Marcellin Jobard (1792-1861)
No último sábado eu estava lendo
uma conferência de Kardec publicada na Revista Espírita de 1864. Era o dia dos
mortos, na França, e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas iniciou uma
comemoração que se repetiria nos anos seguintes: eles se reuniriam para dar “um
testemunho particular de simpatia” para companheiros espíritas que já haviam
desencarnado.
Kardec nomeia os ex-membros:
Jobard, Sanson, Costeau, Hobach e Poudra. Ele também nomeia alguns dos
espíritos que os assistiam nos trabalhos: João Evangelista, Erasto, Lamennais, Georges,
François-Nicolas-Madeleine, Agostinho (considerado santo), Sonnet, Baluze,
Vianney (Cura D’Ars), Jean Raynaud, Delphine de Girardin, Mesmer e os que tomam
a designação de Espírito. O presidente da SPEE destaca Luiz (considerado
santo), por “tomar a sociedade sobre seu patrocínio” e lhe faz uma menção
especial no discurso.
Depois da palestra, sobreveio a
parte mediúnica. Não há como não se emocionar com as mensagens de alguns dos
homenageados, como Sanson, que comenta que Kardec era conhecido como pessoa que
não elogiava ninguém, e diz-se sentir-se orgulhoso por ter sido lembrado.
Hobach dirige-se ao amigo Canu, afirmando ser ele mesmo, frase que sugere
alguma conversa que tiveram enquanto Hobach estava encarnado. Costeau dirige-se
à esposa, ainda encarnada, e após agradecer as preces diz-lhe “Vamos, cara
amiga, consola-te! ... Consola-te porque és mais feliz que muitas outras: tens
irmãos que te amam, que são felizes por ver-te entre eles”.
Deixei a leitura do texto pela
metade, porque era dia de nossa reunião mediúnica e o horário urgia. Esqueci-me
do texto, preocupado com as ocupações da noite, e a reunião transcorreu
normalmente.
Ada Eda em 2004
Quase ao final da reunião, um dos
médiuns emocionou-se bastante. Ele dialogava mentalmente com nossa Ada Eda,
dirigente do grupo que desencarnou há algum tempo, mas vez por outra é
percebida por alguém em nossa casa. Ela desejava conversar com todos, com seu
jeito italiano, emocional, que a tornou tão querida pelos membros do grupo. O
médium sabia que não seria possível uma comunicação no “apagar das luzes” e
pediu que ela passasse uma mensagem curta para cada um, uma palavra, que ele
pudesse memorizar para externar após o término da reunião.
Eda foi qualificando cada um dos
membros: estudioso, cuidador, trabalhador, singelo, alegre... Estavam presentes
mais de dez, e ela teve um adjetivo para cada um, muito pertinente com as
respectivas personalidades e vidas. O médium descreveu as reações dela ante
cada um dos membros. Todos nos emocionamos, então, lembrei-me da leitura da
tarde e contei a todos.
Momentos como este são raros no
dia a dia de um grupo mediúnico. Sei que os que nunca participaram de uma
reunião talvez se sintam desapontados por não eu não estar relatando fenômenos
indubitáveis, ou acontecimentos que abalem as crenças da alma mais cética.
Aqueles, contudo, que frequentam uma reunião mediúnica, talvez entendam o
significado do evento que uniu a distante reunião francesa de 1864 ao pequeno
grupo brasileiro em 2015.
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