Manuscritos de Nag Hammadi
Com o passar do tempo e o desenrolar da história, a época em
que viveu Jesus vai ficando cada vez mais distante de nós, o que leva algumas
pessoas a questionarem se ele realmente viveu ou se não seria uma lenda, criada
com alguma finalidade de controle social.
Para o pensamento espírita, Jesus não apenas viveu como pode
ser considerado guia e modelo para os homens, como se lê em O Livro dos
Espíritos. Após discutir filosofia com os Espíritos e escrever sobre a prática
da mediunidade, divulgando sua experiência na França e no exterior, Allan
Kardec dedicou-se ao estudo e comentário dos evangelhos, dando um grande
destaque, inicialmente à questão moral, com a publicação de “O evangelho
segundo o espiritismo” e posteriormente sobre outras questões ligadas aos
evangelhos, como os milagres e as predições do Cristo, que se encontram
analisados em “A Gênese”. Kardec e os Espíritos entendem que os ensinamentos
cristãos são uma base importante para o desenvolvimento de uma ética para a
humanidade, mesmo havendo mudanças muito intensas na sociedade, nas formas e
relações de produção e na interação entre os homens.
Se considerarmos as evidências históricas e arqueológicas da
vida de Jesus de Nazaré, podemos observar o seguinte:
1.
Entre as evidências documentais da existência de
Jesus, temos, além dos evangelhos, as cartas de Paulo e as dezenas de escritos
dos cristãos dos primeiros séculos, que temos até os dias de hoje.
2.
Historiadores judeus como Flávio Josefo e
historiadores romanos como Plínio e Tácito, que não foram cristãos, escreveram
sobre Jesus.
3.
Não se questiona a existência de Jesus na
literatura antiga.
4.
Há diversas evidências arqueológicas como:
a.
os manuscritos do Mar Morto (descobertos em
1947, em uma localidade chamada Qmram, na Cisjordânia, que contém documentos
escritos entre o século II aC. ao ano 70 dC, contendo textos do antigo e do
novo testamentos, além de documentos apócrifos)
b.
os manuscritos de Nag Hammadi (descobertos no
Egito em 1945, possivelmente do século II, escritos em cóptico e contendo
textos gnósticos, que fazem referência a Jesus, embora sejam considerados
apócrifos)
c.
Os papiros de Oxirinco (descoberto no Egito,
contendo documentos que vão do século I ao VI, são uma espécie de biblioteca
que tem textos clássicos, manuscritos teológicos e apócrifos, além de
documentos do cristianismo primitivo).
O pensamento de Jesus é um dos pilares éticos da obra de
Allan Kardec, em função de sua ética da solidariedade e da sua consideração dos
seres humanos como pessoas, independente do lugar que ocupam na sociedade.
"O pensamento de Jesus é um dos pilares éticos da obra de Allan Kardec, em função de sua ética da solidariedade e da sua consideração dos seres humanos como pessoas, independente do lugar que ocupam na sociedade."
ResponderExcluireste trecho que você encerrou o seu texto ficou excelente, resumindo a base cristã e humanista, principalmente, com que Jesus sedimentou o espiritismo.
Obrigado, Maurício!
ResponderExcluirJáder, complementando.
ResponderExcluirDaria um bom estudo a prática e a forma de aceitação de Espiritismo pelos não-cristãos, melhor dizendo Não-Cristãos Espíritas.
Não só pelos não-cristãos de outras religiões ou culturas e que tenham simpatias religiosas pelo espiritismo, chamados espiritualistas, generalizando, mas realmente não-cristãos que se considerem espíritas, que renunciem ou não a suas religiões originárias - judaica, budistas, muçulmanos, hindus e outras mais.
Afinal, há muitas pessoas de outras religiões que aceitam a existência de Jesus, embora de outra forma dos cristãos, mas o consideram um exemplo de pessoa, um modelo também até, como os muçulmanos por exemplo.
O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, podem perfeitamente ser aceitos pelos não-cristãos espíritas. O Evangelho segundo o Espiritismo pode ser aceito como uma referência ético-moral.
Bem, isto dá o que pensar e o que refletir a respeito.
Um grande abraço
Maurício,
ResponderExcluirComo você sabe, esse era o desejo original de Allan Kardec. Ele menciona essa hipótese nos primeiros escritos sobre o espiritismo. Resta saber se ele abandonou essa diretriz, depois que seus livros foram queimados pelo bispo de Barcelona e incluídos no index prohibitorum.
A partir de 1863, Kardec diz que o espiritismo entraria em sua fase religiosa, e não é à toa que ele publicou a primeira edição de O evangelho segundo o espiritismo, alguns meses depois. Ele teria desistido do projeto de ter muçulmanos espíritas, ou hindus espíritas, ou budistas espíritas, além de cristãos espíritas? Não conheço nenhum texto dele a esse respeito.
Todavia, Kardec entendia que a ética cristã, talvez em sua feição mais simples, podia ser respeitada de forma universal. Foi uma antecipação do pensamento de Gandh, com quase cem anos de diferença? É possível aos princípios éticos cristãos serem compartilhados por outras crenças (como o perdão, a caridade, o amor aos inimigos?
Realmente, é uma boa questão a ser discutida.
Jáder