Capa de um dos livros publicados por Emma
Emma Bragdon, PhD, publicou um trabalho intitulado “Centros de Tratamento Espíritas no Brasil” no qual considera importante o modelo dos centros espíritas brasileiros para os Estados Unidos. Ela fez 13 viagens, entre 2001 e 2004, e foi a diversos lugares, incluindo a Federação Espírita do Estado de São Paulo - FEESP, a cidade de Palmelo e o Sanatório Eurípedes Barsanulfo.
A Dra. Emma reproduz os resultados apresentados por dirigentes espíritas, que não me parecem bem fundamentados, como o “auxílio de 90% de pessoas com depressão a voltar ao normal sem dependência de drogas”. A depressão é muito confundida com a tristeza, até mesmo no meio médico e psicológico e talvez tenha sido utilizada pelo dirigente de forma leiga, e não como transtorno de depressão maior - TDM, como a autora interpreta mais à frente no texto. Ela diz que 9,9 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem de TDM, sendo tratados com remédios, que têm efeitos colaterais.
Em suas observações, ela narra um caso de paciente diagnosticado com esquizofrenia, que foi acolhido no Sanatório Eurípedes Barsanulfo, passou por sessões de desobsessão, e foi acompanhado pelo médium curador Bortolo Damo (http://vaniaarantesdamo.blogspot.com.br/2016/03/bortolo-damo-meu-esposo-e-companheiro.html). O paciente melhorou, os médicos reduziram seus medicamentos ao mínimo e ele passou a fazer parte do grupo de curadores que atendem os outros pacientes no sanatório.
Este tipo de caso me parece bem típico dos centros espíritas em geral. Há uma tolerância generalizada com os portadores de transtornos mentais e a aceitação deles em algumas atividades, o que pode auxiliar muito no seu tratamento.
Tocou-me muito um comentário da Dra. Emma. Um médium com renome nacional, por exemplo, baseando-se no espiritualismo norte-americano adotou indevidamente práticas de remuneração associadas à mediunidade.
Emma, contudo, escreve em seu trabalho sobre o voluntariado nos centros espírita brasileiros:
“... Nós somos uma cultura materialista. A maioria das pessoas nos Estados Unidos acha razoável e certo cobrar por qualquer serviço prestado. O conceito dos espírita brasileiros, “o que foi dado gratuitamente por Deus deve ser doado gratuitamente para as pessoas” não está firme na nossa cultura. Os curadores espirituais , os médiuns de cura e os médiuns em geral normalmente cobram por seus serviços nos Estados Unidos. Logo, nosso materialismo obstrui nossa capacidade de incorporar este aspecto do espiritismo, apesar deste preceito desencorajar charlatães que têm ambições mercenárias.” (p. 71)
Esse é um estudo baseado em observação e entrevistas, diferente do que vimos publicando, mas traduz bem o interesse de uma cientista norte-americana sobre o que fazemos e traz um olhar diferente e valorizador de muitas das práticas de passes, estudos e assistência social realizadas atualmente nos centros espíritas brasileiros.
Bragdon, Emma. Spiritist healing centers in Brazil, Seminars in integrative medicine, v. 3, 2005. P. 67-74.
"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/
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