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8.12.08

4o. ENLIHPE (Continuação)

Foto1: Pedro Camilo fala de Yvonne Pereira
Na tarde do primeiro dia tivemos a grata surpresa de conhecer o trabalho de Pedro Camilo. Bem humorado, chegando de uma série de compromissos em São Paulo, Pedro apresentou de forma simples e bem embasada, episódios da vida da médium mineira (na verdade, fluminense, como se pode ver no comentário do próprio Pedro) que realçaram sua trajetória de dificuldades e dedicação à prática mediúnica. O expositor baiano é responsável por um trabalho de levantamento de diversos documentos e entrevistas que tratam de Yvonne, pouco conhecidos e divulgados no meio espírita.

Pedro é articulista de Universo Espírita e já publicou dois livros sobre a médium, através da editora Lachâtre:
- Yvonne Pereira: Uma Heroína Silenciosa
- Pelos Caminhos da Mediunidade Serena

Foto 2: Paulo Figueiredo fala de Claude Bernard

Paulo Figueiredo foi o próximo expositor. Ele tinha por proposta inicial apresentar um trabalho em torno do tema "Conspiração do Silêncio", que seria um acordo tácito entre cientistas e filósofos de se calarem quanto aos trabalhos e teses espíritas desenvolvidos nos meios acadêmico e literário no último século.

Uma vez que o tempo disponível para apresentação era curto, Paulo desenvolveu seu trabalho sobre Claude Bernard, que é um dos pais da medicina contemporânea.

Estudioso, Paulo recuperou alguns trabalhos contemporâneos sobre o médico francês e seu pensamento. Uma das comunicações supreendentes, que o editor de Universo Espírita encontrou, foi que Bernard era adepto de uma versão sofisticada do vitalismo e opositor do reducionismo naturalista do homem.

Paulo mostrou uma citação de tese de doutorado (infelizmente defendida na Universidade da qual sou professor) na qual a autora faz uma citação parcial de um texto de Bernard, afirmando exatamente o oposto do que ele defende. Após recuperar o texto original e sua tradução para o português de Portugal, Paulo mostrou claramente que a autora citou apenas partes do trabalho de Bernard e que alterou lamentavelmente o significado do que ele propunha por omissão de frases. Ficou claro também que ela citou da tradução para o português, e não fez uma tradução própria do original. Resta saber se a mesma leu o original.

A tese da Conspiração do Silêncio ganhou novos argumentos corroborativos, e fica no ar se tal conspiração é o fruto de um espírito de época vigoroso o suficiente para calar e ensurdecer-se ante as vozes dissonantes ou se é mesmo um acordo tácito da comunidade científica calcado em uma visão intolerante de ciência e de mundo.

27.12.07

Recordando Yvonne

Há 41 anos, em junho de 1966, Yvonne do Amaral Pereira escreveu a introdução do livro que ela considerava ser o seu "canto do cisne". É uma pérola do Espiritismo brasileiro do século XX. Neste livro, declaradamente desgastada pelas enfermidades, Yvonne conta os bastidores da sua mediunidade, desde os primeiros dias da tenra infância.



Os espíritos povoam sua vida, as recordações das encarnações passadas a atormentam e a prática mediúnica a liberta dos negros impulsos que a atraem à morte.


Sua visão ampliada de mundo mostra uma vida paralela à nossa, interferindo com o cotidiano de seus conterrâneos e contemporâneos. Obsessores, espíritos sofredores, suicidas, mentores, amores do passado, espíritos amigos, escritores atormentados, todos compõem este mundo que os materialistas rotulariam de fantástico.


As dificuldades e as provas associadas à prática da mediunidade desfilam aos olhos do leitor interessado em conhecer mais sobre esta curiosa faculdade. Yvonne alterna sua história com explicações de base doutrinária, fazendo com que seu livro seja mais que um mero relato memorialista.

Yvonne conclui sua introdução com a seguinte prece, da qual transcrevo um trecho:


"... A chama imaculada que do Alto me mandaste, com a revelação dos pontos da tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu ta devolvo, no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi: amei-a e respeitei-a sempre, não a adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela a fim de servi-la; não a conspurquei, dela me servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no seu cultivo para benefício do próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação. Perdoa, no entanto, Senhor, se melhor não pude cumprir o dever sagrado de servi-la, transmitindo aos homens e aos Espíritos menos esclarecidos do que eu o bem que ela própria me concedeu"


Um momento especial do Espiritismo em nosso país que não deve ser esquecido pelos trabalhadores do nosso tempo.