Após o estudo de Reiki (Rubik et
al, 2006) que resenhei há pouco, Lucchetti e colaboradores (2013) fizeram um
novo estudo com bactérias, com a participação de passistas da Federação
Espírita do Estado de São Paulo.
O estudo foi feito no Laboratório
de Ciências Médicas da Faculdade de Santa Casa de Misericórida de São Paulo,
que é referência para análises microbiológicas.
Método
Foram formados três grupos, o de
bactérias que seriam tratadas com passe espírita (voluntários da FEESP), o que
seria “tratada” apenas com imposição de mãos (feita por voluntários que não são
passistas) e o grupo controle de bactérias, sem imposição de mãos (LOH) nem
passes. Neste último grupo as bactérias cresceriam em seu ritmo natural (NO
LOH).
Foi feita aleatorização das
culturas de bactérias com programa de computador. O primeiro tubo foi submetido
a passe espírita, o segundo LOH e o terceiro foi o grupo controle (NO LOH).
Os passistas tinham cinco minutos
para preparar o ambiente do passe (prece e relaxamento). O passe e a imposição
de mãos foram feitos por dez minutos, a dez-quinze centímetros dos recipientes
que continham as culturas de bactérias.
As sessões foram feitas em três dias
consecutivos. Após a aplicação os participantes preenchiam escalas de bem-estar
(de zero a dez), de forma semelhante ao estudo de Rubik. A aplicação de passes
e de imposição de mãos foi feita com luzes apagadas, para facilitar a
concentração.
Um cuidado novo neste estudo foi
aplicar passes e imposição de mãos com duas finalidades: a de inibir o
crescimento das bactérias e a de promover o crescimento delas.
1. Sem
intenção: os voluntários assistiam a um vídeo de produção industrial do etanol
enquanto impunham suas mãos.
2. Com
intenção de inibir o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a
“matar as bactérias, porque elas eram perigosas aos seres humanos]” e assistiam
a um vídeo com cenas de natureza e música relaxante.
3. Com
intenção de promover o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a
“promover o crescimento das células” e assistiam ao mesmo vídeo anterior.
4. Com
impacto negativo: Os participantes assistiam a dez minutos do filme “O resgate
do soldado Ryan” com cenas de violência da segunda guerra mundial e eram
instruídos a impor as mãos sobre a cultura enquanto assistiam.
Resultados
Como houve desistências durante o
estudo, participaram onze passistas e dez voluntários para imposição de mãos.
Senti falta de uma tabela com os
valores do gráfico 1, mas é visível que o crescimento grupo controle de
colônias de bactérias teve resultados semelhantes nas diferentes comparações de
experimentos sem intenção, aumento, decréscimo e negativo. Isso significa que
há um ritmo com pouca variação do crescimento das bactérias nas condições
controladas ambientais dessa pesquisa e que as variações podem ser explicadas
pelos passes.
Ao contrário do trabalho de
Rubik, o aumento do ritmo do crescimento da colônia de bactérias não se
verificou. Os autores explicam que não conseguem ainda entender bem o resultado
(p. 631), mas especulam que o procedimento de indução dos passistas a “matar as
bactérias” que fazem mal aos organismos humanos, anterior ao incentivo para
fazê-las crescer, pode ter influenciado os resultados.
Outro resultado a ser
considerado, é que quando os passistas não tiveram intenção nenhuma, nem de
fazer crescer, nem de “matar”, o ritmo do crescimento das colônias foi igual ao
da imposição de mãos e ao do ritmo natural, sem tratamento. O leitor não
acostumado a interpretar este tipo de gráfico deve prestar atenção aos intervalos
de confiança, que são representados pelas linhas no extremo das colunas. Eles
significam que os valores da população original (no caso, o crescimento das
colônias deste tipo de bactérias em geral) têm 95% de probabilidade de estar
entre os limites superior e inferior representados. Se o limite superior ou
inferior do intervalo de confiança de uma coluna fica dentro da faixa de
valores das colunas vizinhas, pode-se concluir que a diferença obtida não é
suficiente para se dizer que é menor ou maior que a do seu vizinho. Quando as
faixas de valores são totalmente diferentes, há diferenças significativas, com
95% de probabilidade de acerto, entre os parâmetros das populações (em outras
palavras, há diferença entre os grupos).
Analisando os intervalos de
confiança dos tratamentos para o decréscimo do crescimento das colônias de
bactérias, dá para ver claramente que os passistas foram eficazes em inibir seu
crescimento. O mesmo padrão não é encontrado nas demais intenções.
Comentários
Como não houve o “choque térmico”
na colônia de bactérias feita por Rubik e colaboradores, este estudo não pode
ser considerado uma réplica do anterior.
Este estudo reforça a necessidade dos passistas no meio espírita se prepararem mental e emocionalmente para seu trabalho. Ele reforça a ideia de que os passes não são mera imposição de mãos, se considerarmos os estudos anteriores semelhantes.
Se a atitude mental do passista interfere no crescimento ou decréscimo das culturas, sugere-se novos estudos que avaliem também a atitude mental dos pacientes.
LUCCHETTI, G., OLIVEIRA, R. T., GONÇALVES, J. P. B., UEDA, S. M., MIMICA, L.M.J., LUCCHETTI, A. L. G. Effect of spiritist "passe" (spiritual healing) on growth of bacterial cultures, Complementary therapies in medicine, v. 21, p. 627-632, 2013.
LUCCHETTI, G., OLIVEIRA, R. T., GONÇALVES, J. P. B., UEDA, S. M., MIMICA, L.M.J., LUCCHETTI, A. L. G. Effect of spiritist "passe" (spiritual healing) on growth of bacterial cultures, Complementary therapies in medicine, v. 21, p. 627-632, 2013.
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