30.5.19

CURIOSIDADES: ALLAN KARDEC E MADAME JAPHET




Estive procurando informações sobre Celine Japhet, e esbarrei em uma curiosidade. Na revista "The spiritualist and journal of psychological science" de 13 de agosto de 1875, Alexander Aksakof publicou um texto escrito no castelo de Krotofka, na Rússia, em julho do mesmo ano.

O texto é bastante interessante para os estudiosos de Allan Kardec, e trata das acusações de Mme. Japhet a Kardec, tendo sido reproduzido depois no livro "Nineteenth Century Miracles", escrito pela espiritualista Emma Hardinge Britten.

Uma informação nova aos interessados na biografia de Kardec é dada pelo cientista Russo: que Rivail publicou "O livro dos espíritos" com os nomes que teve em suas duas reencarnações anteriores. 

Segundo Aksakof, o nome Allan foi informado por Madame Japhet e o nome Kardec pelo médium Roze. 

Outro dado curioso é que Rivail foi introduzido ao círculo de Mme. Japhet por Victorien Sardou, em 1856.

Outra curiosidade é que ela trabalhava como sonâmbula e era induzida ao transe empregando objetos "mesmerizados" pelo Sr. Roustan, um magnetizador que a acompanhou em Paris desde 1846, época em que ela se tornou sonâmbula profissional. 

Aksakof diz que Japhet alega ter psicografado três quartos de "O livro dos espíritos" e que um quarto se deve a Madame Boudin, médium de outro círculo. É curioso que ela chame Baudin de senhora, e que a identifique sem falar de sua irmã. No mesmo texto, Alexander apresenta a indignação de Madame Japhet, que desejava ter notoriedade a partir da publicação de O Livro dos Espíritos. Ele lamenta que ela tenha sido lembrada por Kardec apenas na última página do primeiro número da Revue Spirite.

Fui lá conferir, e encontrei uma versão um pouco diferente dos lamentos da médium para o pesquisador russo.

"Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho foram as senhoritas B..., cuja boa vontade jamais nos faltou. O livro foi quase todo escrito por seu intermédio e em presença de numeroso público que assistia às sessões, nas quais tinha o mais vivo interesse. Mais tarde os Espíritos recomendaram uma revisão completa em sessões particulares, tendo-se feito, então, todas as adições e correções julgadas necessárias. Essa parte essencial do trabalho foi feita com o concurso da Senhorita Japhet, a qual se prestou com a melhor boa vontade e o mais completo desinteresse a todas as exigências dos Espíritos, porque eram eles que marcavam dia e hora para suas lições. O desinteresse não seria aqui um mérito especial, desde que os Espíritos reprovam qualquer tráfico que se possa fazer da sua presença; a senhorita Japhet, que é também uma notável sonâmbula, tinha seu tempo utilmente empregado: mas compreendeu que lhe daria uma aplicação proveitosa ao se consagrar à propagação da doutrina." Allan Kardec, Revista Espírita, janeiro de 1858.

Na publicação da segunda edição de "O livro dos Espíritos", Kardec escreveu na Revista Espírita de março de 1860, que as mudanças anunciadas no artigo de janeiro de 1858 foram efetivamente realizadas na segunda edição do livro, o que mostra que, de fato, Japhet deu um grande concurso à revisão e ampliação de O livro dos espíritos, mas ela parece superestimar sua participação como médium.

9 comentários:

  1. https://www.facebook.com/notes/imagens-e-registros-hist%C3%B3ricos-do-espiritismo/srta-japhet-sr-roustan/434271260669995/

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  2. Carlos,

    Excelente trabalho de recuperação. Parabéns a todos os que trabalharam nele.

    Triste história a dessa sonâmbula...

    Jáder Sampaio

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  3. Ela era apenas humana, em uma época que as mulheres eram pouco valorizadas. É fácil criticá-la num momento em que já temos muito mais conhecimento (eu o fiz enquanto assistia este excelente filme - peço perdão por minha soberba)

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  4. Sim. Todos cometemos erros. Bom saber que almas generosas como você são capazes de entender e perdoar.

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  5. Fala-se que o nome Allan Kardec foi revelado ao Professor Rivail pelo espírito Zéfiro (Zephir), em reunião mediúnica na residência das irmãs Baudin, utilizando-se para isto a cesta com um lápis (roque). Na ocasião, o Professor tomou conhecimento de que Allan Kardec foi o nome dele em uma milenar reencarnação entre os druidas.
    Sabe-se que a primeira edição de O livro dos Espíritos continha pouco mais de 400 perguntas, e que na segunda edição passou a ter mais de 1000 perguntas, e que, a família Baudin saiu de Paris ainda no segundo semestre de 1857, o que, provavelmente, deixou a outra médium (sonâmbula profissional) sobrecarregada.
    Médiuns profissionais existem até nos dias de hoje. Enquanto a codificação do Espiritismo ainda não havia acontecido, quem fazia ideia de que isto seria utilizar erradamente este dom?
    Ao que parece, a Mademoiselle Ruth Celline Japhet colaborou gratuitamente sim no trabalho de Allan Kardec, mas, é possível que desejasse ter seu nome divulgado no livro para fazer um marketing pessoal.
    Fala-se que após o desencarne do Mestre de Lyon (1869), Jean Baptiste Roustaing em conluio ganancioso com Pierre Gaetan Leymarie destruíram a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, criada por Allan Kardec em janeiro de 1858. Sendo assim, não é de se estranhar que a médium Ruth Celline Japhet, com quem Roustaing operava profissionalmente a mediunidade há mais de dez anos, tivesse atitudes mais nobres.
    Fala-se que Chico Xavier foi reencarnação de Ruth Celine Japhet, a qual, teria desencarnado nos anos 1880. Considero pouco provável essa afirmação, pois, acho que um espírito não mudaria tanto sua maneira de ser, tendo menos de 30 anos apenas entre duas reencarnações.

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    1. Roustaing nunca trabalhou com a senhorita Celina Japhet, mas sim o sr. Roustan, seu mesmerizador.

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    2. Muito bem lembrado José Martins! Ela nunca trabalhou com com Roustaing, mas com Roustan! Quanto ao Chico ter sido a reencarnação da Srta Japhet, isso foi dito por ele mesmo a alguns amigos íntimos, notadamente ao Arnaldo Rocha (seu grande amigo), basta buscar entrevistas dele no YouTube etc!
      Essa questão tb já foi acolhida em 2 artigos da revista O Consolador: por Luciano dos Anjos em 2011 (no nr 204) e por Paulo da Silva Neto Sobrinho em 2020 (no nr 673).
      Daí ser fantasiosa a tese que alguns defendem de que Chico tenha sido reencarnação de Kardec, já que o próprio Chico refutou essa possibilidade!
      Quando ao nosso colega alegar ser improvável uma mudança tão grande em apenas 30a, cabe lembrar que o patrimônio de um espírito é o somatório de todas as suas existências pregressas e não apenas da anterior!
      Aliás, o próprio Chico revelou a abertamente amigos próximos ter tido apenas encarnações femininas até sua encarnação como Chico Xavier no inicio do século passado! Uma história fascinante!
      Graças a Deus por essa doutrina dos espíritos, que nos liberta da ignorância ancestral e das sombras das vaidades humanas!!! 🙏🏼

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  6. Roustaing nunca trabalhou com a senhorita Celina Japhet, mas sim o sr. Roustan, seu mesmerizador.

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  7. Certíssimo, Paulo Sérgio!

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