecido como ANDRÉ LUIZ, na Rua dos Araújos nº 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro (registro 14º 69)

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  3. Sérgio,

    Para defender esta tese, seu autor entende que teriam havido diversas mudanças na biografia de Esponsel na narrativa das histórias de André Luiz. Sua fonte é uma suposta revelação de Chico Xavier, que ninguém mais ouviu falar.

    Prefiro ficar com Emmanuel, que diz na apresentação de Nosso Lar que "embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção"

    Um abraço

    Jáder

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  4. Interessante essa explanação.
    Tenho essa mesma edição de 1882 na qual há escrito em caneta da época que a Comissão ofereçe este livro que tenho no meu acervo ao Sr. Joaquim Carlos Travassos...

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