Estamos estudando o livro
Devassando o Invisível, de Yvonne Pereira, em nossa reunião mediúnica e fizemos
uma espécie de estudo preparatório, sobre a vida da autora-médium. Pesquisa
aqui e ali, tivemos a satisfação de
encontrar uma autobiografia nas páginas do Reformador de janeiro e fevereiro de
1982.
Yvonne fez apenas o ensino
primário, que era equivalente à primeira metade do ensino fundamental dos dias
de hoje. Ela, contudo, nunca deixou de ler e escrever, o que fez com que muitos
de seus leitores perguntassem-lhe se era professora. Sempre me surpreendi
favoravelmente com os detalhes dos romances que ela psicografou, acho que já
tive a oportunidade de comentar anteriormente.
O capítulo 2 do “Devassando” é
sobre as roupas dos espíritos. Talvez Yvonne tenha sido questionada sobre suas
descrições detalhadas da aparência dos espíritos que percebia e aproveitasse a
oportunidade para discutir a questão.
A médium de Tolstoi começa argumentando
em Allan Kardec, e faz uma análise detida de dois capítulos importantes das
obras dele: o capítulo 14 de A Gênese (que trata dos fluidos) e “O laboratório
do mundo invisível”, de O Livro dos Médiuns. Vê-se que ela se baseia na teoria
espírita para discutir a questão proposta. Depois Yvonne mostra seu
conhecimento dos clássicos, citando Denis e Bozzano, com a finalidade não
apenas de mostrar a posição dos autores, mas de resgatar em outras fontes
descrições detalhadas das roupas dos espíritos percebidas por médiuns outros, que
não ela, e distantes do seu meio de relações.
Observei que Yvonne não ficou
fazendo comparações de trechos isolados dos autores, mas construiu um texto
argumentativo que expõe claramente a literatura que dispunha em sua época.
Ao fim da leitura do capítulo do
livro, pudemos concluir que não há nada de estranho nos espíritos
apresentarem-se vestidos. As roupas são elementos identitários, possibilitam
que médiuns e outros espíritos sejam capazes de reconhecê-los, além de
expressarem sua psique, que funciona como instrumento de ação nos fluidos
espirituais e no períspirito. Como a autora tem um pé na literatura, ela
ilustra sua tese com a forte frase de Joana D’Arc, respondendo ao inquisidor
que lhe pergunta se São Miguel lhe aparecia desnudo: “Pensas que Deus não tenha
com que vesti-lo?”
O trabalho de Yvonne merece ser
lido e relido por nossa geração. Fui aos poucos identificando um capítulo que
tinha revisão teórica, problema de pesquisa, relatos de percepções mediúnicas
oriundas de médiuns diversos, argumentação e conclusão. Como se vê, não é a
escolaridade, isoladamente, que ensina as pessoas a pensar.
Ainda em tempo, a Federação
Espírita Brasileira publicou um livro com o título “À Luz do Consolador”, no
qual agrupou muitas das publicações de Yvonne na revista Reformador ao longo
dos anos. Ele não pode passar despercebido a quem se interessa pelo estudo do
espiritismo.
Pois é, Jader. Yvonne realizou algo próximo de un trabalho acadêmico, o que deve inspirar os médiuns atuais. A autobiografia a que você se refere também se encontra, transcrita, no livro "À luz do consolador'. Curiosamente, também estou reestudando a obra, para um novo trabalho. Aquele abraço! Pedro Camilo
ResponderExcluirAmigo Jáder, muito interessante o seu texto.
ResponderExcluirPor acaso, ontem mesmo conversando com uma moça, desencarnada há apenas algumas décadas, ela comentou sobre capas de revistas espíritas nas bancas de jornal, com nuvens, roupas dos espíritos todos de branco. Disse-me que achou isto tudo muito engraçado e que não tem nada a ver com a realidade. A maioria se veste como gosta, nem necessariamente da última encarnação.
Nos últimos anos, em variadas ocasiões por intermédio de médiuns amigos, conversando com "espíritos amigos" que trabalham em um mesmo lugar (eles chamam de vila), pode ser mesmo um pequeno agrupamento humano com trabalhos de resgate etc. Bem, o que nos interessa aqui, em muitas ocasiões os amigos espirituais contaram do estranhamento e até das brincadeiras de uns com os outros pelas variadas vestimentas e maneira de se apresentar.
Em uma ocasião, comentaram sobre professores de origem francesa, provavelmente apresentando-se com costumes e vestimentos do século 18, com perucas, e como antigos escravos, na ocasião seus alunos em cursos de alfabetização se divertiam e riam das suas roupas. Até que eles desistiram pelo menos de usarem as perucas, costumes provavelmente muito arraigado.
Algumas vezes também se referiam a alguém que deve ser um dos coordenadores dos trabalhos da Vila como "o homem de saia", o qual deve se apresentar com aparência do primeiro milênio, ou da época grego-romana e mantinha este costume.
Teria muitos causos para comentar sobre isto.
E realmente é interessante esta convivência entre pessoas desencarnadas de formação cultural, histórica, muito diferente. Além do que lembramos que há muito mais semelhança entre os mundos de cá e de lá do que se imagina...
Grande abraço
Mauricio
Pedro,
ResponderExcluirSeus trabalhos sobre a Yvonne são sempre instigantes. Já estou curioso.
Grande abraço
Jáder
Jáder, convido-o a ler 3 artigos que escrevi sobre Chopin motivados pelos relatos de Yvonne sobre este adorável Espírito na Erraticidade: http://veredasespiritas.wordpress.com/2009/04/30/a-dupla-imortalidade-de-frederico-chopin-1ª-parte
ResponderExcluirSempre defendi q temos o dever moral de manter Yvonne viva no meio espírita!
Abcs fraternos,
Maurício e Adilson. Ótimas contribuições! Divulguei este post no Grupo de Amigos de Yvonne Pereira, fundado pelo Pedro Camilo. Acho que seus comentários vão ser lidos por muita gente boa, identificada com a médium fluminense.
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