3.11.14

EM TAREFA




No último final de semana estive no GEAK, um núcleo pequeno incrustado em um bairro operário de Contagem. Foi uma grata emoção rever companheiros que conhecemos na COMEBH há três dezenas de anos na frente da gestão desta casa espírita.

Estou acostumado a fazer palestras em casas de porte médio e grande, às vezes em público com centenas de pessoas, mas não há nada mais grato à alma do que falar para um público menor, que acolhe e se interessa por cada palavra, cada história. Pude perceber que os presentes, independente de poder aquisitivo ou escolaridade, têm o espiritismo como uma joia rara, algo realmente importante para a vida. A relação familiar entre os presentes, o cuidado com as tarefas, a satisfação com cada realização da pequena casa são elementos tão importantes a um centro espírita que não podem ser substituídos pela ânsia de ampliação, pelos números.

Denis, Yvonne, Chico e outros personagens tão caros à história do espiritismo ressoavam nas almas ouvintes. Eu já estava ficando acostumado a ter que apresentá-los a um público iniciante que olha com estranheza e curiosidade, às vezes com indiferença. Este grupo, todavia, ouvia como quem recorda, e recorda com prazer. Os construtores do espiritismo que herdamos lhes eram familiares, e recebiam com alegria as poucas histórias que tive tempo de fazer lembrar.

No intervalo de trinta minutos entre as duas partes da palestra, não foi sem surpresa que recordamos juntos de outros trabalhadores comuns ligados a nós, do movimento mineiro. Manoel Alves, José Mário Sampaio (meu pai), Telma Núbia, Leão e Tiana, todos pareciam muito próximos em nossas memórias compartilhadas. A eles foi endereçado um sentimento de gratidão por terem sido professores, amigos, conselheiros, pessoas que dispuseram de tempo e afeto para com a geração que agora dirige e sustenta as casas espíritas. Eles não têm monumentos nem placas, mas sua memória continua viva nas almas com quem conviveram.

A palestra terminou e veio o passe. Recebi muito carinho e afeição da parte dos presentes, que partilhavam nosso entusiasmo com o texto de Léon Denis: potências da alma. Antes de sair não pude deixar de notar um jovem com dificuldade de locomoção, possivelmente por alguma doença degenerativa, que deixava a sala de passes rumo à saída. Certamente não estava lá em busca de cura, que os espíritas sérios não prometem, nem teria deixado nenhuma soma em dinheiro, porque o trabalho de passes é totalmente voluntário. Ele vestia uma camiseta branca, onde se lia impresso nas costas: “Fora da caridade não há salvação”.

2 comentários:

  1. Obrigada querido amigo.Fiquei muito emocionada ao ler suas palavras de carinho e reconhecimento.São pessoas como você que nos fortalece e nos ajuda em nossa caminhada aqui na Terra.Obrigada mais uma vez pelo seu carinho.Você sempre foi e será uma pessoa muito especial e esperamos que esteja conosco muitas e muitas vezes.Abraços

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  2. É uma alegria poder participar do seu blog querido amigo.Suas palavras de conforto e carinho,a oportunidade de ampliar nossos conhecimentos conhecer novas pessoas e divulgar a doutrina faz muito bem à nossa alma.Obrigada!!!

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